Café, donuts e borboletas no estômago - Spideypool escrita por Daroon


Capítulo 2
Malditas Borboletas




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Gemeu no segundo em que pisou para fora da instituição da qual estudava administração. Deixou seus ombros caírem, sentindo-se cansado e frustrado. Seus ouvidos ainda zumbiam com o falatório de seu chefe. Não imaginava que ouviria tanto, por Deus, aquele homem tinha tirado o dia para brigar com todo mundo. Até tentou oferecer o seu café — a contra gosto —, para acalmar o homem, mas no final seu chefe além de reclamar do café, jogou fora. Wade arrependia-se amargamente de tentar ser legal com o outro. Se não queria o café bastava devolver. Bufou ao se lembrar disso, tinha passado o resto da manhã azedo por não ter cafeína no corpo, odiava tomar o café do trabalho, Wade suspeita que a pessoa que preparava tinha um ódio mortal das pessoas que trabalhavam lá, o café era tão horrível que até o cheiro lhe repudiava.

Não via a hora de chegar em casa e simplesmente se jogar no sofá, mas não podia, tinha que começar os seus estudos e a droga do trabalho senão logo, logo iriam se acumular caso não começasse o quanto antes. Rastejava-se de volta para casa. Moído. Seu estômago também protestava já que não tinha comido nada desde o almoço, que foi um simples sanduíche, para completar o seu dia, lembrou-se que não tinha nada em casa. Suspirou. Deu meia volta indo em direção a conveniência duas quadras antes de seu apê.

Wade agradeceu por aquelas portas das lojas de conveniência abrirem automaticamente. Duvidava que possuía força de vontade para empurrar uma mísera porta. Apenas algumas pessoas estavam naquele lugar: comprando bebida, cigarro, guloseimas. Wade seguiu em rumo para o expositor, vislumbrando aquelas maravilhosas comidas congeladas, como sempre, suas refeições se limitam a isso e cup noodles, claro que poderia comprar miojo que sai mais barato, mas o fato de ter que ficar sujando panela não lhe agradava nem um pouco. Num resumo total, Wade era um completo sedentário e investia seu dinheiro da pior forma possível, um dos motivos que seu dinheiro acabava na metade do mês. Talvez devesse parar de comer aquelas porcarias gostosas congeladas e começasse a cozinhar. Quem sabe no próximo mês, pensou enquanto pegava uma lasanha e colocava na cestinha, seguindo rumo entre as estantes e pegando pão, voltando logo em seguida para o expositor e pegar queijo e presunto; precisaria fazer sanduíche para sobreviver. Torceu o nariz diante daquele cenário, definitivamente precisava mudar a sua alimentação.

Com tudo na cestinha, foi rumo ao caixa, sorrindo para o jovem que estava exausto, possivelmente estava cobrindo o turno de alguém. Ao pagar se despediu do funcionário e foi rumo para o seu apê. Já estava tarde, a essa altura já deveria estar na cama, descansando devidamente para acordar cedo, mas infelizmente precisava ao menos estudar um pouco. Enquanto a lasanha esquentava no microondas, tratou de ajeitar a sua minúscula sala, que consistia num sofá de três lugares — para caso resolvesse dormir ali mesmo —, uma mesinha de centro para fazer suas coisas, já que comprar uma mesa estava fora de questão, pois morava sozinho e uma televisão.

Deixou seus materiais sobre a mesinha e seguiu rumo a cozinha no momento em que ouviu o barulho do eletrodoméstico. Serviu-se e foi para a sala, começando a estudar conforme comia. Não viu o tempo passar, mas estava tão cansado. Sua cabeça doía. Pegou o seu celular, precisava de carga, focou nas horas e arregalou os olhos. 03:38. Se tivesse sorte conseguiria tirar um bom cochilo. Suspirando, levantou-se do chão, pôs o celular para carregar e deitou-se no sofá mesmo. 

Grunhiu ao escutar seu despertador, sentia suas pálpebras pesadas. Não queria levantar, mas precisava. A contragosto se levantou, gemendo logo em seguida ao sentir suas costas e pescoço doendo, consequência de dormir no sofá sem travesseiro. Protestou vários palavrões conforme se aproximava de seu celular, desligando o alarme. A primeira coisa que resolveu fazer foi tomar um banho para que pudesse despertar, logo após, tomou remédio para dor. Certamente ficaria de mal humor o dia inteiro. Sem nenhuma vontade de comer pela manhã, Wade saiu. 

Aquele frio pela manhã sempre seria maravilhoso. Enfiou as mãos no bolso, sentindo seu últimos trocados. Suspirou, no fundo agradecendo por ainda ter dinheiro para comprar um café e um donuts para si. Na verdade estava ansioso em rever o funcionário da cafeteria, a simpatia dele certamente iria alegrar o seu dia. Mas infelizmente seria seu último dia até que recebesse novamente.

Quando o sininho indicou a sua entrada, agradeceu aos céus que não tinha uma fila gigante, era só ele e o funcionário. Sorriu ao se aproximar. “Bom dia”, pronunciou, sentindo aquelas estúpidas borboletas no estômago quando Peter sorriu para si. Céus ninguém merece ficar daquele jeito por alguém que nem conhece. Sentia seu rosto queimar.

“Bom dia” Peter se lembrava daquele cliente. Apelidou-o de cliente envergonhado, porque assim como ontem, ele estava desviando o olhar enquanto batia os dedos sobre o balcão. “O que desejas?”, indagou gentilmente. 

“Um Macchiato, por favor.”, pediu envergonhado. Wade nem parecia um adulto, sentia-se um adolescente, principalmente com o funcionário sorrindo para si. Poderia ficar desfrutando daquela presença, se isso fizesse seu dia melhorar consideravelmente, por vários dias se fosse necessário. “E um donuts.”, murmurou, achando que não tinha sido ouvido, mas Peter ouviu.

Estava achando extremamente adorável aquele cliente. Normalmente vinha uns apressados, ignorantes, alguns educados, mas que precisavam de atendimento rápido. E claro, tinha os idiotas, mas nunca clientes envergonhados, bom, no nível dele. Assim que preparou o café e pegou o doce, entregou para o cliente, sorrindo enquanto ele lhe entregava o dinheiro. “Desculpa, não tenho gorjeta.” Certamente não existia cliente como ele.

“Não tem problema.” Peter pronunciou calmamente. Seguindo-o pelo olhar enquanto que saia da cafeteria com o estômago revirado. ‘Malditas borboletas estúpidas’, era o que pensava Wade, sem ver Peter negando com a cabeça soltando uma sutil risada.

O restante do dia de Wade foi uma bosta como sempre. Tinha esquecido que precisava comprar o almoço. Não fez um sanduíche para si e ainda tinha que ir para faculdade depois do trabalho. Mas seu dia só ficou ainda pior graças ao seu chefe, parecia que o homem dormido com a bunda para a Lua, porque misericórdia, ele estava impossível. Mas apenas de lembrar de Peter, sorria; a voz doce, os olhos castanhos cheios de brilhos, aquele lindo sorriso. Poderia desfrutar dessa imagem para alegrar o seu dia, mas logo se repreendia ao pensar no outro. Sentia aquelas borboletas estupidas em seu estômago e ficava parecendo um bobo apaixonado, coisa que ele não estava. E ele não estava torcendo feito louco para que chegasse o dia do pagamento o mais breve possível.


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