Quase um ano havia se passado desde que eu e Cam estávamos oficialmente juntos. Passamos por alguns perrengues no início, já que Ashley não pareceu ficar muito feliz com a situação, Luke ficava constantemente no meu pé, o que fazia Cameron surtar de ciúmes e Emma ainda brigava conosco quando passávamos tempo demais juntos, mas, com o tempo, as coisas foram se ajeitando.

No aspecto química, posso afirmar com todas as letras que Cameron não deixou a desejar um único dia. Meu pai sentia cada dia mais apreço por ele e aproveitava meu namorado como um segundo filho, inclusive nas companhias para algumas atividades.

Eu sabia como o Senhor Woods fazia falta para Cam e percebia como ele ficava feliz de fazer esse tipo de coisas com meu pai.

Além disso, Cam e Emma estavam mais próximos e brigavam bem menos. Era bom ver as duas pessoas favoritas da minha idade fazendo com que as coisas funcionassem entre elas.

***

Tínhamos marcado de abrirmos, todos juntos, as nossas cartas da faculdade naquele dia. Desde o momento em que havia firmado a minha relação com Cam, um novo grupo de amigos tinha se formado: Eu, ele, Emma, Nick - que ainda estava com a Em.-, Ally e Tyler - que agora ocupava o posto de meu melhor amigo do sexo masculino, mas não deixem que Emma saiba disso.

Estávamos na cafeteria da esquina de casa, principal lugar que nos reuníamos após a aula, com todas as nossas cartas em mãos, ainda aguardando Tyler chegar:

—Vamos começar logo com isso? - Perguntou Cam.- Não estou aguentando de ansiedade.

—Deixa de ser desesperado, Cameron. - Respondi.- O Tyler já está chegando.

Assim que disse isso, a porta se abriu, mostrando um loiro desesperado entrando por esta:

—Cheguei, cheguei. - Ele estava ofegante. - Me desculpem.

—Iríamos começar sem você.- Cam disse bravo. Eu olhei para Ty.

—Eu nunca deixaria. - Respondi

—É por isso que você é a minha pessoa preferida. - Ele beijou o topo da minha cabeça. Cam olhou feio para Ty, que respondeu mostrando a língua.

Diríamos que eu esperava naquele momento que todos os estudos sozinha, com Emma e com Cam naquele momento pagassem alguma coisa. Eu havia decidido que cursaria letras, para, provavelmente, dar aula no futuro. Emma faria moda, como já era de se esperar. Tyler queria música. Nick havia optado por administração. Ally queria jornalismo e Cam havia decidido que seguiria os passos do pai e faria direito.

Respiramos fundo e nos entreolhamos, sorrindo. Eu tinha quatro cartas na mão, incluindo um envelope alongado da minha primeira opção, Stanford:

—Ok. - Disse Emma.- No três nós abrimos todas e depois lemos. Quando todos terminarem, falamos o resultado. - Todos assentimos.

—Um. - Disse Cam.

—Dois - Disse Ally.

—Três. - Eu disse, logo antes de começar a rasgar os envelopes.

Eu rasguei os quatro envelopes, logo antes de puxar as cartas uma a uma para ler Baynard, em Nova York. Aprovada. Meu coração batia com força no peito e lágrimas de alegria se formavam nos meus olhos. Columbia, em Nova York. Aprovada. Eu não podia acreditar. Minha respiração era pesada e eu tremia. As lágrimas já percorriam meu rosto e meu sorriso machucava a minha face de tão aberto.

Respirei fundo. Tinha deixado as mais importantes por último.

Carleton College, em Minnesota, para ficar mais próxima da minha mãe. Puxei a carta devagar e comecei a degustar cada uma das palavras. Aprovada. Bolsa de oitenta por cento.

No verão do ano passado, eu havia passado algumas semanas com a minha mãe em Minnesota. Seu marido era extremamente simpático, apesar das minhas tentativas constantes de despejar meu ódio profundo sobre ele. Meu irmão, Maxon, era a coisa mais linda que alguém poderia ver e nos conectamos no instante em que trocamos olhares no aeroporto. Não desgrudei dele um segundo durante o tempo que fiquei lá e, sem dúvidas, ele foi a despedida mais difícil.

Última carta. A mais esperada. Stanford University, na Califórnia. Fechei os olhos para puxar essa última e já sentia o peso dos olhares dos meus amigos sobre mim. Todos sabiam as suas respostas, mas ninguém ousava emitir um som. Abri os olhos quando senti a folha sair por completo do envelope e li com cautela: “Ficamos felizes de informar que…”. Eu havia passado. Bolsa integral.

Levantei meus olhos para os demais com um sorriso:

—Essa é a minha garota. - Disse Cam sem que eu precisasse falar nada. - Parabéns, passarinha. Fui reprovado em Yale e Harvard, mas passei na de Columbia. Bolsa para atleta. - Pulei em cima dele que estava no sofá da frente do meu e roubei um beijo.

—Ei. Eu estou aqui. - Disse Emma. - Não quero ver isso. - Recuperei meu lugar ao lado da minha amiga. - UCLA que me aguarde. - Eu a abracei.- EU PASSEI. - Ela gritou no meu ouvido, o que me fez contorcer, rindo.

—Boston, lá vou eu! - Disse Tyler. - Passei na Berklee.

—Seremos vizinhos. - Disse Ally. - Entrei na BU. - Tyler deu uma piscadela para Ally, que sorriu. Eu sabia que a ruiva tinha uma queda pelo moreno de sorriso sedutor.

—Acho que ficarei longe de todo mundo. - Nick se pronunciou. - Eu vou para Chicago.- Disse a última parte animadamente.- Emma pulou no colo dele, dando um abraço apertado.

***

Entretanto, a felicidade dura pouco. Mais tarde naquela mesma semana, tive minha primeira discussão com Cam. A primeira de muitas que se seguiram:

—Eu só não entendo, Samantha. - Ele estava muito aborrecido e prestes a gritar.- Nós passamos na mesma faculdade. Podemos morar juntos.

—Cam, você sabia desde o início que essa não era a minha primeira opção de faculdade.- Bufei.- Eu vou ficar muito feliz de morar com você, quando eu terminar a faculdade.

—Sammy, é do nosso futuro que estamos falando.

—Exatamente, Cameron. - Abaixei um pouco a guarda. - É de Stanford que estamos falando, com bolsa integral.

—É de Nova York que estamos falando. - Ele negava com a cabeça repetidas vezes. - Estamos falando disso há meses.

—Como plano B. Deixei isso bem claro quando fizemos a inscrição. - Respirei fundo.- Eu não posso pedir para o meu pai pagar outra faculdade sendo que eu tenho uma bolsa disponível em uma das melhores faculdades do país.

—Então pense bem, Samantha. - Ele virou de costas, se encaminhando a porta do quarto. - Porque eu não vou ser o seu plano B para sempre. - E bateu a porta, me fazendo chorar desesperadamente.

Mais tarde naquele dia, ele me chamou na janela e conversamos com mais  calma. Ele me pediu desculpas pela reação e combinamos de tentar conversarmos com a cabeça fria a partir daquele momento.