Skinny Love escrita por Baby Boomer
Notas iniciais do capítulo
Esse capítulo está divertido!
Nossos amantes desafortunados estão começando a se entrosar cada vez mais.
Música do capítulo: What About Us - P!nk
POV Katniss
Caçar me deixa mais tranquila. Ocupa minha cabeça. É o que eu tento fazer: ficar bem. Por mim. Por Haymitch. Por Peeta. Peeta… tão doce e gentil. Divide a cama comigo toda noite. Temos menos pesadelos assim e, quando temos, um consegue acalmar o outro. Às vezes ficamos de vigília, sem conseguir pregar o olho nem por um minuto, mas pelo menos não estamos sozinhos. O silêncio é cortado pelo som das nossas respirações e suspiros. Ah, quantos suspiros…
Suspiro quando vejo Buttercup, quando acordo pela manhã ou quando olho para Peeta apreciando a chuva cair da porta da minha casa. Peeta fica com as expressões tão serenas quando faz isso… seus cílios loiros até brilham, e seus olhos refletem os pingos da chuva.
Um dia, enquanto eu caçava, começou a chover. Eu cheguei em casa ensopada, mas Peeta teve uma ideia: tomar banho de chuva também. Ele me puxou para fora de casa e nós tomamos banho de chuva no jardim, apreciando os pingos caírem em nossas cabeças, ensoparem nossas roupas e sapatos. Ele segurou minha mão e me puxou para si. Eu estava esperando que ele me beijasse, mas não foi isso que aconteceu. Ele apenas grudou sua testa na minha e sorriu.
— Espero que essa chuva lave tudo de ruim que nós temos dentro da gente – disse ele.
— Não acho que uma chuvinha consiga fazer isso, Peeta.
— Eu não achava que ia sair vivo do meu telessequestro, mas aqui estou…
Ele alisou minha trança molhada, em cima do meu ombro, e continuou:
— Nós dois, Katniss… nós sobrevivemos à fome, a uma Revolução, a uma arena e um Massacre Quaternário, dentre outras coisas. Não sei você, mas pra mim isso é impressionante. Talvez signifique que nós devemos ficar vivos.
Desencostei a testa da dele.
— Eu ia mesmo engolir aquelas pílulas se você não tivesse impedido… eu não estava bem. Ainda não sei se estou. Não sei se algum dia estarei.
— Katniss, eu ainda estou cumprindo a promessa.
— Que promessa?
— Manter você viva.
Nós voltamos para dentro e trocamos de roupa. Enquanto eu tirava a trança e começava a desembaraçar os cabelos, Peeta bateu na porta do meu quarto:
— Está vestida?
— Sim – respondi. – Pode entrar.
Ele entrou, cauteloso, e olhou para a escova de cabelos em cima da cômoda de roupas. Apontou para ela e perguntou:
— Posso?
Eu ia dizer que não, que não era necessário, mas acabei assentindo. Eu não me deixava ser mimada com tanta frequência. Na verdade, nunca recebi mimos de ninguém além de Peeta.
Sentei-me na cama e deixei que ele desembaraçasse meus cabelos molhados. Ele fez isso com todo o carinho e de maneira indolor, tirando todos os nós com cuidado. Quando terminou, disse que ia fazer um bolo para nós.
— Ajudo você – falei, e fomos juntos para a cozinha.
Quebrei os ovos para Peeta, adicionei o leite à massa e pesei a manteiga na pequena balança de cozinha. Quando chegou a vez da farinha, eu joguei de uma vez no recipiente e ela voou um pouco para cima, fazendo-me espirrar.
— Opa, saúde – disse Peeta. – Interessante saber que farinha te faz espirrar.
Eu estava pronta para rebater quando ele meteu a mão no saco de farinha e jogou um pouco na minha cara.
— PEETA!
Furiosa, peguei farinha do próprio recipiente e joguei nele também, mas ele se esquivou e saiu correndo. Eu corri atrás dele, obviamente alcançando-o por causa da sua prótese na perna, que o deixava um pouco mais lento que eu. Esfreguei a farinha no rosto dele, sem piedade alguma. Durante o processo, eu tive de agarrá-lo pelas costas. Ele se virou, pegou minha mão e pôs na frente de sua boca. Não previ que ele faria isso, mas ele fez: assoprou minha mão, fazendo um monte de farinha voar na minha cara, o que me fez espirrar de novo.
Ele começou a rir. Sua risada era tão gostosa que desfez minha carranca e, lentamente, amansou meu humor. Pouco depois, enquanto eu me limpava, eu estava rindo também.
— Descobri um ponto fraco seu – ele disse, limpando-se também. – Vem aqui, você tem farinha na testa.
Fui até ele, que, com um pano, limpou delicadamente a farinha que havia na minha testa.
— Você também tem farinha. Aqui, no seu queixo.
Tomei o pano para mim e limpei o queixo dele. Foi aí que eu percebi que nós sorríamos um para o outro. Eu soltei um pigarro, sem jeito, e voltei para o recipiente da massa do bolo, que findou ficando muito macio e gostoso.
Esse dia… ah, esse dia foi maravilhoso.
Chego na casa de Haymitch com um licor que Effie mandou para ele diretamente da Capital e Greasy Sae fez o favor de separar para mim, já que veio junto com alguns suprimentos para o mercado.
Provo um gole do licor com Haymitch, e logo penso que Peeta me condenaria por estar bebendo, mas não ligo.
— Por que não vai jantar comigo e com Peeta lá em casa hoje? Em vez de trazermos a comida pra você.
— Ele tá morando com você, pelo que parece…
— Bem, ele passa o dia cozinhando pra gente, então…
— Ele tem dormido com você – diz ele, todo malicioso. Eu sinto o rubor esquentar minhas bochechas imediatamente.
— Não desse jeito – rebato. – Nós só dormimos abraçados. Só isso.
— Um dia, vocês vão ter que passar desse estágio. – Ele pigarreia. – Você sabe disso, é claro…
— Prefiro não pensar nisso.
— Ah, vamos lá, Katniss! Deixe de besteira! Você só tem ele, e ele só tem você. Os dois vão acabar juntos uma hora ou outra.
Faço uma carranca para Haymitch.
— Se vamos acabar juntos de qualquer maneira, podemos ir com calma, então – respondo, irritada. – E você não tem que dar pitaco sobre isso. É um assunto meu e de Peeta.
— Que vocês nem discutem! Você fica aí, reprimindo os seus sentimentos e ações… acorda, garota! Se você não amasse ele, você acha que Snow o teria telessequestrado? Torturado? Tirado ele de você? Naquela maldita arena-relógio, você demonstrou pra todo mundo que o amava quando ele bateu no campo de força.
Sinto o calor na minha face aumentar.
— Não foi intencional – respondo. – Não quis que ninguém soubes…
— Exatamente! Você não assume o que sente! É esse o problema, queridinha.
Odeio dizer isso, mas, como sempre, Haymitch tem razão.
Saímos da casa dele com o gosto do licor na boca e entramos na minha apenas para sentir o cheiro de uma lasanha sendo posta na mesa.
— Caprichou, hein, Peeta? – brinca Haymitch. – Tem álcool nessa receita?
— Claro que não, Haymitch – repreendo. – Você só pensa nisso…
— Ora, no que mais eu posso pensar? Nos amantes desafortunados do Distrito 12? Uuurgh! Clichê demais pro meu gosto.
Depois do jantar, Haymitch fica assistindo TV em sua casa e eu e Peeta lavamos as louças na minha. Como sempre. De repente, entretanto, Peeta derruba um prato na pia e, quando olho para o seu rosto, ele está mais branco do que a parede.
— Peeta!
Ele recua e põe as mãos na bancada da cozinha.
— Peeta! O que foi? Você…
— NÃO! – urra ele. – POR FAVOR, NÃO!
— Peeta! – Solto a louça suja e puxo ele para que fique na minha frente, mas seus olhos estão fechados. – Peeta, tá tudo bem, você tá bem!
— Katniss… não… Katniss…
Ele abre os olhos devagar e os fixa em mim.
— Tá tudo bem – repito. – Eu tô aqui. Eu tô aqui…
Ele parece aliviado.
Sem saber o que fazer, eu o abraço.
— Você tá bem – sussurro. – Você tá bem.
— Katniss… desculpa.
— Não, não… tá tudo bem.
Desvencilho e ponho as duas mãos em seu maxilar.
— Olha pra mim – peço –, olha pra mim.
Ele olha. Eu o beijo.
— Fica comigo - murmuro.
Ele sussurra:
— Sempre.
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