New romantics. escrita por Jones
— Eu falei para ela que tinha arranjado uma nova namorada. - Scorpius comentou, bebendo um gole de sua garrafa d'água. - Disse que estava cansado de me esconder por aí.
— E ela? - Albus perguntou de pernas cruzadas em um dos divãs de sua sala comunal.
— Ela falou "até que enfim" porque aí poderíamos terminar nosso caso de uma vez por todas. - Murmurou com o maxilar tenso, tamborilando os dedos nervosamente na mesinha ao lado da poltrona verde escura. - Falei que estava saindo com Scarlet Linmeyer.
— Não é como se ela não quisesse sair com você. - Albus encolheu os ombros e gesticulou resignadamente. - Eu sei que é um conselho que você nunca ouviu antes de tão inovador, mas... De repente você deveria falar para ela que está a fim dela desde, sei lá, sempre.
— Coisas assim não funcionam com Rose. - Scorpius Malfoy ergueu as sobrancelhas. - Uma vez eu disse que ela estava bonita e ela girou os olhos, disse para eu parar de ser sentimental e foi embora.
— Rose é... Peculiar. - Albus de certo achava que essa era a palavra que melhor descrevia sua prima. - O que você pretende fazer?
— O que existe de menos adulto e honesto no mundo: fazer ciúmes nela com Scarlet Linmeyer.
— Ah, já vi esse plano funcionar tantas vezes. - Albus murmurou sarcasticamente afrouxando a gravata verde e cinza. - Boa sorte.
— E você, o que rolou no seu dia?
— Nada. - Ele disse decepcionado. – Hoje, em trato das criaturas, Izzie me disse que acha que Louis com certeza está a fim de Ethan.
— Ela sabe que vocês tiveram um rolo um tempo atrás? - Scorpius perguntou com a mão no queixo e o dedo indicador encostando no nariz.
— Achei complicado demais explicar para minha ex-namorada que eu já dei uns beijos em um dos amigos dela. - Albus encolheu os ombros. - Sem contar que está tudo no passado agora.
— Você e os amores da sua vida, Albus. - Scorpius riu. - Eu me lembro quando você era uma pessoa que não falava com ninguém e parecia um bicho do mato.
— Eu não sou exatamente a pessoa mais popular do mundo, Malfoy. - Albus girou os olhos.
— Mas tem uma vida muito mais interessante que a minha com certeza. - Franziu o nariz divertido apoiando as pernas na mesa de centro a sua frente.
— Ha-ha. - Potter sorriu para o melhor amigo de maneira enviesada.
Fora James que o incentivara (de maneira irritante como só seu irmão mais velho conseguia) aprender a aproveitar o dia. Carpe Diem, ele dizia, como se tivesse inventado a expressão. James, que agora era vendedor de uma das filiais da Gemialiades Weasley e tinha um plano de carreira de abrir sua própria filial, podia ser insuportável que fosse, porém estava certo. Só se passava por Hogwarts uma vez e Albus não deveria passar o tempo se preocupando com a reputação dos Potter e a expectativa que vinha com seu sobrenome.
Na verdade, seu irmão mais velho cumprira tantas suspensões que Albus sentia que as pessoas nem conseguiam associa-los a mesma família, o que era um alívio.
— Carpe Diem, Scorpius. - Albus disse suavemente.
— Hakuna Matata, Al. - Ele girou os olhos citando filmes trouxas que assistira com o amigo. - Agora, se me permite, vou me retirar.
— Permissão concedida. - Brincou e o assistiu ir embora. Era um belo rapaz. Alto e de cabelos loiros acinzentados, além de um corpo esguio e atlético. Estranhamente, porém, nunca tinha se sentido atraído por ele, talvez porque tinham sido amigos desde o primeiro dia de aula, quando Albus ainda era um bicho do mato.
—
Longe das masmorras, mais precisamente em uma das torres, Lily tinha dificuldades para dormir. Quando fechava os olhos pensava em pernas longas e bronzeadas, imensos olhos castanhos e uma boca carnuda que parecia maravilhosa para beijar. Sentia seu corpo se contorcer de desejo ao pensar naquela voz dizendo seu nome enquanto beijava seu corpo e se despiam mutualmente. Tinha vontade de correr pelos cachos abertos de seus cabelos e puxá-los levemente para ver seu objeto de luxúria arqueando o corpo no mesmo ritmo do dela.
Era tão nítido em sua lembrança que parecia ter acontecido realmente, mas na verdade era apenas seu desejo recorrente que a impedia de pensar em qualquer outra coisa. Precisava fazer algo ou não iria aguentar mais.
Sentindo um calor súbito, prendeu o cabelo ruivo fino alaranjado em um coque e desceu para beber água, encontrando Louis deitado no tapete.
— Lou?
— Ei, Lily. - Ele disse, levantando o torso do chão com a ajuda dos cotovelos. - O que está fazendo acordada a essa hora?
— Não estava conseguindo dormir. E você?
— Idem. - Louis se levantou e sentou-se no sofá. - É muito difícil encontrar um minuto de silêncio para pensar nesse lugar e quando você encontra às vezes você começa a pensar demais e não consegue mais dormir.
— O que está te preocupando?
— Você sabe, N.I.E.Ms e essas coisas. - Louis mentiu encolhendo os ombros, não que o exame incrivelmente exaustivo não o preocupasse, mas naquele momento outra pessoa o preocupava ainda mais. - Preciso de quatro Os para conseguir pisar no St. Mungus.
— Por isso você tá fazendo Herbologia? - Lily mal conseguia conter sua careta.
— Herbologia é fascinante. - Louis riu de maneira mecânica. - É melhor que aritmancia.
— Qualquer coisa é melhor que aritmancia. - Lily girou os olhos e sorriu para o primo. Poderia jurar que vira um traço de tristeza nos seus olhos. - Você está bem mesmo?
— Vou ficar. - Ele sorriu.
A verdade é que tinha pensado o dia todo em como as coisas mudaram, em como o prazer de estudar se transformou na pressão dos N.I.E.Ms, na sua ex-amizade com Ethan e em como daria um rim para saber quando e porque tudo isso mudou.
A vida era muito complicada quando se tinha dezessete-quase-dezoito anos e as respostas para suas perguntas nunca eram encontradas: parecia um eterno esperar por um trem que simplesmente não estava vindo.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!