Saints & Storms escrita por BellaNTV


Capítulo 30
Capítulo 28 – Black Barn


Notas iniciais do capítulo

Ei sei, to postando tarde, mas eu disse no instagram que ia postar hoje (se não seguiu ainda lá, é o @bella_ntv)
O capítulo de hoje é um pouquinho maior pra compensar.
Aproveitem uma leitura antes de dormir ;)



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— Ok se precisar, me liga que eu largo aquele container na hora e venho te buscar ok? – Tia Claire repetia mais uma vez enquanto me deixava em frente à escola. Ela havia insistido em me trazer para o primeiro dia após o acidente.

— Eu vou ficar bem, não precisa largar seu trabalho só pra ficar comigo – A preocupação excessiva estava começando a ser incomoda, mas eu procurava entender o lado dela.

— Ok, então vai logo pra não se atrasar – Ela não precisou terminar a frase e eu já estava para fora do carro, fechei a porta e comecei a caminhar para onde estava Madelaine, encostada em sua pick-up fumando.

Todo mundo da escola estava olhando pra mim e apesar de eu não me importar tanto assim com a atenção, afinal, no fim do dia eu era líder de torcida e eu recebia certa atenção nos jogos, mas ainda era incomodo dado o motivo.

— Bom dia cabeça rachada – Madelaine disse assim que me viu, ela abriu um sorriso largo e eu consegui esquecer a atenção indesejada por alguns instantes. Era bom estar perto dela.

— Bom dia raio de sol, quanto carinho hein? – Eu ri.

— Ei, eu fui te ver todo dia, você não pode reclamar de mim – Ela disse, dando mais uma tragada em seguida.

— Ok, me desculpe – Eu disse tentando procurar o carro dos Cullen no estacionamento, porém, não encontrei. Franzi o cenho diante disso. Edward havia estado no meu quarto a noite, mas não disse nada sobre não aparecer na escola hoje.

— Não, seu amado ainda não chegou. Mas sabe o que chegou? – Madelaine disse puxando sua mochila da caçamba da picape e abriu ela, puxando de dentro o jornal da escola – A primeira edição do jornal desse ano. E advinha quem é a capa – Ela sorriu de forma cínica e me indicou a capa que me fez gemer.

Uma foto minha no hospital estampava o pedaço central do papel reciclado.

— Sensacional... – Eu disse apenas. Quer dizer, eu sabia que isso vinha pro jornal, mas capa?

— A Mackenzie não é exatamente a pessoa mais discreta, vamos concordar, porém uma aluna quase morrendo no estacionamento é algo importante então dessa vez eu não vou culpar tanto ela – Maddy disse jogando o cigarro no chão e o apagando com o pé. Apenas fiquei olhando para a bituca no meio do chão cinza até que com uma bufada, ela se abaixou e a colheu do chão para jogar em uma lixeira. Sinceramente ela era realmente canadense?

—Obrigada – Disse em relação ao ato - Eu acho que tanta coisa aconteceu nos últimos dias que eu to amortecida.

Madelaine acionou o alarme de seu carro e começamos a andar em direção ao prédio.

— Amortecida tipo?

— Tipo, acidentes, corvos estranhos, sonhos ainda mais estranhos, passar mal do nada entre outros fatos, é muita coisa acontecendo em pouco tempo – E eu nem entrei na parte sobre vampiros centenários e reencarnação.

— Alias já faz tipo uma semana desde que você viu aquele corvo bizarro, ele apareceu de novo? – Maddy disse com um vinco entre as sobrancelhas. Eu sabia que para ela era difícil fazer a ligação de um animal com algo místico, portanto minha gratidão por ela não estar procurando um hospital psiquiátrico pra mim ainda só aumentava.

— Felizmente não, acho que seja lá o que estava acontecendo parou. Quer dizer, minha avó disse o que o corvo supostamente representava e todo aquele negócio de magia, mas... – Parei para pensar sobre o ritual estranho que tinha passado. Um zumbido estranho parecia formigar pelo meu corpo, alcançando meus ouvidos sempre que pensava sobre aquilo.

— Mas? Já pensou que sei lá podia ser corvos diferentes em pontos diferentes da cidade e uma coincidência muito estranha acontecendo? – Maddy disse parando ao lado da escada para a entrada do prédio.

— Maddy, ele parecia ser consciente, parecia que sabia o que estava fazendo de alguma forma, eu queria entender o que fez ele sumir... – Madelaine me olhava preocupada, ok se ela não tinha tentado me internar antes, talvez considerasse agora. Fechei meus olhos tentando me concentrar no quebra cabeça estranho – O que mudou segunda passada?

Bem, o acidente, o corvo estava lá, eu retomei parte das lembranças da vida passada e aquele ritual estranho com o lobo... O corvo estava lá no acidente que foi a hora que eu retomei as lembranças... Mas não deve ser isso, deve?

Corvos [...] mistérios da vida [...]

Eles são símbolo de [...] magia e destino.

Eles transformam, enxergam além das ilusões...

— Tá você ta bem estranha, hora de voltar pra sala antes de você desmaiar de novo. – Maddy e interrompeu tentando me puxar pra escada ao lado - Tem certeza que eles não encontraram nada nos seus exames? Tipo, uma tomografia não ia arrancar peda– Um som alto interrompeu ela, que estremeceu. Olhamos na direção do som e em uma arvore perto de nós havia uma coruja. Uma coruja preta, que me encarava. – Existe coruja preta? – Ela disse e me olhou chocada.

— Vamos entrar – Eu a puxei para dentro.

Arrastei Madelaine pelos corredores de forma quase automática, ela me acompanhava em silêncio e por minha visão periférica percebi que estava trocando olhares entre o percurso e meu rosto.

Chegando na sala na qual teríamos aula juntas. Eu só queria fugir de bichos assustadores que parecem conscientes o suficiente para me seguir e me olhar. E de qualquer Cullen porque eu acho que se eu visse um deles agora poderia ter um colapso nervoso. E eu acho que estava fugindo de mim mesma também...

— Freya – Maddy me chamou um pouco depois de nos sentarmos nas cadeiras. Me foquei em prestar atenção nos padrões da madeira da mesa e do linóleo manchado do chão. Diante do meu silêncio, ouvi sua cadeira se arrastando mais perto da minha e um braço passando pela minha cintura, enquanto uma outra mão se enroscava dentre meu cabelo, com cuidado para não passar em cima do corte e fazia um pequeno cafuné. Fechei os olhos apreciando os poucos segundos de paz ali.

Ao mesmo tempo que eu sentia que isso só estava começando, também ficava ansiosa agora diante de cada mudança, me sentia quase desenvolvendo uma síndrome do pânico. Minha vida sempre tinha sido normal.

Mãe, Pai, Avó, Irmãs, uma casa de classe média em uma cidade portuária do Canadá, testes para líder de torcida, os sonhos com faculdade e casamento. Eu não era a personagem de livro que ficava no canto tendo uma vida desinteressante esperando algo mudar, mas eu também não era a heroína, eu não queria lidar com esses assuntos sobrenaturais, eu só queria terminar o ensino médio, ir pra uma faculdade muito legal com minha melhor amiga e fazer um curso que eu amasse.

Me parece ainda mais estranho pensar nisso agora porque eu sei que em minha vida passada eu queria tudo, menos isso. Será que eu preciso ficar presa as metas que alguma versão de mim fez?

— Meu amor, olha pra mim – Pediu Madelaine e eu a olhei entre as lágrimas que se acumulavam, senti meu rosto ficando vermelho – Eu to preocupada com você – A mão que acariciava minha cabeça, se deslocou até meu rosto – Você era a menina divertida, dos vestidos floridos, que sempre tava falando e sempre tava animada, agora você ta dividindo seu tempo entre falar de animais que te perseguem e passar mal. Você ta agindo muito estranho e eu não sei se você ta percebendo isso.

—Maddy, desculpa eu acho que eu só mudei, eu não sou mais a mesma pessoa do ano passado, eu acho que eu não sou mais a mesma do começo do mês, tem coisa demais acontecendo e coisa que me dói não poder te contar, mas eu to processando, eu vou ficar bem, eu só... – Um nó se apertou na minha garganta e eu me senti a ponto de quebrar de novo, quando eu tinha me tornado tão quebradiça? Tão frágil? Madelaine em silêncio somente me puxou para um abraço, me segurando para ela.

— Tá tudo bem, eu to aqui com você, não vou te abandonar, você ainda é minha melhor amiga não importa o quanto você mudar ok? E eu não entendo muita coisa do que tá acontecendo, mas quando você se sentir segura pra contar pra mim você conta. Aliás – Ela se afastou um pouco e eu me sentei de forma correta na cadeira, respirando fundo. Ela limpou as lágrimas que estavam por todo meu rosto – O que você acha de a gente ir pra minha casa hoje e cozinhar com a minha mãe? Se os doces dela não resolverem essa bad, o Salut com certeza resolve – Ela abriu um sorriso esperançoso. Tinha essa coisa no sorriso dela para mim, parecia ser o sol que estava faltando em Prince Rupert, iluminava e aquecia.

— Eu acho que preciso de um red velvet e de brincar com o Salut mesmo – Concordei, dando o melhor sorriso que podia dar no momento.

— Senhorita Warren, poderia por favor voltar para seu lugar – O olhar severo de nossa professora de Inglês por cima de seus pequenos óculos denunciava sua paciência do dia.

Maddy sem retrucar simplesmente pegou sua cadeira e voltou para o seu lugar onde seu caderno já estava na mesa, me atentei a esse fato e pesquei o meu na bolsa também.

Nada de mais interessante aconteceu até a hora do almoço onde uma feliz exceção aconteceu: Um tímido sol que se esgueirou entre as nuvens e me fez sentar do lado de fora para o almoço. Isso foi muito bom, apenas eu e meus amigos tomando sol, comendo e conversando.

Jonathan, Mackenzie, Logan, Madelaine e até mesmo Sophie sentou com a gente, o que inclusive gerou uma conversa estranha.

— Gente, meu pai tá insuportável esses dias – Ela disse balançando a cabeça em negativa.

— O que rolou? – Logan disse de olhos fechados enquanto o sol batia em sua pele. Apesar da temperatura não estar alta e o pouco vento estar frio, ainda era bom sentir um pouco do calor.

— Ele disse que teve uma visão daquela praça maior aqui perto pegando fogo, disse que era um demônio que colocava fogo lá e tentava queimar almas inocentes. Ele tá fazendo a gente acordar todo dia de madrugada pra orar.

— Ew – Logan torceu o nariz. Em pouco tempo, deu para ver a piada se formando na mente dele, um sorriso foi segurado e ele abriu os olhos então que estavam brilhando. Ele virou seu rosto para Mackenzie – Mack, fala pra sua mãe tomar cuidado com as bitucas de cigarro caro dela, ela vai queimar os esquilos da praça, isso não é legal. – Ele então abriu um sorriso de expectativa de ou Mackenzie ficar brava ou começar a rir, mas ela se contentou a mostrar a língua pra ele.

— Felizmente eu estou de bom humor hoje Logan, então nada do que você falar vai me irritar.

— Gente, eu to falando sério aqui – Sophie pediu – Alguém tem alguma ideia do que eu posso fazer?

— Olha, seu pai só precisa de um tempo para ver se a teoria dele é verdade ou não, vira e mexe ele tem algum sonho que deixa ele assustado com algo, mas geralmente passa. Ele só passa tempo demais com esse tipo de assunto então é certo que ele vai sonhar com esse tipo de coisa – Eu disse tentando dar algum conforto a ela.

— Você que o diga senhorita Freya, eai como tá sua cabeça? – Jonathan perguntou.

— Cabeça física ou cabeça consciente? – Questionei visto que as duas não estavam em seus melhores dias.

— As duas – Mackenzie atropelou.

— Bem, minha cabeça física ainda está com os pontos, mas eles devem cair essa semana e minha mente, está indo... – Tentei ir pela explicação racional – confusa, não é todo ano que você quase morre em um acidente envolvendo carros duas vezes. Acho que isso mexeu um pouco comigo, mas vai ficar tudo bem.

— Se precisar da gente, estamos aqui – Jonathan sorriu.

— Sim, pra conversar, tomar um café – Logan sorriu, mas eu sabia que ele estava prestes a falar besteira – um chá... um banho – Ele então piscou pra mim e no mesmo momento Madelaine levantou quase em um pulo e o sinal tocou.

— Ow calma ai ruivinha – Jonathan foi rápido até entre Maddy que queria bater em alguém e Logan que estava rindo alto.

— Vamos pra aula gente – Sophie disse rindo e recolhendo sua mochila verde-menta. Mackenzie e eu também nos levantamos e eu tentei puxar Maddy para longe de Logan com o auxílio de Jonathan. Devíamos receber um pagamento por ajudar na preservação da linhagem família dele.

— Estou indo também, não quero apanhar de novo – Logan prendeu seu croissant na boca, colocou a mochila nas costas e saiu.

— Esse garoto não sabe respeitar ninguém – Madelaine resmungou e então partimos para o resto do nosso dia.


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Notas finais do capítulo

A Freya não é a Bella ¯_(ツ)_/¯
Apesar de ser a mesma alma, elas passaram por criações diferentes em lugares diferentes, a vida das duas foi muito diferente, a Freya nunca precisou ser responsável pela mãe, não conviveu com pais separados, não descobriu como é viver no sol sempre e etc.
Nós podemos levar anos para processar um trauma, a morte da família dela aconteceu em Janeiro e estamos apenas em Setembro do mesmo ano ainda, então vai existir conflito emocional e psicológico.
Enfim, espero que tenham gostado do capitulo, quero saber o que acharam ;)
Bjkas e torta de amora!



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