Balões Vermelhos escrita por kicaBh


Capítulo 3
Capitulo 3




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CAPITULO 3

A casa dos Rigsby amanheceu agitada. Cho acabou por dormir lá também, quando chegou tarde com Rigsby e Lisbon ainda não havia aparecido. Grace ficou preocupada, mas Wayne disse que a viu chegando tarde da noite. Quando a campainha tocou, Grace realmente ficou surpresa por rever Marcus Pike e pediu a Rigsby para apressar a antiga chefe.

Wayne encontrou Lisbon calçando os sapatos, já pronta para o batizado. Os cabelos estavam escovados e ela possuía um ar distante no rosto.

Chefe. Ele falou quando ela disse que ele poderia entrar no quarto, que ela já estava quase pronta.

Rigsby, não sou mais sua chefe. Ela respondeu olhando para o ex funcionário, tentando se fazer presente naquele momento, quando a cabeça dela ainda estava na noite anterior, nos beijos trocados com Patrick Jane, na dúvida do que significavam, no que fazer de agora em diante.

Força do hábito. Ele sorriu, para reforçar a ela que era uma brincadeira. Bem, eu vim avisar que o Pike está lá embaixo. Ele conseguiu resolver tudo em São Francisco e veio aproveitar o dia conosco.

Teresa ficou olhando para o homem a sua frente, pensativa. Jane como sempre, havia acertado. E agora ela teria que encarar seu namorado.

Eu já vou descer, Wayne, obrigada. Ela respondeu automática.

Lisbon, ah... Teresa, posso falar uma coisa com você? Ele perguntou sincero, sentindo o desconforto que se apoderava da ex chefe. Grace havia dito que Lisbon havia procurado Jane por sugestão dela.

Claro, há alguma coisa errada?

Não, comigo nada de errado. Mas aparentemente há algo estranho entre você, o Jane e o Pike.

Wayne, olha, eu realmente não quero ter essa conversa agora ou ...

Teresa, me ouça, eu sei do que estou falando. Eu sou o cara que teve um filho com outra mulher, mesmo amando a Grace desde o primeiro momento em que a vi. Eu tive tanto medo de prejudicar a carreira da Grace, de não conseguir fazê-la feliz que eu fugi e quase me casei com outra mulher. Eu não faço ideia do que você sente pelo Pike ou pelo Jane, mas se você tem certeza de que ama algum deles de verdade, não escolha o outro.

Wayne falou e saiu do quarto, deixando Lisbon a vontade. Como se fosse possível, ela pensou. Como se fosse minimamente possível ela se sentir à vontade quando precisava decidir sua vida. Ainda que Jane não tivesse feito uma grande declaração, Lisbon sabia que estar ao lado dele despertava nela uma miríade de sensações que era impossível ignorar.

Ela terminou de se arrumar e se olhou no espelho. O reflexo da mulher segura e dona de si, ela pensou, desejando que os dois homens que estariam hoje convivendo com ela soubessem disso.

Não era para ter sido um momento engraçado, mas o batizado de Madelaine Van Pelt Rigsby foi cercado de choro e risadas.

A garotinha não aceitou, sobremaneira, ficar no colo de Kimball Cho e o padre não teve outra opção a não ser deixar que Teresa e Patrick a batizassem. O oriental, ao contrário do que todos pensavam, não se chateou com a situação e simplesmente soltou uma tremenda gargalhada quando sua quase afilhada berrou em seu colo, quase caindo ao tentar pular para o colo do amigo loiro.

Se Marcus Pike ficou incomodado, foi educado o suficiente para não deixar transparecer, mas a pequena e geniosa Maddie também não aceitou seu colo. Aparentemente, exceto seus pais, apenas Jane podia brincar com ela e segurá-la.

Patrick se divertiu com a situação, dizendo que sua aptidão com crianças era justificável por sua postura amável e permissiva. Definido os padrinhos, a consagração da criança se deu de forma tranquila e o almoço que ocorreu na casa dos Rigsby também. Jane ficou empolgado com a função de padrinho e comprou um monte de balões vermelhos para a pequena Maddie, o que a deixou mais feliz e ligada a ele.

Foi um domingo alegre e divertido e Grace percebeu que o desconforto entre Lisbon e Jane havia dado lugar a olhares que ela gostaria muito de saber o que significavam. Quando Teresa encontrou Pike na sala deles, não foi efusiva, o cumprimentou com um beijo no rosto e disse que estava surpresa. E quando Marcus alegou que a saudade era tanta que ele não conseguia ficar longe dela, Teresa não disse o mesmo. Apenas sorriu, distante. E distante também foi a palavra que Grace usou para descrever como ela se comportou com ele durante a cerimônia na igreja e o almoço na casa dos Rigsby.

Jane, Grace notou, preferiu se manter o mais longe possível do casal, mas Cho, que não tinha sensibilidade para perceber essas nuances fez com que todos ficassem juntos para uma foto da agência. E foi quando Grace teve certeza de que algo havia mudado entre eles, porque Patrick Jane não era homem de se ruborizar por nada, mas ele estava com as bochechas cor de rosa ao se posicionar ao lado de Teresa e abraçá-la gentilmente.

Foi logo após a sobremesa e de fazer Maddie dormir que Patrick se despediu de todos e disse que a estrada seria longa até Austin. E que Abbott havia permitido a ele uns dias de folga para que passasse num lugar que ele tinha vontade de rever e que estava no caminho.

A tensão de Teresa foi tão evidente que o copo que ela segurava caiu no chão e se espatifou completamente. Pike foi quem reuniu os cacos enquanto Lisbon limpava a blusa suja de bebida e as outras pessoas se despediam de Jane.

Apenas Grace o acompanhou até a rua.

Padrinho não pode desaparecer da vida do afilhado, você sabe, não é? Grace abraçou o amigo e deu um beijo no rosto dele. Jane parecia pensativo, mas ela não queria deixá-lo partir sem se despedir devidamente.

Eu não vou sumir, Van Pelt. Eu adoro crianças, você sabe. E vai ser sempre uma oportunidade de ver vocês e a Lisbon, já que ela, bem, talvez se mude.

E você vai deixar? Van Pelt realmente quis saber.

Eu não mando na Teresa, ela vai fazer o que a fizer feliz.

Você se lembra, Jane, quando fez com que eu e o Wayne nos disfarçássemos, naquele programa de rádio? Ela o viu acenar com a cabeça. Ali naquele programa nós começamos a falar sobre o que sentíamos, mas ainda assim o Wayne não se sentia confortável o suficiente para reatarmos, porque eu estava machucada e como sempre, saindo com um outro cara que não era o que eu queria. Eu precisei parar de esperar ele tomar coragem e fui procurá-lo.

Rigsby sempre deixou a porta aberta. Jane falou tentando soar sarcástico, mas não foi bem sucedido e o tom derrotista foi notado por Grace. Mas ela sorriu solidária a ele.

— Você também, ou acha que aquelas cartas eram totalmente indecifráveis? Grace falou com tom professoral para o homem a sua frente, que teimava em não ver o obvio. Algumas cartas de Jane foram endereçadas a eles, pelo pessoal do circo, para que chegassem a Lisbon. Ele poderia ter sumido e eles já ficariam felizes por ele ter conseguido a merecida vingança. Mas ele mandou notícias, arriscando ser pego só para que Teresa soubesse que ele estava bem, que pensava nela. Muitas vezes Grace quis sugerir a Lisbon que ela o procurasse, fosse ver de perto como ele vivia, mas ela nunca deixava a conversa avançar, alegando medo de que o FBI prendesse e condenasse Jane a pelo menos 20 anos de prisão.

Ainda assim, ela nunca foi atrás de mim. Jane respondeu, não escondendo a decepção.

Então seja mais direto agora.

Patrick Jane olhou para Grace Van Pelt, que o olhava de volta, desafiadoramente. De certa forma ele sabia que ela tinha razão. Ele nunca disse, ou pediu, que Lisbon a procurasse. Ele sempre havia dito que sua vida em comum com eles, da CBI, era até a vingança contra Red John. Ele nunca contou a ela o quanto havia mudado de ideia à medida que os anos passavam e a convivência com ela era a melhor parte de seu dia. E o que fazia sua vida valer a pena.

Jane pensava na sugestão descarada de Van Pelt, não era por mal, ele sabia. Ela apenas torcia por eles, inclusive não era preciso ser vidente para saber que a visita de Teresa ontem teve a ver com alguma sugestão dela.

E lembrando de ontem e das boas sensações de ter Teresa em seus braços ele resolveu confiar na sugestão de Grace Van Pelt , colocando no bolso do casaco dela o localizador contra roubo do seu trailer. Ela sorriu e o viu partir. E voltou para casa para os outros amigos.

Mesmo assim, quando todos se despediram no final da tarde Grace ainda tinha no bolso do casaco o localizador. Não conseguiu conversar com Lisbon porque Ben e Maddie ficaram agitados e não foi possível uma conversa a sós entre elas. E Pike insistiu bastante para que fossem para o hotel que ele havia reservado.

Quando Grace viu a amiga se despedir com o namorado ficou pensando no que fazer. Conversaria com Wayne para decidirem juntos. Mas agora o marido estava levando Cho para o aeroporto e o trailer de Jane se movia lentamente para o Novo México, conforme ela via no localizador. 

Pike havia reservado um quarto de hotel luxuoso com direito a flores e champagne. Ele tinha altos planos para Teresa e embora ele não fosse bobo, notou que ela estava diferente esta tarde. Mas ele entendia, ela foi chefe das pessoas com quem eles passaram essa tarde. Ainda havia uma certa hierarquia e um respeito que deixava sua namorada desconfortável.

Mas ele esperava que o quarto escolhido, somado as flores, a bebida e aos chocolates fizessem a mulher em questão se declarar completamente a ele e aceitar o pedido de casamento.

Marcus Pike se sabia apaixonado, como a muito não acontecia. E sabia que Teresa era durona, além de tudo, havia o antigo parceiro, amigo e quase cúmplice, Patrick Jane. O homem que virou policial para vingar a morte da mulher e da filha, um ser extravagante e curioso que ele não conseguia entender a ligação entre ele e sua namorada. Nunca houve motivos para ciúme explícito, mas a forma como sua namorada reagia a Jane o espantava muitas vezes e o ciúme surgia quando ele menos esperava, quando ele deveria se sentir o cara seguro e o “dono” da garota. Mas o parceiro era o homem capaz de fazer sua namorada chorar ou tirá-la do sério, que conhecia os lugares favoritos dela, o humor dela e fazia com que ela o seguisse cegamente. Ainda assim, Teresa praticamente deu abertura para que ele a convidasse para sair, durante um caso em que se disfarçava de namorada de Patrick Jane. E como ambos gostaram da noite, a coisa fluiu. Diante da proposta de emprego na Capital e da certeza de seu sentimento, ele não pensou duas vezes em pedir para que ela fosse com ele. Mas Teresa, que era mais tímida em relação a falar de sentimentos, parecia ainda mais reservada e não dizia sim a ele. Portanto a pediu em casamento, para ratificar que sua decisão não era inconsequente. Entretanto, Teresa Lisbon ainda não havia dito sim. Nem para Washington, nem para o casamento. A transferência dela estava na mesa de Abbott e ele sabia que ela ainda não havia assinado.

Mas hoje Pike esperava que tudo mudasse.

No entanto, Teresa, quando abriu a porta do quarto, sentiu vontade de ir embora. Hoje o dia todo foi a vontade que imperou nela. Tudo que ela gostaria era de um tempo sozinha, decidindo o que fazer. Mas vendo o quarto todo preparado para o que parecia ser uma noite romântica entre ela e seu namorado, talvez ela precisasse tomar uma atitude antes do esperado.

Ela sentiu seu namorado abraçá-la e querendo criar um clima e foi quando algo a atingiu forte. Seu coração não disparou, suas mãos não tremeram e não houve “o” calafrio. Aquele arrepio que Patrick Jane fez correr pelo corpo dela apenas por segurá-la. Então ela se afastou muito bruscamente, para surpresa total de Pike e foi firme quando disse ao namorado que ela precisava de um tempo.

Não foi uma conversa fácil a partir daí. Pike exigiu saber o que estava acontecendo e se Jane era o culpado, mas Lisbon não falou nada além do necessário. Não era preciso magoá-lo além do que ela via com os próprios olhos. Ela via diante de si um homem arrasado e apaixonado e sentia tristeza por não corresponder.

Ela agradeceu a Pike o tempo juntos, disse que se mudar para a Capital ou se casar não estava nos planos dela no momento, colocou novamente a bolsa nos ombros e partiu em direção a casa de Grace Van Pelt nem 2 horas depois de ter saído.

Aconteceu alguma coisa? Grace perguntou e foi Wayne quem puxou a mulher e deixou a ex chefe entrar, se sentar no sofá e enxugar as lágrimas.

Teresa chorou por um tempo e Grace deixou que ela ficasse sozinha até bem tarde da noite. Somente depois que Teresa tirou um cochilo e Grace ouviu barulhos dela na cozinha foi que tomou coragem e foi ver como ela estava.

Encontrou Lisbon na cozinha, tomando um café velho e reaquecido, com as faces vermelhas.

Marcus queria uma resposta definitiva sobre Washington e eu não consegui mais seguir adiante com isso, com nosso namoro, com a ideia de me mudar. Teresa falou mais para si mesma, se certificando de que havia feito mesmo isso, do que para a amiga que a observava com um leve sorriso nos lábios.

Acha que fez a coisa certa? Grace falou se aproximando de Teresa, pegando em sua mão.

Eu não faço ideia, Grace. Nunca agi por um impulso antes, mas quando o Marcus me abraçou hoje naquele quarto enfeitado eu senti que não podia mais continuar.

A conversa com o Jane, ontem, tem algo a ver com sua decisão, Lisbon ?

A princípio eu pensei que sim, mas como eu posso saber? O Jane foi embora e mal se despediu de mim.

Grace olhou para a amiga e quase sentiu pena, tamanha falta de noção do que ela dizia. Lisbon era de uma teimosia até admirável, mesmo agora, quando tentava negar a si mesma o fato de Patrick Jane era do seu interesse. Mas Van Pelt não se deixou levar por este papo dela e pôs na mão de Teresa um objeto.

O que é isso? Teresa olhou um aparelho, semelhante a um GPS onde um pontinho vermelho brilhava se destacando.

Um localizou automotivo. Você sabe, como um GPS, você tem a real localização real de onde o veículo se encontra. Protege contra roubo, nós instalamos vários destes. Vendo que nem assim Teresa fazia a conexão, Van Pelt continuou. É do trailer do Jane.

Ele esqueceu? Teresa perguntou e viu Van Pelt sorrir genuinamente ao negar com a cabeça.

Eu disse que ele precisava ser mais direto se quisesse que você fosse atrás dele dessa vez. Então Van Pelt abraçou a amiga e deixou que Teresa chorasse em seu ombro. Não perguntou o que ela faria porque sabia que Teresa Lisbon precisava de tempo para assimilar as mudanças, ela era correta, cientifica, agir por emoção não fazia parte do seu repertório.

Depois de um tempo deixou Teresa sozinha novamente em sua cozinha e quando se levantou no outro dia, não a encontrou em sua casa.


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