1000 coisas para fazer antes de deixar Hogwarts escrita por xulia, Débora Martins


Capítulo 1
Parte 1.




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Teddy encarou seu reflexo no espelho, entortando o nariz. Continuava o mesmo magricela estupidamente alto de sempre, com aquele rosto fino que aparentemente não era capaz de crescer uma barba sozinho. Olhou os cabelos arrepiados no espelho e brincou mudando o tom de azul dos fios. Respirou fundo passando a mão pelo mesmo depois de voltar ao seu tom habitual. Pensou em crescer uma barba, mas se lembrou do desastroso incidente onde passou duas horas trancado no banheiro de casa após fazer crescer algo que mais parecia um rabo de cavalo saindo de seu queixo. Além do mais, não podia mais ignorar Nymphadora Tonks gritando no andar de baixo.

 

— Edward Tonks Lupin, não me faça subir aí! Remus, fale para seu filho que já estamos atrasados? Dez para as onze! Isso é um desastre! — Tonks já estava estressada no andar de baixo. 

Teddy então, agarrou o malão e desceu as escadas correndo, tropeçando nos degraus e quase caindo. Quando chegou no andar inferior deu de cara com a feição irritada de sua mãe que tagarelava andando pelo corredor, contrastando com um Remus tranquilo que terminava de beber sua xícara de café. Ao se aproximar dos dois, Tonks resmungou um “Graças a Merlin”, tirou a xícara das mãos de Remus e entrelaçou os braços em ambos, aparatando em seguida.

 

Edward ainda não havia se acostumado com aparatações, ainda lembrava de quando aparatou pela primeira vez no curso que havia feito em Hogwarts no último ano e que lhe custara um pequeno pedaço de seu dedinho do pé esquerdo. Portanto, quando sentiu o solo da plataforma sob seus pés ele quase abraçou o chão sob seus pés se não fosse sua mãe gritando e empurrando-o para dentro do trem. Pela janela, Victoire acenava e ria de toda a cena.

 

Assim que o garoto entrou na cabine que a melhor amiga dividia com os primos James Sirius e Fred Weasley II que jogavam aviõezinhos de pergaminho encantado um no outro, ele se sentou ao lado da loira sorrindo e ofegante. Segundos depois o trem partiu, e Teddy só conseguiu ver os cabelos rosa da mãe e o sorriso orgulhoso do pai por um segundo antes de serem substituídos pela vegetação montanhosa.

 

— Achei que não fosse conseguir dessa vez, você nunca tinha atrasado tanto assim… — Victoire disse rindo.

 

— O que posso fazer? É algo que se desenvolve com o tempo, um dia você chega lá princesa. — Piscou para a garota, bagunçando seus cabelos e fazendo-a revirar os olhos com uma careta.




***

 

Teddy se sentia exausto, mesmo não tendo feito muita coisa durante o dia, viajar realmente cansava. Mas tinha vastos outros 6 anos de experiência para o primeiro dia de aula e sabia que o melhor momento para arrumar o malão era naquele momento, de preferência antes de deitar na cama pois quando fizesse isso, não iria conseguir mais levantar. Portanto antes que seu cérebro decidisse fazer isso, foi em direção a ele e começou a guardar seus pertences no armário. 

Quando começou a mexer nos livros e cadernos encontrou a lista. Aquele pergaminho velho e amassado que estava completando seu 5º aniversário.

1000 coisas para fazer antes de deixar Hogwarts fora ideia de Victoire Weasley em seu primeiro ano de Hogwarts. Ela queria aproveitar o máximo tudo que poderia com seu melhor amigo, então fizeram um trato: até o final do último ano de Teddy, iriam completar aquela lista.

Claro que essa lista sempre era atualizada conforme tinha necessidade e tornava tudo mais infinito. Ainda tinham algumas coisas para completar, mas o garoto naquele momento tomou uma decisão e decretou qual seria o primeiro item da lista que seria riscado neste ano letivo: Contar para Victoire Weasley que Teddy Lupin era apaixonado por ela.

Ele observou sua caligrafia garranchosa e comparou-a com a da melhor amiga, era claro porque sempre fora Toire que escrevia no pergaminho.

 

***

 

Teddy estava nervoso. Ele achava que a qualquer momento poderia simplesmente vomitar. Ele levou quase duas semanas pensando em mil maneiras de contar para Victoire que estava apaixonado por ela desde… bom, desde sempre. Ensaiou discursos no espelho, mudou a cor de seus cabelos aproximadamente 6 vezes e voltou ao bom e velho azul que era o que achava que mais combinava consigo. Pensou em fazer uma surpresa. Pensou em levar flores. Pensou em entregar a lista à ela e que ele não precisasse dizer nada. No final das contas decidiu que ele apenas seria o Teddy de sempre. Iria conversar com ela e simplesmente dizer: “Vic, eu estou apaixonado por você.” Ele estava torcendo para ele conseguir pronunciar as palavras. Fez seu amigo, Frank Longbottom II colocar uma peruca loira e fingir que era Toire para ele ensaiar mais vezes. Frank o mandou ir a merda 3 vezes antes de aceitar. 

Era uma sexta-feira dia quando ele finalmente criou coragem de expor seus sentimentos, tinha dito a Toire no café da manhã que queria falar com ela após o jantar e se encontrariam nos jardins. 

Quando ela chegou ele esqueceu de qualquer coisa inclusive seu nome, ela estava com o nariz vermelho, olhos marejados de lágrimas e semblante cabisbaixo: Victoire havia chorado. Ele a abraçou.

— Ei, o que aconteceu? — perguntou segurando seu queixo e o levantando em sua direção. 

— Nada — ela desconversou, enxugando os olhos e forçando um sorriso — O que você queria me contar? Parecia importante.

— Não é tanto quanto o motivo pelo qual  estava chorando — Teddy respondeu, sentando no jardim e puxando a melhor amiga com cuidado — Eu te falo depois.

— Jura?

— Juro.

— Certo. Papai me enviou uma carta — Toire tirou um envelope amassado de dentro das vestes — Estou me mudando para a França em 7 dias, estou apenas esperando minha transferência para Beauxbatons ser regularizada.

— O QUE?

— Um hospital onde um tio da minha mãe trabalha está trabalhando em uma cura para pessoas como eu, você sabe... — Ela deu de ombros. Demorou um tempo até que Toire conseguisse falar com naturalidade sobre seu problema e Teddy se lembrava de estar lá durante todo o processo.  — Para aqueles que não só tiveram varíola de dragão mas acabaram com um coração do tamanho de um. É um procedimento ainda em fase teste mas meus pais querem arriscar...

— E você precisa ser transferida para isso?

— É um procedimento um pouco invasivo e eu não posso viajar longas distâncias nem por meios mágicos enquanto estiver em tratamento, Beauxbatons é perto do hospital então eu meio que preciso estar lá. — Ela suspirou. 

Victoire havia passado grande parte das férias discutindo com os pais e negociando o tratamento para sua formatura. Porém, depois do último incidente, no qual ela ficou sem ar ao subir depressa todas as escadas dA Toca, Bill e Fleur decidiram seguir com o plano da transferência e enviaram a carta apenas para informar a mais velha.

Quando a garota terminou de falar, Teddy sentiu seu coração ser esmagado até ficar do tamanho de uma ervilha.

— E você tem que ir?

— Tenho, pode ler a carta se você quiser. Eles deixaram bem claro que não tenho outra opção. 

— E como você está?

— Destruída, Teddy — ela riu em resposta — Eu vou ir embora de Hogwarts sem saber quando, ou pior, se eu vou voltar. Vou perder tantas coisas. Vou estar longe de todos os meus amigos. Vou estar longe de você. Eu não sei nem o que pensar.

— Então não vamos pensar nisso agora — ele disse — Vamos fazer essa sua última semana ser inesquecível. Temos 10 dias para terminar nossa lista. 

— Teddy, isso é impossível! — ela riu e então mudou a expressão — O que você ia me contar?

— Nada — Teddy respondeu — Nada é tão importante quanto o que você me contou — e nada era mesmo, os sentimentos de Teddy simplesmente não importavam mais. Ele já guardara aquele segredo por tanto tempo, simplesmente não fazia sentido contá-lo agora quando estava prestes a ver a garota partir. Ele levantou e estendeu a mão — Vem, temos muito o que fazer. 

 

Flashback:



Uma Victoire de dez anos se escondeu embaixo das cobertas grossas, que sua avó Molly havia costurado para ela há alguns anos atrás, assim que ouviu a voz de Teddy abrindo a porta do quarto do hospital.

 

— Teddy! Sai daqui! — Ela reclamou. — Eu disse pra mamãe que não, queria visitas, eu estou horrenda. 

— Toire! — O garoto, no auge de seus doze anos, disse em tom sério. — Você não tem como ficar horrenda e eu estou preocupado com a minha melhor amiga. Será que eu posso te ver uns minutinhos?

— Não. — Ela apertou com mais força a coberta ao redor de sua cabeça. — Eu estou verde, Teddy, verde. — Ela espirrou e fagulhas de fogo saírem pela sua narina, fazendo um buraco no cobertor, revelando seu rosto.

 

Vic suspirou, tirando a coberta de cima de si e cruzando os braços, revelando um pequeno bico emburrado e com vergonha para o amigo que fazia a maior força do mundo para não rir, não queria levar um tapa da loira. Victoire já havia completado sete dias de tratamento e portanto, não transmitia mais a varíola, mas os espirros de fogo, a pele esverdeada com algumas manchas vermelhas na pele ainda estavam presentes. 

 

— Certo, pronto, aqui estou eu, verde, espirrando fogo e me coçando como se tivesse sarna. — Ela disse, derrotada. — Pode rir. — Adicionou vendo o rosto do garoto.

 

Ele não escondeu mais o riso, mas o coração de Teddy se partiu vendo a amiga triste daquela forma quando ele transbordava de felicidade em ver que ela estava bem e se recuperando.

— Não tem nada demais em estar verde. — Ele deu de ombros, sentando na maca da garota ao lado da mesma e  passando o braço por seus ombros. E então, Vic notou que ele havia transformado sua pele em uma cor esverdeada somente para fazer a companhia para a amiga.

 

E assim eles passaram a tarde, os dois verdinhos, brincando de Stop, contando histórias e matando as saudades de duas crianças que não se desgrudavam e foram obrigados a passar uma semana sem se ver.

 

Fim do Flashback


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