Feitiço do Tempo escrita por Isa G


Capítulo 2
Capítulo Dois — Você Se Acha Brilhante


Notas iniciais do capítulo



meu MUITO obrigada pelo voto de confiança logo no início!



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semanas depois — novembro

— Vou começar a vigiar meu suco de abóbora – resmungou Marlene, enquanto amassava um pergaminho e o jogava para um canto da mesa, onde já havia uma pilha. Com o olhar questionador da amiga, completou: — Me arrastar para a biblioteca em um sábado à tarde, Lily! Isso é cruel. Você deve ter me envenenado... não me sinto no meu completo juízo.

A garota ruiva bufou.

— Isso indica que você está no seu normal então, Lene. Olhe, já terminamos Feitiços, Poções e podemos repassar Transfiguração agora. Não seria magnífico você conseguir chegar perto das minhas notas? – Lily olhou para seu relógio de pulso. — Talvez dê para passear ao redor do lago antes do entardecer como prêmio!

— Que empolgante.

Lily ensaiou uma risadinha e voltou aos livros. A verdade é que ela adorava ter as coisas sob controle, e levar as pessoas ao redor para o seu mundo particular era viciante. Alguns poderiam dizer que ela era do tipo mandona. Outros, a achavam simplesmente intragável. Havia, também, meia dúzia que a idolatrava. Esses últimos ela tinha um especial cuidado para abastecer com expectativas quase inalcançáveis.

Por isso, Lily Evans não aceitava mais realizar monitorias particulares a pedido dos professores desde o terceiro ano. Preferia que os alunos suplicassem por migalhas.

Nos últimos tempos ela teve que refrear um pouco, no entanto. Depois da decepção que fora Severus Snape, essas garotas a aceitaram e ela não poderia admitir ficar sozinha novamente.

Mary e Emmeline se juntaram as duas agora na mesa de estudos e trabalharam em silêncio. Elas eram boas de se lidar. Já Marlene, era avoada demais para entender se estava sendo conduzida ou não – desde que não tirassem os jogos e sua obsessão por artigos colecionáveis, ela estaria no lugar certo para Lily.

— Bem, ao menos não vou me atrapalhar com isso, os treinos de Quadribol vão me ocupar nas próximas semanas – refletiu ela, agora enrolando os pergaminhos e guardando os livros.

— Sabia que você se renderia.

— Por Morgana, não dê corda...! – exclamou Mary dramaticamente ao seu lado.

Com um sorriso satisfeito no rosto, Lily agora liderava o pequeno grupo para os jardins, feliz em desfrutar um dos poucos dias amenos nos últimos tempos.

Sentaram-se ao pé de uma grande árvore. Lily recostou-se no tronco e abriu um livro de bolso de poesias. Mary e Emmeline estavam jogando snap explosivo e Marlene narrava o jogo, dando sempre um pitaco ou outro, incomodando-a na leitura.

— ...explodir isso na minha orelha!

— ...regra nenhuma do jogo diz que...

— ...pouco importa, essa carta estava fora do baralho...!

E seguiu-se assim até ela engrenar de vez e desligar-se.

— Ãh, Lily?

Não sabia quanto tempo tinha passado, mas ouviu o sussurro à sua direita.

— O que foi, Mary? – Ela tirou os olhos do livro e percebeu que suas amigas já não jogavam, cada uma espalhada entre as raízes gigantes que rasgavam o gramado.

Mary indicou levemente com a cabeça algo mais à frente.

Lá, em um banco gasto e com os mesmos olhos melancólicos de sempre e as largas vestes negras, seu amigo de infância a olhava em total desgosto, na companhia de Avery.

— Sabe, às vezes ele me dá arrepios – comentou Emmeline, também observando.

— Ah, olha bem pra ele, é só um completo de um panaca – Marlene adiantou-se.

— Falando em panacas... – disse Lily, bufando enquanto olhava um pouco mais adiante um grupo de quatro garotos rumarem para onde ela e suas colegas estavam.

Em meio ao estardalhaço que faziam, lançando feitiços uns nos outros, trocando cor do cabelo, tamanho do nariz, encurtando vestes e acrescentando verrugas na cara (esse último, obras de Potter e Lupin em Pettigrew), eles as cumprimentaram enérgicos como sempre, James Potter o mais próximo delas.

— Tudo certo, Evans? – disse ele, lançando aquele sorriso debochado característico quando a pegou observando com cara azeda.

Ele e Lily tinham um relacionamento nada convencional e muito discutido nos corredores do castelo. Não chegam a ser inimigos declarados, mas, bastava uma resposta envesada de um para arruinar o dia do outro.

Geralmente ela não tinha tempo para esse teatrinho infantil. Ele só queria pessoas como escada para piadas de mau gosto. E não importava quantos apelidos já lhe foram dados por ele, o quanto ele a caçoou nos intervalos das aulas ou todas as vezes que hipnotizava as pessoas ao redor gabando-se sobre qualquer aventura medíocre que ele e seus amigos tenham feito e assim, tirado o brilho dela. O foco da garota era sua vida acadêmica e o seu grandioso futuro. Ninguém lembraria que Lily Evans fora nascida trouxa e que tivera que se esforçar mais que todo mundo para ganhar respeito na comunidade bruxa quando esta estivesse em um cargo importante.

James Potter agora estampava no rosto grossas sobrancelhas verde-musgo (obra agora de Sirius Black) e, entre revidar o amigo com uma barba branca de Papai Noel, ele conjurou um pequeno lírio e o fez aterrissar ao lado de Lily na grama enquanto passavam.

Por uma insistência exagerada de Marlene, Lily a pegou à contragosto na mão, cerrando os olhos entre o pequeno objeto e seu criador, que se distanciava. Arrependeu-se no mesmo instante. A flor cuspiu uma grande quantidade de água em sua calça jeans de lavagem clara, que Emmeline a fez colocar hoje pela manhã ao invés das saias aos joelhos ou das calças escuras, ambas do uniforme.

Céus, ele é tão infantil! – murmurou e com aceno de varinha secou suas vestes. Atirou-a no lago com raiva e observou o garoto sentar embaixo de uma árvore também, tranquilo em uma conversa com Remus Lupin.

— Ah, Lil! Eu achei engraçadinho...

A ruiva bufou, mas internamente sentia-se aliviada. Poderia ser pior. Eles melhoraram muito com ela desde que começara a andar com suas colegas de dormitório. E ela também perdeu um pouco a mão nos xingamentos.

Resolveu olhar para a direção oposta, que antes encontrava-se Severus. Agora, o banco era ocupado por um casal apaixonado da Corvinal.

(...)

— Onde se meteram? Revirei o castelo todo procurando por vocês – reclamou Alice na hora do jantar.

Passava das sete, o que indicava que Lily já estava devidamente alimentada e pronta para voltar à Torre. Mesmo aos finais de semana ela não se dava ao luxo de furar sua agenda.

— Você nunca acreditaria, mas passamos o dia na biblioteca! – confidenciou Mary.

— Na... biblioteca? Mas eu passei por lá também para deixar uns livros – disse lentamente Alice, confusa e de pé em frente às amigas.

— Ficamos um tanto escondidas, a Lily tem um lugar especial para estudar – explicou Marlene, entre garfadas gigantes no bolo de carne. — E conseguimos fazer tudo! Até aquele trabalho tedioso sobre a história de vida do velhote manco, sabe? A Lily leva jeito, nos coloca na linha direitinho.

— Ah, sim. Muito generoso da sua parte – replicou Alice, com um sorriso afetado na direção dela e pigarreou. — De qualquer forma, tenho boas novas! Enquanto vocês estavam desaparecidas, talvez eu tenha descolado um lugar para as próximas férias de verão... Recebi a coruja no dormitório nesta tarde!

E ela tirou do bolso das vestes um pergaminho amassado, sacudindo de forma frenética e as garotas já estavam aos gritinhos. Aparentemente Alice andava trocando cartas com um garoto de outra escola de bruxaria, pelo que Lily entreouviu certo dia.

— E o que ‘tá esperando? Desembucha, Lice!

— Por Merlin, fala logo!

Alice deu uma boa olhada em Lily quando disse:

— Detalhes mais tarde.

— Deixe de grosseria, ela está andando com a gente agora – retorquiu Emmeline, impaciente.

Lily levantou-se.

— Não, tudo bem. Foi bom ter falado sobre isso, tenho que passar no Corujal em todo caso. Boa noite – dispensou rápido e prometeu para si mesma não sair do salto com Alice Fawcett. Ela não valia uma azaração e contanto que as outras garotas saíssem em sua defesa, a ruiva não tinha com o que se preocupar.

Estava movendo-se na direção contrária aos alunos agora, que chegavam ao Salão ou rumavam para suas respectivas Salas Comunais.

O longo corredor até a saída estava com um ar um pouco sombrio. O vento fazia barulhos estranhos aos seus ouvidos e as tochas desenhavam sombras que pregavam peças na mente da garota. O que era totalmente ridículo, ela estava mais do que acostumada em perambular por essas passagens à noite. O toque de recolher aconteceria dali uma hora e meia somente.

Notou, também, que os poucos quadros que passara encontravam-se sem seus donos. Aumentou o passo, que ecoava por todo o ambiente, com calafrios na espinha.

Do lado de fora, no céu sem estrelas, a ventania lambeu seu rosto com certa violência, e ela inspirou profundamente buscando calma.

Pegou sem cerimônias Poppy, sua coruja mesclada, e amarrou um pequeno bilhete com letra apressada.

Quarta-feira. L.

De volta ao castelo, durante toda à ida ao dormitório, a sensação de estar sendo observada a seguiu.


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Notas finais do capítulo

espero que goste! ♥ *risos nervosos*



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