A roseira e os espinhos. escrita por Misa Presley


Capítulo 11
Flagra.




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            Annelise se perguntava o que Lysandre estava tramando, pelo jeito com o qual ele sorria, com os olhos fixos a estrada. Ele não dizia nada, apenas continuava dirigindo a caminhonete, deixando a garota presa na curiosidade que a consumia.

            — E então? Quando pretende me dizer o que planejou? — Annelise indagou, com o rosto virado em direção a Lysandre.

            — Calma, você já vai ver. — Ele respondeu, de modo a atiçar mais ainda a curiosidade dela. O fato, é que estava achando aquilo divertido.

            — Ah, só uma dica, por favor! — Ela implorou, em tom manhoso, fazendo um bico quase de choro.

            Ele olhou para ela através do retrovisor frontal, começando a rir. Ela o conhecia bem o suficiente para saber que ele sempre acabava cedendo. Todavia, desta vez acabou falhando. Lysandre estava irredutível. — Isso não vai funcionar, desista. — Disse em tom brincalhão. — Nós estamos quase chegando. Vai ter que aguentar a curiosidade. — Seu tom de voz era suave, gentil como sempre. Ainda, que nele houvesse um tom risonho.

            Annelise, acabou desistindo de fazê-lo falar. Então, apenas inclinou as costas no banco da caminhonete, cruzando os braços diante do tórax. Estava nitidamente emburrada, o que fez Lysandre rir um pouco mais, levando uma das mãos ao joelho da moça, mantendo a outra ao volante.

            — Calma, prometo que valerá a pena. — Ele disse, afagando brevemente o joelho dela, antes de levar novamente a mão ao volante. A realidade, era que estava tão ansioso quanto Annelise, embora não quisesse demonstrar.

            Após algum tempo dirigindo, Lysandre parou a caminhonete. Estavam uma região pouco mais afastada da cidade, onde havia um parque maior do que aquele onde foram na noite passada.

            O rapaz segurou a mão da moça, entrelaçando os dedos aos dela, tão logo saíram do veículo, que havia sido estacionado há alguns metros da entrada do lugar.

            Annelise o olhou um tanto curiosa, ao passo que Lysandre parecia ainda mais sorridente. Ela continuava se perguntando o que se passava na cabeça dele, morrendo de curiosidade.

            Todavia, antes de caminharem em direção a entrada do parque, Lysandre ainda tinha mais uma exigência a fazer, para que tudo corresse de modo perfeito.

            — Espere. Vai ter de fechar os olhos. — Ele disse, do modo mais tranquilo possível.

            Annelise arqueou a sobrancelha destra, parecendo entender cada vez menos, o que estava acontecendo. — Mas por que? — Ela indagou.

            — É uma surpresa. — Ele respondeu.

            Meio a contragosto, Annelise fechou os olhos. Se sentia meio insegura em andar sem enxergar. Mas, Lysandre tornava tudo mais fácil, ao lhe segurar as duas mãos, enquanto a guiava em direção a entrada do parque.

            Vez ou outra, ele tinha de olhar para trás, para se certificar de que não tropeçariam. Afinal, estava mais preocupado em guiar Annelise em segurança, até o destino final.

            A ansiedade ia se tornando cada vez mais forte, a cada passo que dava, totalmente presa no escuro. A única coisa que a fazia ter noção do espaço, era a brisa suave que soprava suas faces, e o gorjear dos pássaros sobre as copas das árvores. Isso, fazia com que ela soubesse que ainda estava ao ar livre. O que, por sinal, a deixava ainda mais curiosa. Não conseguia evitar se perguntar para onde estava sendo levada.

            — Eu já posso abrir os olhos? — Annelise perguntou, no ápice de sua ansiedade.

            — Não. Ainda não. — Lysandre respondeu, em tom carinhoso, ainda andando de costas e puxando Annelise, de modo delicado.

            Ela continuava permitindo-se ser guiada por ele, com aquela curiosidade gritando dentro de si. Tudo o que queria, era abrir os olhos, e ver para onde estava sendo levada.

            Lysandre, no entanto, ia a guiando pacientemente, por entre os bancos e árvores, levando-a para um lugar especial. Um lugar, que escolhera a dedo há anos atrás. Todavia, nunca tivera chance de levá-la ali.

            Annelise, podia ouvir o som de água em movimento. Como se houvesse ali um lago. Aquilo a deixou ainda mais intrigada.

            — Agora eu já posso abrir os olhos? — Ela perguntou. Todavia, não obteve resposta.

            Ao contrário, percebeu estar sendo guiada mais alguns passos a diante. Já tinha a sensação de ter atravessado todo o parque, pelo tempo em que caminhara.

            Finalmente Lysandre parou, soltando as mãos de Annelise. Ele se abaixou para apanhar alguma coisa, erguendo-se em seguida.

            — Está bem, pode abrir os olhos agora. — Ele disse, em tom ansioso, embora sorrisse.

            Annelise finalmente abriu os olhos, levando algum tempo para se acostumar com a claridade do lugar. Porém, tão logo conseguiu enxergar novamente, deparou-se com um piquenique montado sobre a grama, abaixo de uma cerejeira mui florida, às margens de um lago.

            Ela pareceu embasbacada, ao ver os balões em formato de coração, presos em uma cesta de piquenique, sobre uma toalha vermelha, coberta de pétalas de rosas. Haviam duas velas presas em um par de castiçais, que traziam um ar mais romântico. Além, de algumas almofadas, dispostas sobre a toalha.

            Aquilo era lindo! Demonstrava todo o zelo por parte de Lysandre, em preparar algo para ela. Ficou encantada com o modo como ele fazia com que tudo fosse especial. De fato, ele pensara em cada mínimo detalhe.

            Foi então, que seu olhar se voltou para o rapaz, que estava em pé a sua frente, segurando um buquê de rosas vermelhas.

            Ela ficou sem reação por alguns segundos, sorrindo involuntariamente. Em seguida, Lysandre lhe entregou as rosas, afagando o rosto de Annelise, enquanto ela segurava o buquê.

            — Eu quero que nosso recomeço seja perfeito. — Ele disse, olhando-a nos olhos. — Mesmo que demore uma vida, quero que isso dê certo. Prometo fazê-la feliz, pelos dias que me restarem. — Agora, ele encostava a testa a dela, fechando os olhos.

            — Eu te amo, Lysandre. Quero ficar com você pelo resto de minha vida. — Annelise disse, fechando os olhos também, mantendo a testa encostada a dele.

            O rapaz a puxou para junto de si, ao pousar as duas mãos sobre a cintura da moça. E ela, por sua vez, levou uma das mãos à nuca dele, a afagando enquanto segurava o buquê com a outra. Jamais, em toda a sua vida, teve tanta certeza de que queria viver ao lado de alguém. Lysandre era o único homem com quem desejava estar. O único, para quem definitivamente seria capaz de entregar seu coração.

            Ao ouvir o que ela havia dito, Lysandre sentiu seu coração se preencher de alegria. Por mais que o acaso os tivesse tentado separar, sentia que agora estavam mais juntos do que nunca.

            — Eu também te amo. — Confessou baixinho. — Nada vai nos afastar de novo. Eu prometo. — Ele completou, ainda de olhos fechados.

            Todavia, diferente do que pensavam, não estavam tão sozinhos ali. Havia alguém, que não deveria ver o que acontecia naquele lugar. Alguém, que passava por ali todos os dias, na mesma hora. Uma criatura intragável, que poderia pôr tudo a perder.

            Debrah, costumava correr ali, todos os dias, naquele mesmo horário. Era um lugar agradável, vazio, onde sabia que não seria incomodada. Afinal, apesar de ser um ambiente bonito, sabia que poucas pessoas iam até lá.

            Estava se aproximando do lago, quando a uma curta distância, vislumbrou Annelise nos braços de Lysandre. Tão próximos... Tão íntimos... Não era segredo para ninguém, que aquela garota era namorada de Castiel. Afinal, era algo que estava escancarado em diversas revistas de fofoca.

            Debrah não pôde conter um sorriso de escárnio, enquanto retirava os fones dos ouvidos, tirando também o celular do bolso da calça de ginástica, que usava.

            Desbloqueou a tela do celular, clicando rapidamente na câmera, aumentando o zoom, para conseguir uma boa foto. — Olha só quem aparentemente voltou com o ex-namorado. — Disse consigo, em tom sarcástico.

            — O Castiel vai adorar ver isso. — Comentou mais uma vez, tirando algumas fotos com o celular.

            Aquilo seria uma forma de fazer Annelise pagar, pelo que lhe fizera na época do colégio. Afinal, mesmo que os anos tivessem passado, Debrah ainda a odiava com a mesma intensidade.

            — Hora de desmoronar seu castelo, “princesa”. Vamos ver o que seu príncipe encantado vai achar disso. — Um sorriso perverso se formou nos lábios de Debrah, que agora colocava o celular no bolso, tratando de voltar a correr. Não queria ser vista pelo casal.


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