1000 coisas para fazer antes de deixar Hogwarts escrita por xulia, Débora Martins


Capítulo 2
Parte 2.




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09 dias para Victoire ir embora:

 

— Bom dia chuchu — disse Teddy, extremamente animado invadindo a mesa da corvinal se sentando ao lado da melhor amiga.

— Você sabia que na verdade o apelido chuchu não vem do legume mas sim do francês onde a palavra “chouchou” significa “querido”? — Victoire respondeu enquanto passava geleia em uma torrada.

— Sabia sim, por isso que eu te chamo assim. Você é minha querida e ainda é francesa. Sem falar que ninguém realmente gosta do legume chuchu, não tem gosto de nada.

— Eu acho que ele é o quarto estado da água.

— Como assim? — Teddy perguntou, pegando a torrada da mão da garota e comendo, ela pacientemente começou a passar geleia em outra.

— Bom o primeiro estado da água é o sólido, em segundo temos o líquido, em seguida o gasoso e o quarto e último é o estado do chuchu. 

Teddy gargalhou. 

— Está com seus trajes de banho? — ele perguntou.

Ela assentiu e afastou levemente a blusa para mostrar a alça do maiô.

— Ótimo! — Teddy começou a pegar um pouco de cada tipo de comida que tinha na mesa e colocar com cuidado em potes que tirava da mochila — Vamos.

Victoire não reclamou, pegou suas próprias coisas e foram em direção aos jardins. Na margem do lago, deixaram as mochilas, tiraram suas roupas e entraram na água. 

A garota era uma ótima nadadora, sua casa, o Chalé das Conchas era a beira-mar portanto ela sabia nadar antes de saber andar, na verdade ela nadava melhor do que andava, Victoire tropeçava constantemente em tudo, incluindo em seus próprios pés. Por muitas vezes apareciam machucados e arranhões em todo seu corpo e ela nunca sabia exatamente onde tinha trombado para que eles aparecessem. Teddy implicava com ela a respeito disso o tempo inteiro, mas na maioria das vezes acabava tropeçando mais do que a própria garota.

Ambos mergulharam e começaram a nadar em direção a parte mais funda do lago, onde sabiam que a lula gigante ficava. 

— Está pronta? —  Teddy perguntou.

— Eu nasci pronta, Edward! — respondeu rindo.

Ele segurou a varinha e apontou para a própria cabeça lançando o feitiço de cabeça-de-bolha, depois fez o mesmo com a amiga. Ambos sorriram e mergulharam em direção ao fundo do lago.

— Lumus — disse Victoire quando a escuridão da água se tornou densa. O feitiço abafou o som e Teddy não a ouviu, mas ao perceber a luz, fez o mesmo com sua própria varinha. 

Alguns metros abaixo, começaram a perceber uma movimentação na água. Teddy apontou e Vic assentiu. Ali estava a lula que carinhosamente eles nomearam de Zuka Ricardinho.

A lula parecia estar fazendo… coisas de lulas e não notou a aproximação dos jovens mesmo quando eles se enrroscaram em um dos tentáculos e abraçaram-o. Teddy e Victoire seguraram os braços um do outro para dar apoio para se caso … tentasse expulsá-los, mas ela não o fez, continuou nadando normalmente, o que deixou o passeio agradável. Quando finalmente os notou começou a balançar os tentáculos e soltou um jato de tinta que atingiu bem a cabeça de Teddy. 

Victoire estava rindo demais da situação para ficar preocupada, a cabeça de bolha que antes era transparente agora estava totalmente tingida de um tom roxo escuro e ela duvidava que ele estava enxergando alguma coisa, portanto segurou sua mão e o guiou de volta para a superfície. Quando saíram da água as bolhas estouraram e a tinta se espalhou pelo rosto,  pescoço e tronco de Teddy. 

— Você está cada dia mais parecido com o Blue da mansão foster para amigos imaginários — a garota disse rindo.

— Isso faz de você a Coco? — Ele perguntou, também rindo. 

Vic mostrou a língua para o amigo  e começou a jogar água em direção a ele, o que acabou com os dois engajando em uma guerra de água até finalmente nadarem de volta às margens do rio.

E assim riscaram da lista Mergulhar no lago e abraçar um dos tentáculos da lula gigante.



08 dias para Victoire ir embora:

 

Era um Domingo a noite e Victoire já estava pronta para curtir o dia: deitada em sua cama enrolada nas cobertas com seu exemplar de Orgulho e Preconceito em mãos e os óculos que só usava para leitura, no rosto. Até que ela ouviu três batidas na porta de seu dormitório. Tentou ignorar e fingir que não tinha ninguém ali dentro (até porque suas colegas de dormitório estavam sabe-se lá deus onde), mas quem quer que estivesse do lado de fora era insistente e voltou a bater na porta. Ela levantou bufando e abriu a porta de uma só vez, irritada. Nada. Não havia ninguém ali. Ela franziu a testa colocando a cabeça para fora e olhando de um lado para o outro tentando achar alguém que pudesse ter feito uma pegadinha tão sem graça quanto aquela. Não havia ninguém. Esfregou os braços tentando se livrar dos pensamentos de ser uma assombração ou um feitiço que ela não conhecia e então fechou a porta e se virou, pronta para voltar para a cama e continuar sua leitura. 

Nada a prepararia, no entanto, para a cena que viu a seguir: A cabeça flutuante de Teddy Lupin sobre sua cama. Vic soltou um grito e demorou alguns segundos para que seu cérebro fizesse as sinapses necessárias para entender que ele havia entrado pela porta usando a capa de invisibilidade de seu padrinho e que agora era a mesma capa que cobria seu corpo e dava a impressão de que sua cabeça estava “flutuando”.

 

— Teddy!!! Você sabe que eu tenho um problema de coração certo? —  Ela perguntou levando uma das mãos ao peito e andando até o amigo dando-lhe um tapa no braço.

 

Ela viu o rosto do amigo mudar da expressão faceira de sempre pra um semblante assustado. Teddy realmente havia ficado com medo de que pudesse matar Victoire de susto. Quando a garota começou a gargalhar do amigo ele entendeu que não passara de uma piada e então a abraçou passando os braços pelos ombros da loira e bagunçando seu cabelo.

 

— Certo, agora que você se recuperou do susto da minha cabeça flutuante, vamos! Temos mais coisas para riscar da lista! — Teddy se levantou em um pulo, puxando a garota pela mão e a colocando a sua frente, cobrindo ambos com a Capa da Invisibilidade. 

 

Andaram pelos corredores de Hogwarts com Teddy guiando Victoire pelos ombros. Não demorou muito para que ela compreendesse para onde iam: a torre de astronomia. Era um dos muitos lugares do Castelo que eles chamavam de "seus". Gostavam de se esquivar até lá durante a noite para observar as estrelas. O problema é que nenhum deles era exatamente bom em Astronomia, portanto eles só observavam estrelas próximas umas das outras e tentavam inventar um nome para aquela constelação que só existia na cabeça dos dois, como, Constelação do Pêssego Gigante ou Constelação do Elefante com dor de barriga. 

 

Assim que entraram na Torre e deram de cara com o céu estrelado, Teddy tirou a capa de cima dos dois e sorriu animado, puxando um pedaço de pergaminho do bolso.

— Dessa vez vai ser diferente, Toire. Isso aqui é um mapa com as coordenadas exatas para encontrarmos as constelações dos nossos signos: Áries e Touro! E dessa vez vamos conseguir, ou eu não me chamo Edward Lupin. — Ele disse confiante enquanto já ajeitava a grande luneta encantada que usavam nas aulas para observar as estrelas.

 

— Hmmm, e qual nome você pretende adotar agora? Senhora samambaia? — Toire perguntou enquanto ria do garoto que mexia a luneta com precisão cirúrgica.

— Ha-ha. — Ele respondeu debochado. — Esse é um mapa sério mocinha, foram os próprios centauros que me deram.

 

Algum tempo se passou com Teddy mexendo a luneta de um lado para o outro e então ele gritou, certamente quase tão animado quanto Einsten quando disse: Eureka!, um Irra enquanto chamava a menina para ir até a luneta. Vic, diferente de Teddy, não precisava se curvar para que seus olhos chegassem até a luneta, pelo contrário, ela quase precisava ficar na ponta dos pés. Mas assim que olhou pelo objeto, ela sorriu. Lá estava ela, a Constelação de Touro. 

 

O desenho feito no pergaminho pelos centauros era exatamente igual ao que ela via nos céus e sentiu orgulho da dedicação do amigo que movimentava a luneta com tanta precisão. 

— Certo, agora é minha vez de encontrar a sua. — Ela disse, segurando a luneta e tentando entender as coordenadas no pergaminho. Custava os centauros terem a caligrafia um pouco mais bonita?

 

Depois de algum tempo, no entanto, ela conseguiu achar a Constelação de Áries, e repetiu o gesto de Teddy, chamando-o para vê-la. Logo depois ambos se olharam, um pouco decepcionados. Era divertido que finalmente tivessem encontrado Constelações de verdade, mas deitar no chão da Torre e inventar nomes aleatórios para junções se estrelas que só faziam sentido na cabeça dos dois, era infinitamente melhor.

 

Então, foi o que fizeram durante o resto da noite. Teddy estendeu a capa no chão e eles deitaram enquanto observavam e nomeavam constelações como As três bolas de sorvete e a cereja e, ainda, Cacto com cara de leão marinho do mal, essa última (segundo Teddy) sendo a maior descobertas da Astronomia bruxa. Vic caiu na gargalhada, é claro, e, antes de adormecer, ela fez questão se riscar da lista Encontrar constelações (de verdade!!!) com um sorriso no rosto.




07 dias para Victoire ir embora:

 

— Com licença, professor Binns. — o professor Longbottom colocou a cabeça para dentro da aula de defesa contra as artes das trevas do 5º ano. O fantasma parou a explicação e o olhou.

— Pois não.

— A professora McGonagall pediu para chamar Victoire Weasley.

— Weasley, pode ir.

Victoire juntou seus materiais e saiu apressada da sala.

— Aconteceu alguma coisa, professor? — ela perguntou assim que fecharam a porta.

Neville tirou um pacote do bolso que Victoire reconheceu como dois cigarros de magic weed, a garota franziu a testa.

— Professor Longbottom?

Ele piscou e seus cabelos começaram a aumentar de tamanho e ficaram em tom azulado, então foi ficando mais magro e um pouco mais alto, mudou de fisionomia até se transformar em Teddy.

— Surpresa — ele disse sorrindo.

Como resposta Teddy recebeu um tapa no braço da melhor amiga.

— Ei!

— Você não pode ficar se transformando nos professores desse jeito, Edward.

— Por que não? Vamos, Vic. Temos mais coisas da lista para cortar.

A garota riu e eles foram em direção aos jardins na parte de trás das estufas, onde era bem escondido e sabiam que ninguém os encontraria, perderiam o horário das duas últimas aulas mas Teddy não parecia se importar com isso, ele só queria aproveitar os últimos dias com Toire. 

O garoto se sentou tranquilamente na grama e tirou do bolso um dos cigarros já bolados e um isqueiro. Acendeu e tragou calmamente antes de se virar para a amiga.

— Você sabe fazer isso?

— O que? Fumar?

— Sim, você nunca fez antes, porque é careta.

Ela fez uma expressão brava.

— Não sou careta, Teddy.

— É sim.

— Não sou.

— Então tome — ele lhe passou o baseado que ela segurou de maneira um pouco incerta e colocou na boca e puxou com timidez — Você não sabe tragar não é?

— Não tenho nem ideia — ela admitiu.

— Viu como você é careta, Toire — ele riu se aproximando — primeiro você puxa, quando a fumaça estiver na sua boca você inspira mais um pouco e segura o ar. Depois é só soltar.

Victoire fez calmamente o processo e engasgou na tragada

— É aquele ditado, Vic: se tossiu bateu.

— O que isso significa? 

Teddy riu.

— Nada, é só uma gíria.

— Como eu sei que está funcionando, Teddy? — ela perguntou com a testa franzida.

— Você vai saber. E não case com o beck — ele respondeu fazendo sinal para que ela passasse o baseado.

Teddy tragou e soltou a fumaça na cara da amiga, que tossiu mais uma vez.

Depois de um tempo Vic começou a sentir a cabeça mais leve e a risada saia mais fácil.

— Ei, Teddy olha isso — ela disse esticando as duas mãos na frente do corpo e rindo — meus dedos são muito compridos.

— São mesmo — ele apoiou a mão sobre a dela — sua mão é maior que a minha, Toire.

— Eu sou mãozuda — ela respondeu e gargalhou. — Ei, você.

— Ei, eu — ele riu, já sentindo o efeito da erva bater também.

— Qual é o animal que não vale mais nada?

— Não faço ideia, Vic.

— O javali.

Teddy só conseguiu parar de rir pois sentia seu estômago doer. Ele adorava a sensação que a erva lhe trazia, sua cabeça ficava mais leve, as coisas ficavam mais engraçadas, Victoire ficava mais bonita — como se isso fosse possível.

Ele a olhou com o canto do olho e começou a rir.

— O que foi? — ela perguntou.

— Nada....

— Fale, Teddy.

— Nada, só estou feliz por você estar aqui.

Victoire sorriu e deitou de costas na grama. Já estavam ali a algumas horas e as primeiras estrelas começavam a aparecer.

— Agora que sabemos olhar as constelações de verdade, você acha que sabe achar as três marias no céu?

— Você sabe que na verdade eu não sei — ele respondeu rindo se deitando também.

Victoire apontou para uma estrela em um ponto extremamente a sua esquerda.

— Está vendo aquela estrela ali? Perto da nossa constelação do pêssego gigante?

Teddy assentiu.

— Estou sim.

— Aquela é a primeira Maria.

Victoire levou seu braço para exatamente acima de seus olhos, em um ponto a quilômetros de distância da primeira estrela que tinha apontado.

— Essa aqui é a segunda Maria — então virou seu braço para o ponto extremo à direita do céu — E aquela ali é a terceira Maria. 

— Eu tenho quase certeza que elas não são tão distantes assim, Vic.

— Eu tenho quase certeza que estou certa.

E os dois gargalharam mais uma vez.

— Estou com fome — ela reclamou.

Teddy se levantou prontamente e estendeu os braços para ela.

— Isso se chama larica, venha! Vamos cortar mais um item da lista!

 

***

 

A tapeçaria de cestas de frutas já era conhecida de Teddy, ele havia batizado a pêra de Ana Cláudia em seu primeiro ano de Hogwarts. Fez cócegas nela, que se transformou em uma maçaneta e entraram na cozinha.

Rapidamente diversos elfos vieram ao encontro dos dois oferecendo bolinhos de todos os sabores: abóbora, chocolate, baunilha e morango.

Eles comeram e conversaram por horas, Victoire estava começando a ficar sonolenta quando o seu relógio apitou, trazendo-a de volta para a realidade.

Todos os dias, exatamente às 22h ele despertava para lembrá-la de tomar um remédio.

— Preciso ir — disse ela.

— Te acompanho até a torre da corvinal. Só um momento.

Teddy pegou o pergaminho do bolso e cortou duas coisas da lista: fumar magic weed e invadir a cozinha



06 dias para Victoire ir embora:

 

— Edward onde estamos indo? — Victoire perguntou quando ambos andavam silenciosos pelos corredores. 

— Calma pequeno gafanhoto — ele respondeu sussurrando e fez sinal de silêncio com as mãos.

Era terça-feira e Teddy havia mais uma vez invadido a mesa da corvinal e a amiga mal havia conseguido terminar de jantar quando foi arrastada.

— Temos que aproveitar agora que todos estão jantando — ele disse risonho.

Pararam atrás da porta da sala de aula de feitiços e Teddy fez aquela cara de concentração quando ia se transfigurar.

— Edward Tonks Lupin o que você vai fazer?

Teddy encolheu uns bons centímetros e ficou mais curvado, envelheceu aproximadamente 120 anos e fez uma cara carrancuda.

— Você está horroroso — ela gargalhou.

— Você realmente sabe como tratar um cavalheiro — ele respondeu, mas também estava rindo.

— Por que se transformou no Filch?

— Porque hoje vamos riscar colocar uma roupinha na Madame Nor-r-ra da lista. 

— E ela não deixa ninguém se aproximar dela fora ele, Teddy você é um gênio.

— Eu sei disso mon amour. Vem! 

Encontraram a gata em questão depois de alguns minutos, ela estava patrulhando um corredor do 3º andar e miou carinhosamente quando viu seu dono. Ela ronronou afetuosamente quando ele se aproximou e se enroscou nas pernas de Teddy transfigurado como Filtch. No fundo o garoto estava com medo da gata perceber alguma coisa e simplesmente decidir arranhar sua cara, mas foi só olhar para o sorriso no rosto de Victoire que se escondia atrás de uma pilastra, que ele criou coragem para se agachar e pegá-la no colo. Caminhou com a gata em suas mãos até Vi.

— Não é possível que essa gata tenha um coração — comentou Teddy fazendo carinho no pescoço do animal que agora ronronava.

— A função do coração é bombear sangue na verdade, Teddy. —  Victoire comentou com uma sobrancelha arqueada encarando o garoto ainda transfigurado como o zelador da escola.

— Você é muito chata sabia?

— Sim.

Teddy abriu sua mochila e tirou uma roupinha toda preta com o brasão de Hogwarts de dentro dela, também havia um chapéu de bruxo com um elastiquinho.

— Ela vai ficar adorável — Victoire comentou — E Filch vai odiar.

Com muita dificuldade e sob protestos da gata que agora miava como se não acreditasse que seu próprio dono fosse capaz de fazer algo assim com ela, conseguiram vestir a roupinha no animal, que agora andava um pouco abaixada pela falta de costume das vestes. O chapéu, que ficava entre as duas orelhas, pelo menos, não parecia incomodá-la. 

— Miau?

Teddy e Victoire riram.

— Ela é muito bonitinha, o que acha de eu ficar com essa aparência para sempre e adotá-la? —  Teddy refletiu enquanto ainda fazia carinho no pescoço da gata.

— Eu acho uma péssima ideia, Teddy. Essa gata é maligna, olha como ela está me encarando. Eu acho que se fosse possível ela iria me dopar e vender meus órgãos no mercado negro.

— Talvez seja uma boa ideia mesmo, to precisando de uma grana. Seus rins estão bons?

— Melhores que seus pulmões. — A loira respondeu mostrando a língua para o garoto.

— MADAME NOR-R-RA VOCÊ ESTÁ POR AQUI? — ouviram a voz arrastada do Filch original gritando no corredor.

— Vamos! — Teddy segurou a mão da amiga e correram na direção contrária do som, enquanto corriam e riam, ele se transformou no verdadeiro Teddy.

— Você fica mil vezes melhor assim — ela disse quando pararam para descansar em uma sala vazia.

— Você acha? —  Ele respondeu, piscando balançando os cabelos azuis.

— Com toda certeza, né Teddy. Merlin me livre de ficar tendo que olhar para sua cara daquele jeito para todo o sempre.

— Para todo o sempre?

— É, você é meu melhor amigo. Acha que vai se livrar de mim assim tão fácil? — Ela empurrou o ombro do garoto e revirou os olhos.

Teddy riu mas seu coração apertou. Claro que eles sempre seriam só amigos, Teddy provavelmente seria o padrinho de casamento da garota com algum outro cara.

— MADAME NOR-R-RA QUEM FEZ ISSO COM VOCÊ? VOCÊS ME PAGAM! — eles ouviram o grito de Filch ao longe e caíram na gargalhada. 



05 dias para Victoire ir embora: 

 

Teddy nunca teve problemas em matar aulas, inclusive as que eram dadas pelo seu próprio pai. Portanto depois do primeiro horário no período da tarde de quarta-feira ele não foi junto com a turma em direção ao segundo andar para a sala de Defesa Contra As Artes das Trevas, muito pelo contrário, ele voltou ao seu dormitório. 

Deixou sua mochila em cima da cama e pegou tudo aquilo que seria necessário para ter uma tarde perfeita, também passou na cozinha e pediu algumas coisas aos elfos que rapidamente lhe deram comida suficiente para alimentá-lo por três dias. Então o garoto foi em direção aos jardins sem se preocupar com nada além de ajeitar o lugar. O mesmo lugar onde esteve com Victoire dois dias atrás para que fumassem. Ele riu lembrando da cena e seu coração apertou um pouco pensando que cada dia junto com Victoire também era um dia mais próximo para sua partida. 

Ajeitou os tecidos e o projetor e então fez uma rápida prece para Merlin e conseguir fazer o projetor funcionar. Essa foi realmente a parte mais difícil, Teddy não era bom com fios e tecnologia trouxa, mas depois de quase 2 horas e diversas releituras da carta com instruções de Arthur Weasley ele conseguiu fazer o aparelho funcionar.

Quando o vídeo que passava em uma tela improvisada com um lençol amarrado entre duas árvores estava sincronizado com o som que saia das pequenas caixas de som que ele havia ajeitado com muito cuidado como se fosse uma tecnologia antiga da qual ele nunca ouvir falar,  ele comemorou e olhou no relógio. 

Teddy olhou no relógio de pulso e então ele correu em direção ao castelo e parou em frente a sala de feitiços e esperou pois estava quase no horário do final das aulas do período da tarde. Victoire como sempre foi uma das últimas pessoas a sair da sala e conversava animadamente com Alice, uma de suas melhores amigas. 

— Olá garotas — disse Teddy sorridente.

— Oi, Teddy! — Alice respondeu e então completou — Vic, estou indo. Te vejo amanhã.

Enquanto observavam a garota se afastar, Victoire levantou uma sobrancelha.

— O que está fazendo aqui? 

— Vim te buscar. Tenho uma surpresa!

— O que vamos riscar da lista hoje? — ela perguntou sorrindo enquanto começavam a andar. 

— Não vou te contar ainda, Toire. Vem! 

Quando chegaram aos jardins e Teddy gritou “TCHARAM!”, Victoire correu os olhos por todo o lugar. Os lençóis espalhados pelo chão com diversas almofadas, vários baldes de pipoca e docinhos e então finalmente o projetor que estava com a tela pausada no filme de sua princesa favorita: Cinderela.

 Teddy percebeu os olhos da amiga marejando. Ela colocou as mãos no rosto e começou a chorar baixinho.

— Ei, tá tudo bem! — ele a puxou para um abraço e em resposta levou um tapa no braço. — AI!

— Como você faz essas coisas comigo, Teddy?

— Desculpa?



FLASHBACK

 

Victoire Weasley era a princesinha de Molly e Arthur. A primeira neta era mimada e tratada a pão de ló pelos dois. E antes mesmo de saber andar ou falar, Arthur estendia lençóis pelo jardim, junto com um projetor trouxa que havia encontrado anos atrás em uma de suas batidas no ministério.

Juntos assistiam vários filmes trouxas. No início, quando Victoire não sabia nem andar ou falar direito eram apenas animações e desenhos. Mesmo que assistissem a todos os gêneros possíveis, os preferidos de Victoire eram sobre princesas. Talvez porque Victoire gostasse tanto desses filmes, nenhum de seus milhares de primos ficou interessado no programa por muito tempo.  

Mas Arthur não parecia abalado. Ele assistia todos os filmes que sua neta gostava com um sorriso no rosto e segurando um balde de pipoca. Aquilo se tornou uma tradição entre os dois e todas as vezes que ela ia até A Toca assistiam o máximo de filmes que conseguiam. 

Quando estava presente, Teddy raramente acompanhava a sessão cinema dos dois, mas ele observava de longe aqueles momentos onde a melhor amiga deitava nos braços do avô e sorria feliz. 

 

FIM DO FLASHBACK



Assistiram o filme em silêncio, com Victoire deitada no ombro de Teddy. Duas horas depois, quando os créditos subiam pela tela, ela finalmente perguntou:

— Onde você conseguiu isso tudo?

— Seu avô me enviou quando contei o que eu queria fazer. Ele me fez prometer cuidar muito bem de tudo, principalmente de você.

Ela sorriu.

— Não sabia que tinha um live action da Cinderela. Eu amei.

— Nem eu — ele admitiu sorrindo — O filme é desse ano, seu avô enviou junto com o projetor, tinha esse bilhete junto, ele pediu pra eu lhe entregar.

 

“Oi Toire! 

 

Devo confessar que quando Teddy me pediu meu projetor emprestado fiquei com um pouco de ciúmes, mas ele é um bom garoto e tenho certeza que fez algo especial para vocês dois. Espero que você goste do filme, eu sei que Cinderela é sua princesa favorita, porque você ficava carregando as abóboras da sua avó quando criança, em um vestido azul e até conseguiu sapatos transparentes falando que eram de cristal. Isso sem lembrar de quando você insistia em fazer amizades com os ratinhos aqui de casa e saía distribuindo pedaços de queijo pela sala. Bons momentos, principalmente quando sua avó se assustou com o aglomerado de ratos que começou a crescer no porão, junto com o vampiro.

 

Com muito amor,

Vovô Arthur.”

 

A garota começou a chorar mais uma vez e abraçou o Teddy, dessa vez sem lhe dar nenhum tapa.

— Obrigada, Teddy. 

Ele apertou mais ainda contra seu peito.

— Não precisa agradecer, estou feliz que você tenha gostado. 

— Eu amei muito.

E assim, Teddy riscou Fazer um cinema ao ar livre da lista de 1000 coisas para fazer antes de deixar Hogwarts.


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