The Answer Is In The Stars escrita por Foster


Capítulo 3
About Christmas, deep talks and realizations


Notas iniciais do capítulo

Oieee!
Esse capítulo é essencial para uma virada de chave do que vai rolar na fic hehe Tem muita conversa, compreensão e, claro, DÚVIDAS.
SPOILER: aparição de Deamus senhoras e senhores!
Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/794409/chapter/3

24 de dezembro 

 

O Natal da Toca estava agitado aquele ano, já que no dia seguinte teríamos a comemoração do aniversário de casamento dos meus pais. A cerimônia de vinte e cinco anos atrás havia sido simples, para os familiares somente, pois alguns dos antigos comensais ainda estavam à solta e muitos bruxos desaparecidos. Mas, em meio a tudo aquilo, meus pais resolveram que não queriam esperar e muito menos precisavam de uma data ou um evento gigante. Apenas bastavam terem um ao outro. 

Três filhos e muitos aniversários de casamento depois eles resolveram - ou melhor, vovó Molly os convenceu, já que havia adoecido e queria muito comemorar o casamento da única filha - de que eles comemorassem da maneira grandiosa que mereciam. 

E ali estava a família toda, se revezando em auxiliar nos preparo da ceia simbólica do dia vinte e quatro e da verdadeira festança do dia seguinte. 

Eu e Rose estávamos encarregados das tortas, porque vovó dizia que éramos os primos mais habilidosos na cozinha. De início achei que seria estranho ficarmos sozinhos considerando que mal nos falamos desde o aniversário dela, mas quando nossa produção em massa engatou, como sempre fizemos antes, ficou mais tranquilo de ignorar o elefante branco no ambiente. 

Ao colocarmos a última torta para assar, no entanto, eu desejava que tivéssemos mais uma atividade manual que preenchesse aquele vazio incômodo. 

Até que Rose deu o primeiro passo. 

— Scorpius me contou que você escondeu a tatuagem dele. — lançou a bomba como se estivesse comentando que precisava ir ao mercado. Como se fosse algo banal. 

— Sim. — não tive coragem de acrescentar mais nada, então Rose suspirou, soltando os cabelos e colocando-os atrás da orelha. 

— Eu disse pra ele que era loucura o que ele estava supondo, porque não havia nada demais naquilo, de repente você só não queria mostrar e tudo bem. Mas Scorpius realmente encanou com isso. E você se afastou. E ele se afastou. 

Ela passava a mão no braço se maneira nervosa enquanto encarava qualquer objeto na cozinha menos meus olhos. 

— Como assim ele se afastou? Três dias atrás ele estava tentando esconder um puta chupão seu. 

— Aconteceu no expresso. — esclareceu e eu assenti em compreensão. No dia em questão eu havia escolhido sentar com os Scamander, Hugo e Lily, e sequer fiz questão de procurar nenhum dos dois. 

Entretanto, minha compreensão ia além daquele instante em questão. Minha mente vagava para a semi conversa que tive com Scorpius em que lhe mostrei a tatuagem e o toque rápido e gelado. E se aquele tivesse sido um momento decisivo para que ele rompesse com ela?

Precisei balançar minha cabeça para afastar aquelas suposições e focar no que realmente importava no momento: Rose. 

— Sinto muito que isso tenha acontecido. Mesmo. — fiz questão de acrescentar ao notar o olhar cético dela. 

— Eu meio que só queria ter descoberto antes. Que você gostava dele. Senti como se eu não fosse suficientemente importante para saber. E também como se eu estivesse ocupando seu lugar. — seu tom genuinamente chateado me cortou o coração e ouvir aquilo em voz alta da boca dela me fez gelar. Nunca ia me acostumar com as pessoas percebendo meu segredo mais profundo.

— Rose, você pirou? Primeiro que você além de minha prima é tipo minha pessoa favorita no mundo. Só não contei porque não me sentia preparado, não por não confiar em você ou não te considerar. — eu quase me sentia ofendido com a suposição dela, mas não tinha como questionar nada. Rose estava sendo mais compreensiva do que muitas pessoas teriam sido. Era normal que essa dúvida surgisse na cabeça dela, de qualquer maneira, já que eu nunca disse nenhuma palavra. Bem, até agora. — Eu e o Scorpius não éramos uma coisa, como vocês são. Eu é que não quero ser e nem quero que você pense que estou tentando ocupar seu lugar. 

— Não tem lugar nenhum a ser ocupado agora. — ela riu sem emoção, retirando o avental. — Nós não estávamos tendo nada sério, na verdade. Mas Scorpius ficou tão esquisito que parecia que devíamos satisfações um pro outro. Sei lá, eu só queria dar uns beijos sem muito compromisso e cai no meio de um triângulo amoroso com meu primo favorito. 

Naquele momento quis abraçá-la e dizer o quanto eu a amava, mas sua expressão tornou-se mortífera. 

— Não acredito que não me contou que era gay. Eu te contei tudo quando achei que estava apaixonada pela Alice. 

— Em minha defesa ninguém sabia. Todo mundo que sabe agora só descobriu porque eu aparentemente sou uma pessoa transparente demais. 

— O quê? Não fui nem a primeira a falar com você sobre o assunto? — seu tom agora estava exageradamente alto. Sorri amarelo, pedindo desculpas silenciosas e ela revirou os olhos. — Você é mega transparente. E exatamente por isso eu me sinto meio burra. 

Sem que precisássemos combinar começamos a rir no mesmo momento, olhando alguns dos nossos tios e primos erguendo a tenda para a festa. 

— Eu sempre me enfio nessas confusões amorosas sem querer. Preciso procurar as pessoas certas para me envolver, que também só querem coisas casuais. 

— Nossa, Rose, você ter escolhido o Scorpius para isso foi uma péssima ideia. 

— Eu soube disso mais ou menos dois dias depois do meu aniversário, em que ele já havia aberto a torneira emocional e tudo que eu conseguia pensar é quando ele iria calar a boca para eu poder ganhar uns beijos. — Rose balançou a cabeça rindo e eu não contive uma risadinha, pois eu sabia como meu amigo poderia ser intenso sobre as coisas.

— Você está bem com isso mesmo? 

— Acho que eu me empolguei com a empolgação dele, talvez. Mas não posso me dar ao luxo de me envolver emocionalmente com alguém agora. 

Rose era do tipo que sabia aproveitar a vida de uma maneira bastante agradável, mas tinha metas bem definidas e um deles era não deixar-se levar romanticamente, porque achava uma área extremamente perigosa. A questão é que ela nunca escondeu que um namoro estava fora de cogitação. Pra ser sincero, no fim das contas a pessoa que acabou saindo mais magoada da situação possivelmente foi Scorpius. 

— Resumindo, eu estou bem. Mas acho que seria bom você falar com ele, porque ele parece muito confuso. E vocês são amigos, de qualquer forma. Aliás, nós também somos e eu já fiz minha parte sendo super compreensiva e dando alguns conselhos. 

Arqueei minhas sobrancelhas, inquirindo-a sobre o assunto. Ela se apoiou na mesa, olhando para mim com incerteza enquanto mordia o lábio sem parar. 

— Queria poder te dizer, mas são coisas muito pessoais dele. 

— Pelo visto vou ter que morrer de ansiedade até amanhã. Obrigado por essa notícia sensacional, Rose. 

— Não me olhe assim, só estou tentando fazer com que meus amigos conversem. — Rose apertou minha bochecha da maneira que sempre fez a vida toda e sorriu abertamente. — Acho que isso é um sinal pra eu parar de me envolver sem realmente prestar atenção nas coisas. — de repente ela pareceu perceber alguma coisa. — Você acha que eu sou meio escrota? Tipo, falando desse jeito do Scorpius e aliviada disso ter acabado… E não querendo um envolvimento amoroso em pelo menos um ano?

— Você pode culpar seu signo, se quiser. — dei de ombros. — Ou dizer que seu inferno astral chegou mais tarde esse ano. Não precisa se responsabilizar por não querer nada sério. A gente te perdoa.

— A gente quem, Al?

— A escola inteira, provavelmente. Todo mundo acha você incrível, então não querer nada sério só te faz ainda mais desejável. — sorri abertamente e ela me socou levemente, tentando esconder, sem sucesso, um sorrisinho de vitória. 

— Aliás, quem mais sabe que você é gay? E que gosta do Scorpius? Você disse que algumas pessoas perceberam.

— Bem, Lily disse que eu era óbvio demais. Isso lá no dia do seu aniversário. Rigel Thomas-Finnigan também me lançou algumas dicas a respeito quando pegamos detenção juntos. E Lysander, alguns dias atrás.

Ela franziu o cenho, me encarando.

— Rigel? Eu achei que ele te odiasse. Era pra essa história ter vazado já, na teoria. 

— Bem, aparentemente ele não me odeia. — cocei meu queixo, tentando esconder com minha mão qualquer indício de que meu rosto estava ficando corado, porque eu sabia que estaria. O que Lysander havia dito sobre ele flertar comigo me deixou pensativo, no entanto eu não daria corda para aquilo. Provavelmente Rigel estava sendo apenas provocativo, como sempre é. — Me deu uma boa luz sobre o assunto, inclusive.

— Eu gosto do Rigel. Ele é bem sincero, se quer saber. Além de um ótimo observador. — Rose pegou um muffin de chocolate que estava por ali, dando uma grande mordida. — Talvez você devesse mesmo ouvir ele. 

— Mal provavelmente não vai fazer. — dei de ombros. Eu apenas tentaria focar em reestabelecer minhas amizades com os dois e deixar rolar. Não resisti a fazer a pergunta que viria em seguida. Para tentar disfarçar, também peguei um muffin, como se estivesse perguntando da forma mais casual possível. — Aliás, Rigel costuma flertar muito? Digo, ele sempre parece bem… Descontraído… 

Rose voou com os olhos em minha direção, sorrindo travessa. Tentei me manter impassível comendo o muffin. 

— Nossa, vovó Molly realmente acertou nessa. — uma tentativa ridícula de disfarçar minha expressão. Rose assentiu lentamente, puxando mais um.

— Dominique vive dizendo que ele é um conquistador barato. Mas isso é porque ele já tentou algumas investidas na Roxy e não nela.

— Oh. — Lysander não sabia de tudo então. 

— E também em Fred. Mas Fred é tão hétero que dói. 

— Acho que ele só perde pro James. Mas corajoso da parte dele investir em mais de uma pessoa da mesma família. — observei, com meu tom de voz um pouco mais alto que o normal. 

— Sim, tem que ser muito cara de pau pra dar esperanças para dois Weasley’s e um Potter. 

— Como você deduz as coisas errado, Rose. — revirei os olhos, pronto pra sair dali a qualquer instante. — Foi só uma pergunta e um comentário inocente.

— Claro, Al. Com toda certeza.

Apenas ignorei seu tom irônico, arrancando de sua mão o muffin e saindo dali o mais rápido possível. 

 

25 de dezembro

 

Era impossível não me sentir ansioso. Tentei não parecer tão formal, mas minimamente apresentável, já que a ocasião reuniria uma boa quantidade de amigos dos meus pais. Em menos de vinte minutos aparataríamos para a Toca e ter ficado pronto cedo demais não havia sido a melhor das ideias. Eu andava de um lado para o outro, pensando em como seria ver Scorpius depois daquilo tudo. E pensando muito, mas muito mesmo sobre a possibilidade de Lysander estar tremendamente errado, já que teoricamente Rigel não era completamente gay e não havia flertado comigo. Ou ao menos não somente comigo. Aquilo provavelmente não significava nada. Dominique só não recebeu flerte algum por ser Dominique e todo mundo adorar irritá-la. E Rose… Bem, você poderia flertar da maneira mais óbvia do mundo que ela juraria que era somente por pura educação. Como se as pessoas educadas fossem capazes de utilizar frases de conteúdo questionável e dúbio para falar com alguém sem nenhuma intenção por trás.

— Arranjou um novo jeito de limpar a casa Albus? Não vejo os esfregões nos seus sapatos. — o aparecimento repentino de minha mãe me fez dar um salto e colocar a mão no coração.

— O quê? 

— Dá pra ouvir lá de baixo você andando de um lado pro outro. Se não é uma nova técnica trouxa de limpeza você está tentando fazer o quê, abrir um buraco no chão? — ela tinha um sorriso brincalhão no rosto enquanto se aproximava para ajeitar meu colarinho. 

Seus cabelos ruivos estavam presos em coque baixo com alguns fios soltos que a deixavam mais estonteante do que geralmente era. Os anos fizeram bem demais à minha mãe, isso era incontestável. Seu vestido vermelho lhe caía perfeitamente. Sorri ao notar os detalhes em dourado.

— Uma pequena homenagem à Grifinória?

— É sempre bom deixar o orgulho da casa acesso, já que teremos alguns convidados da Sonserina. 

Ótimo. A menção ao assunto que estava me corroendo há dias. Os Malfoy estariam na comemoração. E também pudera, já que minha amizade com Scorpius fez com que Draco e meu pai se aproximassem consideravelmente. Algo que, para ser honesto, demorou. Na verdade tenho certeza que o que rompeu toda e qualquer rivalidade que ainda restava entre eles foi quando, no final do nosso segundo ano, nos perdemos durante uma viagem ao Chalé das Conchas e os dois se uniram para nos procurarem. No fim só havíamos decidido que seria interessante explorar um vilarejo litorâneo trouxa ali perto e acabamos desviando um pouco demais da rota ao avistarmos um local que fornecia aulas de surf. Fui surpreendentemente mil vezes melhor que Scorpius naquela atividade. Foi tentando ensiná-lo a como surfar da maneira que eu fazia que comecei a perceber que talvez o que eu sentisse fosse mais do que só amizade. 

— Algum problema, querido?

Eu queria dizer para minha mãe e tirar tudo aquilo do peito. Talvez ela pudesse me ajudar a superar ou ao menos a tirar toda aquela confusão de dentro de mim. Não sei se eu estava preparado para enfrentar aquela realidade, já que possivelmente implicaria em Scorpius me rejeitando fortemente. E, apesar de tudo que Lysander havia dito e o que Rose havia deixado a entender, eu preferia acreditar que ele me rejeitaria. Se o oposto acontecesse, seria algo positivo. Pior seria se eu contasse com a reciprocidade e ele me rejeitasse. Não sei se eu aguentaria a queda depois de ter alimentado minhas esperanças, não mesmo. 

— Não acho que seja o momento. É seu dia. E o do papai. O que eu tenho não é nada demais. Pode esperar.

— Albus, pra começar eu nem queria essa festa. Sua avó me implorou por ela durante todos esses anos, já que quando eu e seu pai nos casamos ela praticamente infartou por eu não ter ao menos um vestido branco. 

— Acho que o vestido vermelho vai ser um choque.

— Eu disse que faria a festa, mas no fim das contas vai ser do meu jeito. — minha mãe me lançou uma piscadela enquanto pegava minha mão, acariciando-a de leve. — Acho que posso me atrasar para a minha própria festa. Dizem que as noivas sempre possuem razão. E não precisa me corrigir a respeito. — levantou o dedo quando fiz menção de abrir a boca. Sorri assentindo e ela passou a mão no meu rosto da maneira quando fazia quando me colocava para dormir quando eu era criança. 

Minha mãe era do tipo que não falava todos os dias que nos amava, apesar de não segurar quando realmente queria dizer. Em geral o fazia com gestos, e aquele carinho no rosto, como se eu pudesse confiar nela que todos os meus problemas iriam embora, era sua marca registrada de demonstração de amor. 

Foi com esse pensamento em mente que eu tomei coragem e lhe contei, da maneira mais breve possível, o drama que eu estava passando há mais ou menos dois anos. Havia um frio na barriga ao soltar a informação, pois tomei o cuidado em não usar pronomes durante meu discurso. Quando finalmente expus que era Scorpius seu rosto se iluminou. Não havia surpresa ou confusão. Havia somente um enorme sorriso de compaixão, que foi a melhor coisa que eu poderia ter recebido naquele momento.

Mas Ginny Weasley era uma mulher magnífica não à toa. E claro que ela me daria uma luz muito melhor que a Rigel, Lysander ou Rose tentaram.

— Sei como se sente sobre precisar esconder um sentimento muito forte por alguém. E, sinceramente, o Scorpius é um garoto maravilhoso, filho. Eu ficaria imensamente feliz se vocês dessem certo. E você precisa entender que, se é difícil para você, para ele também deve ser. Toda história sempre possui dois lados. Achei maravilhosa a sua decisão de colocar a amizade em primeiro lugar, tanto com Rose quanto com Scorpius. Mas tenha consciência de que às vezes uns precisam de mais tempo que os outros para se abrirem. Não espere que Scorpius se abra totalmente hoje. Foque em tentar acalmar seu coração, analisar o terreno da amizade… Tentar tornar as coisas confortáveis para você. Não se esqueça de que é uma parte importante dessa equação e que ficar pensando demais sobre a participação do Scorpius nisso pode ser angustiante demais. 

— É um pouco complicado, mas eu acho que entendo. Eu provavelmente não teria contado nada se não tivesse ficado tão na cara. Não me sentia preparado.

— E querendo ou não, também tem sua prima Rose na equação.

— Mas ela garantiu que não queria mais nada com o Scorpius.

— Isso não significa necessariamente que ela esteja totalmente bem com tudo isso. — minha mãe passava as mãos no meu cabelo agora, me encarando com um ar nostálgico. — Quando é que você cresceu tanto à ponto de eu precisar te dar conselhos sobre um triângulo amoroso? 

— Se eu soubesse que crescer implicaria nisso, talvez eu tivesse adiado um pouco. — resmunguei enquanto a abraçava.

— E não sei se ficou claro, mas o fato de você ser gay não muda absolutamente nada em como nos sentimos a respeito de você, viu? Falo por seu pai também, porque conheço o coração dele. 

— Quando você praticamente quis saber qual seria a data do casamento com o Scorpius ficou bem claro seu apoio, mãe. — tentei aliviar com uma risadinha e minha mãe beijou o topo da minha cabeça.

— Sei que você vai lidar bem com essa situação. Você é esperto e muito maduro, Albus. E possui um coração enorme. Só não quero que você se magoe. Às vezes, no entanto, isso faz parte do pacote. E tudo bem, também. Sempre tem o colo de mãe pra curar esse tipo de coisa. Além do tempo, é claro. 

Naquele momento eu senti que não precisa de nenhuma resposta além daquela que minha mãe estava me dando: dar tempo ao tempo. E, para ser sincero, no momento eu estava mais preocupado em perder a amizade do Scorpius do que ser rejeitado. 

Quando finalmente partimos para a Toca eu estava muito mais tranquilo, apesar de ainda sentir algumas borboletas vez ou outra. Assim que vi os Scamander fui logo cumprimentá-los. Lysander me puxou de canto, questionando sobre Scorpius e sobre a reação de Rose e fui o mais breve possível sobre o que ela havia me dito.

— Eu disse que ele também gostava de você!

— Fale baixo, Lys. — olhei atônito ao redor, mas aparentemente ninguém havia percebido. — Não quero pensar muito sobre isso. Se ele quiser falar, tudo bem. Se não, o que eu posso fazer.

— Você vai ficar com essa dúvida na cabeça?

— Lysander, o que mais eu posso fazer? Cobrar? Posso. Mas não sei se é o certo a se fazer.

— Eu no seu lugar surtaria. 

— E quem disse que eu não estou? — peguei uma taça de firewhiskey que flutuava perto de mim e dei um gole grande. 

Quase engasguei quando vi meu pai falando com Draco e Astoria Malfoy. Não muito afastado estava Scorpius, olhando para algum ponto que eu não conseguia enxergar. 

— Se você passar mal eu conheço um feitiço ótimo. — Lily soltou após se aproximar sorrateiramente e me dar um susto.

— Por que todo mundo resolveu me dar sustos hoje?

— Você que está tenso demais. — ela ajeitou meu colarinho, respirando pesadamente. 

— Você nem poderia fazer o feitiço se eu desmaiasse, Lily. — lembrei de repente e ela apertou o nó da minha gravata de propósito. — Ai!

— Se ficar me avacalhando eu juro que te deixo sozinho prestes a desmaiar. Eles estão vindo. — me cutucou, voltando a ficar do meu lado. Suspirei pesadamente, cumprimentando Draco e Astoria como se eu não estivesse prestar a vomitar ou, de fato, desmaiar. 

Quando perguntaram se eu passaria na casa deles em algum dos dias do recesso agradeci imensamente pela minha mãe me salvar ao dizer que eu teria que ajudar em algumas coisas em casa, mas que se fosse possível iria sim, o que certamente fez meu pai franzir o cenho em confusão. Ótimo, teria que falar logo sobre o assunto com ele. 

Scorpius me cumprimentou com uma normalidade absurda que me fez questionar se ele não havia sido atingido por um feitiço da memória e esquecido tudo. Aquilo não estava fazendo sentido algum. 

— E aí, no que você vai precisar ajudar seus pais? — me questionou depois que Draco e Astoria se afastaram para se sentar e meus pais começaram a falar com dois colegas de trabalho do meu pai. 

Lily me olhou com cara de quem também não sabia o que estava acontecendo e não se demorou, girando nos calcanhares dando a desculpa de que precisava que nossa vó refizesse a barra da calça de seu conjunto social. 

— A mudar algumas coisas de lugar. — era a desculpa mais ridícula do mundo, porque não era uma tarefa que exatamente tomava muito tempo, mas eu também não tinha nada melhor para inventar. 

— Entendo. Até me ofereceria para ajudar, mas provavelmente vou visitar minha tia Daphne. Acho que mamãe esqueceu de mencionar quando perguntou se você iria passar em casa nos próximos dias…

Ok, eu não era o único dando desculpas esfarrapadas. Forcei meu melhor sorriso, assentindo, e dando mais um gole demorado para não precisar falar nada. Apesar de Scorpius parecer mais lívido que o normal, parecia normal. Lysander provavelmente estava errado. 

Rose passava por ali perto, trajando um vestido verde aberto nas costas, com os cabelos encaracolados caindo em cascata. Ela ria enquanto conversava com Rigel, que usava um terno florido nada discreto. 

O garoto me olhou de canto, sorrindo minimamente, mas Rose pareceu alheia ao fato de que estávamos por ali. Desviei meus olhos no mesmo instante e vi Scorpius olhando para ela e parecendo finalmente ter deixado suas muralhas emocionais caírem. 

Independente do que Scorpius tivesse feito nos últimos dias a respeito de acabar as coisas com Rose, ele parecia gostar muito dela. E não demonstrava sinal nenhum de sentir algo parecido comigo. Mas talvez ele precisasse de tempo. E, no momento, certamente também precisava de um amigo. Se ele não fazia ideia de que eu desconfiava que ele gostava de mim também, então que continuasse sem saber. 

— Por que você terminou com a Rose? — ok, eu não era exatamente nenhuma máquina sem sentimentos, então precisava saber daquilo. Scorpius me olhou um pouco assustado, como se tivesse sido pego no flagra.

— A Rose não quer nada sério. E eu não estava exatamente envolvido o suficiente pra tentar convencê-la de que seríamos bons juntos. Não era um bom momento. E foi divertido por um tempo. Mais pra mim do que pra ela, eu acho. — Scorpius franziu o cenho, como se estivesse recordando de seus momentos juntos. Ironicamente a marca do chupão ainda não havia ido embora. 

— Se ela te deixou um chupão desse tamanho tenho certeza de que ela se divertiu. — falei aos risos enquanto cutucava a marca. Scorpius deu um pequeno pulo, ajeitando o colarinho enquanto corava levemente. Tentei conter meu sorriso ao notar o efeito que meu toque teve sobre ele, mas havia uma grande possibilidade de ser vergonha apenas pela menção ao ocorrido e não meu contato. Era sempre importante manter os pés no chão, algo que depois de três anos sonhando com um destino traçado era difícil de praticar. Mas eu estava conseguindo, na medida do possível.

Eu e Scorpius começamos uma conversa agradável o episódio de Natal anual de nossa série trouxa favorita, o que me fez acreditar que a vinda dos meus sentimentos à tona poderia ser superada. Não percebi quando meus pais se aproximaram para tirarmos fotos juntos. Olhei um pouco desesperado para minha mãe, mas seu sorriso me garantiu de que tudo ficaria bem e que eu provavelmente me arrependeria de não tirar uma foto com meu melhor amigo por conta de uma confusão de sentimentos que no fim não era culpa de ninguém. Ou talvez fosse somente minha consciência me convencendo de tal coisa. 

Pouco depois de batermos a foto Dean e Seamus Thomas-Finnigan chegaram, acompanhados, obviamente, de Rigel. Eu não havia reparado no quão ele era alto. Talvez o terno só estivesse lhe favorecendo muito ou eu me sentisse tão pequeno perto dele após a descoberta dos meus sentimentos pelo meu melhor amigo e um sermão de dar inveja à Molly Weasley.

Bem, eu talvez não devesse dar tamanho crédito à Rigel, mas era como eu me sentia no momento. 

— Meus parabéns pelos vinte e cinco anos de casados. — Dean cumprimentou e mamãe o abraçou. Imaginar que eles namoraram enquanto eram estudantes era completamente maluco, porque eles eram realmente bons amigos hoje em dia.

— Eu e Dean faremos vinte anos que vem e já estou surtando aqui. 

— Vocês levaram uma eternidade para ficarem juntos. — mamãe riu pelo nariz e Dean deu de ombros.

— Seamus era muito fácil de escapar pelas mãos.

— Sorte a minha que ele fez questão de me segurar. — Seamus apertou levemente a mão do esposo e Rigel revirou os olhos, batendo no ombro dos pais. 

— Ok, vocês vão ter o momento de vocês. Agora a noite é dos maravilhosos Potters. — Rigel beijou a mão de minha mãe e cumprimentou gentilmente meu pai, depois virou-se para mim e para Scorpius com um sorriso divertido. — Quanto tempo. Nem parece que passamos a última noite em Hogwarts juntos.

Minha cara foi ao chão. Todos os olhares que recebi me fizeram queimar de vergonha. 

— Estávamos ajudando a professora Sibila a organizar a sala.

— Em uma detenção, não pense que eu esqueci. — Dean olhou feio para o filho, que apenas sorriu. Quando vi os olhares dos meus pais eu quis matar Rigel. Ele me pagaria por essa.

— Você é o Scorpius Malfoy? — Seamus de repente perguntou, com um sorriso enorme no rosto. — Por Merlin, você é a cara do seu pai. 

Scorpius parecia constrangido de estar recebendo tanta atenção, mas respondeu a todas as perguntas de Seamus de maneira solícita.

— Eu sempre quis conhecê-lo, porque seu nome e o nome do meu filho são duas grandes ironias da vida. 

— Como assim? 

— Ora, você não sabe a própria história por trás do seu nome? —  Seamus questionou, batendo no ombro do meu amigo.

— É uma referência à constelação de escorpião. — notei que ele ficou corado ao dizer, provavelmente por se lembrar da existência da minha tatuagem que nunca deveria ter surgido, para começo de conversa. 

— Sim, e segundo um antigo mito o escorpião foi responsável por matar Órion.

— Rigel Órion Thomas-Finnigan. — falei em um tom meio baixo, mas audível o suficiente para que rigel me olhasse com um sorriso no rosto.

— Rigel é o nome da estrela mais brilhante de Órion. 

— Colocar Rigel Órion foi só uma maneira de reafirmar o amor pela constelação. — ele acrescentou enquanto abraçava os dois pais. Mamãe e papai sorriram.

— É uma referência a quando vocês ficaram juntos, não é? Estávamos todos reunidos na casa de Luna justamente observando as constelações e vocês acharam Órion juntos. — meu pai observou e o casal sorriu em afirmação.

— Pra resumir sobre a eterna rixa entre escorpião e Órion, é por isso no céu só podemos ver uma constelação quando a outra desaparece. — comentou Dean, sorridente. — Sempre achamos irônico nunca termos encontrado você em lugar nenhum enquanto estávamos com Rigel. 

— As duas constelações estão em uma eterna caçada, é um mito interessante, inclusive. Depois daquele dia eu tenho aprendido muito sobre constelações e mitologia por trás, aliás, Gina, eu estava lendo a seção de astrologia e eles são péssimos. Vou mandar um artigo meu qualquer dia, puramente baseado em meus estudos e especulações, é claro, mas posso afirmar com toda certeza de que vai ser muito melhor do que aquelas atrocidades que veiculam. 

O assunto se seguiu sem que eu conseguisse prestar mais nenhuma atenção sequer. Rigel parecia alheio ao meu olhar mortificado, mas Scorpius me encarava como se eu estivesse prestes a desmaiar, o que talvez realmente fosse acontecer.

Avistei Lysander conversando perto demais de meu primo Louis, que estudava em Beauxbatons, mas não liguei de interrompê-los. Eu precisava contar a ele o que eu havia acabado de realizar. 

— Primeiro, meu primo é dois anos mais novo, viu Lysander. Nada de flertar com ele.

— Como assim dois anos? — meu amigo olhou rapidamente na direção de meu primo que conseguia ser mais alto do que James e Fred e voltou a me encarar assustado. — E como assim você percebeu que estávamos flertando?

— Todo mundo fala que eu sou transparente, mas você é tão óbvio quanto eu. E fala sério, como você não sabe que ele é mais novo? Você lembra de quando brincávamos quando éramos crianças, deve até ter vindo em um dos aniversários dele.

— Albus, você tem trocentos primos, como é que eu vou me lembrar da idade de cada um? E, por Morgana, olha só pra ele! 

— Esse encanto todo é porque ele é um oitavo veela, Lysander. Logo passa.

— Dominique também é e eu não me sinto atraído por ela.

— Mas isso é porque você é provavelmente tão gay quanto eu. — falei como se fosse óbvio e ele arregalou os olhos. 

— Eu…

— Ok, acho que você vai ter que pensar um pouco sobre isso, pelo visto.

— Sim, mas não aqui no meio do jantar dos seus pais. — sussurrou me arrastando para fora da tenda. — E o que é que você está fazendo por aí? Parece que viu um fantasma.

E então eu contei, em um fôlego só, sobre o que os pais de Rigel haviam me dito. Mas, novamente, Lyander é meio lerdo, então precisei relembrar o que Sibila havia nos falado, palavra por palavra, três anos atrás. 

— Uma caçada que parece, mas não é eterna, ou seja, a caçada de escorpião e Órion! 

Lysander abriu a boca e fez um barulho de choque, me encarando com os olhos arregalados.

— Scorpius e Rigel vão ficar juntos?

— Não, idiota! A previsão dela foi sobre mim e eu sou de escorpião. Eu estou nessa caçada com Rigel. Ele é a resposta. 

— Por Merlin eu não acredito que vocês estão destinados!

— Calma lá, Lys, não é necessariamente isso.

O loiro revirou os olhos, prendendo os cabelos, agora um pouco longos, em um rabo de cavalo desajeitado. 

— Vamos lá, qual a sua teoria.

— Sibila nunca falou sobre amor, diretamente, e sim sobre meu coração estar turbulento, coisa que ele realmente está. A questão é que quando pegamos detenção juntos Rigel me ajudou a ficar mais tranquilo a respeito de Scorpius. A resposta pode ser isso: a amizade de Rigel que vai trazer a sanidade que eu preciso. Nossa caçada não seria eterna, porque eventualmente nos resolveríamos e seríamos amigos. 

— Albus, nem você acredita nisso.

— Claro que acredito, eu que acabei de interpretar. — resmunguei cruzando os braços e Lysander esticou o braço para pegar uma taça de firewhiskey que voava ali perto, mas que escapou de sua mão por ele ainda não ser maior de idade. 

— Que droga, meu aniversário é daqui algumas horas só, não acredito que esse feitiço idiota seja tão rígido assim. 

Revirei os olhos e peguei a taça e um copo de suco de abóbora, despejando o líquido alcoólico. Lysander assobiou e sorriu em seguida enquanto pegava o copo da minha mão. 

— Eu tenho a teoria de que você tem é que ficar com o Rigel. Enemies to lovers, melhor trope possível.

— Que merda você tá falando?

— Com um avô aficcionado por coisas trouxas você deveria se interessar mais por essas coisas. — Lysander riu, prestes a beber o líquido, mas arranquei de sua mão.

— Anda falando besteira demais, melhor segurar até a maioridade mesmo. — joguei todo o conteúdo no gramado e meu amigo assumiu uma tromba enorme na cara. — Além do mais suas teorias são furadas demais, Scorpius claramente não gostava de mim também. Não falou nada a respeito e parecia super normal na minha presença. Eu vou é começar a me concentrar nos NIEM’s que eu ganho mais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Veredito: Scorpius gosta ou não do Al? Aliás, o que o Al deve fazer da vida, coitado? Não sei se lidaria tão bem quanto ele com tudo isso. Estou caidinha por Ginny e a participação de Deamus ♥ Dá até vontade de escrever um spin-off dos dois!
Beijos e até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Answer Is In The Stars" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.