-Me fala, você sabe que pode me contar tudo – eu disse ficando preocupado.

Ela abaixou o olhar.

-O que? Você arrumou outro? – perguntei rindo tentando fazer piada. Só que ela não riu comigo. – Não é isso, ou é?

-Claro que não – ela disse olhando para mim novamente.

-Então o que ela? – eu perguntei.

Foi quando eu pensei no que meu pai me disse. Será que... tinha mesmo acontecido alguma coisa com ela?

-O que aconteceu? – perguntei a fitando.

-Eu... – ela começou mas não conseguiu terminar.

-Você?

-Eu tenho leucemia, Stephen. – ela disse se soltando nos meus braços.

-Você o que? – perguntei sem entender.

-Leucemia. – ela repetiu com os olhos se enchendo de lagrimas. - Significa que eu vou morrer.

-Como... como? – eu não conseguia formular uma pergunta descente.

-Sabe o que é leucemia, Stephen? - ela perguntou tentando não chorar.

Apenas balancei a cabeça. Eu apenas sabia o básico.

-A leucemia crônica, que é a que eu tenho, a é caracterizada pelo aumento de células maduras mas anormais – ela disse me olhando nos olhos, eu tentava entender mas meu cérebro não assimilava o que eu ouvia –Não tem cura.

 Eu não consegui dizer nada. Apenas sentei no chão. Me sentei e fiquei olhando pra grama.

O que ela estava tentando me dizer?!

Como isso pode estar acontecendo?!

-Desde quando você sabe disso? – eu perguntei sem olhar pra ela.

-Desde sempre. Eu costumava me tratar. Mas o tratamento parou de fazer efeito – ela disse se abaixando e colocando a mão no meu joelho.

-Desde... SEMPRE? – eu gritei me levantando irritado – VOCÊ SABIA DE TUDO ISSO E NUNCA ME DISSE?!  PORQUE?!

-Porque eu não queria ver você nesse estado – ela disse pegando na minha mão e me abaixando devagar.

-Devia ter me contado – eu disse. E foi quando eu percebi que chorava.

Eu nunca havia chorado. Desde o dia que meus pais se separaram.

-E o que você poderia fazer? – ela perguntou chorando também enquanto limpava minhas lágrimas.

Eu não respondi. Não sabia o que responder... porque eu sabia que não poderia fazer nada.

-Eu vou sempre estar com você. Não importa o que aconteça, vou estar do seu lado. Não vou deixar nada te acontecer – eu disse e ela riu do que eu disse.

-Você não vai pode mudar nada. Mas mesmo assim, só de saber que você estará comigo eu já fico melhor – ela disse – Eu te amo.

Eu sorri depois de ouvir aquilo. Não importa o que acontecesse aquelas três palavras saindo da boca dela sempre me fariam sorrir.

-Vem deita aqui – eu disse e ela deitou a cabeça no meu colo – Promete nunca me abandonar?

Ela não respondeu.