A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 12
Possível ajuda.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/793305/chapter/12

            As pétalas róseas da cerejeira, voavam pelo ar fresco, caindo sobre a grama verdejante abaixo da toalha rubra. O som da água correndo pelo lago, trazia uma sensação tranquilizadora, enquanto os dedos de Annelise, deslizavam pelos cabelos prateados de Lysandre, que jazia com a cabeça deitada em seu colo.

            Era como um sonho, estar ali com ele. Um momento, que ela havia imaginado diversas vezes, em seus devaneios noturnos, quando a saudade se fazia presente. Mas, diferente de outrora, era real. Estavam juntos, finalmente. Sentia que as coisas estavam se encaminhando e que acabariam bem.

            Sequer pensava em Castiel, enquanto afagava os cabelos de Lysandre. Na realidade, tudo a sua volta parecia desaparecer, quando ele estava ali. Era mágico, único, especial. Todos os seus problemas se dissipavam, quando percebia que ele era tudo o que ela precisava. Ela esteve o amando por todos aqueles anos e sentia que toda uma vida não seria suficiente para amá-lo.

            Porém, mesmo não querendo sair dali, sabia que precisava voltar ao trabalho. Ainda mais, levando em conta a situação desesperadora sobre as dívidas exorbitantes que tinha, com os credores.

            — Eu preciso voltar, agora. — Annelise disse, ainda afagando os cabelos dele.

            — Mas já? — Lysandre perguntou, se levantando do colo de Annelise. Parecia um tanto frustrado.

            — Já, está ficando tarde. Preciso voltar ao trabalho. — Ela respondeu, em tom desapontado. Queria continuar ali com ele, mas o dever a chamava. — Ainda mais agora, que as coisas não andam bem. — Annelise comentou.

            Lysandre agora, se sentava sobre a toalha, franzindo o cenho ao ouvir o comentário de Annelise. — Problemas com o café? — Ele indagou.

            — Sim, estou atolada de dívidas até o pescoço. Os credores estão me pressionando diariamente. Me pedem uma posição, até mesmo me aconselharam a demitir a Nina. Mas, não posso fazer isso com ela! É uma excelente funcionária! É de minha total confiança, aplicada, pontual, jamais teve uma única falta. Porém, é verdade que se eu não fizer alguma coisa, terei que fechar as portas do café. O Castiel já me aconselhou a vender e deixar tudo para trás. Mas, é meu negócio! O meu sonho! Não posso abandoná-lo. — Annelise desabafou, entre suspiros pesarosos. De fato, não sabia o que fazer, para dar um jeito naquela situação.

            Lysandre a ouvia atentamente, parecendo se aborrecer ao ouvi-la comentar sobre a sugestão de Castiel. Aquilo era inconcebível! Ele devia apoiá-la e não desencorajá-la, daquela maneira. Isso, o irritou.

            Entretanto, queria que Annelise soubesse que a apoiaria. Queria vê-la prosperando e não caindo em ruína. Faria o que estivesse ao seu alcance, para ajudá-la a passar por aquele sufoco.

            — Nós vamos dar um jeito nisso. Vou pensar em uma forma de tirá-la dessa situação. Deve haver uma saída! Talvez cortando alguns gastos, ou estendendo o horário de funcionamento. Podemos modificar algumas receitas para atrair mais clientes. Eu sempre fui muito bom com receitas caseiras, acredito que possamos criar algo novo, e que venda bem. Também, poderemos tentar ampliar a divulgação nas redes sociais. Tenho reparado que as pessoas usam muito o celular e computador, ultimamente. Podemos usar isso ao seu favor. De todo o modo, nós vamos encontrar uma solução, sem que precise demitir ninguém. Não vai perder seu café, Annelise. Tem minha palavra. — Ele disse em tom reconfortante, pousando a mão sobre a dela, que jazia apoiada sobre a toalha.

            Aquilo era tudo o que ela precisava ouvir. Se sentia aliviada em saber que poderia contar com alguém. A verdade, é que ela se sentia sozinha, desamparada, desnorteada. Mas, agora, finalmente tinha quem a apoiasse. Alguém, que demonstrava querer ajudá-la a se reerguer, quando acreditou que não conseguiria mais.

            — Obrigada, Lys. De verdade. Não faz ideia de como seu apoio me faz bem. — Annelise afirmou, beijando carinhosamente a bochecha destra, do rapaz. Era inegável que se sentia mais segura e animada, pelo simples fato de vê-lo dando sugestões sobre como poderiam dar um jeito naquela situação angustiante.

            — Você não precisa agradecer. Quero te ver prosperando e farei tudo o que estiver ao meu alcance, para que isso aconteça. Nós vamos dar um jeito nisso. — Ele reforçou. — Agora, é melhor levá-la de volta. Já tomei demais o seu tempo, não quero que se prejudique por minha causa. — Lysandre disse, ao se levantar. Em seguida, estendeu a mão a Annelise, para ajudá-la a levantar.

            Quando ambos já estavam de pé, se curvaram, pegando as coisas que Lysandre levara para o piquenique. Annelise, dobrou a toalha sobre os braços, pegando em seguida os castiçais. Lysandre, por sua vez, cuidou da cesta e das almofadas. Tão logo pegaram tudo o que estava ali, voltaram para a caminhonete.

            O rapaz pretendia levá-la de volta ao trabalho logo, para que pudesse voltar ao apartamento de Leigh. Afinal, sabia que Rosalya era sofrível na cozinha, de modo que ficara com o livro de receitas da mãe do marido, para usá-lo quando estivesse na cidade, já que lá ela não tinha uma cozinheira a sua disposição. Lysandre se lembrava que o irmão uma vez comentara sobre isso.

            Tão logo deixou Annelise na cafeteria, despediu-se dela, antes de voltar para o lugar onde estava hospedado. Entretanto, antes precisou passar no mercado, para comprar alguns ingredientes, para algumas receitas que sabia quase decor. Precisava fazer alguns testes na cozinha, já visando ajudar a moça. Estava certo de que aquilo seria um bom começo.

            O restante do dia passou muito rápido, de modo que Annelise sequer se deu conta. Ficara bem animada, com o fato de que Lysandre oferecera ajuda, para lidar com os problemas que tiravam seu sono. Finalmente, voa uma luz no fim do túnel! Uma porta que se abria, onde ela acreditava não ter mais saída.

            Apesar de ainda não saber o que poderiam fazer, se sentia reconfortada ao ver que juntos poderiam pensar em uma solução. Era ótimo sentir que ele estava ali, para apoiá-la.

            Só aquela perspectiva de que poderia se recuperar, já fazia com que seu ânimo fosse revigorado. Portanto, o trabalho rendera bem, no restante daquele dia. De fato, parecia se esforçar muito mais, para deixar os clientes satisfeitos.

            Quando o dia terminou, Annelise e Nina começaram a limpar o café, como faziam todas as noites. A garçonete varria o chão, olhando para Annelise, que limpava o balcão, com um pano úmido. Foi então que a mocinha não aguentou a curiosidade, começando a puxar assunto.

            — Annelise! — Nina chamou, atraindo a atenção de sua chefe.

            — Sim? — A outra respondeu, agora levantando o rosto para olhá-la.

            — Desculpa perguntar, mas não estou aguentando! — A garota loura disse, parando de varrer. — Onde você e o Lysandre foram? Você demorou um tempão para voltar, e quando chegou estava tão sorridente que dava para ver até de costas! Aquelas rosas que você trouxe, foram um presente dele? Pelo amor de Deus me conta, eu não estou aguentando de curiosidade! — Nina era naturalmente curiosa, de modo que desde a hora em que Annelise saíra, não conseguia parar de se perguntar o que estava acontecendo.

            Annelise caiu na gargalhada ao ver o desespero de Nina. Todavia, aquele não era o melhor lugar para falarem sobre aquilo. Afinal, alguém poderia entrar e ouvir. Então, fez um sinal para Nina falasse baixo.

            — Sim, foi ele que me deu as rosas. Mas, vamos continuar falando sobre isso na cozinha. Vem! — Annelise disse, começando a caminhar para longe do balcão. Nina, por sua vez, não pensou duas vezes! Largou a vassoura em um canto, correndo atrás da chefe, em direção a cozinha. Queria muito saber tudo em detalhes.

            — Vamos, desembucha! O que rolou? — Nina perguntou, sem fazer o mínimo esforço para esconder a curiosidade.

            Annelise, no entanto, precisava ter certeza de que não seriam incomodadas. Então, se apressou em trancar a porta da cozinha, tão logo Nina já estava lá dentro.

            — Shhh! Vamos falar baixo, ok? Tem que me prometer que o que vou lhe contar, não vai sair daqui. — Annelise sussurrou.

            — Eu prometo! Não vou contar para ninguém. Mas, por favor! Me fala logo! Estou louca para saber! — Nina quase implorou, fazendo com que Annelise começasse a rir de novo.

            — Tudo bem. É o seguinte: ele voltou ontem à noite. Chegou pouco depois de você ir para casa. Nós saímos, fomos ao cinema, ele me levou em casa... Nós trocamos telefones e ele me convidou para almoçar. Então, hoje ele veio me buscar. Nina, você precisava ver a surpresa que o Lysandre me fez! Foi a coisa mais linda! Ele me levou em um parque, onde havia montado um piquenique super romântico, com balões, velas, flores. Foi perfeito!  — Annelise continuava falando baixo, sempre atenta a porta. Afinal, mesmo sabendo que Castiel não poderia buscá-la naquela noite, não estava livre de surpresas desagradáveis.

            —E o que aconteceu depois?! Ele te beijou?! O que ele disse?!! — Nina parecia quase descontrolada, tamanha animação em ouvir aquilo. Já não sentia mais nada por Lysandre, há muito tempo. Todavia, amava histórias românticas. Toda aquela narrativa de sua patroa, a estava deixando excessivamente empolgada.

            — Calma. Não aconteceu nada demais. Nós só almoçamos, conversamos um pouco e ele me trouxe de volta. — Annelise respondeu.

            Nina pareceu um tanto desapontada ao ouvir aquilo. Afinal, bem sabia sobre como fora a relação de Annelise e Lysandre no passado. — Ah, que sem graça! Achei que rolaria uma declaração! Um beijo! Algo assim. Se não aconteceu nada, por quê estamos sussurrando? — A garota perguntou.

            — É que... Bem... Nós nos declaramos. Mas, sabemos que é complicado. Ele disse que voltou por mim, que me ama, que nunca deixou de amar. — Annelise respondeu, ainda em tom baixo.

            — ELE SE DECLAROU?! — Nina praticamente berrou, vendo que Annelise novamente fazia sinal para que ela falasse baixo. — Ele se declarou?! — Nina repetiu a pergunta, sussurrando, dessa vez. — Então vão ficar juntos?! — A garota completou a pergunta, em tom mais ansioso que antes.

            — Sim, nós vamos. Mas, eu preciso conversar com o Castiel antes. Você sabe, Nina. Estamos juntos e isso não seria certo. O Lysandre e eu queremos fazer tudo direito. Por isso, Nina, preciso que mantenha isso em segredo, tudo bem? — Annelise ainda sussurrava. Aquilo tudo não poderia vazar, até que resolvesse a situação.

            — Pode ficar tranquila! Daqui isso não sai. Mas, mete logo o pé no Castiel! O Lysandre voltou por você! Isso é a coisa mais linda! — Novamente, aquela empolgação voltava à voz de Nina.

            Annelise se limitava apenas a rir. Era engraçado ver, como a garçonete achava que tudo era tão simples.

            Enquanto isso, em uma boate não muito longe dali, ecoava o som estrondoso de uma guitarra, acompanhada por um baixo e uma bateria. Castiel cantava, abaixo das luzes roxas, que realçavam sua imagem sobre o palco.

            Os fãs do Crownstorm pareciam alucinados! Gritavam! Cantavam junto com ele! Completamente fascinados pela música agitada.

            O show parecia enlouquecê-los, fazendo-os querer mais e mais! E, claro, Castiel não os decepcionava! Se esforçava em fazer a melhor performance possível, para agradar seus fãs.

            Porém, enquanto o show rolava, Debrah foi entrando na boate. Costumava seguir a banda de Castiel no Instagram, de modo que sempre sabia onde tocariam.

            Não foi difícil entrar na boate, já que às vezes saía com o segurança. Isso sempre lhe garantia entrada gratuita. Naquela noite não era diferente.

            Entrou na boate, sentando-se no bar enquanto de longe assistia o show. Seu olhar era astuto! Pérfido! Tal qual o sorriso cruel que se formava aos lábios tingidos em batom rubro. Mal podia esperar para colocar seu plano em prática.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A roseira e os espinhos." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.