Black Roses escrita por Yumiko


Capítulo 1
Experience




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O som estridente do alarme ressoava no cômodo ainda escuro, despertando-me após menos de uma hora de sono, devido à insônia que perdurava já faziam vários dias. Puxei o celular com força. Abaixo dos números brilhantes que indicavam as horas a mensagem daquele que iria encontrar em alguns instantes:

"Te espero no aeroporto, não entre no avião sem mim"

Férias, essa palavra ecoava em minha cabeça nas últimas semanas como um uma música alta e desconfortável que não se consegue esquecer. Diferente dos outros com quem convivia no internato (e arrisco dizer, dos que não convivia também) voltar para casa não era nenhum motivo de alegria, muito pelo contrário: hoje eu retornaria para o lugar que menos posso chamar de meu no planeta.

Tomei um banho rápido e me vesti às pressas, as malas já arrumadas próximas à soleira da porta. Era um adeus, eu sabia, mas optei por não contar pra ninguém. Já havia tido experiências com despedidas o suficiente e só desejava aproveitar o tempo restante com aquelas que eram quem tinha de mais próximo.

O refeitório, como esperado, estava repleto de alunos e o ruído das conversas, muito mais alto que de costume. Esgueirei-me até chegar na mesa de rostos conhecidos, mais contentes do que eu jamais havia visto. Certamente o meu contrastava com o restante, já que foi o prazo de eu me sentar e os olhares voltaram-se todos para mim:

— Nossa, Lizzie. Que cara de enterro.

— Quanta simpatia, Verônica... - murmurei, trazendo o prato com torradas para perto de mim.

— Desculpe, apenas não entendo. Esse é o dia mais feliz do semestre! Vamos pra casa, encontrar quem mais amamos! - Os olhos da menina brilhavam tanto que evitei olha-los diretamente.

Dei de ombros. Eu sabia muito bem que esse café da manhã era uma reunião informal para falar da família, e sabia que essa era uma forma de introduzir o assunto sobre a minha, que eu nunca havia comentado sobre.

— Ok, vamos ser diretas.- Úrsula entrou no assunto batendo as duas mãos na mesa. Segurei meu prato com firmeza para que os ovos não caíssem no chão. - Somos amigas há meses e você não fala nada sobre sua vida fora daqui. Com quem ou onde mora, as meninas aqui acham que você é filha de chocadeira!

— Úrsula! - exclamaram as outras meninas, mas sem negar o que ela havia falado.

— O quê!? - exclamei, rindo um pouco. - Eu não sou filha de chocadeira! Só não acho um comentário relevante...

— Pois eu acho tudo isso muito estranho... - Os olhos cerrados da menina me encaravam, lendo qualquer expressão que desse o mínimo sinal.

— Sinto muito decepcioná-las, mas não tenho nada a dizer. Aliás, tenho sim - Murmurei enquanto levantava às pressas.- Precisamos correr para o aeroporto, a menos que prefiram comentar da minha família a rever a de vocês...

—--------------

Andava a passos largos em direção ao meu portão de embarque, minhas amigas me seguiam, já ofegantes por tentarem me acompanhar. Meu voo era o primeiro e elas fizeram questão de me acompanhar, e eu fazia questão de me livrar delas o mais rápido possível e subir sozinha no avião.

Não ia obedecê-lo, pelo motivo de que a experiência te leva a evitar erros passados e contornar a situação de forma que, se não te livrar, reduz alguns danos que ela pode causar.

Infelizmente, não levei em conta o fato de que experiência nunca é uma via de mão única, no momento em que você aprende sobre alguém, essa pessoa aprenderá sobre você e poderá, enfim, virar o jogo.

Sinto uma mão envolver o meu punho calmamente, da mesma forma que um jogador de xadrez faria com o lance do xeque-mate. Sem outra alternativa, me deixei levar aceitando a derrota, enquanto ele me puxava com delicadeza para junto de si, me envolvendo em seus braços com uma ternura bastante conveniente.

— Olá, minha querida irmã. - murmurou Edgar, enquanto eu me desviava da familiaridade nada confortável de seus olhos rubros.- Sentiu saudade?


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