Flores escrita por Miss A


Capítulo 1
Begônias


Notas iniciais do capítulo

A ideia é que seja apenas alguns momentos jayrose...



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Dei algumas batidinhas na terra do vaso, assim que terminei de renovar o canteiro dos crisântemos. Era preciso fazê-lo uma vez por ano.

— Pronto. Continuem lindas, por favor.

Eu sorri para elas.

— Você fala até com as não mágicas?

Dei um pulo de susto.

Eu ficava tanto tempo no meu mundo silencioso das plantas que me esquecia de que humanos podiam entrar na estufa também.

— James!

— Te assustei?

Não respondi. Observei enquanto ele se aproximava de um dos vasos.

— Nem pense em tocá-la! – Falei quando sua mão começou a se mover.

— Por quê? Ela é tóxica?

— Essa não.

Ele torceu o nariz. Eu sorri.

— Você passa tempo demais aqui dentro.

— Eu gosto – Virei-me e levei o vaso de crisântemos para o seu lugar – E é melhor você se afastar das perpétuas.

— Quem são essas?

— As flores roxas que você queria tocar.

— Pensei que elas não fossem perigosas.

— Pensei que tinha dito para não tocar em nada quando estivesse na estufa.

Ele bufou.

— O que você veio fazer aqui? Se pensa que vou te dar flores para que você leve para alguma garota sinto em te decepcionar, porque não vai acontecer.

— Que garota?

— Não sei. Alguma que você queira impressionar.

— A única garota que quero impressionar é você.

Por mais que eu não quisesse foi impossível não sorrir.

Apertei sua bochecha, sujando-a de terra.

— Ai, Rose.

Ele limpou a terra do rosto.

— O girassol já morreu? – Eu tinha o costume de lhe dar flores, para que ele visse algo bonito ao acordar, mas James era péssimo com elas – Posso te dar outro vaso, begônias dessa vez – Fui à procura das flores.

— Ele ainda está vivo – James se aproximou, parando do meu lado – E eu não quero flores, eu quero beijos.

Ergui a cabeça, para ver seu o rosto, as begônias nas mãos.

James sempre falava coisas do tipo e eu entrava na brincadeira, mas ultimamente sentia que não eram apenas flertes inofensivos.

Estreitei os olhos e o encarei, tentando encontrar uma confirmação para o que eu desconfiava.

Ele não aguentou a pressão e pigarreou, desviando o olhar.

— Você quer ir a Hogsmeade comigo?

— Claro, quando?

— Que tal amanhã?

— Perfeito. Preciso ir até a loja de ervas mesmo.

— Para variar.

— São negócios importantes. Sra. Goshawk disse que me conseguiria excremento de unicórnio se eu lhe desse uma fragrância de beijo-de-moça.

— E onde é que você vai conseguir isso?

— Eu mesma vou retirar da planta.

— Mas isso não é perigoso?

Dei de ombros.

— Eu já fiz antes.

— Não é proibido estudantes fazerem isso?

— Você vai contar?

— Claro que não.

— Então ninguém vai saber.

Ele não parecia contente.

Beijo-de-moça era uma planta mágica carnívora de pétalas que lembrava lábios femininos e com um cheiro sedutor. Sua fragrância era rara e cara, por causa da dificuldade em capturar seu perfume.

Mas nada que eu não desse um jeito.

— Você vai precisar de ajuda?

— Não, James. Relaxe. Por que você não vai curtir o Sol?

— Está me expulsando?

Dei um meio sorriso.

— Talvez. Mas se você quer que eu não desmarque ou atrase amanhã, você deveria me deixar trabalhar agora.

— É, você está me expulsando.

— Não seja dramático.

— Não sou – Ele saiu resmungando algo sobre encontrar uma garota que não o trocasse por plantas. Eu ri.

— Te vejo no jantar.

Ele fechou a porta e fiquei sozinha novamente na estufa seis.

Desde do primeiro ano eu havia mostrado uma aptidão acima da média em herbologia. Com os anos meu amor pelas plantas, em especial pelas flores, havia se tornado algo muito maior.

A estufa seis era um lugar de armazenamento de materiais e plantas, mas me foi cedida após muitos pedidos, argumentações e sacrifícios, é claro.

Eu era a única aluna que usava o lugar e os professores não se preocupavam muito, já que acreditavam que eu sempre estava estudando.

O que era a mais pura verdade.

Eles só não sabiam que algumas das minhas atividades eram do tipo proibido.

Como o que eu iria fazer agora.

Vesti minhas luvas de couro de dragão.

Aproximei-me do espécime beijo-de-moça. Ela tinha um porte médio para pequeno, já que se alimentava apenas de insetos, porém algumas eram capazes de ingerir vacas inteiras.

— Querida, é melhor você ser gentil, por que vai acontecer você querendo ou não.

Ela se mexeu ao ouvir minha voz.

Abriu suas pétalas, alongou o caule, como se estivesse se espreguiçando.

Era possivelmente a planta mais cheirosa daquele lugar.

— Você é linda.

Fiz o que tinha precisava ser feito.

 

 

Já era tarde quando ouvi a batida na porta.

— Entre!

Era James de novo.

— Você não vai ir jantar?

— Perdi a noção da hora – Expliquei, enquanto terminava de amarrar as tulipas em um buquê – Mas já estou indo.

— Pensei que você finalmente tinha sido engolida por suas plantas malignas.

Revirei os olhos enquanto caminhava até a porta, onde ele ainda estava.

— Você é tão dramático – Apaguei as luzes da estufa e o empurrei para fora – Acho que preciso de um banho antes.

Eu havia me limpando na estufa, mas apostava que ainda tinha terra em algum canto.

— Não vejo porque, você está cheirosa.

Ergui uma sobrancelha enquanto ele se aproximava. Espaço pessoal para quê, não é?

— Eu estou suja de terra, James.

— Continua bonita. Na verdade, você está encantadora, Rose, está cheirando a flores.

— Deve ser por que eu estava em uma estufa? – Debochei. Garoto estranho.

— Não sei. É diferente – Ele pegou uma mecha do meu cabelo e cheirou.

Ele fechou os olhos. Suspirou.

Que. Merda. Era. Aquela?

— Você está bêbado?

— Claro que não. É que, caramba, Rose, eu poderia te beijar agora mesmo.

É, ele estava bêbado.

Afastei sua mão e dei um passo para trás. Não adiantou, ele deu um passo para frente.

— James você não está fazendo sentido nenhum.

Ele tinha uma expressão meio abobalhada.

— Esse perfume...

— São as tulipas!

Eu coloquei as tulipas em frente ao seu rosto. Ele as afastou.

— Não, é você.

Então eu entendi.

— Beijo-de-moça!

— Quero.

— Estou falando da planta, James. Acho que o cheiro dela ficou impregnado em mim.

Havia um motivo para o perfume de beijo-de-moça ser tão procurado, apesar de ser cara. Sua fragrância sedutora produzia uma forte atração em quem estava ao redor. Muitas pessoas a usavam para se tornarem mais atraentes.

— O que?

James parecia não estar assimilando nada o que me fez rir.

— Vou tomar banho e tirar isso do corpo. Vá jantar, ok?

Sai correndo pelo corredor sem dá-lo chance de responder.

Logo, ele entenderia e talvez fosse melhor que eu não estivesse por perto.

A sorte do dia é que eu não tinha ido direto ao salão de jantar.

 

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo saí hoje ao meio-dia.



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