Hoje eu me arrependo e muito do que fiz com ele, mesmo sabendo que ele mesmo sabia que isso iria acontecer, eu não consigo me perdoar pelo que fiz, entretanto ele ignorou o que aconteceu e me perdoou praticamente no mesmo instante que fiz aquilo com ele.

— Porquê está chorando? – Ele perguntou quando chegou, eu o fitei por um momento e vi que ele estava um pouco molhado, mas ignorei esse fato e o respondi. Ele não me chamou de Encrenqueira, o que provavelmente quer dizer que ele não me reconheceu por conta do cabelo.

— Nada demais, eu só sou idiota mesmo – Respondi, ele me fitou pedindo para que eu explicasse, eu suspirei e me escorei na parede fitando o teto – Eu queria ir para o evento, mas meu namorado não deixava. Me arrumei perfeitamente e vim pelo local mais idiota possível, entretanto ele ainda me encontrou, terminou comigo e jogou meu chapéu no rio, tem vezes que eu gostaria de ser inteligente – Berrei colocando a cabeça entre os joelhos novamente.

— Ainda bem, assim não preciso procurar muito, tome ele de volta – Ele falou, então eu senti um frio na cabeça e coloquei a mão nela, senti o chapéu e arregalei os olhos. Eu estava sorrindo, de certa forma estava agradecendo a ele – Eu vi isso no rio e adentrei para pegá-lo, depois fui à procura do dono subindo pelo rio, eu andei tanto que até mesmo acabei me secando – Comentou rindo.

— Você é estranho – Falei me levantando.

— Você não faz a menor ideia – Respondeu. eu o fitei e ele ficou com uma cara estranha me fazendo lembrar do sonho que tive há alguns dias antes daquele.

— Isso foi familiar? – Perguntei curiosa.

— De certa forma, me fez lembrar de uma amiga que finge não gostar de mim.

— Como? – Perguntei. Ele pensou por um tempo antes de responder.

— Teve um dia que eu fui selecionado para a escola para fazer uma Olimpíada e tive de dividir o mesmo quarto com ela mesmo eu sugerindo para que eu fosse para outro canto, ela se recusava ou dava desculpas idiotas, mas o pior, entre aspas, foi quando fomos dormir, havia apenas uma cama casal para nós dois, mas em certo momento eu a senti rolar para cima de mim, eu confesso que me agradei com isso, a abracei e fiz carinho nela pensando que ela estava dormindo, mas ela não estava.

— Como tem certeza disso?

— Eu fiz carinho nela antes de dormir e percebi que ela reagia a cada toque meu quando minha mão tocava nos cabelos dela, entretanto quando ela acordou no dia seguinte ela fingiu que não viu nada e isso me alivia um pouco, naquele mesmo dia eu havia pensado que ela me odiava.

— Enquanto a você, gosta dela?

— Eu não sei, mas diria que sim. Ela sofreu um acidente e teve perda de memória recente, ela pode até ter gostado de mim, mas não lembra – Eu o fitei pedindo para desembuchar, ele riu um pouco, mas explicou – Memória fica na cabeça, amor fica no coração, um sem outro não tem sentido, um com o outro tem progresso, a garota, que eu mesmo chamo de Encrenqueira, me odiava antes de saber quem eu era, entretanto assim que me descobriu ela passou a me tratar diferente, mas quando teve o acidente ela perdeu a memória. Ela passou a me tratar mal de novo e voltou com o ex dela que a tinha traído, na memória ela o ama, mas no coração.

— Espera, eles terminaram e voltaram?

— Mais ou menos, para ela eles nunca terminaram. Eu fui esquecido por ela e honestamente isso pareceu ótimo, eu não estava mais atrapalhando-a e estava vendo-a feliz e por isso eu tomei medidas para que eu fosse apenas um cara qualquer.

— Tá e porque não falou sobre a traição, vocês podem ser amigos né?

— Ela não acreditaria em mim – Falou, eu acenei com a cabeça, ele tinha razão, eu realmente não acredito no que ele disse e mesmo que ele provasse eu diria que era montagem.

— Entendi – Comentei quieta.

— Agora que consegui ver sua camisa direito, percebi que ela contém um desenho de um anime, você estava indo para o evento? – Perguntou, eu acenei positivamente com a cabeça – Então, vamos? – Chamou estendendo a mão para mim, eu peguei em sua mão e me levantei, então fomos para o evento. Eu já tinha certeza que o Panda já tinha ido embora, entretanto eu ainda tentaria recuperar o Damien, nem que para isso eu precise fingir que namoro esse garoto doido.

Quando chegamos no local, acabamos nos encontrando com alguns alunos da nossa turma, entretanto apenas Riley e Vivi me reconheceram e mesmo assim disfarçaram para que ele não descobrisse quem sou. Depois de conversarmos um pouco nós fomos para os jogos. Primeiro brincamos com espadas de isopor, lá estavam Jake e Eduardo que nos desafiaram para um duelo e disseram que eu era namorada dele, mesmo ficando constrangida eu consegui disfarçar, depois nós fomos para um local de dança. Eu pretendia faze-lo passar vergonha lá já que ele era tímido, entretanto ele acabou dançando profissionalmente e isso me dava dor de cabeça, mas de repente ele me beijou ali e eu fiquei surpresa, mas retribuí o beijo de propósito.

— Acha mesmo que não te reconheci, Encrenqueira? – Ele perguntou depois de me beijar, fitei as pessoas ao meu redor e fiquei constrangida, entretanto ele já fez o que não deveria.

— Desde quando sabe?

— Desde que te encontrei na ponte, quando se está com alguém que se gosta a gente percebe, além disso eu sei... – Ele foi interrompido pela Mistério que chegou perto da gente.

— Não sabe dançar né? – Falou rindo batendo palmas.

— Não namora não? – Eduardo falou rindo.

— Agora, sim – Ele respondeu, eu o fitei e ele me fitava sorrindo "Por mais que eu precisasse que ele fizesse isso para meu plano, porque isso me parecia tão familiar?" Eu pensava e quando eu descobri a resposta, era tarde demais.

Eu havia falado com Jacob e ele me disse que o Novato podia vê-lo, eu disse para ele o que eu planejava fazer e que assim que eu o beijasse, Jacob deveria aparecer para ele e fazer um sinal como se ele estivesse fazendo a coisa certa, entretanto ele não estava. Muito menos eu.