Los Angeles, Consultório da Dra. Vega, Quinta-feira, às 13h:35min...

P.O.V Da Tori

— O senhor e a senhora Benson já estão na sala de espera, doutora. - Bonnie, a minha assistente, me informou.

O casal foi indicado por minha colega de trabalho, Carly Shay.

— Mande os entrar, por favor, Bonnie. - Me acomodei na minha cadeira acolchoada, era tão confortável.

Não demorou muito para minha assistente aparecer com o tal casal na minha sala. Eu não os conhecia, eles eram amigos de Carly, e fora do trabalho, a gente mal se via, então eu não conhecia seus amigos.

— Boa tarde, sejam bem-vindos ao meu consultório, sou Victoria Vega, a terapeuta que estará ajudando vocês a partir de hoje! - Levantei para cumprimentá-los.

A mulher fez careta e o homem sorriu, me cumprimentando com um aperto de mão formal.

Era um belo e jovem casal.

— Boa tarde. - Ela disse murmurando, percebi que estava mal-humorada.

— Podem sentar e ficar à vontade, não precisam se acanhar. Estou aqui para ajudar vocês. - Indiquei o sofá de dois lugares para os meus novos pacientes.

Coloquei meus óculos de leitura e peguei meu tablet na bolsa. Eles sentaram um longe do outro e eu estranhei, a mulher era loira e tinha olhos claros, seu marido era moreno e tinha olhos castanhos.

Ofereci café e ambos recusaram.

Já fazia 5 anos que eu era terapeuta de casais.

— Cada sessão durará 1 hora. Acho que vocês já sabem, já devem ter se informado quando...

— Dá para começarmos logo com isto? Eu não tenho a tarde toda, tenho mais o que fazer. - Reclamou a minha nova paciente.

— Sam, não seja tão arrogante. - Seu marido a repreendeu. - Me desculpe por minha esposa, doutora. - Ele me olhou todo sem graça.

— Sem problemas. - Mantive meu tom profissional. - Vamos lá. - Peguei a ficha deles. - Samantha Joy Puckett Benson e Freddward Karl Benson, nascidos em Seattle, ambos têm 25 anos, os dois com empregos fixos e sem filhos. - Resumi a leitura. - Pois bem, certo... Quem teve a ideia de procurar ajuda de um especialista? - Deixei a ficha de lado e os encarei, tranquila.

— A ideia foi da nossa amiga, a senhora com certeza a conhece. Mas esse paspalho concordou. - Cruzou os braços, contrariada.

O Sr. Benson revirou os olhos.

— Ele a pressionou para vir aqui? Se sente obrigada estando aqui, Sra. Benson? - Perguntei.

— Não! Claro que não! Ninguém me obriga à nada! Só estou aqui para que depois eu esfregue na cara dele que tudo isso não passa de uma baboseira! - Pelo olhar e por sua postura percebi o quanto ela era esquentadinha.

— Está vendo, doutora, ela é sempre assim! Sempre quer esfregar as coisas na minha cara, alegando que nada do que faço está certo, só ela tem razão. - Ele bufou, frustrado.

Pelo visto, eles estavam mesmo precisando de ajuda. Eu com certeza teria muito trabalho pela frente.

— Mantenham a calma, é natural que estejam se sentindo assim, alterados um com outro. Mas vamos começar a cuidar disso, está bem? Estou aqui para ouví-los e ajudar o máximo possível. - Sorri, solidária. - Me falem de seus empregos. - Pedi.

Eu queria saber se o estresse vinha dos cargos que ambos exerciam.

— Sou Analista de Sistema. - Sr. Benson respondeu, humilde.

— Sou Chef de cozinha. Tenho um restaurante. - Sua esposa sorriu orgulhosa.

— Certo, ambos têm ótimos empregos. É bom para manter um casamento estável quando se trata de finanças, são independentes e isso realmente é muito bom para um relacionamento. - Meus outros pacientes sempre tinham queixas, reclamavam dos cônjugues sem trabalho. - Agora vamos ao que realmente interessa, para começarmos trabalhar em cima dos problemas que os afligem. Se não estão passando por nenhuma dificuldade financeira, quais são as queixas que vocês têm um do outro? - Indaguei, preparando o tablet para as anotações.

Segundo a ficha, eles tinham 5 anos de casados.

— Ele me tira do sério, doutora. Esse homem só têm me irritado ultimamente! - Ela respondeu primeiro.

— Ela só vive estressada e reclama de tudo! Não aguento mais isto, doutora! - O homem falou.

Ambos se entreolharam, ela estava vermelha. Ele também estava um pouco alterado.

É, estavam precisando de terapia urgente.

[...]

Los Angeles, Consultório da Dra. Shay, Sexta-feira, às 14h:40min...

P.O.V Da Carly

Semana passada um novo casal veio procurar ajuda. Fui indicada por outro casal, ex-pacientes meus. Acertamos tudo e marcamos a primeira consulta, eu só não imaginava que eles chegariam atrasados.

— Doutora Shay, eles chegaram. - Meu assistente me avisou.

— Mande os entrar, Miller. - Pedi.

Logo o meu consultório foi invadido por minha nova paciente, furiosa. Seu marido entrou logo trás, calado.

— Boa tarde, sejam...

— Desculpe o atraso, doutora! A culpa é toda dele! - A morena de olhos claros me interrompeu.

— Foi mal, eu já pedi desculpas. Acabei me esquecendo. - Sorriu amarelo.

— Como sempre, você nunca lembra de nada! Que saco! - Ela reclamou.

— Sentem-se, por favor. - Indiquei o sofá marrom de dois lugares.

Eles sentaram. Era um casal jovem e ambos de boa aparência.

— Sai pra lá, não me toque! - A mulher empurrou o marido.

Aquilo tudo era por causa do atraso?

— Uhum, uhum. - Limpei a garganta. - Será que podemos começar? - Chamei a atenção deles.

Eles já tinham chegado 20 minutos atrasados e aquilo não era na bom.

— Doutora, perdão, mas eu posso explicar o atraso, depois que ela me lembrou da consulta, eu tive que...

— Cale a boca, não a atrapalhe. Podemos sim, doutora. - Sua esposa olhou para mim, forçando um sorriso.

— Hum, certo... - Peguei a ficha deles e fiz uma breve leitura. - Há quanto tempo estão casados? - Eles não haviam anotado na ficha.

Quando ofereci algo, só ela aceitou o cafezinho.

— 4 anos. - O homem respondeu, ele era moreno e tinha olhos escuros.

— 5 anos, doutora. - Ela o corrigiu. - Que 4 anos, Oliver? - Se indignou. - Está vendo, doutora? Ele nem sabe há quanto tempo estamos casados! - Esbravejou.

Se aquilo era normal? Sim, as queixas entre os casais eram frequentes sobre o assunto...

— Desculpe, baby. Não sou bom com datas. - Sr. Oliver passou a mão na nuca.

Ela bufou e se virou, emburrada.

— 5 anos de casamento. Empregos fixos. Sem filhos. Certo, os dois vieram procurar ajuda e espero mesmo poder ajudá-los. Por favor, preciso que me digam o que de fato está acontecendo. Só assim poderemos cuidar disso. - Expliquei.

— Ultimamente ele têm sido egoísta, me deixa sozinha em casa e sai com os amigos. E quando viaja à trabalho, nem me avisa. - Sra. Oliver disparou as primeiras queixas.

Olhei para ele intrigada, o homem parecia tranquilo.

— Ela não gosta de sair e como trabalha, nem tem tempo de ir comigo nas viagens. Eu esqueço de avisar antes e acabo só me lembrando depois. - Explicou.

— Como marido, é a sua obrigação mantê-la sempre informada. - Dei o primeiro puxão de olheira.

Sua esposa sorriu satisfeita.

— Quais as suas queixas sobre ela? - O encarei.

— Minha mulher deixou de fazer sexo comigo. Já vai fazer 3 meses que ela não me deixa tocá-la. - Contou, frustrado.

Aquilo com certeza era um problema a ser resolvido.

— Albert Ray Oliver! - Exclamou saltando do sofá e apontou o dedo para ele. - Como ousa expôr a nossa intimidade? Eu vou...

— Por favor, mantenha a calma, Sra. Oliver! Sente-se. - Pedi. Ela obedeceu, contrariada. - Agora sou a terapeuta de vocês, estou aqui para ajudar. Fique à vontade para se explicar ou desabafar, estou ouvindo. - Direcionei minha atenção a ela.

— Sabe doutora, o sexo acabou caindo na rotina. Ficou bastante monótono e sem graça. E a culpa é dele. - Contou.

Foi a vez dele de se indignar.

— Como assim monótono e sem graça? Por quê nunca me falou isso? Não acredito, Jade! E a culpa é toda minha? - Seu pomo de Adão subia e descia, ele estava com o ego ferido.

— Eu teria te falado, mas você nem me ouve. Só quer saber de sair com os amigos como se ainda fosse solteiro! - O acusou.

Massageei as têmporas, eu teria um longo trabalho pela frente.