New romantics. escrita por Jones


Capítulo 4
Our Different Scarlet Letters.




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Rose o observava enquanto mastigava vagarosamente um pedaço de pão. Ele estava sorridente, com o braço nos ombros de Scarlet enquanto Al contava alguma coisa que parecia ser engraçada, já que Scarlet ria como se não houvesse amanhã.

Tentou controlar a vontade de girar os olhos: Malfoy fazia falta, era muito bom de beijo e nas outras atividades que exercitava, mas não conseguia se imaginar naquele contexto meloso de mãos dadas e risadas em grupo.

Provavelmente porque nunca se permitira tentar estar nesse lado da fantasia. Tinha visto os efeitos das desilusões amorosas de perto quando os pais se separaram no ano anterior a sua ida para Hogwarts. Eventualmente eles voltaram a tentar resolver seus problemas e no ano seguinte estavam juntos novamente, porém, toda a saga até ali fora exaustiva; envolvera meses de choro escondido de seus pais, cerca de dez mil sorrisos falsos e um transporte sem fim de Rose e Hugo da casa de um para a casa de outro.

A angústia do futuro incerto quando os pais finalmente voltaram a ficar juntos a assombrava. Toda  vez que eles discutiam o mínimo que fosse, Rose já estava pronta para fechar a mala novamente, mesmo que eles não tenham voltado a se separar. Era óbvio que os pais se amavam muito, mas quanto mais se ama uma pessoa, Rose pressupôs, maior era a queda.

— Você está comendo esse pão há oitenta e quatro anos. - Roxanne a tirou de seus pensamentos. - Por que você não fala com ele?

— Ele quem? - Rose tirou os olhos de Malfoy pela primeira vez naquela manhã. Era a segunda semana que tomava café da manhã o encarando.

— A gente vai fazer esse jogo que você finge que não sabe do que eu estou falando e eu finjo que não me importo? – Roxanne perguntou, antes de devorar um muffin.

— Seu boy está vindo. - Rose a ignorou e finalmente terminou de comer o pão.

— John não é "meu boy". - Rox protestou, baixinho enquanto John Ingram andava em sua direção. - Ele é um bom amigo.

— Um amigo que quer entrar nas suas vestes... - Rose cantarolou. - Oi, John.

— Ah, oi Rose. - John sorriu timidamente, colocando as mãos nos bolsos, como se só tivesse notado a presença da ruiva naquele momento. - Hmm, Rox, queria saber se você poderia me ajudar com Adivinhação mais tarde.

— Hoje eu tenho o quinto horário livre, pode ser? - Rox colocou uma de suas tranças compridas que pendia em seu rosto atrás da orelha.

— Qualquer horário que você puder. - John sorriu um pouco mais abertamente.

— Sabe, eu não entendo porque você pegou essa matéria. - Roxanne imitou o sorriso de Ingram. - Você odeia tudo o que tem a ver com "crendices", como você costuma dizer.

— De repente eu estava esperando alguma previsão diferente do futuro. - Seu rosto adquiriu um tom levemente rosado em contraste com seus belos olhos verdes e pele branca, enquanto ele   coçava o cabelo castanho claro. Então ele mudou sua voz para uma imitação terrível da professora idosa Trewlaney: - Sabe, John Ingram, acabei de ver aqui na minha bola de cristal, mesmo tendo feito apenas duas previsões decentes na vida, que você não vai morrer sozinho.

— Isso foi mórbido demais até para você, John! - Roxanne exclamou com a voz um pouco mais aguda que o normal, mas sorria.

— Bem, te vejo mais tarde. - Ele encolheu os ombros e voltou feliz da vida para sua mesa na companhia dos colegas de Lufa-Lufa enquanto Roxanne o acompanhava com os olhos.

— Nossa. Quase vomitei o único pão que eu comi em 84 anos. - Rose girou os olhos e tomou um gole de seu suco de framboesa. - Você sabe que toda essa baboseira de não morrer sozinho é a esperança dele de te dar uns pegas.

— Nossa, como você é romântica. - Roxy sorriu ironicamente.

Ai John, deixa eu colocar minhas tranças atrás da orelha pra você ver minha boca sensual enquanto eu flerto sem intenção de flertar com você. – Rose a imitou numa voz muito mais estridente que a de Roxanne. - E quem precisa de ajuda com Adivinhação? Não tem exames, não tem nem chamada direito.

— Realmente... Quem precisa de ajuda com Adivinhação? - Roxanne mordeu o lábio inferior nervosamente.

— Ninguém. - Rose evitou girar os olhos pela enésima vez e virou seu copo de suco. - Ele só quer ficar sozinho com você, de repente estudar anatomia...

— Você está louca. - Ela riu nervosamente e apertou os lábios. - Somos apenas amigos, ele não sente nada por mim.

— Você é bonita para um cacete. - Rose encolheu os ombros. - E estilosa, inteligente e todo o restante. Não faz sentido ele não sentir nada por você.

Não era como se Roxanne não tivesse pensado nisso antes, ela nutria um afeto substancial por John Ingram e eles de fato passavam boa parte do tempo livre juntos. Tinham muitas afinidades: participaram de algumas ligas de Astronomia e, depois, ele a convencera a estudar Estudo dos Trouxas – o que ela achou fascinante e ao mesmo tempo revelador, já que os clubes de cinema e as aulas revelavam bastante sobre como era a vida trouxa de John e porque ele parecia deslumbrado com coisas simples como feitiços para acender a apagar as luzes.

Ao mesmo tempo, eram muito diferentes, não só por ela conviver com a bruxaria desde sempre, mas por ela vir de uma grande família com dez primos de idade parecida de certa forma. John, por sua vez, tinha um irmão apenas, fora adotado quando era criança e criado trouxa por uma família trouxa e simples bem longe de Londres.

Ele era um tanto mais contido e tímido, não era de andar com muitas pessoas e tinha pouquíssimos amigos. Roxanne, por outro lado, tinha a companhia dos familiares desde o seu primeiro dia de aula e não conseguia ficar sozinha nem se quisesse.

Sem contar que ele não podia estar querendo alguma coisa com ela. Ele não era o rapaz mais alto e com certeza era o mais desajeitado, mas era bonito. Tinha os cabelos castanhos nem tão claros e nem tão escuros, os olhos esverdeados tão claros que pareciam azuis dependendo da luz, e a pele alva com o rosto sempre corado. Roxanne não se achava bonita, achava que no máximo dava pra o gasto - seus pais eram lindos, mas parecia que ela tinha herdado as piores características que ambos tinham a oferecer: sua pele não tinha o mesmo tom da pele de sua mãe, era uns dois tons mais clara. E nem o tom da pele de seu pai, era uns cinco tons mais escura.

Não tinha os cabelos negros da mãe, sim os cabelos alaranjados como os do pai e armados e indomáveis como os da mãe, que ela estilizava com suas box braids longas que já viraram sua marca registrada.

Fred, seu irmão, usava em um black power poderoso. Mas essa era a maldição Weasley, sete de doze dos netos de Molly e Arthur tinham herdado o gene recessivo que os transformavam em ruivos, alguns lisos e escorridos como Lily e outros de cabelos armados e com vontade própria como Rose.

Os únicos que não receberam o presente foram os Delacour-Weasley, que tinham os cabelos dourados e brilhantes, e os rapazes Potter. James com o castanho médio e Albus com os cabelos negros e olhos verdes. Ainda que a maioria carregasse certos níveis de ruivisse, não podiam ser mais diferentes.

Mesmo com todos os empecilhos que tinha arranjado para si mesma, Roxanne começou a se questionar se não seria interessante se apaixonar por alguém ao mesmo tempo que Lily de longe observava a razão de seus sonhos libidinosos com sua gravata azul desfilando como se não soubesse de sua beleza. Tinha vontade de tirar as franjas de seus olhos com um sopro suave e beijar sua boca delicadamente. Se perguntava se a pessoa ao menos desconfiava de suas intenções.

— Oi. - Isobel acenou e se aproximou de Lily, sentando-se ao lado dela no banco. - Te vi me olhando, achei que você quisesse falar comigo.

— Ah, oi, Izzie. - Lily tirou a franja longa de seu rosto e a colocou atrás da orelha. - Na verdade estava apenas pensando que eu gosto do seu corte de cabelo.

— Obrigada, eu acho. - Izzie sorriu apenas com os lábios. Parecia desconfortável ou até mesmo embaraçada. - Eu mesma cortei, o que é algo não aconselhável.

— Mas ficou ótimo! - Lily parecia empolgada até demais. - Talvez um dia eu pegue algumas dicas com você.

— Está bem. - Dawson colocou as mãos nos bolsos da saia. - Foi bom conversar com você Lily, deveríamos fazer isso mais vezes.

— Eu adoraria. - Lily sabia que ela tinha dito apenas por educação, porém permitiu-se ter esperanças por mais algum tempo. - Nos vemos por aí.

— Claro. - Izzie sorriu e se despediu com um aceno.

Lily sentiu como se tivesse ganhado o dia, ainda que estivesse com desejos inéditos há algum tempo pela ex-namorada de seu irmão do meio. Mas o que é a vida sem complicações, não é mesmo?


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Notas finais do capítulo

resolvemos o mistério da crush misteriosa ♥