New romantics. escrita por Jones


Capítulo 3
Trains that just aren't Coming.




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— Eu falei para ela que tinha arranjado uma nova namorada. - Scorpius comentou, bebendo um gole de sua garrafa d'água. - Disse que estava cansado de me esconder por aí.

— E ela? - Albus perguntou de pernas cruzadas em um dos divãs de sua sala comunal.

— Ela falou "até que enfim" porque aí poderíamos terminar nosso caso de uma vez por todas. - Murmurou com o maxilar tenso, tamborilando os dedos nervosamente na mesinha ao lado da poltrona verde escura. - Falei que estava saindo com Scarlet Linmeyer.

— Não é como se ela não quisesse sair com você. - Albus encolheu os ombros e gesticulou resignadamente. - Eu sei que é um conselho que você nunca ouviu antes de tão inovador, mas... De repente você deveria falar para ela que está a fim dela desde, sei lá, sempre.

— Coisas assim não funcionam com Rose. - Scorpius Malfoy ergueu as sobrancelhas. - Uma vez eu disse que ela estava bonita e ela girou os olhos, disse para eu parar de ser sentimental e foi embora.

— Rose é... Peculiar. - Albus de certo achava que essa era a palavra que melhor descrevia sua prima. - O que você pretende fazer?

— O que existe de menos adulto e honesto no mundo: fazer ciúmes nela com Scarlet Linmeyer.

— Ah, já vi esse plano funcionar tantas vezes. - Albus murmurou sarcasticamente afrouxando a gravata verde e cinza. - Boa sorte.

— E você, o que rolou no seu dia?

— Nada. - Ele disse decepcionado. – Hoje, em trato das criaturas, Izzie me disse que acha que Louis com certeza está a fim de Ethan.

— Ela sabe que vocês tiveram um rolo um tempo atrás? - Scorpius perguntou com a mão no queixo e o dedo indicador encostando no nariz.

— Achei complicado demais explicar para minha ex-namorada que eu já dei uns beijos em um dos amigos dela. - Albus encolheu os ombros. - Sem contar que está tudo no passado agora.

— Você e os amores da sua vida, Albus. - Scorpius riu. - Eu me lembro quando você era uma pessoa que não falava com ninguém e parecia um bicho do mato.

— Eu não sou exatamente a pessoa mais popular do mundo, Malfoy. - Albus girou os olhos.

— Mas tem uma vida muito mais interessante que a minha com certeza. - Franziu o nariz divertido apoiando as pernas na mesa de centro a sua frente.

— Ha-ha. - Potter sorriu para o melhor amigo de maneira enviesada.

Fora James que o incentivara (de maneira irritante como só seu irmão mais velho conseguia) aprender a aproveitar o dia. Carpe Diem, ele dizia, como se tivesse inventado a expressão. James, que agora era vendedor de uma das filiais da Gemialiades Weasley e tinha um plano de carreira de abrir sua própria filial, podia ser insuportável que fosse, porém estava certo. Só se passava por Hogwarts uma vez e Albus não deveria passar o tempo se preocupando com a reputação dos Potter e a expectativa que vinha com seu sobrenome.

Na verdade, seu irmão mais velho cumprira tantas suspensões que Albus sentia que as pessoas nem conseguiam associa-los a mesma família, o que era um alívio.

Carpe Diem, Scorpius. - Albus disse suavemente.

Hakuna Matata, Al. - Ele girou os olhos citando filmes trouxas que assistira com o amigo. - Agora, se me permite, vou me retirar.

— Permissão concedida. - Brincou e o assistiu ir embora. Era um belo rapaz. Alto e de cabelos loiros acinzentados, além de um corpo esguio e atlético. Estranhamente, porém, nunca tinha se sentido atraído por ele, talvez porque tinham sido amigos desde o primeiro dia de aula, quando Albus ainda era um bicho do mato.

Longe das masmorras, mais precisamente em uma das torres, Lily tinha dificuldades para dormir. Quando fechava os olhos pensava em pernas longas e bronzeadas, imensos olhos castanhos e uma boca carnuda que parecia maravilhosa para beijar. Sentia seu corpo se contorcer de desejo ao pensar naquela voz dizendo seu nome enquanto beijava seu corpo e se despiam mutualmente. Tinha vontade de correr pelos cachos abertos de seus cabelos e puxá-los levemente para ver seu objeto de luxúria arqueando o corpo no mesmo ritmo do dela.

Era tão nítido em sua lembrança que parecia ter acontecido realmente, mas na verdade era apenas seu desejo recorrente que a impedia de pensar em qualquer outra coisa. Precisava fazer algo ou não iria aguentar mais.

Sentindo um calor súbito, prendeu o cabelo ruivo fino alaranjado em um coque e desceu para beber água, encontrando Louis deitado no tapete.

— Lou?

— Ei, Lily. - Ele disse, levantando o torso do chão com a ajuda dos cotovelos. - O que está fazendo acordada a essa hora?

— Não estava conseguindo dormir. E você?

— Idem. - Louis se levantou e sentou-se no sofá. - É muito difícil encontrar um minuto de silêncio para pensar nesse lugar e quando você encontra às vezes você começa a pensar demais e não consegue mais dormir.

— O que está te preocupando?

— Você sabe, N.I.E.Ms e essas coisas. - Louis mentiu encolhendo os ombros, não que o exame incrivelmente exaustivo não o preocupasse, mas naquele momento outra pessoa o preocupava ainda mais. - Preciso de quatro Os para conseguir pisar no St. Mungus.

— Por isso você tá fazendo Herbologia? - Lily mal conseguia conter sua careta.

— Herbologia é fascinante. - Louis riu de maneira mecânica. - É melhor que aritmancia.

— Qualquer coisa é melhor que aritmancia. - Lily girou os olhos e sorriu para o primo. Poderia jurar que vira um traço de tristeza nos seus olhos. - Você está bem mesmo?

— Vou ficar. - Ele sorriu.

A verdade é que tinha pensado o dia todo em como as coisas mudaram, em como o prazer de estudar se transformou na pressão dos N.I.E.Ms, na sua ex-amizade com Ethan e em como daria um rim para saber quando e porque tudo isso mudou.

A vida era muito complicada quando se tinha dezessete-quase-dezoito anos e as respostas para suas perguntas nunca eram encontradas: parecia um eterno esperar por um trem que simplesmente não estava vindo.


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