Dark End Of The Street escrita por Minerva Lestrange


Capítulo 16
Cotidiano




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Barry praticamente sentia a adrenalina correr por seus poros quando alcançou a praça do distrito de Emerald Village. O local não era grande, mas não podia definir como modesto. Não havia nada disso nos jardins daquelas enormes e caríssimas casas de veraneio, nem mesmo na praça bem cuidada, com grandes árvores, gramas aparadas e bancos envernizados.

Tudo ali parecia ter saído direto de uma revista de urbanização, uma vez que o distrito, apesar de pequeno, fora inteiramente planejado para atender aqueles que estavam dispostos a pagar pela tranquilidade, elegância e exclusividade absurdas. Percorrer algumas das ruas com calma, observando a vizinhança e agradecendo silenciosamente que já anoitecera ou, certamente, seria considerado suspeito. Num lugar como aquele, todos se conheciam e tinha a ligeira impressão de que não era o seu caso.

Por fim, resolveu deixar de lado a paciência, utilizando-se de sua velocidade para perpassar por todas as ruas mais rápido até, finalmente, se encontrar naquela onde estaria a casa. Estacou perante o jardim bem cuidado, abruptamente sem ar ao encarar a casa exatamente igual à do catálogo da Corretora de Imóveis e também a de alguns dos sonhos que tivera.

Não conseguia tirar os olhos da árvore frondosa no jardim e das janelas espaçosas do segundo andar, ainda chocado que o lugar realmente existia. Estava tudo escuro e fechado, o que significava sem cortinas esvoaçantes ou grama molhada ou sinal de alguma presença. Esta última era um contraste com o que tinha em mente, pois sempre que aquela casa estivera em seus sonhos ou imagens perdidas em lapsos, aparentava conforto e acolhimento. Ali, contudo, era fria e distante.

Notou que estivera por muito tempo apenas olhando, da calçada, quando um cachorro latiu ao longe e uma luz foi acendida em uma das casas vizinhas. Estava mais paralisado do que qualquer coisa. Agora que se encontrava ali, aquele parecia ser um passo muito importante a dar, um do qual não teria mais volta. Percebeu a respiração descompassada e soltou os dedos, instintivamente fechados em punho, para tentar se conter e relaxar. Não havia nada, realmente, dele ali. Nada que o comprometesse, afinal... Essencialmente, nunca estivera naquele lugar.

Respirando fundo, checou ao redor para verificar se não havia ninguém olhando antes de correr em direção à porta dos fundos, onde considerou ser um pouco mais apropriado para invadir do que pela porta da frente, à vista de qualquer curioso. O jardim antes da larga varanda era tão espaçoso quanto o da frente, mas com um pequeno parquinho infantil ao lado, uma piscina coberta e, no limite da cerca dos fundos, outra árvore, cujas folhas haviam caído para sujar a mesa de madeira e as oito cadeiras logo abaixo.

A visão do jardim escuro apertou seu peito de maneira inesperada, a sensação de abandono percorrendo-o antes de, finalmente, se virar para a porta. Voltando a se concentrar, vibrou pela matéria para ver-se em uma cozinha americana espaçosa. Toda planejada em armários brancos e mármore, combinando perfeitamente com as paredes amarelas e elegantes da sala de jantar logo á frente.

Lentamente, deixou o espaço seguro da entrada e andou pela cozinha, em choque com toda a familiaridade daquele lugar. Era como se já houvesse estado ali, embora tivesse certeza de que não acontecera em momento algum da sua vida. Sequer conhecia aquele distrito. Seus dedos percorreram o mármore da ilha vazia bem no meio do cômodo e os olhos voltaram-se para a pia comprida, encimada por uma janela de vidro que dava para a rua e por onde a luz entrava.

Já havia se acostumado a escuridão e, de qualquer forma, se não houvesse, tinha a impressão de que saberia transitar perfeitamente por aquela casa estranha, mas muito familiar ao mesmo tempo. Vinha deixando algo passar, percebia em todos os seus poros, com aquela sensação de que estava bem na sua frente e o incômodo era quase desesperador. Tanto quanto relutava, se pegava completamente louco para descobrir tudo sobre aquele lugar.

Apertou os dedos em volta do ferro frio de uma das banquetas da ilha e, como um espectador alheio, viu o ambiente todo se iluminar, assim como a si mesmo adentrando a cozinha vindo da sala de jantar, usando apenas calça de moletom e pés descalços. Este Barry parecia mais jovem, menos sobrecarregado e tinha olhos apenas para a mulher, que se encontrava em uma das pias.

— Acreditaria se dissesse que sua versão de avental e toda suja de farinha é minha favorita?

Passou os braços pela cintura dela, que somente riu, sentindo-o percorrer os lábios pelo pescoço perfumado, mas completamente visível devido aos cabelos castanhos presos em um coque, que àquela altura já se desfazia.

— Sim, mas detestaria. – Barry continuou a atormentá-la com seus beijos e dentes até que secasse as mãos em uma tolha e se voltasse a ele, apoiando os braços em seus ombros e abaixando o tom. – Faz todo o meu esforço para te seduzir com lingeries caras ir para o lixo.

— Mas as lingeries são essenciais pra que eu ame essa versão, posso garantir.

Rindo, ela deu um tapa em seu ombro e ele se inclinou para beijá-la. Suas mãos percorreram a cintura fina e logo adentraram o cabelo, puxando os fios com força suficiente apenas para fazê-la ofegar e sentir as unhas cravando em seus ombros. Nunca demorava muito para que ela estivesse completamente rendida. Todo o movimento, no entanto, foi interrompido pelo chamado alarmado de uma criança em algum lugar do andar de cima.

— Papai, papai, papai!

Nenhum dos dois adultos pareceu imediatamente impressionado, afastando-se lentamente, os lábios ainda colados e as respirações ofegantes. Então, ele gemeu relutante e se afastou após selar sua boca na dela uma última vez, mas passou a encará-la com mais atenção, soltando um riso meio incrédulo.

— Cait, acho que tem cobertura até no seu cabelo.

Ela grunhiu em resposta e voltou-se à pia novamente, para terminar de lavar a louça e arrumar toda a bagunça que fizera.

— Não pode me culpar pelo desastre que sou na cozinha.

— Você é um desastre bastante adorável.

Disse limpando a bochecha dela e flagrando-a na tentativa de segurar um sorriso. Depositando um beijo simples ali, deu as costas à castanha e seguiu para a saída da cozinha em direção ao novo chamado ávido da criança.

Apoiando-se a uma das banquetas, Barry sentiu como se houvesse levado um soco exatamente na boca do estômago. Tentando respirar fundo, levou uma das mãos ao peito para controlar o coração completamente descompassado, exatamente como o de sua versão, que acabara de ter aquele momento... Com Caitlin. Fora exatamente como das outras vezes em que um daqueles lapsos de imagens apareciam, exceto que dessa vez sabia exatamente de quem se tratava.

Conhecia os olhos, os cabelos castanhos claros e macios, o sorriso tranquilo e os lábios bonitos e, embora toda a intimidade fosse completamente destoante do que tinha com “sua” Caitlin, era como se conhecesse também o perfume, o modo como ela beijava e as mãos agiam sobre ele.

E, embora fosse completamente desconcertante ter esses lapsos estando consciente da identidade da mulher que vinha perturbando-o por meses, parecia ser exatamente onde deveria estar naquele momento, ao menos nesse rápido lapso. Diferente de ter uma desconhecida protagonizando esses momentos, saber que se tratava de Caitlin e – talvez mais importante – senti-la tornava tudo mais palpável, mais perigoso. Agora, era como se houvesse sido realmente ele a experimentar o gosto de seus lábios ou a textura da pele macia e constantemente perfumada.

E ainda havia uma criança... "Oh meu deus". Respirou fundo apenas para voltar a se concentrar em todo o resto e olhou ao redor, acostumado à escuridão da casa fria e vazia. Deixando a cozinha, desfrutando dos efeitos físicos daquele lapso como nunca acontecera antes, ultrapassou a sala de jantar em direção à espaçosa sala de estar. Havia, ao menos, três janelas que davam para a rua, sofás claros espalhados pelo ambiente e uma bonita combinação de tapetes que combinava tanto com as paredes brancas quanto com a grande lareira de pedra brilhante e o chão de madeira envernizada.

Parecia um ambiente de muito bom gosto, pensado para ser acolhedor e familiar. Era como se sentia, estando ali, ainda que nada concreto lhe viesse à mente. As estantes e aparadores estavam despidos de qualquer objeto pessoal, qualquer coisa que remetesse aos antigos donos, independente de quem fossem. Ultrapassando a sala, subiu os degraus largos da escada, também adornados com pedra maciça, que faziam uma curva à esquerda em direção a um corredor com vista para toda a sala metros abaixo.

Seus dedos tocaram o corrimão branco e simples, observando por toda a parede do corredor o sinal de porta-retratos, que estiveram ali antes – “antes do quê?”. Iam de cima abaixo, precisamente organizados de uma maneira que não pareciam demais, embora fossem muitos, até o fim daquele espaço, o qual terminava em outro corredor, mais largo, onde havia quatro portas brancas e fechadas.

A primeira era um quarto comum, parecendo mais vazio que os outros cômodos, com apenas uma cama de casal, um armário simples e uma escrivaninha. Seguiu para o segundo quarto, que possuía as mesmas dimensões do anterior, mas era completamente diferente. Invés de uma cama simples, havia um berço próximo à janela, uma espreguiçadeira espaçosa paralela ladeada por uma elegante poltrona de um verde muito claro e uma cômoda na única parede restante, claramente par do armário vintage de três portas a um dos cantos.

No entanto, dessa vez, a vida iluminou o ambiente tão facilmente que se viu desconcertado perante a cena de Caitlin embolada na poltrona verde esmeralda, amamentando o bebê cheio de dobrinhas em seus braços. O quarto era pintado de um verde muito claro, que combinava com os desenhos amadores feitos de giz branco em uma das paredes, assim como as cortinas e a estampa das almofadas da espreguiçadeira. Um tapete bege e um lustre muito elegante ficavam exatamente no centro, mas o último por ser infantil iluminava parcamente o ambiente bem decorado e bastante tenso, uma vez que sua versão relutava – e vivenciava isso como se fosse a si mesmo – em adentrar o quarto. 

— Ei.

Barry se aproximou com o sussurro baixo, notando a mágoa nos olhos castanhos, assim que ela os levantou em sua direção. Sentiu-se tremer, detestando o fato de, às vezes, machucá-la de forma muito covarde apenas porque queria protegê-la. Deixou a pasta que carregava sobre o chão perto da porta e aproximou-se, também mantendo o tom baixo.

— Sinto muito pelo que disse mais cedo. – Imediatamente, o bebê deixou sua distração sonolenta e passou a se retorcer nos braços dela, procurando de onde vinha sua voz. Forçou um sorriso, acariciando os escassos cabelos enquanto Bart levantava uma das mãos para pegar a dele, pois era completamente apaixonado por Barry. Voltou a encará-la, sentando-se no braço da poltrona. – Eu não queria ter soado como se você fosse incapaz.

— Eu sei. Sei que não era sua intenção. – “Mas você disse, mesmo assim”, praticamente conseguiu ouvir o que ela não disse, enquanto a via ajeitar a blusa sobre o seio e colocar Bart apoiado contra si.

— É só... Não quero que nada aconteça a você. Vocês dois. Só a ideia de ser responsável por algo assim me mata por dentro todos os dias, Cait.

Ela sustentou seu olhar de maneira preocupada e Bart inclinou-se em sua direção para que, finalmente, o pegasse. Depositou um beijo rápido no pescoço gordinho, recebendo uma risadinha do bebê, completamente alheio ao que se passava entre os pais, e se sentou no chão logo abaixo da poltrona, encostado contra ela e de costas para Caitlin.

Então, ouviu um suspiro e logo ela descruzou as pernas e as desceu, de forma que estivesse entre elas. Caitlin inclinou-se e passou os braços ao redor de seus ombros, descansando a cabeça contra a sua por alguns momentos, deixando-os confortáveis no silêncio. Havia dias que discutiam como duas crianças no laboratório, discordando para cuidar um do outro. No entanto, sempre acabavam daquela forma, incomodados e inconformados, mas juntos.

— Nada disso é novidade para nós. – A médica começou em tom suave e Barry soube que perdera nesse instante. – Teremos mais cuidado a partir de agora e vamos evitar sair ao mesmo tempo, se não for extremamente necessário. Mas parar de agir como Frost? Isso seria impossível.

— Provavelmente, Frost estaria no México antes que qualquer um suspeitasse que ela houvesse fugido.

Gracejou ouvindo o sorriso dela e logo os lábios correram sobre sua bochecha, esquentando-o por dentro com o beijo calmo, relaxando-o de todo o estresse daquele dia interminável. Podia sentir os músculos de seus braços e ombros completamente tensos sob as mãos de Caitlin, que continuou em tom baixo, quase pensativo.

— Além disso, sou eu quem cuido de você. 

Virou a cabeça, encaixando seus lábios tranquilamente, na concordância tácita a qual sempre chegavam aos poucos, com cuidado. No entanto, Bart gorgolejou encarando a ambos, claramente querendo ganhar atenção também, e Barry sorriu para os olhinhos atentos tão parecidos com os Caitlin.

Barry sentiu o chão fora de seus pés e recuou, fechando os olhos apenas para voltar a abri-los segundos depois e encarar o quarto completamente escuro, vazio e frio. Sem ar e com as pernas bambas pela cena, encontrou apoio na parede e deixou-se escorregar até o chão, escondendo o rosto entre as mãos. Que lugar era aquele? Porque aquela mulher era Caitlin?

Podia sentir por todos os poros o quanto havia em si daquele sentimento desconhecido. A necessidade de protegê-los, a relutância em entrar para falar com ela. Sabia, em seu íntimo, e mesmo não sabendo realmente, que adorava vê-la amamentar aquela criança.

Deus, conseguia sentir até o modo como o bebê Bart se acomodara em seus braços, confiante, amando-o só pelo som de sua voz! E conseguia afirmar isso, com toda a certeza, porque o amava de volta com tudo de si. Ao menos naquele momento levado rapidamente, deixando-o inerte e de mãos vazias.

As notou trêmulas, ao mesmo tempo que sua garganta se fechava em um enorme bolo angustiante e lágrimas escorreram por seu rosto, antes que pudesse controlar, sendo imediatamente sugado para a espiral de desespero que a falta daquela criança fazia, desde que vinha sonhando com ela. Não se tratava apenas da mulher, mas também do bebê que vinha junto, que sentia como seu, que deveria ser.

— O que está acontecendo?!

O sussurro esganiçado não foi respondido, é claro, e Barry percebeu que algumas gotas de suor salpicavam sua testa. Queria sair dali e deixar todas as sensações de lado, todo aquele “desconhecido” exatamente assim, ao mesmo tempo em que queria ser completamente tragado por elas. Sem realmente se importar, percebeu seu estado febril e se levantou minutos depois, tentando secar os vestígios de lágrimas incompreensíveis em seu rosto.

Fechou a porta do quarto de bebê com cuidado e seguiu, sem hesitar, para a última porta, inconscientemente ciente de que aquele era o quarto principal e não precisava ir a qualquer outro lugar. O cômodo era tão espaçoso quanto o que tinha em mente, mas mais vazio, tanto pela falta de vida, quanto pelos objetos ali deixados. Não havia lençóis sobre a cama espaçosa, ainda haviam cortinas feitas sob medida para a grande janela que dava para o jardim, mas além disso somente poltronas que combinavam com as paredes brancas e neutras, e um grande, mas vazio, aparador vintage na parede oposta a porta.

Caminhou pelo quarto, notando a falta do perfume que sempre o preenchia quando ela estava naquelas imagens e seguiu para o closet conjugado com o banheiro. Ambos eram espaçosos, com nichos pensados para um casal e um lustre elegante exatamente no meio, onde um divã simples e retangular fora colocado. Tudo estava escuro e sem vida e não deixou de pensar se os antigos moradores arrumavam aqueles cômodos, ao menos, de forma parecida com aquela que ocupava toda sua mente.

Passou os dedos pela madeira da penteadeira branca, no final do closet, logo de frente para a porta larga, que levaria ao banheiro, e fechou os olhos, ouvindo a voz como se estivesse ao seu lado, apenas aceitando o lapso.

— Adoro quando nosso trabalho envolve ir à bailes. – Ela suspirou, sentada à cadeira confortável da penteadeira extremamente organizada, assim como todo o resto do closet, encarando-o fechar os punhos da camisa social branca com a gravata ainda frouxa ao redor do pescoço. – Você fica perfeito de terno.

Barry sorriu, inclinando-se para depositar um beijo rápido nos lábios dela.

— Queria que fosse também. – Caitlin levantou a sobrancelha desconfiada.

— Você esquece que o conheço muito bem. 

— Okay, não queria. Mas... – Ele admitiu, sem ter a decência de parecer muito culpado, descendo beijos molhados por todo o pescoço alvo. – Seria uma ótima oportunidade para vê-la usando aquele vestido preto. O de tecido todo brilhante e costas nuas.

Viu pelo espelho os olhos castanhos se fechando e os lábios entreabrindo-se lentamente com a respiração mais acelerada. Ao contrário dele, Caitlin tinha os pés descalços e usava um robe branco de seda, que evidenciava a proeminência ainda discreta de seu ventre. Mesmo sem maquiagem, como estava naquele momento por não poder ir ao baile, ela parecia ainda mais linda estando grávida.

— Você é um interesseiro, Barry Allen. – Ela riu, concedendo mais espaço aos seus lábios ávidos, enquanto ele fazia com que a manga do robe escorregasse pelos ombros. – Vai se atrasar.

— Todos esperam que eu me atrase.

Então, a mulher se colocou de pé e colou os lábios nos dele, passando os braços pelo pescoço enquanto ele a apertava com cuidado contra seu corpo. Agora que havia um bebê, parte do modo como se tocavam mudara. Havia certo cuidado a mais, mas muito mais pele e contato visual.

— Não esperam que o Flash se atrase. – Os dedos dela apertaram sua camisa, na altura do peito, enquanto respirava fundo. – Você tem que ir, antes que eu me recuse a ficar desse jeito.

— Que jeito, Sra. Allen?

Notou os olhos mais escuros que o normal, além dos lábios inchados pelo beijo e a pele ruborizada de desejo e, por isso, subiu as mãos para um lugar mais seguro na cintura fina, já um pouco dilatada pela gestação.

— Completamente excitada. – Sentiu o murmúrio junto aos seus lábios e os juntou novamente de forma rápida e lasciva.

— Vou pensar nisso a noite toda.

— Droga de hormônios de gravidez. – Caitlin resmungou, afastando-se para voltar ao quarto, sem se preocupar em ajeitar o robe enquanto as ondas de seus cabelos balançavam às suas costas. – Não se preocupe, até ter voltado os chocolates terão suprido todas as minhas necessidades.

Observou Caitlin jogar-se na cama macia e colocar um enorme pote de bombons ao seu lado, antes de pegar um livro e ligar o abajur sobre a mesinha de cabeceira redonda, de madeira maciça, logo ao seu lado.

— Duvido muito disso. – Barry fechou o último botão aberto em seu pescoço e apertou a gravata, tirando o terno do cabide para se aproximar, mais seriamente dessa vez. Ela estava detestando ter que ficar em casa lidando com a onda de enjoos constantes do fim do primeiro trimestre de gravidez, o que a deixava fora de algumas missões e, quando acordava mal, da dinâmica do laboratório por todo o dia, como acontecera dessa vez. – Volto assim que puder.

— Okay, amo você.

Assim, a beijou em despedida e pegou o bombom que, em silêncio, Cait lhe oferecia.

Se sentou na beirada da cama, respirando lentamente e encarando a escuridão do quarto vazio. A voz de Caitlin soava como um eco em sua mente, em seu corpo. Se considerava uma das pessoas mais próximas a ela, mas mesmo depois de tudo, aquele tom e aquela intimidade eram diferentes. Aquela mulher se parecia em tudo com sua melhor amiga, mas havia um nível de naturalidade que nunca houvera entre eles. 

Entretanto, ao passo que parecia estranho e desconcertante, era fácil demais imaginá-los naquele estágio. Podia facilmente receber aquele sorriso devastador só para ele e desfrutar dos lábios bonitos contra os seus e se deixar ser inebriado pelo perfume suave do pescoço macio. Fechou os olhos, sentindo nele inteiro o efeito do tom delicado: amo você, ela disse como se fosse rotina.

Barry não estava preparado para todo aquele cotidiano intrincado na declaração, mas sabia ter apreciado, embora não soubesse como se sentir quanto a isso.


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