O Mundo de Pocema escrita por Suzanah


Capítulo 15
Capítulo 15: Eu não quero!




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 Dois anos se passaram desde que saí do coma. Fiz quinze anos uns dias atrás, foi bem legal. Eu usei três vestidos enormes e dancei com o meu pai e com o Daniel.

 

 

Enfim, acabei de sair da minha aula de ballet, despedindo das minhas amigas e da professora. 

Sabe por quê? Porque eu vou me mudar mais uma vez!

Meu pai recebeu uma proposta de trabalho na cidade onde morávamos aos meus treze anos para baixo. Todos ficaram felizes, menos eu.

Eu não lembro de nada daquela cidade, não tenho mais vínculo com ela! — Tive que dar adeus aos meus colegas da escola, do ballet e da igreja.

 

— Cheguei! — Que cheiro é esse?

— O pai está fazendo o almoço. — Disse Daniel concentrado no seu vídeo game.

— A mamãe ainda não chegou, não é? — Ele negou com a cabeça.

Depois cumprimentei meu pai e fui para o meu quarto me trocar.

Minha mãe viajou para ver se eu e o Daniel passamos no sorteio para entrar em um Colégio Militar da capital. — Eu deveria ter viajado com ela, não? Então, eu fiz birra porque eu me recuso a voltar para aquela cidade!

Mas porque logo o Colégio Militar? Porque tenho uma pequenina vontade de entrar no exército, mas eu ainda não sei. — E também para ter uma boa educação.

Admito que não tiro muita nota alta, e as baixas não me deixam tão surpresa assim mais. Porém, consigo ficar na média! Bom, eu me esforço. Eu estudo, mas o computador me chama.

 Enfim, sou uma aluna normal com pais normais e só.

Alguém bate na porta.

— Pode entrar.

— Pocy! — Me surpreendi que tenha aprendido a bater na porta.

— Bom dia, Carlota! Dormiu bem? — Ela é minha irmã de dois aninhos, que adora pular em cima de mim.

— Sim! — Ela fala um pouco enrolado, mas muito bem para a sua idade.

— O almoço está pronto! — Meu pai gritou da cozinha.

— Bora papá, Carlota?

Ela saiu de mim e saiu correndo.

Nós agradecemos pela comida e sentimos os sabores.

— Almoçando sem mim?

Olhamos todos espantados.

— MAMÃE?! — Corremos para abraçá-la.

— Eu também quero abraçar a mamãe. — Disse o papai dando um beijão ela. Eu fico com vergonha quando fazem isso, mas é legal.

Aí sim nós almoçamos.

— E o sorteio, mãe? — Disse o Daniel olhando para mim com cara de trote.

— Não é para lembrá-la! Eu vou morar aqui para sempre!

— Minha filha, nós vamos de qualquer jeito mesmo.

Suspirei bem fundo.

— Tá, pode falar.

— Vocês passaram! Vão estudar no Colégio Militar!

Eu pulei da cadeira, soltando um palavrão e todos ficaram quietos!

— Desculpa. — Carlota, esqueça o que eu disse, é uma palavra muito feia!

Em seguida, todos pularam depois...e eu também, né? Se eu vou para aquela cidade, que seja nesse colégio dos sonhos!

— Os filhotes do papai vão entrar pro Colégio Militar! — Ele apertou nossos ossos com um suposto abraço.

O decorrer do dia foi tranquilo. — Eu e a Carlota ficamos brincando com as caixas da mudança e o Daniel jogando ainda.

— Daniel, vem brincar.  — Carlota disse.

— Eu estou jogando agora, irmãzinha.

— Você não era viciado assim há dois anos atrás.

— Humpf! E você brincando com caixas. Isso é coisa de criança!

— Melhor adolescente brincando de ser criança as vezes do que criança sempre brincando de ser adulto!

— Sacanojo! você me convenceu! — Ele jogou o controle no sofá.

Fingimos ser gatos abandonados. Pois é, a ideia foi toda da Carlota.

A noite chegou, mas eu estava na cama sem sono.

— Está com medo do novo colégio? — Disse minha mãe entrando no quarto com um copo de água.

— Você sabe que não é por causa do colégio.

— Eu sei, Pocema.

— Eu só quero viver sem olhar para trás.

— Talvez você nem reencontre seus amigos no passado. — Quem sabe faz novos amigos? Talvez você nunca vá encontrar seus velhos amigos de novo. — Ela beijou minha testa. — Boa noite.

Mamãe apagou a luz e fechou a porta.

— Agora eu estou curiosa! — Dei um grito silencioso. — Ela fez de propósito!

— Vai dormir! — Daniel jogou o travesseiro dele em mim.

 

 

Dormi rápido e acordei às 11:30.

— Bom dia, Daniel. — Daniel?

Ele estava dormindo, então eu resolvi ficar batendo nele com o meu travesseiro.

— Isso é vingança, por acaso? — Disse, sonolento.

— SIM!

Fomos para a sala e a mamãe não estava e o papai estava com uns homens arrumando os últimos móveis da casa.

Saudades cama.

— Quer que eu faça panquecas? — Perguntei à Daniel.

— Ah, obrigado.

Fiz as panquecas e esquentei o açúcar para fazer o caramelo e depois oramos pelo alimento antes de comer.

— Eu quero! — Parece que a Carlota acordou.

— Claro! Fiz duas panquecas para você!

— Só duas?

— Quantos anos você tem? — Ela fez dois com os seus dedinhos de bebê fofo.

— Então será só duas panquecas.

Ela ficou emburrada sem motivo, porque eu e o Daniel também estávamos com duas panquecas.

— Panqueca! — Ela estava chorando. Eraa de apertar o coração.

— Xi! O pai está falando com o moço!

— Mas...

— Todos temos duas panquecas! E se comer mais não vai conseguir almoçar, entendeu? — Ela assentiu com a cabeça, secando suas lágrimas.

— Eles estão arrumando a cama de vocês. — Disse papai entrando na cozinha. — Sobrou panquecas para mim?

— Aham! Tá naquele prato ali. — Eu vou andar na cidade nas últimas horas que me restam!

— Credo, parece que você vai morrer! — Disse Daniel.

— Quase, uma vez.

— Vamos parar?! — Disse meu pai, irritado, já. — Já disse que esse assunto morreu! — Meu pai é sensível com esse assunto desde o coma, mas não deu para evitar! Eu sempre lembro disso quando falam de morte.

— Desculpe, pai. — Vou indo.

Saí de casa e fui direto para o parquinho. O balanço não estava tão divertido como antes.

— Oi, Pocy!

— Oi, Ana. — Estava bem desanimada.

Ana era minha amiga da igreja e da escola. Somos melhores amigas! — Ela é mais branca do que eu e loira, mas ela pintou de rosa. E seu avô é alemão! Legal, não é?

— Então é hoje, não é?

— Sim.

Não aguentei e a abracei.

— Eu quero ficar! — Disse chorando.

Ela desatou em lágrimas também.

— Não é o fim do mundo, amiga. — Saímos do abraço.

— É sim!

— Tenha fé, minha amiga! Talvez seja o chamado de Deus para você evangelizar os seus antigos amigos!

— Será?

— Quem sabe? — Ela segurou minhas mãos.

— Mas eu tenho medo.

— Se tiver medo, ore para Deus livrar desse medo. Você pode conversar comigo pelas redes sociais e pelo telefone! — Você sempre será bem-vinda aqui!

— Ana, você pode ir para a minha nova casa quando você quiser.

— Obrigada! — Vamos para a padaria?

Ela me puxou até lá.

— Ana! Pocema!

— Seu padeiro! — Gritamos.

Até o seu padeiro estava sentido com a mudança. Sou muito querida!

— Hoje será por conta da casa para vocês!

Abracei o Seu padeiro.

— Obrigada. —  E, sempre quando der, eu volto!

Bebemos achocolatado com misto quente e levamos os salgadinhos para comermos depois.

Voltamos para o parquinho, comemos os salgadinhos e fazendo castelo de areia. Nestas últimas horas foram bem divertidas com a Ana.

— Antes de você voltar para a casa vamos orar?

— Claro!

Demos as mãos e ela orou pela minha vida em outra cidade e orei pela vida dela para que ela não se sinta sozinha.

— Amém! — Dissemos.

— Bom, tchauzinho. — A abracei mais uma vez.

— Tchau, tchau!

Ana já havia ido embora e eu ainda estava olhando para a porta.

— Cheguei!

Não havia mais móvel algum.

— Bem-vinda de volta!

— Valeu, mãe. — Disse cabisbaixa. — Vou arrumar as malas.

Fui arrumar a minha mala. Cada roupa tirada da gaveta era uma tortura. Eu sei que pode ser obra de Deus e pelo trabalho do meu pai, mas eu não consigo ficar feliz.

— Pocema?

— Ah, oi, Daniel.

— Eu estou preocupado com você.

— Não fique. Essa dor vai passar com o tempo.

— Eu queria entender: Eu tenho amigos aqui, mas estou ansioso para rever os antigos, sabe? Viver tudo que você viveu na infância!

— Só que eu tenho um branco da minha infância. Só lembro de coisas que fiz com vocês. — É como se eu tivesse que ir para a Antártida. Quem quer ir para lá?!

— Eu estarei com você, está bem? — Ele me abraçou.

— Valeu, Daniel.

Depois de tudo pronto descemos para fazer uma oração.

— Vamos? — Mãe.

Fiquei conversando tanto com os meus amigos no aeroporto que até esqueci que ia embora.

— Esse hambúrguer tá bom, hein! — Disse Ana.

A conversa acabou quando meu pai me chamou e fomos juntos até o ponto de nos separarmos.

— Eu adoro todos vocês! — Abracei um por um.

— Vou sentir saudades, Pocy!

— Eu também, Ana! Não será um adeus. Só um tchauzinho breve.- Ela riu.

Estava dentro do avião, do lado da janela. Pus minhas mãos no rosto e comecei a chorar.

— Não chore. Prometo que você vai gostar.

— Mamãe...

 


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