Se eu voltar escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 8
Compaixão




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Meu estado de saúde estava estável, meus sinais vitais estavam estabilizados. Eu estava a contemplar meu corpo ali, todo cheio de tubos. Em seguida, fui até a janela e vi aquela cidade toda iluminada. Ccomecei a lembrar de como Edenia era bela, a falta de minha mãe me invadira o coração. O que eu queria mais saber é se Raiden havia conseguido libertá-la, mas aí vinham as dúvidas: Será que ela voltaria ser bondosa? Ela resistiria a toda a energia provinda daquele processo que passei?

Comecei olhar o corte profundo que Raiden havia feito e vi que estava com alguns esparadrapos por cima Olhava para todos aqueles aparelhos ligados a mim e comecei a refletir: Não dependia de ninguém, ia e vinha quando queria e agora a minha vida depende de uma máquina e um emaranhado de fios e tubos.

Era madrugada e resolvi sentar no chão e recostei-me numa parede. De repente vi alguém mexendo no trinco da porta e Sonya entrou, ela ainda não conseguira vir me ver. Levantei-me de ímpeto e a vi me olhando, verificou o meu corte e depois se sentou numa cadeira próxima e começou a falar comigo:

— Ah Kitana... Eu e Johnny sempre contamos sobre você para Cassie, desde quando ela era pequena. Ela ia vir comigo, mas o sono foi mais forte, mas prometo trazê-la amanhã.

A primeira vez que vi Cassie foi quando lutamos na entrada do Jinsei, não há como negar que ela seja filha de Sonya e Johnny, lutava tão bem quanto os pais. Espero que eu possa conversar com ela e ser sua amiga. Sonya continuava a falar:

— Eu comecei a lembrar de quando a nossa amizade começou. Foi um pouco conturbado, mas depois deu tudo certo, foi aí que veio toda aquela tragédia.

Sonya começou a limpar as lágrimas que insistiam em cair. Também não pude evitar as lágrimas. Continuou:

— Tive que me fingir de morta para escapar daquela chacina... A cada grito de agonia de meus amigos era uma punhalada em meu coração... E eu não podia fazer nada.

Ela começou a soluçar e não aguentou segurar o pranto. Fui em direção a ela e a abracei. Não importava se ela estava sentindo o meu abraço, mas pelo menos eu queria que ela se sentisse consolada. Sonya se recompôs e continuou:

— A única coisa que eu espero agora é que você supere tudo isso e volte para nós. Sentimos muito a sua falta, Kitana.

Sonya sempre fora uma boa amiga. Antes de toda aquela matança promovida pela minha própria mãe, tivemos diálogos curtos, mas sempre bem amigáveis. Ela me ajudou muito quando eu descobri toda a verdade sobre Shao Khan, foi difícil superar toda aquela traição. E não só com ela que tive bons diálogos, mas também Johnny, Stryker e Nightwolf, mesmo como um ciborgue.

(...)

Sempre lutei pela Exoterra, mas naqueles últimos dias eu estava me sentindo estranha. Comecei a questionar no meu interior se estava fazendo o certo, lutando ao lado de Shao Khan. Este questionamento surgiu depois que me aproximei de Liu Kang e comecei a conviver mais com os guerreiros do plano terreno, claro que ás escondidas. 

Era uma tarde bem quente na Exoterra, a arquibancada da arena estava cheia querendo assistir aos combates. Shao Khan me colocou para lutar contra Hideki, era um dos monges mais bem preparados nas artes marciais. Começamos a lutar e acabei vencendo aquele combate, posicionei meus leques para executá-lo quando ele me disse:

— Mate-me, eu mereço princesa.

Naquele instante lembrei-me de Liu Kang, que me havia poupado da morte. Olhei para Hideki e senti vontade de levantá-lo daquele chão arenoso, do qual tanto sangue havia sido derramado. Há algum tempo eu não sentia compaixão por alguém, mas naquele momento eu começava a sentir, mas meus pensamentos foram interrompidos pela voz de Shao Khan:

— Kitana!

Olhei para ele e o mesmo me disse:

— Mate-o

Continuei com os meus leques levantados, mas não consegui matar Hideki. Foi quando Shao Khan levantou a mão e lançou uma energia verde em cima de Hideki, este com a energia sofreu queimaduras muito profundas, das quais não havia remédio senão a morte. Alguns dos guerreiros que participavam daquele torneio levaram o corpo de Hideki para longe da arena. Enquanto isso ocorria, percebi que alguém não parava de me olhar, foi quando olhei para o lado e vi um ninja de azul, com o rosto coberto com uma máscara, exceto os olhos. De suas mãos saiam uma fumaça e eu podia sentir como era fria. Quando os nossos olhares se cruzaram, notei que ele se perdeu um pouco e procurou olhar para outro ponto tentando disfarçar. Foi quando Shao Khan me chamou novamente, subi onde ele estava e fiquei ao lado dele. De repente, ninja azul deu um passo à frente, levantou a mão e disse:

— Eu desafio Scorpion, assassino do meu irmão. Infelizmente, meu irmão entrou nesse torneio e venho aqui para vingar a morte dele.

Desde quando o vi, senti algo familiar e tudo se confirmou com a sua fala. Eu estava diante do irmão de Bi-han, nunca saberia que eram parentes. Até o jeito de falar era mais pausado e calmo, ao contrário de Bi-han que era áspero e arrogante.

Shao Khan assentiu que os dois lutassem. Eis que do chão surgiu algo brilhando até que vi Scorpion aparecer, como sempre, revoltado e com sede de luta. Os dois lutaram e o novo Sub zero (preferi chama-lo assim inicialmente) venceu aquele combate.

De repente vários ciborgues surgiram em volta daquele nobre combatente e estavam como que o machucando e ele começava a gritar de dor, ele dizia:

— Não, vocês não vão conseguir...

E ele continuava a gritar, meu coração ficou inquieto ao ver aquela cena e eu não podia fazer nada, a não ser que Shao Khan me desse alguma ordem. Veio em direção a Shao Khan dois ciborgues, um vermelho e outro amarelo, pedirem permissão para que levassem Sub zero para que fosse julgado. Meu Deus, que crime ele cometeu? Parecia ser um homem bom e honesto... Mas eu desconhecia as leis do Lin Kuei, não poderia falar nada sobre isso. Aqueles robôs prometeram lealdade em troca do ninja de azul, Shao Khan aceitou. Sub zero deu um último olhar, um olhar de clemência... Mas eu estava impedida. Todos os ciborgues e o guerreiro da cor de safira desapareceram.

Shao Khan olhou para mim e esbravejou:

— Como guerreiros do Plano Terreno vieram aqui sendo que mandei a minha filha intercepta-los?

Fiquei sem reação e um medo tomou conta de mim, nunca havia visto S.K. tão irritado como ele estava naquele momento, pediu que eu saísse de sua presença. Naquele momento mil coisas passou pela minha cabeça, o questionamento, a captura de Sub zero... Eu precisava saber o que estava acontecendo, mas não sabia por onde começar, se minha mãe estivesse viva saberia me aconselhar. Resolvi ir atrás de Jade.

(...)

Sonya estava me surpreendendo com aquela atitude. Sempre a vi como uma mulher durona, blindada e firme em suas decisões, mas naquele momento eu estava conhecendo outra Sonya, frágil e sensível à dor do outro. Eu sempre a admirei como um bom exemplo de mulher, que batalhou muito para estar na posição que se encontra. Agora penso que, depois da morte do Jax, ela ficou bem fragilizada, mas não quis mostrar a ninguém isso. Pelo que pude perceber a relação entre eles era de pai e filha... Às vezes eu via os dois conversando e eu sentia falta de ter um pai mais próximo.

Já havia amanhecido Sonya não estava mais lá, havia apenas um enfermeiro medindo a minha pressão, depois verificou o corte que tinha no meu tórax, tirou o curativo que estava sobre o corte e conseguiu costura-lo. Como o corte estava muito aberto, não havia como costurar, só foi possível naquele momento. Eu comecei sentir dores pontiagudas enquanto ele fazia os procedimentos, ao terminar saiu e foi em direção ao consultório da Dra. Angel, provavelmente para dizer como eu estava. Vi que minha “consciência” estava lá de novo e disse:

— Percebi que muitas coisas aconteceram desde então. Mas você já está com a decisão acertada?

— Sinceramente não. Vejo que todos vêm me visitar, mas... Depois de tudo o que passei, não sei se devo acreditar nelas.

— Você não tem muito tempo pra escolher. Que você encontre logo a resposta certa.

Dizendo isso desapareceu.

Raiden está tentando consertar o erro que cometeu a vinte e cinco anos atrás, mas mesmo assim eu penso que ele tem que pagar pelo mal que cometeu.

A Dra. entrou onde eu estava e começou a fazer o relatório do meu estado de saúde e conferiu a minha respiração para saber se eu ainda teria que depender dos aparelhos para respirar ou não. Foi quando se ouviu uma batida na porta, Angel e eu olhamos em direção a porta e era Raiden e Sonya. Sinceramente, acho que não estava em condições de ouvir o que Raiden tinha para me dizer.


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