Minha "Amiga" Vampira escrita por pedrojonassm


Capítulo 2
Capítulo 2 - Analógico




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Alguns dias depois não havia nada de diferente, as meninas continuavam jogando a comida em mim, eu continuo sendo chamado de novato pelo menos tenho um apelido, mas o que me incomoda é ela ficar me olhando de vez em quando na sala, aquela sensação de estar sendo observado durante a aula me faz perder o foco, mas nós não nos falamos. De vez em quando eu a encontrava na rua durante a noite e falava um "oi" ou um "olá", mas nada além disso. Hoje a professora vai passar um filme, pelo menos é o que ela disse, o que vai ser bom já que aula a manhã toda enjoa, embora eu tenha certeza que pelo menos a minoria vá dormir durante o filme e um deles certamente sou eu principalmente pelo fato de já ter assistido o filme.

— Bom dia alunos – A professora disse ao entrar na sala com o computador em mãos – Hoje, como sabem, nós vamos assistir ao filme que eu lhes disse – Explicou colocando o computador na mesa, então olhou para a sala enquanto eu me ajustava para dormir na mesa – Quem lembra o nome do filme?

— José – Responderam sem entusiasmo.

— E por que vamos assistir esse filme? – Ela perguntou e somente dois alunos responderam dessa vez.

— Porque retrata a época de escravidão do Egito, fora da passagem bíblica de José que previu o futuro conversando com Deus – Respondemos simultaneamente, eu e a Encrenqueira. Eu não esperava que ela fosse do tipo que prestava atenção nas aulas.

— Muito bem, então vamos assistir – Ela se sentou e ligou o computador, depois arregalou os olhos e começou a apertar as teclas desesperadamente. Me sentei formalmente para ver o que estava acontecendo – Meu deus, o que é isso? – Ela falou desesperada, fazendo com que eu me levantasse para olhar o que ela estava vendo e eu também arregalei os olhos, Os arquivos do computador dela estavam abrindo e se fechando sozinho, até o CMD a tela preta que se usa para executar comando e os programas abertos ficavam com uma interferência, como se estivessem sem sinal e fazia alguns sinais estranhos.

— Isso é um vírus, professora, um dos grandes – Respondi.

— Ótimo, eu mal-uso ele e ele ganha um vírus quando uso, droga!

— Deixa que eu resolvo, só preciso da cadeira e de um telefone, você pode me emprestar o seu, por favor? – Pedi, ela me fitou com os olhos cerrados e depois de um tempo pegou o celular dela na bolsa.

— Aqui está – Ela disse me entregando, eu digitei o número de casa assim que o recebi, deixei no viva-voz e rapidamente Daniel atendeu.

— Alô, senhor? – Todos olharam para mim depois que ele disse senhor.

— Sim, sou eu.

— O que o senhor deseja?

— Estou com um problema de computador, preciso do analógico, tem como você enviar ele para mim? – Perguntei, notei que a maioria segurou uma risada quando falei enviar e ignorei.

— Certo já peguei sua localização, abra a janela do lado da mesa, ele chegará em 10 segundos, esteja preparado para o pouso.

— Certo – Eu disse indo em direção a janela para abri-la.

— Enviando agora – Ele falou, então contou até 10, então um avião de papel apareceu e pousou na mesa, com o aparelho que pedi.

— Recebido, obrigado – Eu disse me aproximando do celular.

— Por nada – Ele falou e eu desliguei o celular.

— Ok, agora a parte mais importante, retirar esse vírus daqui – falei colocando o analógico no computador, ele se desligou e depois ligou de novo, mas esperado, no vídeo game. O analógico era basicamente um controle com fio, mas ao ser conectado em um computado ele força o desligamento do mesmo e abre as pastas em forma de fases.

— Isso é um jogo!?

— É a maneira mais legal de acabar com um vírus, agora se me der licença – falei, apontando para a cadeira onde ela estava sentada, ela se levantou, para que eu pudesse jogar e ligou o slide.

— Não pense que vou deixar de ver o que está fazendo, garoto – Ela falou e eu acenei com a cabeça. Ela sentou em meu lugar e o jogo iniciou. Era um jogo de Tiro muito simular com doom, a parte mais difícil era encontrar os monstros e os monstros eram os vírus. Bastava seguir pelo lugar onde mais aparecia monstros e destruir o gerador que era a pasta onde se localizava o vírus. Pelo fato de o computador estar "desligado" era possível apagar a pasta com o vírus. Depois de um pequeno período de tempo o jogo fechou e o computador ligou, sinalizando que havia acabado os vírus.

— Ok, já foi! – Falei retirando o analógico do computador e indo para meu lugar. Me posicionei para dormir depois de guardar o aparelho na minha bolsa. Quando me virei para a sala eu vi os olhos deles, me fitando admirados, algo tão fácil de se fazer, é apenas um jogo.

***

Pela primeira vez, eu não sentei sozinho na hora do intervalo, parece que eu ganhei a atenção da sala e nesse dia eu fiz dois grandes amigos, Jake e Eduardo. Jake é um garoto loiro de cabelos penteados para os lados, o que completa sua aparência nerd com seus óculos. Eduardo tem cabelos marrons e curtos, é um pouco gordo e forte.

— Nada mal o que você fez lá na sala, novato – Jake disse ao se sentar na mesa.

— Foi bem legal, foi você que fez aquela coisa que parece um analógico de fliperama? – Eduardo perguntou se sentando, eu engoli a comida em minha boca antes de responder eles.

— Foi sim, ele e o Daniel também – Respondi e voltei a comer e eles se entreolharam.

— Como assim?

— TU É PAI!? – Eles Berraram e eu ri de leve.

— Não, eu fiz um robô – Respondi e eles se entreolharam novamente e eu voltei a comer.

— Por que come tão rápido? – Jake perguntou.

— Porque daqui a pouco ela chega aqui para derramar a comida em minha face – Respondi depois de terminar a comida, finalmente.

— Ah sim, a encrenqueira – Eduardo lembrou – Sabe, ela não costumava ser do jeito que é, na verdade ela voltou depois que você chegou – Explicou fazendo com que eu arregalasse os olhos.

— O que você quer dizer com isso? – Perguntei.

— Ano passado, ela começou a namorar o valentão da escola, o Damien, você ainda não o viu, ele raramente entra na sala e nunca vem na primeira semana de aula, aí ela começou a virar a encrenqueira – Jake respondeu.

— Mas ela o pegou com outra garota e terminou com ele. Ele implica com ela e tenta voltar, mas ela sempre recusa. Com o tempo ela voltou a ser a garota inteligente que era antes, mas o apelido ficou.

— As amigas dela são as únicas que conversam com ela, as únicas que sabem o que ela sente.

— Riley e Vivi.

— Essas mesmas – Eduardo respondeu e deu lugar para Jake voltar a falar.

— Fora as duas ninguém fala muito com ela, mas eu fiquei sabendo que as vezes ela conversa com alguém da sala em um curto período durante a noite. Não sei quem, mas fiquei sabendo que esse garoto a deu uma maçã na primeira vez que a viu na praça e depois começou a conversar com ela sempre que a via, mas somente naquela praça – Maçã!? Deve ser eu, ela deve ter contado para as amigas dela e alguém ouviu e espalhou, é isso ou tem alguém a perseguindo todo dia pra ver o que ela faz.

— E como vocês sabem disso?

— A gente ouviu uma conversa entre delas, mas você sabe por que dela ser mal com você? – Eduardo perguntou e eu não sabia a resposta, talvez ninguém soubesse.

— Não faço a mínima ideia, mas acho que ela não gosta de mim. Ok, agora saiam daqui.

— O que?

— Por que?

— As três estão vindo, pode ser que elas joguem comida em vocês também, vão, rápido, antes que elas cheguem – Eu pedi, mas eles insistiram em ficar.

— Não vamos a lugar nenhum – Jake disse.

— Somos amigos agora, vamos ficar com você nos momentos bons e ruins, mas por que você não foge? – Eduardo perguntou, mas pelo menos dessa vez eu sabia a resposta.

— Porque não iria adiantar – Elas chegaram e olharam para nós três.

— Vejo que fez amigos agora, novato – Ela disse, em tom de deboche.

— É, ficamos famosos facilmente – Respondi, com frieza na voz.

— Nós somos três e vocês são três, sabem o que quer dizer? – Riley perguntou.

— Que nós vamos fazer um ciclo de amizade? Duvido muito – Respondi e percebi que deixei Jake e Eduardo de boca aberta, não só surpresos pela resposta, mas segurando a risada.

— Você sabe muito bem o que quer dizer, só por que você sabe mexer em computadores não quer dizer que conquistou todos – Vivi interveio, como se ela soubesse mexer com computadores.

— Sei muito bem disso, mas é muito melhor ter 2 ou 3 amigos que várias pessoas que podem te trair a qualquer momento – Respondi e notei que ela estava calada, apenas olhando para a comida como se estivesse decidindo o que fazer. Depois de um tempo ela apenas saiu dali e jogou a comida no lixo.

— Considere isso um agradecimento, por ter nos poupados da aula – Ela falou virando-se para mim e depois saiu, deixando Riley e Vivi de queixos caídos.

— Ela está bem? – Perguntei para as duas que me olharam com uma face de desgosto.

— Te interessa? – Riley disse em tom de deboche.

— Se não me interessasse eu não perguntaria, eu não sou qualquer um, sabia? Vocês fazendo isso comigo ou não eu correria risco para tentar ajudar, vocês vão me responder ou não?

— Não – Vivi disse e saiu, Riley saiu pouco depois. Acho que ela tinha ficado um pouco impressionada antes de sair, pelo fato de pensar um pouco.

— Cara, o que você fez? – Jake perguntou – Você acabou de escapar das três e ileso!

— É verdade – Eduardo disse – O que foi? – Perguntou pouco depois de eu ter virado e olhar atentamente para onde ela havia ido.

— Nada, só... estou preocupado com ela, acho que tem alguma coisa de errado com ela, eu só queria saber o que.

— Está dizendo que iria ajuda-la mesmo depois do que ela te faz todo dia? – os dois perguntaram.

— Bem, foi o que eu acabei de dizer – Respondi e o sino tocou logo depois. Nós voltamos para a sala, notei que os dois sentavam um atrás do outro, mas do outro lado da sala de onde eu estava. Quando ela chegou eu notei que seus olhos estavam brilhando, mas devido apenas a ela ter chorado e quando ela sentou ao meu lado eu tentei falar com ela.

— Tá tudo bem com você? – Eu perguntei preocupado, mas ela apenas ajustou o corpo e olhou para mim com uma face furiosa, mas dava para notar as lágrimas em seus olhos e eu a encarei até a professora chegar. Ela não falou sequer uma palavra.

Depois das aulas, quando fomos para casa, eu fui em pé novamente, mas agora em um local perto de onde ela, Riley e Vivi estavam conversando na tentativa de descobrir o problema dela, mas apenas descobri que nenhuma das duas sabia o motivo.

— Qual é, diz para a gente – Riley insistia.

— Você sabe que a gente não vai contar para ninguém – Vivi confirmava e as duas estavam falando bastante baixo, de modo que eu mal conseguia escutar devido à conversação do resto do ônibus e ela apenas balançava a cabeça negativamente.

— Você sabe que é melhor quando conta, não é? – Riley continuava e ela balançou a cabeça positivamente, eu notei que Vivi olhava para mim com um rosto sério de vez em quando. Eu desviava o olhar sempre que ela olhava, mas não parava de escutar.

— Então conte para nós – Vivi pediu e ela balançou a cabeça negativamente.

— Tem algo a ver com ele, não é? – Riley perguntou, fazendo com que a outra a fitasse, mas a encrenqueira não respondeu o que era diferente de um não.

— Isso quer dizer que sim? – Vivi perguntou e, finalmente, ela balançou a cabeça positivamente..

Ok, eu sei que o problema tem a ver com "ele", agora vem o problema, quem é ele, onde está e como posso ajudar a resolver?

Fiquei pensando nisso até ser interrompido por ela, que me avisou discretamente que o ônibus parou batendo em meu ombro com seu ombro ao passar ao meu lado. Era minha saída e a dela, as amigas dela já tinham ido para casa, poucas paradas antes dessa e novamente eu a acompanhei pelo caminho. Por algum motivo que não conheço, decidiu conversar comigo.

— Por que aquele Daniel disse enviar pelo telefone? – Ela perguntou sem me fitar.

— Lembra que ele me enviou aparelho através do avião de papel? O símbolo de enviar em um e-mail é o avião de papel, por isso ele disse enviar.

— Hm... – Ela pareceu pensar um pouco antes de perguntar outra coisa – Você acredita no amor à primeira vista? – Ela perguntou e eu arregalei os olhos surpreso, não esperaria esse tipo de pergunta dela diretamente para mim, mas resolvi responder.

— Não – Respondi e claramente a fiz arregalar os olhos. Não é a primeira pessoa que me fez essa pergunta e com certeza não é a primeira que fez esse cara ao ouvir minha resposta.

— Por quê?

— Eu acredito na tesão, paixão, ódio, etc. à primeira vista, mas o amor é diferente, pois amor é algo que se constrói e prédios sem estruturas caem – Respondi e ela abriu o queixo, acho que agora ela não vai mais falar nada – Tchau – Falei ao chegarmos na casa dela. Muitos devem pensar que estou errado, mas não estou, ou pelo menos acredito que não estou. Acredito que o amor à primeira vista não existe, seria como o pagamento a vista, você paga assim que vê ou você analisa se realmente é algo bom?

— Tchau – Ela respondeu, me surpreendendo novamente.

Realmente tem alguma coisa errada com ela, mas acredito que não sou eu. Não vou pensar muito sobre isso, o professor de geografia disse que em breve passará um trabalho para a sala, mas isso não deve ser tão ruim assim, certo?

Quando cheguei em casa, mais precisamente no meu quarto e abri a bolsa, eu percebi que eu havia esquecido o pen drive na escola, mas tudo bem eu o pego amanhã.

— Olá senhor, conseguiu? – Daniel disse se aproximando e eu concordei com a cabeça positivamente – Que bom e o pen drive?

— Eu, meio que esqueci na escola, foi mal – Falei passando a mão na Nuca.

— Tudo bem, mas lembre-se de pega-lo o quanto antes – Ele pediu e começou a se retirar do quarto, mas parou e se virou para mim novamente – Ah, tem mais uma coisa, o seu tio disse que viria aqui te visitar no dia de seu aniversário – Ele comentou e saiu.

Meu aniversário!? De novo eu esqueci. O que será que o Tio Monroe irá trazer para mim dessa vez?

 


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