New romantics. escrita por Jones
Na última aula antes do Natal, Louis se sentia extremamente cansado. Se tivesse anfetaminas disponíveis talvez considerasse tomá-las, mesmo sendo contra as regras e mesmo com um de seus primos sendo altamente viciado nas pílulas.
Ele sabia exatamente porque estava fazendo Herbologia, o que não sabia, porém, era o porquê de ter aceitado ser monitor da matéria que mais odiava, uma vez que já se voluntariava na enfermaria da escola e ainda participava de um clube de duelos.
Haviam passado apenas alguns meses de setembro até ali, mas não tinha certeza se aguentaria até o fim do ano escolar. Quando alguém fez uma pergunta quase no fim da aula, Louis só quis girar os olhos em uma volta de 360° graus. O horário estava quaseno fim, por que alguém iria querer prolongar o sofrimento?
— Lewis não vai responder essa? - Ethan perguntou de maneira debochada. - Ele sempre responde tudo como se fosse o professor.
Aquele não era um bom dia. Louis estava cansado, só queria deitar e acordar magicamente em sua cama confortável no cottage de sua família, aonde poderia ignorar Dominique, como já fazia diariamente, e abraçar Victoire, além de comer um croissant com sua mãe e ouvir seu pai falar sobre seus bons tempos em Hogwarts.
— Eu não tenho culpa se você é tão estúpido que não consegue nem acompanhar a aula e muito menos responder a perguntas simples. - Louis respondeu em bom som, cheio de ira, porém soando perigosamente calmo. – E, como você sabe, é Louis, não sei se você consegue fazer fonemas ou se qualquer nome que não seja simples e mundano como "Ethan" seja complicado demais para você.
Ethan não estava acostumado com respostas de Louis acerca de suas provocações, ainda mais uma de suas menos elaboradas como chamá-lo de Lewis (algo que fazia há anos). Por um momento sentiu-se preocupado e se perguntou se ele estava bem, mas contentou-se em lançar seu sorriso mais debochado.
— O que foi, Louis? - Resolveu tomar seu tempo pronunciando o nome com um sotaque francês perfeito. - Acordou do lado errado da cama?
— Houve uma época que para entrar na Corvinal a pessoa tinha que ser minimamente inteligente. - Louis provocou.
— Já chega. - Madame Keyes disse em sua voz suave, porém firme. - Os dois vão ficar após o horário para arrumar a estufa e replantar tudo o que está na lista ainda hoje.
Louis se segurou para não bufar. Era tudo o que não precisava. A medida que os alunos se dispersavam, sua raiva só crescia. Se sentia desconfortável com os olhos de Ethan sobre si enquanto empilhava os vasos de planta vazios e recolhia os pequenos rastelos.
— Qual o seu problema? - Louis perguntou a Ethan, fitando-o nos olhos azuis índigo.
— Qual o seu? - E ele queria saber de verdade, por isso cruzou os braços.
— Você nunca me deixa em paz. - Louis se aproximou dele com o dedo indicador em riste. - Há anos e eu nunca te fiz nada. Absolutamente nada.
— Você já parou para pensar que de repente eu só não goste de você? - Ethan se aproximou até que o dedo de Louis encostasse em seu tórax.
— Eu não dou a mínima se você gosta de mim ou não. - Weasley o empurrou, tentando escapar da proximidade desconcertante.
— Me parece exatamente o contrário, Weasley. - Ethan murmurou o empurrando de volta. - Acho que você é um metido a sabe tudo que quer ser adorado por todo mundo.
— O que você sabe da minha vida? - Louis o empurrou novamente até o encurralar na parede de vidro encardido da estufa.
— Tudo. Ou você não se lembra que éramos amigos até o terceiro ano? - Ethan murmurou tão próximo ao rosto dele que pareciam estar respirando o mesmo ar.
— Ah, eu me lembro. - A voz de Louis saiu mais magoada que ele gostaria. - Quem parece não se lembrar é você.
— Ah é? - Ethan falou, respirando pela boca, sentindo seus dedos trêmulos e o olhar de Louis sobre sua boca.
Louis não teve nem tempo de respirar fundo ou fechar os olhos antes de sentir os lábios de Ethan sobre os seus. A tensão entre os dois não se esvaiu, apenas se intensificou ao passo que Louis tentava explorar todos os cantos da boca de Ethan com a língua e o puxava para mais perto com a mão em seu pescoço.
Louis nunca se sentira tão dominado por sua libido até aquele momento: com os dedos ansiosos abriu a camisa de Ethan enquanto Ethan desabotoava os botões de suas calças. A noite fria de dezembro não os incomodava ali naquela estufa quente enquanto eles se emaranhavam nus sobre a comprida mesa suja de terra e folhas mortas das plantas que eles tinham acabado de replantar.
Com a varinha, Ethan, num leve momento de lucidez, lembrou-se de trancar a estufa - sendo brindado com um sorriso lascivo de Louis. O Weasley não sabia como tinham chegado até aquele momento, mas sabia que deixaria as perguntas depois. Assim que o êxtase daquela tensão sexual, o clímax de todo um desejo reprimido o exaurisse por completo.
—
Olhando para o céu estrelado através dos vidros pardos da estufa, Louis evitou o olhar ardente de Ethan após toda aquela demonstração de luxúria adolescente. Não tinha ideia do que dizer e não sabia se deveria dizer algo. Então esperou, deitado nu sobre a mesa, com Ethan igualmente nu ao seu lado.
— Eu não sei o que dizer. - Foi Ethan quem começou.
— Eu estava pensando a mesma coisa. - Louis ainda evitava o olhar dele. - Eu não sabia se eu deveria dizer alguma coisa.
— Porque eu passo todos os dias implicando com você e essa não é bem uma explicação fácil de ser dada? - Louis pode ver de soslaio um sorriso diferente do normalmente arrogante de Ethan. Era como se ele estivesse tímido. - Eu não tenho muito o que dizer em minha defesa, essa é a verdade.
— Talvez fique mais fácil se você me descrever porque deixamos de ser amigos. - Louis continuou mirando o céu.
— Eu sei que eu pareço muito confiante. - Ethan se virou pra ele, apoiando-se em seu cotovelo.
— Certamente está me parecendo agora. - Louis também sorriu, desviando o olhar do céu estrelado por um momento. A visão de Ethan era ainda mais bonita.
— Mas... - Ele sorriu girando os olhos. - Nem sempre foi assim. Quando nós tínhamos quase quatorze anos eu comecei me sentir... Confuso.
Louis permaneceu em silêncio, observando-o atentamente.
— Eu comecei a pensar em você de outras maneiras. - Ethan confessou de olhos fechados. - E eu não sabia o que fazer com aquilo, então...
— Então você agiu como você podia. - Louis soou mais compreensivo do que Ethan achou que ele seria. - Eu acho que eu entendo.
Ethan tomou coragem de abrir os olhos novamente e o encarar no fundo dos olhos cor de ciano.
— Então você fez valer as regras da pré-escola e implicou com quem você gostava? - Louis não pode evitar a risada.
— Você está debochando de mim, Weasley? - Ethan sorriu torto, de canto.
— É difícil quando você sorri assim para mim, Morrison. - Louis confessou, mordendo a ponta da língua.
Mais uma vez os olhos índigos mergulharam no ciano e eles se beijaram novamente.
Quando se despediram aquela noite, o fizeram com olhares cheios de promessas e coisas que ainda precisavam ser ditas. Louis queria virar a noite e colocar não só as conversas em dia, como todos os sentimentos e as demonstrações de afeto que poderiam ter existido nos últimos anos e Ethan queria apenas beijá-lo, mil e uma vezes por todos os últimos anos que tinham sido idiotas. Mas teriam quase duas semanas de férias de natal e Ethan se perguntava se Louis ainda sentiria a mesma vontade de vê-lo após todo esse tempo.
No famoso corredor do sétimo andar, Roxanne e John se aconchegavam abraçados um no outro. Era ele quem tinha a cabeça encaixada no pescoço dela enquanto ela corria os dedos pelas pernas dele.
— Você tem certeza que vai ficar bem aqui, no natal, sozinho? - Roxanne perguntou pelo que parecia ser a milésima vez.
— Rox, eu sempre passo o natal aqui. - John encolheu os ombros e sorriu. - Agora pelo menos eu tenho uma namorada para receber minhas cartas.
— Eu sempre recebi suas cartas. - Roxanne girou os olhos.
— Mas agora eu posso mandar coisas diferentes nelas. - Ele sorriu travesso. - Como o quanto eu sinto saudades de você, do seu sorriso lindo e de me esconder pelos cantos para te agarrar quando ninguém está vendo.
— Então tem certeza que não quer que eu fique aqui, com você? - Roxanne se ofereceu novamente rindo. - Podemos nos esconder por cantos diferentes...
— Por mais tentador que isso seja... - John sorriu beijando o ombro dela. - Não posso te manter separada do clã Weasley.
— Eles já me tiveram por 17 anos. - Ela murmurou fazendo careta. - Conseguem viver um feriado sem mim.
— E eu vou te ter por vários anos se você deixar. - Ele a abraçou ainda mais. - Posso me contentar com sentir saudades por umas semaninhas e te ter o restante do ano.
— Eu sei que... - Roxanne murmurou baixinho, mordendo o lábio inferior. - Que a gente está juntos há apenas um mês, mas se você quiser, você pode passar o natal com a gente.
— Acho que ainda não, Roxie. - Ele disse com carinho. - Não que eu não queira passar todo o tempo do mundo com você, mas você tem direito de se divertir com seus primos e restante da família. Eu vou ficar bem.
— Ah, John. - Ela pegou o rosto dele e o beijou. - Eu sei que nunca disse isso antes, mas... eu amo tanto você.
— Também te amo, muito. - Seu rosto se abriu num enorme sorriso. - Feliz Natal.
— Feliz Natal, lindeza.
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