Dark End Of The Street escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 17
Colateral




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Acordou lentamente, revirando-se na cama sentindo os ossos pesados e os músculos doloridos terminantemente se recusando a deixar os edredons macios. Percebeu ainda estar escuro e abrindo os olhos minimamente verificou que não passava das duas da manhã, ou seja, não dormira por nem duas horas.

Havia perdido a conta de quanto tempo ficara ali, encarando a superfície clara do teto do apartamento, repassando em sua mente as imagens que vira naquela casa em Emerald City. Não sabia como associara a, antes anônima, mulher a Caitlin e isso o angustiava, pois parecia tudo diferente, ao mesmo tempo em que nada estava realmente.

Se sentia doente, de uma maneira que não experimentava há muito. Seu corpo era acometido por calafrios aleatórios e não tinha forças para abrir os olhos direito, nem mesmo se quisesse. Somava-se tudo ao fato de ter se deixado desabar em lágrimas até dormir, recordando toda aquela vida que não conhecia e pensando no controle, que sentia escorregar por suas mãos a cada vez que se deixava levar por um sentimento diferente, sempre que pensando em um daqueles momentos não vividos.

Queria saber quem era Bart, pois, depois de vê-lo e tê-lo em seus braços, se via extremamente vazio sem aquela criança ali. Queria entender porque aquela Caitlin era sua, sem qualquer reserva, e carregava tantas características semelhantes às de sua melhor amiga, além da linda aparência, ao mesmo tempo em que sentia não ser a mesma pessoa. O próprio Barry não se sentia como aquele das visões, não se via naquela figura mais leve ou confiante.

Com um grunhido, identificou o som baixo da vibração de seu celular jogado displicentemente sobre a mesinha de cabeceira e levou uma das mãos para pegá-lo e desligar. Momentos de inércia depois, no entanto, abriu os olhos com cautela e deslizou o dedo pela tela para ver as notificações. Não podia continuar ignorando o mundo tão veementemente. Havia diversas ligações de Cisco, Joe e Caitlin, além de recados de Iris e da delegacia.

Franziu o cenho, torcendo para que nada houvesse acontecido e, antes que pudesse ler o conteúdo das mensagens, o nome de Caitlin brilhou novamente na tela enquanto o celular vibrava. Sentiu o estômago explodir em si mesmo de ansiedade e considerou não atender, mas sabia que ela só insistia quando estava realmente preocupada, uma vez que detestava ligações e preferia resolver tudo por mensagem de texto.

— Oi.

Notou a própria voz rouca e baixa pelo choro anterior e pela falta de uso, mas também o suspiro aliviado do outro lado.

— Barry. – Ela estava mantendo a voz baixa. – Finalmente! O que aconteceu? Eu disse que ia te ligar essa noite.

— Estava dormindo.

— Ah... – Pode claramente vê-la estranhar sua declaração e, por isso, fechou os olhos e apoiou o braço no outro travesseiro para manter o celular contra o ouvido. – Por quanto tempo conseguiu dormir?

— Não muito mais do que duas horas, dessa vez.

— Cisco disse que sumiu a tarde toda e tentou te ligar, mas não atendeu. Eu estava preocupada. – A ouviu se remexer do outro lado, abaixando o tom como se não pudessem acordar ninguém com aquela conversa. – Ele me contou que assinou o divórcio essa semana.

Deus, sequer tinha cabeça para lembrar de seu próprio divórcio! Passou os dedos pelos cabelos, bagunçando-os, sentindo o próprio couro cabeludo dolorido. Era como uma virose e Barry não deveria ser acometido por esse tipo de enfermidade – ou qualquer tipo, na verdade. Se parasse para pensar, sequer se lembrava da sensação de ficar naturalmente doente.

— Sim.

Não estendeu a resposta, pois não estava interessado em falar sobre seu divórcio iminente e irremediavelmente assinado, e deixou que o silêncio nascesse até que ela o quebrasse suavemente.

— Ainda estou preocupada com você.

Primeiramente, sorriu pequeno, pois era uma característica dela querer manter todos bem, além das coisas sob controle. Contudo, no momento seguinte lembrou-se da voz clara e quase presunçosa afirmando “sou quem cuido de você” e, por muito pouco, não deixou que ela ouvisse um soluço do outro lado, enquanto as lágrimas facilmente rolavam por seu rosto até o travesseiro. Barry engoliu em seco, tentando se conter, e respirou fundo.

— Você não precisa ficar. – Sua voz saiu mais grave e ele respirou fundo, lentamente. – Não deveria, na verdade, tem que se concentrar em suas aulas.

— Eu sei. – Cait admitiu e houve um momento de hesitação de continuar. – Me desligar de você parece ser inconcebível.

Abriu os olhos molhados, brevemente encarando o teto, sentindo-se tremer por dentro. Não sabia se devia contar a ela sobre os inesperados sintomas de virose ou sobre todo o resto, mas notava o bater de seu coração rápido à declaração praticamente superficial da doutora.

— Você se desligaria de mim, se pudesse? – Perguntou voltando a fechar os olhos ardidos, sem realmente saber de onde vinham aquelas perguntas, mas consciente do motivo para estar ansioso pela resposta.

— Quer dizer... Me afastar de você? Barry, não... – Ela pareceu um pouco incrédula por um momento, mas logo mudou de ideia. – Olha, sei que não está nada bem com o divórcio...

— Isso não tem a ver com o divórcio, Cait.

Afirmou sucintamente, interrompendo-a. Talvez, se estivesse de cama daquele jeito por causa de Iris, pudesse resolver todos os seus problemas atuais com mais facilidade.

— O que está acontecendo?

Apesar da voz baixa, a frustração ecoou por ele inteiro, apertando-o por dentro. Ela repetira inúmeras vezes que podia ajudá-lo e estava o tempo todo buscando uma forma de ultrapassar as barreiras que Barry colocara em torno de si mesmo. Sabia que Caitlin estava certa, mas, revelar tudo significaria arriscar mais do que estava naquele momento. Se ela soubesse... Nada seria como antes e não estava preparado para como reagir a isso. Nem ela.

— Como estão suas aulas? - Mudou de assunto, após mais alguns momentos de silêncio e ela pareceu relutar em ir por aí, sem que tivesse resolvido o tópico anterior.

— Er... Estão indo bem. Percebi que amo ensinar, passar adiante o que sei. – Houve uma pequena pausa, como se Caitlin estivesse pensando. – Todos os dias são diferentes, entende? A resposta que tenho dos estudantes é diferente e eles são de idades variadas, o que torna tudo mais interessante. Nunca pensei que pudesse ficar tão satisfeita apenas fazendo isso.

— Todos os dias são diferentes, exceto por todos os metas e incêndios que temos que apagar pela cidade. – A ouviu soltar um riso rápido e riu também por alguns segundos.

— Meio que sinto falta desses dias corridos.

— Logo tudo vai voltar ao normal. – Se lembrou do que Cisco avisara, sobre haver chances de Caitlin aceitar um convite para continuar as aulas permanentemente em Princeton, e engoliu em seco. – Certo?

— Sim. Enquanto isso, venha me visitar. Você e Cisco podem fazer isso muito mais rápido do que eu.

— Eu irei. – Por um momento, se perguntou se não estava apenas dizendo palavras vazias para preencher o momento e agradá-la, como em todas aquelas vezes em que prometeu visitar o policial Marshall e nunca aparecera até o mesmo ser transferido. Apesar de sentir falta dela, no momento, sentia que não saberia como agir, o que era estúpido. – Logo. Logo irei te ver. 

— E como está Nora? – Obviamente, Barry era o único que tinha dificuldades para agir normalmente, pois Caitlin conversava como se continuassem fazendo isso todos os dias. – Ela sentiu alguma diferença pela separação?

— Bem... Nada que já não tivesse antes. – Puxou alguns fios da colcha que o cobria, lentamente elaborando. – Iris e eu chegamos a um acordo de que Nora é nossa prioridade, então... Talvez a maior mudança seja para nós, na verdade.

— É estranho recomeçar, não é? – Ela perguntou, distraidamente. – Quero dizer, fazer isso sozinho depois de se acostumar a contar com uma pessoa sempre ao seu lado.

— É, é exatamente isso. – Pensou em todas as vezes em que se viu entediado e estressado naquele flat vazio e suspirou, embora a doutora provavelmente estivesse se referindo a Ronnie e a falta que ele fazia. Havia presenciado apenas parte de seu processo de luto, mas supôs que fosse uma das coisas mais difíceis que uma pessoa precisa fazer: seguir em frente após a morte de seu parceiro. – Mas... É melhor assim. Vai ser, em algum momento. Iris e eu já não... Já não nos entendíamos. Houve um momento em que ela até sugeriu que voltasse para casa e tentássemos denovo...

— Sério? – Caitlin desconfiou do outro lado. – Isso não se parece muito com Iris.

— Eu sei, também estranhei, mas... – Ela indicou que estava ouvindo. – Mas nem pude responder, porque ela mudou de ideia no mesmo instante dizendo que eu estava diferente.

— Devido aos episódios de insônia, sim...

— Não. Iris falou... – Levou a mão aos olhos, pensando como haviam chegado tão facilmente àquele tópico. Aparentemente, Caitlin o levava aonde queria muito rapidamente, constatou. – Ela falou que o jeito que eu a beijava estava diferente.

— Oh. – Podia, inclusive, ver o estreitar de olhos da doutra enquanto inclinava a cabeça para o lado e o encarava pensativamente, considerando a questão com calma. – E estava?

— Eu não sei... Não! – Apertando os lábios por falar demais, bateu o punho fechado contra a testa, incapaz de mentir o que guardava para si há tempos. – Poderia estar, eu não sei...

— Hum... – Ela pensou por um momento, agora também elaborando com cuidado. – Mulheres não erram coisas desse tipo facilmente. Iris estava certa, se estava sentindo isso. Você cogitou aceitar?

— Tudo aconteceu muito rápido... - Barry revirou-se na cama, colocando o celular no viva-voz sobre o travesseiro para encontrar uma posição confortável, embora estivesse tenso como uma corda. – Mas eu sabia que Iris e eu já tínhamos chegado ao fim, então... Mesmo se tentássemos novamente, não seria por nós e, provavelmente, se transformaria num erro muito maior.

— Talvez esse seja o motivo de ter estranhado tanto a atitude dela...

— Talvez.

Deu a entender que concordava, embora soubesse que não passava nem perto do motivo real. No fim, era como o Dr. Halford lhe dissera: sua cabeça, de maneira inconsciente, se conformara com a ideia do divórcio, da liberdade de poder fantasiar com outra pessoa sem se sentir culpado quanto ao casamento, e rejeitara Iris imediatamente. Caso ainda a amasse, tinha certeza que teria aceitado a proposta no mesmo instante. Manteve-se de olhos fechados e ouviu Caitlin continuar, tranquilamente.

— Então, eu tenho que acordar cedo amanhã. Me ligue se precisar, a qualquer hora...

— Okay.

— Tente voltar a dormir.

Podia ouvir o sorriso na voz suave e levemente preocupada antes de desligar. Precisava dar um jeito no que quer que fosse aquilo que sentia sempre que pensava em Caitlin ou alguém tocava no nome dela, pois não podia agir como um idiota para sempre.

*

Barry depositou um beijo na cabeça de Nora e a deixou com Ralph na sala de descanso, avisando que precisava conversar com Cisco. Seguiu nervoso em direção à oficina do engenheiro e fechou a porta atrás de si assim que o avistou ajustando um dos inúmeros aparelhos que vinha testando com uma pinça muito pequena. O ouviu xingar em sua segunda língua e sorriu brevemente, antes de se aproximar.

— Provavelmente, maltratar seu novo brinquedo não vai torná-lo melhor.

— Não mais rápido, mas com certeza melhora bastante. – Cisco dispensou sua ferramenta e o encarou com estranhamento por um momento, antes de tirar o protótipo do suporte e colocar com cuidado em uma bancada. – Então, o que o traz até aqui embaixo, após todos esses dias de ausência?

Barry desviou os olhos, culpado por deixá-los na mão nos últimos dias. Simplesmente, não tinha cabeça para lidar com mais problemas e sabia, por experiência própria e diversas recomendações ao longo dos anos, que sair daquela forma só atrapalhava e colocava em risco todo o time. No momento, seria melhor que os demais cuidassem da ação e da cidade, enquanto organizava sua mente.

— Precisamos conversar. – Sentou-se em uma das bancadas. – Sobre... O que vem acontecendo comigo.

— Eu estava esperando. Por todas essas semanas, acredite, eu apenas... Sabia que viria quando julgasse ser a hora.

Observou o latino lentamente deixar as coisas de lado com seriedade, sem comentários engraçadinhos. Admirou-o por alguns momentos, extremamente grato pela compreensão, mas também cansado de toda a situação, pois não sabia mais como lidar sem conseguir resolver aquilo por si mesmo.

— Obrigado, Cisco.

O latino rodou sobre o eixo da própria banqueta e o encarou, em expectativa, ainda que tentasse disfarçar.

— Você deve ter notado que, nas últimas semanas, passei por muitos momentos de distração. – O outro confirmou. – E também... Quando fiquei no seu apartamento, percebeu meu sono completamente desregulado e... Os sonhos em que acordava chamando alguém.

— O que acabou levando ao seu desempenho abaixo da média, sim.

— Havia mais do que aparentava no sono desregulado e nos momentos de distração. Ainda há, na verdade. – Encontrou um objeto metálico para que distraísse seus dedos e não se sentisse muito julgado pelo olhar de Cisco. – Após a Crise, venho tendo essa... Sensação de que algo está fora do lugar. Algo que... Não sabia que o que poderia ser, porque... Nós vencemos e eu tinha Iris e Nora e tudo estava indo bem. Achei que só precisava procurar um profissional para lidar com esse sentimento de ter tudo e nada ao mesmo tempo, como fazem os... 

— Soldados? Porque, tecnicamente, havia acabado de voltar de uma guerra. Vivo, mas despedaçado ao mesmo tempo? 

— Sim. – Sussurrou resignadamente. – Havia esse sentimento de que tudo estava perfeito, embora não estivesse realmente e eu... Viesse fingindo toda essa normalidade.

— Por isso, o Dr. Halford. – Confirmou novamente, em um meneio de cabeça.

— Então, alguns meses atrás comecei a ter... Lapsos, os quais ainda não sei como nomear. – Manteve o tom baixo, mas quase podia sentir a tensão de Cisco começar a invadir o ambiente. – Depois dos lapsos, vieram os sonhos e então... Não consegui mais dormir direito.

— E o que havia nesses lapsos? Eram parte da sua memória ou...

— Tanto nos lapsos como nos sonhos, tenho... Visões de uma vida com outra pessoa, em um momento que não sei definir qual é.

O engenheiro se manteve em silêncio por alguns instantes, até que levantasse os olhos para vê-lo pensativo, malmente o encarando. Cisco parecia mais interessado no problema em si do que em Barry, o que lhe parecia bom, pois detestava sentir-se exposto como um nervo.

— Como sabe que não se trata de lapsos de sua vida com Iris? – Apertou os lábios, pensando em como explicar de forma que não parecesse um adúltero.

— Inicialmente, eu tinha apenas uma sensação... Essa sensação de conhecimento que a gente possui em sonhos? Essa não é Iris, é o que pensava sempre que via aquela mulher em um lapso ou um sonho. – Engoliu em seco. – Então, passei a notar o perfume diferente, a textura dos cabelos e da pele, o modo como falava comigo... Nada disso era Iris e eu tinha certeza disso, ainda que não pudesse realmente vê-la. Era somente a sensação, entende?

— Acho que sim. – Cisco o fitou de maneira pensativa. – E depois?

— Recentemente, passei a ver seu rosto. – Evitou encará-lo a qualquer custo.

— Então, sabe quem é essa pessoa com quem tem uma vida dupla. – Cisco concluiu, provocando uma careta em Barry pela forma como dissera. – Desculpa, essa não foi uma boa comparação, porque... Você não vive uma vida dupla, literalmente falando. Bem, entendeu o espírito.

— Esse é o problema. – Levantou-se da banqueta, dando as costas ao engenheiro e levando os dedos aos olhos. – Não há como saber se eu passei a projetar essa pessoa, sozinho, após algum tempo de frustração por não conseguir ver um rosto ou se, realmente, ela faz parte de todos esses momentos.

— Esses momentos que não existiram, certo? – O latino perguntou lentamente, como que testando-o para lembrá-lo que se tratava de lapsos e sonhos, levando-o à frustração.

— Sim, exatamente! Eu não sei de onde surgem essas imagens, elas apenas vêm à minha mente, como se eu devesse recordar alguma coisa ou... – Grunhiu irritado, andando de um lado a outro pela oficina mal iluminada. – Estivesse deixando passar algo.

— Acha que não são sonhos comuns?

— Se fossem sonhos comuns, não aconteceriam repentinamente e teriam parado há semanas, certo? E também... De onde vêm esses devaneios? Eles começaram bem antes dessa história de divórcio ou de me desentender de verdade com Iris. – Barry questionou, exausto, mas pensativo. – O que eu sei é que não consigo continuar lidando com isso sozinho. Não quando...

— Quando...? – Barry suspirou, encarando-o com seriedade.

— Descobri que um dos lugares com que sonhei é real. – Cisco levantou as sobrancelhas. – É uma casa que, realmente, existe. E eu fui até lá.

— Oh meu deus, Cait me mataria se soubesse que o deixei tão vulnerável assim! – Seu amigo levou as mãos a cabeça, arregalando os olhos para ele. – Sabe que poderia ter se machucado? E se alguém estivesse tentando atraí-lo para uma armadilha nessa casa?

— Eu sei, não vamos começar com o sermão, esse é o lugar de fala de Caitlin. – Levantou uma das mãos. – O que importa é: foi como se eu conhecesse esse lugar, como se eu realmente houvesse vivido tudo aquilo que imaginei enquanto estive lá. E é tudo tão palpável que chega a ser... Dolorido que nada daquilo seja real.

Apertou os dedos contra uma das bancadas, incapaz de não se deixar emergir naquele sentimento. Falar para Cisco era como dar vazão a tudo que vinha acontecendo. Possivelmente deveria ter contado há mais tempo, mas não se sentia preparado para mostrar estar sonhando com outra vida quando ainda estava com Iris.

— Barry. – Cisco aproximou-se com calma, gentilmente. – Há algo mais que queira contar?

Assim como não estava pronto para dizer a Cisco que sua outra vida platônica era com Caitlin Snow. Não era real e tinha medo de como ele poderia reagir, pois o próprio Barry ainda não descobrira como lidar com essa informação – e isso o afastara dela, no fim das contas.

— Caitlin tem um palpite de que tudo pode estar ligado à Força de Aceleração. – Comentou com um pigarreio no fim.

— Espera, você contou isso a ela antes de contar a mim? – Levantou os olhos para encarar Cisco, realmente, indignado ao seu lado. – Há quanto tempo Caitlin sabe disso e eu não?

— Você é tão possessivo! – Suspirou, sem realmente se impressionar. – Enfim, Cisco... Ela acha que há algum tipo de ligação com a Força de Aceleração e, talvez, outros velocistas de outras terras e outros tempos, impulsionando esse... Comportamento em mim. Tudo isso devido ao contato intensificado durante a Crise, como um... Efeito colateral.

Explicou brevemente a teoria da doutora, observando Cisco raciocinar rapidamente. Agora, era ele quem andava pela sala, abrindo e fechando os punhos, como se fizesse cálculos mentais.

— Bem, isso faz sentido. Caso esteja mentalmente conectado a outro velocista qualquer por causa da Força de Aceleração, os sonhos e lapsos podem não ser seus, mas... De qualquer um. – O engenheiro se virou para ele, lentamente, enquanto Barry se esforçava para não demonstrar como a afirmação o pegara desprevenido. Não queria que aquele fosse outro velocista, não queria pensar em outro Barry vivendo aquela vida que passara a desejar tão fortemente. – Se descobrirmos uma forma de quebrar essa ligação, você poderá voltar ao normal e não teremos Carla reclamando do seu baixo desempenho.

— Já estamos considerando que há uma ligação com a Força de Aceleração, então? – Questionou, inseguro.

— Quase que certeiramente cogitando, eu diria. – Cisco respirou fundo e se dirigiu para fora da sala, falando consigo mesmo. – Preciso falar com Caitlin. Provavelmente ela já tem algumas ideias úteis... Porque teve mais tempo, obviamente...

Encarando as costas do amigo enquanto ele sumia pelo corredor, Barry engoliu em seco, deixando-se cair na cadeira mais próxima e escondendo o rosto entre as mãos. Tudo poderia mudar muito rapidamente a partir dali e não tinha certeza de qual direção seguir. Queria ter sua vida de volta, seu sono, alguma paz para lidar com apenas o que interessava agora.

Contudo, ao mesmo tempo, não se via pronto para deixar para trás aqueles sonhos e lapsos, como se fossem nada. De certa maneira torta, tudo aquilo passara a importar e fazer parte dele mais rápido do que esperava. Aquela Caitlin e o bebê... Barry simplesmente os esqueceria assim que conseguissem descobrir uma forma de quebrar a ligação com a Força de Aceleração?


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