Semanas depois daquilo nós estávamos em outra cidade. Longe dos caçadores e longe de Jacob. Estava na casa que moro até hoje e eu estava ficando isolada de tudo igual como eu era antes de ter a companhia de Jacob. ficava trancada no meu quarto o dia todo sem fazer absolutamente nada me arrependendo por coisas que havia feito anteriormente, mas isso não durou muito tempo.

Tudo começou por um grande pulo, eu estava deitada na cama quando algo caiu do telhado em cima de mim. Inicialmente pensei que fosse um pedaço de teto que caiu, mas assim que eu fitei minha barriga, vi o rato branco com grandes olhos vermelhos e saltei da cama lançando-o na parede. Ele entrou de baixo de um móvel e se escondeu lá por um tempo, tempo suficiente para eu pensar que fiz algum mal ao rato e ficar sentada vigiando onde ele se escondeu para ver como ele estava devido ao impacto na parede. Alguns minutos depois ele apareceu e andou para o outro lado do quarto, então começou a fitar a janela ficando de pé, notei uma marca nas costas dele que eu não tinha visto antes, provavelmente feita pelo impacto na parede. A marca era bonita mesmo que feita ocasionalmente. Eu continuei sentada na cama com medo dele, mas quando ele tentou subir a parede sem conseguir eu coloquei minha mão perto dele para que eu o colocasse na janela. Assim que ele subiu na minha mão eu o coloquei na janela e ele pulou para fora, o resto era com ele. A partir daquele dia comecei a sair de casa para verificar se ele havia morrido.

Alguns dias depois isso aconteceu de novo, um rato havia caído em minha barriga quando eu estava deitada na cama. Diferente daquela vez, eu retirei o rato do meu colo e o coloquei na janela, então deitei na cama e comecei a mexer no celular. Alguns segundos depois eu escutei um som e me levantei para ver o que era. O rato estava no chão do quarto ao lado dos meus pés, eu sentei na cama e fiquei o fitando.

— Sabe, você quase me matou de susto sabia? – Falei fitando-o e ignorando o fato de que estava falando com um rato. Naquela época Jacob ainda não estava comigo, ele não estava lá para me chamar de doida por estar falando com um rato. Além disso eu estava trancada no quarto já havia algumas semanas e mal falava com meu pai. Eu achava que ele não queria falar comigo na época, agora vejo que ele apenas queria me dar espaço para eu refletir tudo o que aconteceu e acabar me perdoando sozinha. O rato usou uma das minhas pernas para subir e chegar na cama, então pegou algo que não estava na cama antes e se escondeu de baixo do mesmo móvel que ele se escondeu na outra vez que esteve aqui. Ele passou algum tempo lá depois me pediu para colocá-lo na janela para que pudesse sair – Tchau amiguinho – Falei depois de vê-lo pular da janela. Isso se repetiu durante alguns meses, até o dia em que a gente decidiu voltar pra cidade onde estávamos, meu pai no caso.

Ele descobriu que as pessoas que caçavam vampiros lá se mudaram ou morreram, então estaríamos seguros voltando para lá já que eles não costumam voltar para cidades que já estiveram. Quando estávamos retirando os móveis do meu quarto, encontrei o rato atrás do mesmo móvel de antes, provavelmente havia entrado quando saí para levar outro móvel para fora, mas ele estava lá novamente, como de costume.

— Deixa que eu mato! – Meu pai falou assim que o viu. Ele provavelmente só percebeu porque eu devo ter ficado vidrada algum tempo fitando o rato.

— Não faz isso pai! – Pedi, ele me fitou por um tempo até ter certeza que eu não estava brincando, então ele acenou positivamente com a cabeça e nós retiramos o móvel, até retirarmos tudo. Quando acabamos eu voltei pro quarto e vi que o rato ainda estava lá, e assim que ele me viu foi para perto de mim.

— Oi amigo – Falei me agachando para fazer carinho nele – Você vai ficar sozinho agora, então eu vim aqui fazer algo que você vai gostar – Fui em direção a uma parede e usei meu poder de velocidade para fazer uma abertura para que ele pudesse sair quando quisesse então me levantei e saí do quarto, mas escutei o som que um rato faz e voltei para o quarto. Ele estava em pé em uma parede sem janela – O que você quer me mostrar? – Perguntei chegando perto, então o peguei e comecei a levantá-lo perto da parede, ele movimentava a cabeça para a esquerda ou para a direita. Até que ele se moveu para baixo e eu percebi algo preso na parede, provavelmente desde o dia que eu o joguei lá pelo susto. Eu o retirei e o entreguei, então descobri o que ele fazia no tempo que passava em baixo do móvel. Todo dia que ele aparecia ele trazia um pedaço de alguma coisa, todos esses pedaços estavam na parede formando letras – Seu nome... É Kaloi?