JAMES S. POTTER 

Quarta-feira, 13 de setembro de 2017. 

— James! James!! - Escutava a voz de Louis o chamando, mas a voz parecia distante enquanto sentia seu corpo ser agitado levemente. 

— Acorda porra! - Dessa vez foi a voz de Fred se fazendo presente acompanhado com a cadernada que levou na cabeça o despertando de vez. 

— QUE!? Quê que foi?? - Acordou assustado olhando para os lados, vendo que a sala de aula estava vazia, a aula já tinha acabado.  

Mais uma vez dormiu em cima de suas anotações incompletas de História da Magia, bufou irritado, odiava quando isso acontecia sem querer, mas não conseguia evitar com a voz extremamente entediante do professor Binns e quando ele literalmente – sentia – todos os alunos da sala com os mesmos pensamentos entediantes durante a aula. 

— Hora do almoço, princesa – Fred disse fazendo graça do primo e indo em direção a saída da sala, Louis riu e enfiou o material de James na mochila de qualquer jeito pra “agilizar”. 

James ficava de extremo mau humor quando era acordado, principalmente quando não tinha nem planejado dormir em primeiro lugar, mas estava tão acostumado com a presença dos dois primos na sua vida, que nem se importava mais de ser acordado por eles, e sabia que os dois também não se importavam com o seu mau humor que era frequente durante as aulas. 

Porem ter dormido durante uma aula que estava parcialmente interessado não era o que estava causando o maior estresse de James, estava preocupado com o teste para o time de quadribol que aconteceria após o almoço, todos falavam que era certeza que Potter entraria novamente no time nesse ano, mas ele não botava tanta fé quanto os outros, mesmo que nunca admitisse isso em voz alta. 

Não que não se achasse bom o suficiente para jogar, ele tinha plena certeza que era um artilheiro competente para o time, mas testes sempre o deixavam ansioso de uma forma que detestava e começava a se questionar sobre tudo, principalmente se um dia chegaria a ser bom o suficiente para jogar profissionalmente, era o seu maior objetivo, e a mínima possibilidade de não conseguir sequer entrar no time da Grifinória o aterrorizava, como se isso comprovasse que ele nunca conseguiria ser tão bom quanto sua mãe fora em seu tempo. 

E para piorar toda a situação, a semana de testes deixava toda a escola em expectativas para saber quais seriam os times do ano, entrar no Salão Principal era um inferno para James. Frequentar locais com grandes multidões sempre foi um problema para o Potter mais velho, porque era muita informação para a cabeça dele, mas foi algo que teve que se acostumar ao entrar em Hogwarts, ou pelo menos agir como se tivesse acostumado. James acreditava que fingia muito bem a maior parte do tempo. 

Desde pequeno James era uma criança incontrolável e com uma quantidade de magia dentro de si que demorou para que seus pais entendessem o que acontecia com o filho, que sempre que entrava em contato com pessoas desconhecidas ficava incomodado e que quando estava em ambientes cheios sentia dores de cabeça insuportáveis que não sabia fazer outra coisa além de chorar. Até que James tivesse idade suficiente para conseguir falar, e Harry e Gina recorressem a curandeiros especializados em crianças legilimentes. 

Legilimencia é uma habilidade extraordinária para bruxos que conseguiam treinar e desenvolver isso ao decorrer da vida, mas para James que nasceu com essa habilidade dentro de si não foi uma experiencia nada extraordinária já que não sabia muito bem como controlar, e multidões simplesmente viravam uma gritaria sem fim em sua mente, e que não havia um botão de ligar ou desligar, ou simplesmente filtrar o que ouvia. 

Além de que não era algo tão simples assim como só colocar “no mudo”, afinal ele também conseguia ler e até sentir em alguns níveis as emoções que o cercavam, fazendo com que locais com energias pesadas demais o deixassem mal.  

Desde que o jovem Sirius se lembrava frequentava hospitais para ser auxiliado por curandeiros, foram anos difíceis, mas James gostava de focar que já estava bem melhor em “controlar” do que quando começou os treinos de legilimencia, afinal agora ao invés de sempre escutar uma gritaria, soava mais como um burburinho no fundo de sua mente, e ele só conseguia escutar os pensamentos de uma pessoa claramente quando ele estava em contato direto com ela, ou quando ele queria muito, mas nem sempre funcionava bem. Já as emoções, nunca conseguiu filtrar completamente. 

Entrou no Salão já se preparando para a futura dor de cabeça porque os ânimos da grifinoria estavam bem mais animados do que nos dias anteriores, e isso refletia na quantidade de informação que invadia sua mente sem permissão. Apesar disso, permitiu-se se sentir animado, e seu bom humor habitual voltou como se já tivesse acordado assim, gostava da sensação de ser querido e perceber que várias pessoas ao seu redor estavam verdadeiramente torcendo para que desse tudo certo para ele. 

— Sabe, to começando a me arrepender de ter me inscrito pros testes – Louis disse seriamente encarando seu prato que até agora estava vazio por estar ansioso demais pra se servir.  

— Ah nem começa, você vai ser batedor comigo esse ano sim! - Fred disse jogando uma quantidade considerável de salada no prato do primo – E pode comer, se você passar mal no meio do campo eu te mato!! 

— Relaxa Louis, os batedores do ano passado já se formaram, e você acha mesmo que vai ter outras opções melhores que você e o Fred?? - James respondeu tranquilamente sabendo que a preocupação do primo era justamente a concorrência. Louis deu de ombros, e James sabia que não ia adiantar tentar anima-lo.  

Assim que acabou de comer passou os olhos pelo salão procurando uma pessoa em específico e assim que o encontrou, se levantou para ir em direção ao mesmo. 

— Vou ir lá falar com a cobrinha, a gente se vê nos vestiários depois – Anunciou para os primos que concordaram, mas estavam ocupados demais discutindo porque Fred queria forçar Louis a comer batatas.  

Fez o seu caminho através do Salão, sentindo alguns olhares em si, mas não se importou, sabia que era popular na escola desde o primeiro dia que chegou ali e particularmente, James nunca se considerou uma pessoa tímida.  

Chegou na mesa da Sonserina sabendo que não era tão bem-vindo assim por alguns, mas não se importava porque a única opinião que lhe interessava ali era a de Albus, e James ficou muito aliviado vendo que Albus continuou igual consigo mesmo que estivessem em casas distintas, tinha medo do irmão ficar chateado com ele ou coisa assim, mas não aconteceu, continuou com a mesma chatice e implicância que sempre teve. James o adorava, achava o jeito implicante e mal-humorado de Albus hilário. 

— Albusssssss – Falou já se sentando de lado no banco e empurrando outro estudante no processo de se ajeitar. Albus levou um susto com a presença repentina, mas logo o olhou com olhar de tedio de novo sinalizando um “que foi?” com a cabeça enquanto comia. 

— Você sabe que hoje é o teste do time da Grifinória né? E sabe que seu irmão preferido vai fazer o teste, não sabe? - Albus revirou os olhos achando graça - Você bem que podia ir lá assistir né? Por favoooooor. 

— Não posso. 

— Por quê? 

— Tenho aula. 

— Mentira, ninguém ta tendo aula de tarde por causa dos testes Albus pelo amor. 

— Tenho muito dever pra fazer, sabe... 

— Mas você já não planejava fazer hoje – James falou já se chateando com as desculpas do irmão que ele sabia serem falsas. Albus o olhou sabendo que James estava lendo seus pensamentos. 

— Eu já pedi pra você não fazer isso, ok? Comigo não. 

— Ta bom – James suspirou cansado já - se você não quiser ir simplesmente por ter mais o que fazer, tudo bem, mas se deixar de ir só porque é o teste de outra casa eu vou ficar muito chateado com você - Disse tranquilamente enquanto se levantava, e deu um beijinho no topo da cabeça do irmão antes de sair apressado pra não ouvir ele reclamar. 

James sabia que o irmão tinha receio de manter mais contato com ele justamente porque consequentemente teria que se enturmar com pessoas da grifinoria e isso o chateava porque não queria que isso afastasse Al mais ainda, mesmo implicando com o mais novo sempre ficava animado com a ideia dos dois estudarem na mesma época em Hogwarts, e agora que Al finalmente entrou, não queria que a proximidade deles fosse perdida por algo tão idiota quanto rivalidade de casas. 

Depois de ter pego sua vassoura, desceu em direção aos vestiários do campo e viu que alguns candidatos já estavam se preparando, a maioria em silencio e tensos, mas aos poucos outros candidatos iam chegando e movimentando mais o local, fazendo mais barulho, e Louis e Fred eram responsáveis por parte disso. 

Os três já vestidos com o uniforme vermelho e amarelo - que somado aos seus cabelos ruivos faziam o trio brilhar em contraste com os demais - decidiram esperar já no campo pra dar mais espaço pra quem ainda precisava se trocar às pressas. Havia uma quantidade maior de candidatos do que James – e Louis – esperavam, o que não serviu de muito incentivo pro primo, pôde perceber, por outro lado Fred estava descontraído brincando com o bastão em suas mãos. 

Quando todos já estavam no campo organizados de acordo com as suas posições e a capitã Surya Patil, que era do último ano estava dando as instruções para o teste, James olhou para as arquibancadas procurando seu irmão entre os estudantes da grifinoria que estavam ali e se animou ao vê-lo acompanhado de três colegas abrindo espaço entre as pessoas para subirem até os bancos mais altos. 

Os primeiros a passarem pela avaliação seriam os artilheiros, yaay, havia duas vagas de artilheiro no time, já que Surya já ocupava uma das vagas, e havia pelo menos uns 7 candidatos pelo que James contou, viu que a maioria deles ainda estavam muito inseguros sobre o teste, e desejou verdadeiramente que os dois melhores conseguissem, e claro, torcia para ser um deles.  

A primeira coisa a ser avaliada seria a qualidade de voo e a precisão do passe, então fizeram um breve exercício entre os 7 participantes voando no campo e passando a goles um para o outro, só nesse processo Patil eliminou 4 candidatos que não tinham tanto controle da vassoura ou deixaram a goles cair. James estava incluso nos 3 que restavam para a próxima etapa. 

A próxima etapa, claro, seria ver quem marcava mais pontos, coisa que seria em conjunto com o teste dos goleiros, que eram só dois candidatos mesmo. E para a surpresa de ninguém, quem conseguiu a vaga de goleiro foi Sean Wood, o quarto anista que foi o goleiro no ano anterior, não conseguiu defender apenas 2 goles, enquanto o outro participante deixou de defender 5. James ficou bem contente consigo mesmo por ter sido o responsável de ter marcado os dois pontos contra Wood, sabia que ele era o melhor goleiro da escola.  

Sendo assim, as vagas foram preenchidas, James como artilheiro, marcou total de 3 pontos, e Liam, um segundo anista que marcou 2. O teste seguinte foi para selecionar o apanhador, no caso a apanhadora já que eram quatro candidatas, Patil soltou o pomo quatro vezes para cada candidata e quem conseguisse apanhar mais rápido teria a vaga, que também não foi surpresa nenhuma ser preenchida por Georgina Bell que também estava no time no ano anterior, pegou o pomo com apenas 8 minutos.  

A garota desceu da vassoura ajeitando os cabelos que tinham ficado em seu rosto, e se dirigiu aos bancos que os outros jogadores aguardavam, andava com muita confiança como se já soubesse que estaria no time de qualquer forma. James achava a quarto anista muito bonita, mas algo nela o intimidava, não sabia dizer se era porque ela sempre emitia algo como se estivesse com raiva, ou se era porque não sabia ler claramente os pensamentos da garota.  

Isso acontecia com certa frequência, pessoas especificas que pareciam ter uma barreira nos seus pensamentos, talvez por serem boas em fechar a mente para intrusos, mas no caso de adolescentes essa habilidade era rara então Potter só presumia que era porque não tentou o suficiente ou simplesmente porque suas mentes não conseguiam ter alguma conexão. 

O teste para batedores foi como James esperava, Patil pedia para os candidatos rebaterem os balaços nos alvos que ela tinha determinado, os batedores que conseguissem chegar no balaço mais rápido e ser mais preciso em acertar no alvo entravam para o time. Fred, provavelmente por ser o que estava mais tranquilo com o teste passou por essa tarefa sem problema nenhum, foi perfeito, e claro, porque tinha talento também. 

Louis travou algumas poucas vezes, mas em geral foi muito bem, era perceptível que ele só estava um pouco ansioso e que claramente era a melhor opção junto de Fred, e as duas vagas foram ocupadas pelos dois Weasley’s.  

James conseguiu escutar os gritos de alunos da grifinória comemorando a dupla selecionada, em especial suas duas primas se esgoelando na arquibancada fazendo dancinhas de comemoração. 

— É O MEU IRMÃO GENTEEE, MEU PITIQUINHO PASSOU, LOUISSSSSSS!!! - Dominique, que já estava com os cabelos ruivos descabelados gritou com a intenção de fazer o irmão mais novo passar vergonha, esse que fingiu uma ânsia de vomito enquanto descia da vassoura, mas ria.  

James aproveitou para procurar Albus e viu o irmão rindo das primas, mas assim que cruzou os olhares com o mais velho fez um sinal de positivo pra ele e falou “parabéns!!”, que James obviamente não conseguiu escutar pela distância, mas entendeu e sorriu agradecendo, e viu que o irmão já ia descer as arquibancadas e voltar pro castelo, mas não se importou com a falta de conversa, já ficou feliz demais por ele ter ido. 

As arquibancadas foram se esvaziando e no campo ficaram só os selecionados para o time conversando depois de Patil fazer uma breve introdução para os que eram novos no time e explicava a agenda de treinos. James só esperava os primos serem liberados para irem embora juntos.  

Liam e Louis escutavam tudo atentamente, mas Fred já parecia entediado e dedicava sua atenção a assistir Wood voando entre os aros, o que James achava engraçado já que Fred sempre prestava muita atenção no goleiro durante os jogos e chegou até a pensar que o primo queria jogar como goleiro também, mas agora achava que não era por isso, mas não se intrometia na mente dele.