— Lá vem o Casal Problema. – o barman cumprimenta com um sorriso assim que Shikamaru e Temari passam pelas portas do pub mais underground da cidade.

— Ei, amigo. Por que essa fama? – algum embriagado sentado ao bar quis saber.

— A gente gosta de brigar. – Shikamaru resumiu assim que recebeu seu copo cheio.

— Você gosta de brigar. Eu só vou pro braço quando perco a paciência. – Temari corrigiu.

— E você tem alguma paciência? – o moreno provocou.

Temari apenas revirou os olhos.

— Vou mijar.

Quando já estava longe o bastante, o embriagado voltou a se aproximar do moreno.

— Rapaz, que boca suja a da sua garota.

— O que você tem com isso? – enfrentou mudando drasticamente de humor – E ele prefere ser tratado no masculino.

O homem pareceu achar graça.

— Bom, ele tem uns peitos bem femininos...

No mesmo instante, Shikamaru agarrou o homem pelo colarinho, que exibiu uma cara de total espanto. Todo o pub sentiu a tensão e parou para assistir.

— Primeiro que o corpo dele não te diz respeito. Segundo que-

Uma mão pousou sobre o ombro do moreno. Era Temari com um sorriso doce nos lábios.

— Ei, amor, vamos educar ele. – propôs e então colocou-se cara a cara com o sujeito pendurado ao ar – Oi, tudo bem? Meu nome é Temari e eu sou gender-fluid. Significa que eu mudo o gênero com o qual me identifico de tempos em tempos. Meu corpo só indica o sexo biológico e nada mais. Hoje, eu sou o Temari e mereço seu respeito. Entendeu?

— E-entendi. – respondeu nervoso – Agora me larga, cara.

Shikamaru se acalmou e devolveu o embriagado ao chão, que saiu de perto dos dois. Temari sorriu debochado enquanto se sentava para pedir sua bebida.

— Tio, me vê o de sempre!

— Babacas... Não é atoa que são Senhor e Senhora Problema. – o embriagado soltou entredentes, o que foi um grande erro, já que em menos de um segundo já estava no chão devido a um soco certeiro em seu nariz.

— Nós preferimos "Casal problema". É mais neutro. – educou o loiro.

O bar todo gritou positivamente.

— Eu disse que você não tem paciência. – Shikamaru murmurou ainda sentado, bebendo sua cerveja calmamente.

— Não vou discutir com você porque acabei de lembrar que eu ainda preciso mijar. – avisou.

O barman se aproximou de Shikamaru para buscar o copo vazio.

— Os caras acham que temos esse apelido atoa. Só pode. – Shikamaru comentou – Será que vai dar polícia?

— Todo mundo aqui ama vocês. Ninguém deporia contra. – tranquilizou – Além do mais, o cara se recusou a aprender por bem, então a vida ensina. Cá entre nós: foi um soco muito bem dado.

Shikamaru agradeceu a solidariedade e voltou a beber.

Temari ainda acariciava o punho quando voltou para a mesa. O moreno pegou na mão do namorado para beijar-lhe os nós dos dedos.

Shiakamaru conheceu Temari três anos antes, durante uma briga naquele mesmo pub. Naquele dia, ele soube: por que se apaixonar por um gênero quando podemos nos apaixonar pela forma como alguém soca um preconceituoso de merda? O amor é lindo!