The 39 Clues:A Volta. escrita por Lara635Kookie


Capítulo 57
Memórias


Notas iniciais do capítulo

Leiam as notas finais.



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Pov Natalie:
Isabel disse as mesmas coisas que sempre dizia pra nós:Que éramos burros, ela nos criou errado, ela nunca deveria ter nos tido e blá blá blá. Mas ela também disse que ela não deu permissão para redecorar a casa. Eu disse que a casa não era mais dela e eu redecorava como eu quisesse. Ela ficou com raiva pela minha resposta e disse para não mexermos no quarto dela. E essa foi a primeira coisa que a gente fez depois que ela saiu. Eu sei. Fazer algo que a Isabel Kabra ordenou para não fazer é uma péssima ideia mas tinha alguma coisa lá que passou despercebida por nós dois. E cansamos de ter medo da Isabel e do nosso passado. Uma hora teríamos que nos livrar das coisas dela e de todas aquelas memórias ruins. Mesmo que não estivéssemos prontos ainda, não tínhamos tempo pra esperarmos ficar prontos. Era agora ou nunca.

Assim que eu e Ian entramos no quarto e ele acende a luz vemos que o quarto continuava intocável. Isabel era alérgica a muitas flores mas a maioria só as que tinham pólen, e ela adorava rosas vermelhas. Tudo que fosse vermelho. O quarto era todo em design vermelho, preto e branca.

De um lado a cama de casal perfeitamente feita e o enorme closet. Do outro uma penteadeira, o closet do Vikram, o banheiro deles, um frigobar com vinhos e champanhes chiques e raros ainda novos, algumas estantes com livros, uma lareira com duas poltronas, alguns quadros na parede e etc. Isso sem falar no tapete caríssimo no centro do chão, no lustre de ouro e rubi que você conseguia ver a luz dele de longe logo acima do tapete e da imensa varanda que dava para ter uma vista de toda a parte de trás da casa.

Antigamente, aquele seria meu quarto dos sonhos, mas acho que agora, estou satisfeita com o meu.

Entrar ali despertava tantos sentimentos em mim ao mesmo tempo. Frustração. Indignação. Surpresa. Tristeza. Medo.

Suspiro. Eu e Ian nos olhamos. Ambos sabíamos que isso tinha sido uma má ideia e que não estávamos preparados pra enfrentar tudo aquilo mas não tinha como parar agora.

O sobrenome Kabra carrega muitos significados. Riqueza. Arrogancia. Egoísmo. Mas o que um Kabra começava, um Kabra terminava. E isso nunca iria mudar.

—Pronto?-Pergunto.

—Claro.-Mente ele.-E você?

—Também.

Nos dois estávamos mentindo. Queríamos parecer fortes um pelo outro. Estavamos com as caixas e já estávamos prontos pra empacotar tudo. Separamos em três categorias:o que seria vendido, doado e o que seria jogado fora. Acho que só encheriamos as caixas da primeira categoria porque as coisas da Isabel são novas demais para serem jogadas fora e não doariamos coisas da Isabel Kabra. Ninguém seria louco de aceitar.

Ian tinha continuado o trabalho no ramo da arte na família com Ronald. Sempre me ofereci para ajudá-los mas eles sempre diziam que não queriam me colocar para trabalhar e esse tipo de coisa.

Eu achava isso tão injusto. Eles me subestimavam demais. E eu odeio isso. Já fui tão subestimada na vida. Sempre duvidaram das minhas capacidades. O Ian podia ser a inteligência mas eu era o bom senso. E tem um motivo pelo qual eu carrego a arma de dardos e não ele. Eu sou melhor atirando do que muitos adultos Lucian mas ainda assim não posso competir nos concursos de mira Barra pesada. Mas voltando ao assunto...Eu entendo de artes. Sou melhor amiga da Sophie Watson. Eu podia conseguir a Cora Wizard pro Ian.

Sempre diziam que a Cora era tão malvada quanto a Isabel. Mas ela se arrependeu das coisas que fez. Ela pode ser meio fria mas ela não deserdou o Jonah e deu um tiro no pé dele.

Milhões de pensamentos vagavam pela minha mente enquanto arrumava a penteadeira de Isabel. Até que deixo uma faca cair.

Olho para a faca atentamente. Isabel gostava de excesso. Tudo em grandes quantidades não era problema. Gostava de passar dos limites. E gostava da combinação ouro e rubis. O lugar para segurar a faca era de ouro com rosas entalhadas em rubi e a lâmina era de aço inoxidável e sei lá mais o que. Mas estava sempre afiada. Isabel nunca deixava nenhuma arma despreparada. Sempre tinha uma a sua disposição. O arsenal da nossa casa era sua grande coleção de armas raras ou até proibidas pelo clã Lucian só que com um pouquinho mais de brilho. Natalie já tinha entrado lá uma vez. Não foi uma experiência muito agradável.

Memória Um on:

Finalmente um intervalo. Não aguentava mais treinar. Fui direto para a cozinha comer o bolo de chocolate que os cozinheiros tinham feito. Estava delicioso. Mas aí a mamãe aparece.

—Natalie comendo de novo?

—Nao mamãe.

Meu rosto estava todo lambuzado de chocolate. Começo a coçar as mãos. Eu cocava as mãos sempre que mentia, porque ficava nervosa. Minha mãe odiava isso. "Nunca deixe evidências de que está mentindo, Natalie." Ela dizia.

—Natalie minha querida, venha comigo. Vamos fazer algo legal.

—Compras?-Pergunto animada.

—Melhor, Nat. Melhor ainda.

Eu a sigo empolgada. Imaginar algo que era melhor que compras? Devia ser o paraíso.

Chego em uma sala escura. Não conseguia ver nada.

—Mamae?-Pergunto assustada.

—NAO ME CHAMA DE MÃE!!

Antes que eu pudesse perceber ela estava cortando a mão que eu coçava e colocando veneno paralisante com dor média na mão que cocava a outra.

Cai no chão e tentei não gritar e não chorar em vão.

—Se você coçar a mão de novo e fizer algo sem minha permissão eu corto seus dois braços fora. E nada de doce. Sabe que temos problema de colesterol alto e você está bem acima do peso.-Isabel fala isso com sua típica voz adocicada, delicada e natural como se fazer aquilo fosse normal. E nada de mãe. Me faz parecer velha. No diminutivo fica muito meloso e já falamos sobre isso de sentimentos.

Ela sai. E eu fico ali me contorcendo de dor e vendo a minha mão sangrar esperando o efeito do veneno passar enquanto observo as armas...

Memória um off.

Aconteceu quando eu tinha quatro anos. Depois disso não contei uma mentira ruim nunca mais.

Porque me impressionei com um tiro no pé se ela já tinha feito coisa pior comigo antes?

Depois de terminar com a penteadeira passo para o banheiro.

Lá vejo um raspador. Isabel tinha métodos extremos de treinamento. E punições ainda mais severas. E ela tirou de mim por um bom tempo algo que importava muito pra mim:Meu cabelo. Mas mais do que isso:Minha infância.

Memória dois on:

Porque eu fui errar? Porque? Porque? Normalmente era tão boa com essas coisas.

No treinamento de armas de dardos Isabel veio me monitorar. O moço que me treinava disse que eu sempre acertava tudo. E eu errei várias flechas hoje porque estava nervosa. Isabel ficou louca. Quebrou a cabeça de todas as minhas bonecas com tesoura e raspou meu cabelo. Fiquei totalmente careca. Em todos os meus três anos de vida nunca senti tanta tristeza na minha vida.

—Te condenei ao pior fardo do mundo, Natalie. Ser feia. Talvez assim você aprenda.

E no dia seguinte o moço que me treinava não voltou...

Memória dois off.

Depois disso comecei a ter aulas de tiro de dardos com Isabel. Eu tinha seis anos quando isso aconteceu. Ela me dava peruca quando saíamos ou quando tínhamos visita mas quando não ela sempre me mostrava um espelho para eu ver aquela careca. Quando meu cabelo finalmente cresceu de novo ela disse.

—Espero que não me decepcione de novo, amorzinho. Se não corto sua cabeça como fiz com as bonecas.

Pov Ian:
Enquanto Natalie estava no banheiro fui para as estantes e encontro um livro de gramática da língua árabe. Ainda estava lá...

Memória três on:

Depois da minha aula de alemão, francês, russo e espanhol chegou a aula da língua árabe. A que eu era pior. Isabel estava lá no final da aula. Falou com o professor.

—Esta com alguns errinhos de pronúncia mas no geral está bom.

—Ah é? Não se preocupe. Esses "errinhos" de pronúncia não serão tolerados.

Quando chegamos em casa ela me fez morder a língua até sangrar. Depois ela me fez escrever 400 vezes "Um Kabra nunca erra." Passei a noite inteira acordado mas consegui fazer.

Com isso no dia seguinte atrasou um pouco meu aprendizado no polo aquático, na equitação, no futebol, na preparação de venenos, na aula de piano e na de interpretação de linguagem corporal. Mas eu sabia que se não me recuperasse seria pior...

Memória três off.

Três anos. Eu tinha três anos. Ue mas saber tanta coisa pra uma criança não é muito? Pra uma criança normal, sim. Para uma crianca Kabra também era muito. Muito pouco.

Esse era o problema da Isabel. Ela não tolera erros. Tudo tinha que estar perfeito. Do jeito dela, no tempo dela.

Depois de acabar com os livros vou para o armário que tinha travesseiros e roupas de cama. Ele ainda estava lá. O Noite Sem Lua.

Memória quatro on:

Eu nem sabia o erro que tinha cometido dessa vez, mas acho que se perguntasse seria pior.

Natalie gritava na porta da sala de tortura e batia na porta para ver se ela me salvava.

—NATALIE FICA QUIETA, CACETE.

Acho melhor também não perguntar o que essa última palavra significa. Em meus nove anos de vida nunca vi mamãe tão irritada. Seu grito foi o suficiente para Natalie se calar.

—Ian querido tenho um novo castigo e quero testa-lo com você.

Ela pegou um cobertor sujo. Tento não espirrar em vão. Ela enrola o cobertor que também era muito gelado em mim. Era preto. Como uma noite sem lua. Não conseguia ver nada. Nem respirar. E era muito gelado. Até que eu começo a rodar e ia ficando cada vez mais rápido. Quando estava quase achando que ia morrer de tontura, gelado e asfixiado, Isabel me desenrola do cobertor. E tudo fica preto novamente...

Memória quatro off.

Dois minutos naquele cobertor. Mas parecia ter sido uma eternidade. Você deve se perguntar com qual de nós Isabel era pior. Com nos dois. Mas as punições dependiam do humor dela. Quando ela estava com raiva a gente sofria. E quando ela estava feliz ela nos fazia errar para nos torturar e ficar ainda mais feliz. Ou seja sofriamos também.

—Ian...

Natalie me chama baixinho. Percebi sua mandíbula tensa. Ela estava tentando conter o choro. Eu devia estar do mesmo jeito que ela. A abraço.

—Eu também quero sair daqui. Muito.

Ficamos mas um tempo ali abraçados. Nos separamos.

—Vamos descer. Podemos fazer isso outro dia.

Ela assente. Mas aí a campainha toca...


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Notas finais do capítulo

Apesar de ser um cap meio deprimente é provavelmente um dos meus caps mais longos e mais bem escritos. Não olhem pra mim. Também odeio fazer meus bebês Ian e Natalie Kabra sofrerem mas é necessário. Aliás T39C:A Volta falta menos de dez caps pra acabar e assim que acabar vou postar a continuação ou seja fiquem atentos hein.



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