Pov Ian:
A cara de Natalie parecia que ela estava ouvindo um fantasma e seus lábios começaram a tremer levemente. Com o que eu conheço de linguagem corporal, ela estava prestes a chorar. Odiava ver ela assim.

Enfim assim que ela sai do saguão, todos nós nos acalmamos um pouco.

—Temos que descobrir porque a Isabel está aqui.-Diz Daniel.

—Queria que fosse só uma viagem pra diversão, atoa, mas primeiro:Ninguém viria se divertir na Coreia do Norte. E segundo:Isabel Kabra nunca faz nada atoa. Sempre tem um motivo.-Fala Natalie.

—Voces conhecem ela melhor do que a gente...Imaginam algo que ela poderia fazer aqui?-Pergunta Amy.

—Não faço a menor ideia.-Diz Natalie.

Algum tempo depois estávamos eu e Natalie, saindo para irmos vasculhar pontos turísticos de Pyongyang para ver se achávamos algum sinal. Até que duas mãos com as unhas perfeitamente feitas encostam em um ombro meu e o outra no ombro de Natalie.

—Continuem andando.-Diz a voz mansa de Isabel Kabra, sem nenhuma alteração.-O que estão fazendo aqui na Coreia do Norte?

—Pergunto a mesma coisa pra você.-Rebato.

—Eu perguntei primeiro.-Diz ela.

—Agora o que fazemos te interessa? Você disse que não queria ter mais nada a ver com a gente.-Fala Natalie.

—Sabem que eu sou muito curiosa.-Diz Isabel.

—Bom...Estamos procurando uma coisa...-Falo.

—Que coisa?-Pergunta Isabel.

—Te interessa?-Pergunta Natalie.

—Se não me interessasse não estaria perguntando.-Retruca Isabel.

Aquele perfume era tão nostálgico. Ele me lembrava de coisas que eu não queria lembrar nunca mais. Reparo na sua roupa. O vestido parecia mais apertado. E parecia que ela estava engordando.

—Ah isso. Dêem oi pro seu irmãozinho ou irmãzinha.-Diz Isabel, triunfante por ter nos pego de surpresa.

—Não é nosso irmão. Você não é nossa mãe.-Fala Natalie.

—É. Mas de qualquer maneira parabéns. Quem é o pai sortudo? Vesper Um?-Pergunto com um tom de deboche.

—Tenho certeza que ele vai ser eleito o pai do ano.-Diz Natalie, debochando ainda mais.

—Eu nao sei do que estão falando.-Diz Isabel.

—É. Claro que não sabe. Continua tão fingida.-Digo.

—Se o pai não é ele, é porque você provavelmente é ele.-Diz Natalie.

Ela começa a rir.

—O que é tão engraçado?-Natalie pergunta.

—Nada de especial. Sabe...Eu só vim aqui para ver se ainda tinha vocês comendo na minha mão. Mas pelo visto...Tudo continua igual...E eu cumpri minha missão...So de pensar em mim vocês já se sentem torturados. É bom torturar vocês. Em todos os sentidos. Não conseguem nem esconder. O medo está estampado na testa de vocês. No fundo vocês sempre serão os meus patinhos.-Diz Isabel, com um sorriso macabro no rosto.

—Ja acabou o monólogo de super vilã?-Pergunta Natalie, tentando esconder o medo.-Porque estamos ocupados.

—Ai me desculpa, não vou tomar mais o tempo de vocês.-Diz Isabel, sarcástica.-So quero que saibam que só estou tendo esse filho pra ver se esse vai valer a pena e não vai ser um completo desperdício de tempo pra mim.

—Ai que ótimo estamos super felizes por você.-Diz Natalie, irônica.-Agora já que fomos erros da sua vida e nunca deveríamos ter nascido e blá blá blá, poderia nos deixar em paz?

—E perder as caras de vocês? Perder a chance de torturar vocês ainda mais? Perder toda essa diversão? Nunca. Isso está apenas começando.-Diz Isabel.-Alias sugiro que procurem o que querem achar nesse endereço.

Ela me entrega um papel.

—Pra você nos matar? Não obrigada, dispensamos o convite.-Digo.

—Ai Ian...Não está pensando como um Lucian agora. Se eu quisesse matar vocês dois, já teria feito isso faz tempo. Eu vou torturar vocês, até vocês mesmos perderem toda a vontade de viver e se matarem.-Diz Isabel.

—E quem te garante que isso vai acontecer?-Pergunta Natalie.

—Se eu quero que aconteça, então acontece. E se não acontecer:Regra Lucian número um:Sempre tenha um plano reserva. Aliás boa sorte. Vão precisar.

Ela nos empurra e sai dali. Quando vimos que ela já estava longe, finalmente voltei a respirar direito.

—Eu odeio isso.-Diz Natalie.

—Eu também.-Respondo.

Olho para o papel que ela me deu. Não era muito longe daqui.

—Vamos ou não?-Pergunta Natalie.

—É melhor do que procurar sem rumo por aí.-Digo.

Chegamos em uma pequena casa e batemos a porta. Um homem velho atende.

—Isabel!! Como tem a ousadia de voltar aqui?? Mas é muita cara de pau mesmo. E ainda trouxe o Vikram, ou você já o escravizou por completo?-Pergunta o velho coreano em inglês, gritando com todas as forças, realmente alterado.

Ele não deveria enxergar bem por isso nos confundiu com Vikram e Isabel. Tentamos explicar pra ele que não éramos quem ele pensava que fossemos mas ele não acreditou em nós.

Natalie conseguiu entrar pra dentro da casa e pegar a pedra, mas o homem(não sei como) viu isso e apertou um botão. Vários caras mascarados comecaram a seguir a gente. Por muita sorte fugimos deles...

Pov Amy:
Depois que o Ian e a Natalie voltaram pareciam fatigados e devastados.

—O que aconteceu com vocês?-Pergunto.

—Resumindo:Achamos isso na Praca Kim Il-Sung e Guardiões loucos nos perseguiram mais por sorte, sobrevivemos.-Diz Ian.

—Nós...Vamos pro quarto agora...Estamos realmente cansados. A gente se vê amanhã na volta.-Diz Natalie.

—Espera. Ian...Podemos conversar?-Tomo coragem e pergunto isso pra ele.

—Claro.-Ele responde.

Puxo ele pra um depósito bem pequeno ali perto e tranco a porta.

—Alguns dias atrás...Eu vi você conversando com a Sinead e entregando uns papéis para ela. O que eram?

—Eram uns...Papeis do Vikram...Era um testamento. Vikram e o Ronald dividiram algumas coisas e...depois que ele morreu...Parece que ele deixou 50% do que ele tinha pra mim e 50% pra Natalie. Entreguei pra Sinead pra ela verificar se realmente é verdadeiro. Porque está com ciúmes?

—Eu nao tô com ciúmes de você. Eu confio plenamente na minha melhor amiga e...

—Ei...Amy relaxa. Eu tô brincando. É porque o Hamilton com certeza ficou com ciúmes, aí eu só queria saber se você também ficou. Da Sinead obviamente, porque é sua melhor amiga.

—É...Claro...

Ian tenta sair dali. Mas a porta estava emperrada.

—Ai que otimo.

—Desculpa Ian. Eu que te chamei aqui.

—Não tudo bem.

Eu esbarro em uma prateleira que quase cai algo em cima de mim mas o Ian segura. E agora ele estava literalmente me prensando na parede e se ele soltasse caía umas caixas com "conteúdo frágil" sobre nós dois. Eu podia simplismente passar por debaixo dos braços (muito musculosos por sinal. Não que eu fique olhando toda hora) e ele correr bem rápido e deixar as caixas caírem e simplismente inventamos uma desculpa e pagar por tudo depois. Mas eu fiquei paralisada. Na hora eu não pensei em nada disso. Só queria ficar ali me perdendo nos olhos flamejantes dele e olhando praquela boca tão...Beijavel...Ai Amy para de pensar nisso...Como se o Ian Kabra fosse querer te beijar. E da última vez que isso aconteceu ele me trancou em uma caverna.

Enfim consigo dar um jeito de por todas as caixas no lugar e ele se afasta.

—Desculpa.

—N-Não t-tudo b-bem eu...

Antes que eu pudesse completar a frase, Nellie aparece.

—Amy, Ian vamos jantar. Eu vim aqui conferir vocês dois porque essa conversa estava durando um pouco demais e vocês estão em um depósito então não é um lugar muito favorável pra conversar. Se queriam privacidade seria mais fácil pegar um quarto só pra vocês e...

—NELLIE!!-Digo, corando.

—O que foi??-Pergunta ela.

Olho para ela como se dissesse:Já falou demais. E para de pensar merda. Ela fica calada e eu e Ian saímos dali.

Depois do jantar fomos todos para nossos quartos. Nellie e Angelle ligaram para a Sinead e elas ficaram me enchendo a noite toda insistindo pra eu falar que tinha beijado o Ian Kabra. O que não aconteceu. E eu falei isso pra elas e que só conversamos, e quando elas se cansaram eu finalmente pude dormir em paz. Eu não entendo como consigo ser tão azarada quando o assunto é Coreia. E essa é a última coisa que eu penso antes de dormir...