Feitiço do Tempo escrita por Isa G


Capítulo 7
Capítulo Sete — Bom Humor


Notas iniciais do capítulo



Aqui já é Natal!



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Era manhã de sábado, mais precisamente o dia que a maioria dos estudantes ia para o recesso de Natal. Lily não poderia estar mais contente com isso, havia realizado sua última ronda do ano na noite anterior, ficando o mais longe possível de Alecto Carrow no processo.

A garota tinha o palpite que, ao menos, meia dúzia de alunos não voltaria para as aulas, visto que o Profeta Diário estava, — pelo que Lily entreouviu já que não lia esse tipo de coisa —, aterrorizando à todos cada vez mais.

A maior parte de suas amigas tinham ido passar o feriado com a família também, permanecendo no castelo somente Emmeline Vance como companhia, que por sua vez, queria passar mais tempo junto com namorado do sétimo ano, Benjy Fenwick.

Emmeline apareceu de súbito, arfante, na porta do quarto quando Lily vestia um casaco pesado.

está você, Lily! Esteve aqui todo esse tempo? Não importa, — tagarelou ela, no batente. — Vamos, coloquei a gente em uma equipe para a guerra de neve que vai rolar agora nos jardins. — Dizia, ostentando um sorriso brincalhão nos lábios.

— Guerra de neve?

Lily olhou de relance para a pilha de livros em cima do baú que ela mal conseguiu dar uma olhada ainda, e que precisavam urgentemente voltar a biblioteca antes que Mademe Pince a matasse dormindo. No topo de todos estava o livro Descomplicando Os Astros, e logo abaixo o livro da seção restrita, Pociones Muy Potentes, que seu professor gentilmente lhe dera o passe.

— É. E não aceito não como resposta. Aliás, se você arremessar uma bola direto na lufana que vi dando em cima de Benjy agora à pouco, lhe dou dois galeões. Mas tem que ser no rosto!

Foi um ótimo incentivo, afinal.

— Espere aí um segundo, vou só trocar de sapato...

(...)

No fim das contas, a guerra foi bem mais divertida do que Lily imaginaria, apesar de ter sentido algumas vezes o corpo doer com as bolas atiradas, sabendo que sua pele muito branca encarregaria de transformar isso em machucados arroxeados.

Depois de um almoço muito silencioso, (cerca de vinte alunos permaneceram no castelo), Lily despediu-se de Emmeline e foi para as masmorras, onde Slughorn a estaria esperando como nos últimos três anos, para lhe ensinar uma poção avançada como presente de Natal.

Assim, passou as horas seguintes usufruindo dos melhores materiais e equipamentos existentes na saleta de poções particular de Horácio Slughorn.

— Está ótimo, srta. Evans. Só mais — Ele olhou para seu relógio de bolso. — doze horas de cozimento lento e um dia de descanso e, pronto!, a poção ficará estabilizada e irá imediatamente para o estoque da enfermaria.

— Tudo bem, volto amanhã para ver como está o andamento... — ia dizendo Lily, recolocando o cachecol que estava no cabide ao lado da entrada.

— Ah, não, não! De modo algum, amanhã é Natal. Divirta-se. Eu mesmo farei os últimos processos, a senhorita já foi de muita ajuda hoje.

— Certo, obrigada, professor.

— Só mais uma coisa... Não quero ser indelicado, veja bem, mas, saberia alguma coisa a respeito do Sr. Snape? Visto que são amigos...

Lily estacou na porta com a mão na maçaneta. Virou-se devagar para Mestre de Poções.

— Uh, não, senhor. Não realmente. Estamos um tanto distantes esse ano. Aconteceu alguma coisa?

— Oh. Tudo bem então. Apenas... ora, ele tem estado um tanto desleixado em minhas aulas, se é que posso dizer algo assim de um aluno excepcional como ele, — disse Slughorn, pensativo. — mas Minerva... bom, não importa, deve ser uma fase, essa garotada tem dessas nessa idade — completou ele, rindo sozinho do próprio comentário.

Mordendo o lábio inferior e franzindo o cenho, Lily saiu da sala.

Não havia avançado nem dois metros pelo corredor quando ouviu vozes advindas de alguma sala ali por perto. Por estar tudo silencioso, foi fácil saber de onde vinha, mesmo que estivessem aos sussurros.

E foi com um sobressalto que Lily identificou-as. Eram Sererus Snape e Peter Pettigrew.

...não ter certeza... ele disse que funcionaria, mas...!

— ...pare de chorar feito uma criancinha... recomponha-se para... vejo que é eu quem tenho que fazer tudo mesmo. Não... escute bem aqui...

O desejo de Lily era grudar os ouvidos na porta, pois, mesmo se aproximando como quem não quer nada, não conseguia ouvir a maior parte do que conversavam.

E, infelizmente, ela não teria outra oportunidade, visto que começou a ouvir vozes ao longe no corredor. A garota não achava que topar com sonserinos retornando ao seu Salão Comunal enquanto ela ficava petrificada ali no meio do caminho era algo sensato a se fazer.

Obrigou os pés a se mexer para longe da sala vazia que uma das duplas mais improváveis estava discutindo...

(...)

Querida Lil,

Feliz Natal! Espero que esteja passando ótimos momentos com seus colegas, e claro, aprendendo muito, como a garota inteligente e encantadora que é! Estamos com muitas saudades e é realmente uma pena que a partir do quarto ano vocês não sejam mais autorizados a passar os feriados com a família, deve ser tão intenso para todos, como sempre comento com você.

Seu pai mandou lembranças, sabe como ele fica sensível nessas datas desde que seu avô nos deixou... Mas com Petúnia unindo nossa família com a de Vernon nas celebrações melhora um pouco — ao menos quando aquela irmã dele não está, e esse ano ela já avisou que não virá. Deus ouviu nossas preces.

Espero que goste do seu presente, meu amor. Nunca sabemos o que lhe dar, visto que tudo parece ser tão sem graça em comparação ao que tem aí nesse mundo!

Mande uma resposta logo,

Te amo,

Mamãe.

(...)

Lily e Emmeline sorriam, mas logo olhavam para trás, vendo Benjy fazendo uma careta.

Era uma foto mágica, que Lily recém revelara com a poção certa e que foi tirada antes da segunda guerra no pátio. Depositava agora a foto no álbum de fotografias que sua mãe lhe dera de presente.

Não parecia, mas era a última noite antes de todos os estudantes chegarem no dia seguinte, e com eles, todo o barulho consigo. Suspirando, Lily resolveu que era uma ótima oportunidade para ficar na sua Sala Comunal aproveitando o momento de paz.

Sentou-se em uma poltrona muito confortável perto da lareira, lendo uma das muitas revistinhas de Marlene, e quase sem perceber, começou a cochilar.

Acordou com uma certa algazarra, o que era estranho, pois tinha certeza que não deveria ter adormecido por muito tempo e a sala estava completamente vazia. Abrindo os olhos e se acostumando aos poucos com a claridade, Lily enxergou seus colegas de casa.

— Você baba quando dorme. — Foi o comentário de James Potter quando Lily sentou-se em um salto.

O queixo dela caiu.

— Vocês vieram em forma de assombração me atazanar? — perguntou, assustada. E resolveu, por via das dúvidas, limpar o rosto com as costas da mão.

— Nah, não foi dessa vez que você sonhou com a gente, Evans — ele replicou enquanto organizava as várias caixas que trazia consigo para o tapete da sala comunal. Remus também estava lá, e sorriu para a garota, que não conseguiu retribuir.

Ela levantou, ainda muito confusa, e foi checar o que eles estavam fazendo. As caixas, pelo menos uma dúzia, estavam abarrotadas de Uísque de Fogo.

Lily soltou um muxoxo.

— Essa quantidade de bebida é para embebedar a Inglaterra inteira ou só o vilarejo?

— Só a Grifinória, mais precisamente.

A garota revirou os olhos. Era sempre a mesma coisa, de alguma forma eles traziam clandestinamente bebidas para comemorar as vitórias no Quadribol, a Taça das Casas, os exames finais e o que mais estivesse disponível de desculpa para usar. A garota só esperava que todas essas garrafas fossem para todos esses eventos somados.

Certo. E vocês estão aqui um dia antes por que mesmo?

— Obviamente precisávamos trazer isso com a gente, e bem, quem sabe degustar, hum, ver se não tem nada de errado — atrapalhou-se Remus, soando culpado.

Normalmente, Lily ficaria furiosa com tudo isso. Mas essa tradição vinha antes mesmo dos marotos serem os encarregados da bagunça. Ademais, ela não estava completamente confortável em confrontar James Potter sobre qualquer coisa depois de saber que ele estava inteirado sobre a ligação de Lily com o namorado de Dorcas, Cristopher Wilkes. Ou que ela não se dignou a comentar coisa alguma com Amos Diggory sobre o assunto.

Sirius Black estava muito ocupado organizando os copos plásticos para caberem em um saco só, mas parou para olhá-la, que permanecia parada no mesmo lugar ao lado deles.

— Vejo que temos mais uma boca para alimentar hoje. Não fique tímida, Evans, a gente divide um pouco com você, contanto que seja agradável, claro...

Lily Evans tinha uma resposta desdenhosa na ponta da língua.

— Até parece que eu vou-

— Ei, Lily- Garotos! Uau, o que são tudo isso? — Emmeline acabara de passar pelo buraco do retrato, com Benjy em seu encalço.

— Emme, Benjy, bem na hora! Vamos abrir uma garrafinha aqui pra já, — Sirius respondeu de pronto. Arrastaram uma mesa e colocaram pelo menos quatro uísques e espalharam os copos ao redor. Remus foi às cozinhas e logo estava de volta com alguns salgadinhos.

Lily enxotou ao menos cinco alunos do quarto ano de volta aos dormitórios, que insistiam em ficar por perto, cobiçando as bebidas.

A garota não era acostumada a beber. Pessoas bêbadas faziam coisas estúpidas e sem sentido. E ser colocada em uma posição vulnerável não era uma opção. Mas Emmeline parecia conseguir tudo o que queria com ela, e com a promessa de apenas ir à biblioteca devolver os livros em um pulo, ela se permitiria aproveitar um raro momento de lazer por alguns minutinhos.

Quando retornou, Remus alcançou um copo. Ela tomou um gole generoso, engasgando. James foi prestativo, distribuindo tapinhas nas costas da garota bem na hora que passou para sentar no sofá.

É ruim. — Ofegou  ela entre os engasgos. — Parece xixi de gnomo-de-jardim.

— Acho que você já está bêbada, Lily — riu Remus.

— Não, ela até é engraçada quando quer, Lupin — defendeu Emmeline, sorrindo.

— Claro que é ruim! Esperava que fosse uma ida à Dedos de Mel? — intrometeu-se James. — Não é, mas quando vê, você nem sente mais o gosto. Aí...

— Aí eu consigo beber sem fazer cara feia?

— Bom, eu ia dizer que é aí que a coisa fica interessante.

Com Emme sentada no colo do namorado em uma poltrona, Sirius no pouco espaço do chão ao lado da mesinha e Remus e James no sofá, o que restava era Lily sentar no meio dos dois se ainda quisesse levar adiante o seu plano de socialização.

Ao mesmo tempo estranho, era também interessante estar perto daqueles garotos e ouvir as besteiras que diziam sem medo de rir, podendo culpar o álcool.

— Na verdade foi bem simples, — ia explicando Sirius. — Como Mulciber dá dois de mim, eu não sou louco a ponto de sair no soco com ele. Mas aceitei, obviamente. O imbecil me ameaçou na frente de toda a turma de voo, né? O que mais eu poderia fazer?

— Reportar a um professor?

— Errado, Evans. Fazer ele achar que estava me batendo. Encurralamos Avery, James fez um servicinho meia boca de transfiguração...

— ...ei, era nosso primeiro ano! Bastava imitar o tamanho do cabelo que já enganava bem, vai.

— ...E o carregamos para a Torre de Astronomia, acordando-o com um confundus na hora que o seu amiguinho chegou já estralando os dedos!

— Genial! — Admirou-se Benjy.

— Sempre me perguntei o que diabos tinha acontecido com ele pra ter ficado naquele estado...  — Dizia Lily, balançando a cabeça descrente, e terminando seu segundo copo.

— Mas como vocês conseguiram encontrar Avery sozinho por aí? — perguntou Emme.

Os meninos se entreolharam, e foi Remus que respondeu:

— Temos nossos meios.

Continuaram contando outras façanhas, eram o que gostavam afinal, uma boa plateia para ouvir. Às vezes, Lily via James ou Sirius segurar um pedaço de papel em branco, que também brilhava quando um deles encostava a varinha, indicando alguma coisa aos cochichos ao seu lado direito, como se ela não percebesse — e talvez estivessem certos, ela estava quase vendo estrelas a essa altura.

— Falando nisso, cá entre nós, acho por bem vocês não passarem no corredor norte amanhã... Talvez aja uma surpresinha desagradável. Assim que todo mundo chegar-

— Eu... não... queria... que todo mundo... voltasse... já! — Interrompeu de súbito Lily, entre soluços, fazendo beicinho.

A primeira reação de todos foi arregalar os olhos pelo estado da garota.

Depois de enxugar as lágrimas que saiam sem sua permissão, notou tardiamente que Peter havia se reunido ao grupo agora, e Lily lembrou por um instante do que aconteceu hoje mais cedo. Pronta para formular uma pergunta ao garoto, distraiu-se com James desenroscando mais uma garrafa. Parecia que seu cérebro virou geleia.

Em algum momento Sirius começou a pressioná-la, sendo a mais alterada, a revelar se Marlene gostava dele ou não, praticamente avançando para ela, pelo lado de Remus. E Emmeline pedia incisivamente para parar, ao passo que James gargalhava.

Mesmo quando Sirius desistiu, ela não recuou para seu lado do sofá, continuando a esmagar James sem perceber. E ele não ria mais.

— Evans, vai mais para o lado aí... — pediu baixinho ele, para ninguém mais ouvir.

Ela parecia muito alheia para notar.

— Por que? — Arregalou os olhos. — Eu estou fedendo, não estou? Não estou? Ai meu deus... Eu sabia!

— Não! Não está. — Lily não pareceu acreditar, e ele suspirou. — Está cheirando a morango como sempre, ok?

— Verdade? — Virou todo o corpo, agora realmente em cima dele, encarando-o fixamente enquanto soltava um soluço.

James pigarreou antes de responder.

— Positivo.

O garoto tirou a bebida das mãos dela lentamente, torcendo para a garota não perceber, lhe lançando olhares estranhos de canto. E Lily acabou se acalmando, ficando sonolenta demais para acompanhar as conversas ao redor. Acabou dormindo no ombro dele, que permaneceu estático o tempo todo até Emmeline a levar para o quarto sob protestos grogues da mesma.


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Notas finais do capítulo

"Você baba quando dorme" referência à Percy Jackson ♥ hihi
Espero que gosteeeee!! Beijo.



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