O príncipe babaca e a florista iluminada escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 9
Passeio em Família


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu adorei escrever esse capitulo, acho que ele vai ser importante e espero que vocês também gostem.



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POV Eliza

A semana estava sendo uma loucura, entre cuidar do Flor, das crianças, Arthur ainda me ligou dizendo que tinha agendado minhas fotos para a campanha de vestidos de noiva, para dali dez dias, ou seja na próxima quarta-feira. 

Finalmente a sexta tinha chegado, minha mãe já estava ansiosa para voltar, dia sim, dia não, ela ligava ou mandava fotos, o lugar em que eles estavam era lindo, e ela me disse que eles estavam se divertindo muito, que tinham visto até apresentações indígenas.

Estava terminando uma ligação com ela, quando vi Arthur entrando, ele se sentou em uma mesa e fez sinal para que eu me aproximasse.

—Mãe, preciso desligar, chegou cliente e tenho que atender, estamos morrendo de saudade, aproveitem bastante, beijos.

—Tenho um convite para você e para os seus irmãos e não vou aceitar não como resposta, vamos passar o final de semana dando um passeio de barco, vocês, eu e a Jojo, passo para buscar vocês amanhã as 08:00.

—Pera aí Arthur, não é assim que funciona, finais de semana são os dias que o Flor tem mais movimento, não posso simplesmente fechá-lo.

—Eu sei disso, por isso eu tomei a liberdade de conversar com a Débora, e pedir se ela é o Charles poderiam ficar no seu lugar, eles disseram que sim, você não tem escapatória minha querida.

—Você não tem jeito né, tudo bem então, eu aceito esse teu “convite”, mas eu vou ajudar com alguma coisa, eu faço os lanches.

—Perfeito, então até amanha, tenho que passar na agência assinar alguns documentos, só passei aqui para te avisar do nosso programa familiar.

Mini POV Carolina

Nenhum dos dois reparou na soleira da porta, que Carolina tinha escutado tudo que eles tinham falado, e partiu sem dizer nada, com mais uma cicatriz no coração já maltratado, ela sabia que assim que a ruiva voltasse Arthur correria como um cachorrinho atrás dela, ainda mais porque eles sabiam que ela voltaria solteira.

Era patético da parte dela, se deixar abater por isso, afinal foi ela que escolheu largar de vez aquele playboy cafajeste de olhos azuis.

POV Eliza

Depois que Arthur saiu, mandei uma mensagem para Débora agradecendo, e deixando claro que estava devendo uma, quando ela precisasse de mim, pra qualquer coisa poderia me chamar. 

A manhã foi tranquila, e pouco antes do almoço começar, meus irmãos chegaram, mandei que fossem tomar banho e descer para comer que eu tinha uma surpresa, não me lembro de ver eles fazerem as coisas tão rápido.

—Então dupla de dois, o que vocês acham de passar o final de semana em um barco?

—Um barco de verdade, no meio do mar? - Carlinhos me perguntou animado.

—Sim um barco de verdade, e vamos navegar no mar sim, então vocês topam?

—E vai ser só a gente? - Dayse me perguntou.

—Não, vai ter mais algumas pessoas - antes que eu pudesse continuar, Dayse me interrompeu.

É o príncipe? — ela ainda chamava Arthur assim às vezes.

—Sim Dayse, é com o Arthur e a filha dele a Jojo, nós vamos sair amanhã cedinho, então hoje vocês precisam ir dormir cedo, porque não quero ninguém mal humorado. Então podem almoçar, depois podem subir brincar um pouco, e depois fazer as tarefas, qualquer coisa vou estar aqui em baixo.

Eles subiram correndo, sabia que tinham ficado animados, precisava fazer uma lista do que levar, e do que precisaria comprar, até porque eu estaria com quatro crianças naquele barco.

No final da tarde, quando o movimento começou a aumentar, vi Debora entrando no Flor, ela estava tão confiante e segura de si, que mal me lembrava a garota tímida que conheci tantos anos antes.

—Oi, vim ver se você já precisava de uma ajuda, e colocar o papo em dia. - ela veio até mim e me deu um abraço.

—Dê, queria mesmo te agradecer por ficar no meu lugar, poxa eu te fiz perder o teu final de semana.

—Para Eliza, não tem nada que ficar me agradecendo, mas confesso que fiquei bem surpresa com a ligação do Arthur, não sabia que vocês tinham voltado a ficar juntos, se bem que eu meio que sempre torci por vocês, então eu estou bem feliz com isso, você merece muito ser feliz.

—Ahh, nós não estamos juntos desse jeito, a gente é só amigo, não tem nada demais.

—Entendi, mas pode ficar tranquila para ir aproveitar o passeio com o seu “amigo”, eu cuido do Flor, até estava com saudade de ficar por aqui.

—Você sabe que não vamos apenas nos dois, as crianças vão estar junto.

—Eliza, você não precisa ficar se justificando pra mim, estou só pegando no seu pé sua boba, vou deixar minhas coisas lá em cima, não tem problema né? 

—Claro que não, fica à vontade, você conhece a casa.

O restante da noite passamos entre atender os clientes e conversar sobre o que tinha acontecido com a gente nesse tempo, já tínhamos conversado outras vezes, mas dessa vez estávamos sozinhas então contei para ela sobre meus “rolos”.

Ela ficou um pouco chocada com a minha coragem de me envolver com estranhos, mas eu expliquei que me fez bem, me fez crescer e amadurecer como mulher, perguntei sobre o Charles, que estava na boate, e só chegaria mais tarde. Quando fechamos o Flor, e subimos as crianças já estavam deitadas, sentamos na sala pra conversar mais um pouco.

—Estamos bem, mas ele quer dar o próximo passo na relação, já conversamos um pouco sobre isso, eu ainda não sei se é a hora, queria muito terminar a pós antes de casar.

—Vocês tem que sentar e conversar, essa é uma decisão que cabe ao casal, tenho certeza que vão achar o momento juntos, vocês são perfeitos um pro outro.

Fofocamos mais um pouco depois disso, mais eu não queria ir dormir muito tarde, o dia seguinte ia começar cedo, e eu queria estar disposta. Mas apesar de ir deitar, não estava conseguindo dormir, minha mente traíra insistia em me levar na direção do Arthur, e das nossas lembranças, eu não conseguia entender as atitudes dele.

Quando o despertador tocou, quase joguei na parede, mas meus irmãos já estavam de pé, e fazendo barulho na cozinha, então criei coragem e levantei, assim que olhei pro celular vi que tinha uma mensagem.

A: Logo mais estou aí, vamos precisar passar em algum lugar antes de ir pra marina?

E: Acredito que não, daqui um pouco vamos estar prontos, até mais. Bjs

A: Ok, até mais, bjs

Fui no banheiro joguei uma água no rosto, e me arrumei antes de ir pra cozinha. Quando cheguei lá meus irmãos já estavam comendo, fazia tempo que não via os dois tão agitados, parecia que iam sair quicando, Débora estava fazendo lanches, então para o seu lado ajudá-la.

—Vocês estão prontos, daqui um pouco o Arthur chega e nós vamos pra marina, onde o barco está nos esperando.

—Sim, nós arrumamos as bolsas ontem, pra não ter perigo de esquecer nada. - Carlinhos disse tentando parecer adulto.

Assim que terminamos de arrumar tudo, meu celular vibra com uma mensagem do Arthur me avisando que chegou, e estava me esperando lá embaixo, pegamos as mochilas, o cooler, e descemos, estranhei em não ver o conversível vermelho, ele estava encostado em um sedã preto, acho que ele notou minha cara.

—Não ia caber tudo e todo mundo dentro do meu carro, por isso aluguei esse. - disse enquanto pegava as coisas para colocar no porta-mala, nessa hora Jojo abaixou o vidro.

Vamos vocês, vão ter hora pra namorar depois. - nessa hora eu fiquei da cor do meu cabelo, mas antes que eu pudesse responder, Arthur já estava falando.

—Maria João, já falei para você parar com isso, só sabe que somos apenas amigos.

Depois disso Arthur terminou de guardar as coisas, e todos entramos no carro, assim que coloquei o cinto me virei para a Jojo e disse.

—Vou afogar você sua peste, que adora me fazer passar vergonha.

—Vai me dizer que a caipira aprendeu a nadar?

—Aprendi muitas coisas, sua piralha, vai querer pagar pra ver? — falei e levantei as sobrancelhas, no que esperava ser uma maneira sugestiva.

—Podem ir parando de brigar crianças, se não as duas vão ficar de castigo e as únicas pessoas que vão ir nadar comigo, vão ser a Dayse e o Carlinhos.

O resto da “viagem” passamos entre risos e brincadeiras, mais uma vez a sensação de que parecíamos uma família se apoderou de mim, e fez com que eu me distraísse por um momento, o que foi suficiente para que Arthur colocasse a mão na minha coxa e chamasse minha atenção.

—Seus irmãos sabem nadar, se não posso pedir para colocarem mais coletes a bordo, não quero ter riscos.

—Sabem sim, minha mãe colocou eles na natação faz um tempo, mas se você pode pedir isso, me deixaria mais tranquila. - a mão que ainda estava na minha perna me faz um carinho, antes dele me dizer.

—Já te disse isso mais de uma vez, você sabe que faço qualquer coisa por ti. 

Por sorte antes que eu precisasse pensar em algo para dizer, chegamos na marina. Então simplesmente desci do carro para começar a descarregar as coisas, meus irmãos estavam olhando admirados a quantidade de barcos, para eles algumas coisas no Rio ainda eram novidades, e aparentemente essa era uma delas.

Pegamos as bolsas, mochilas, coolers e fomos em direção ao barco que Arthur tinha alugado para o final de semana, era uma lanche espaçosa, o capitão estava explicando as acomodações da lancha modelo Beneteau Gran Turismo 38, segundo ele, tinha apenas uma leve diferença para as originais, em um dos dois quartos ele tinha tirado a cama de casal, colocado um beliche e uma cama de solteiro, pois na época em que navegava com a família, eram três crianças. Ele falou mais algumas coisas, deu mais algumas explicações que eu não estava escutando totalmente, então nos ajudou a colocar tudo para dentro, deixou mais dois coletes infantis, desejou um bom passeio e se despediu.

Quando zarpamos as crianças tinham ido se ajeitar no quarto e trocar de roupa para aproveitar o máximo possível, foi quando minha ficha começou a cair, o dono do barco tinha dito que eram dois quartos, olhei ao redor para ver se estávamos sozinhos então me virei fazendo cara feia.

—Arthur Carneiro de Alcântara, onde é que eu vou dormir, ou melhor onde é que você vai dormir, porque eu vou usar o outro quarto.

—Eu sabia que você ia ficar assim, mas não precisa de drama, não é como se a gente nunca tivesse dividido uma cama antes, e vai ser por apenas uma noite.

—Se você fizer alguma gracinha — não consegui terminar, porque Arthur me puxou pela cintura, para um meio abraço.

—Nunca fiz nada que você não quisesse, não é agora que eu vou começar, achei que você me conhecia melhor. - nesse momento eu estava presa naquele par de olhos azuis, e assim ficamos pelo que pareceu uma eternidade, até que ouvimos um pigarro, e algumas risadinhas.

—Então o que vocês querem fazer primeiro? - Arthur perguntou sem me soltar, então eu apoiei a mão no ombro dele e me virei para as crianças também, Jojo e Dayse tinham um sorriso de orelha a orelha, eram duas pestes.

—Tem como pescar no mar? - Carlinhos perguntou de forma tímida.

E assim passamos o dia, pescando, nadando, tomando sol, se curtindo, rindo e brincando, no meio da tarde, Arthur disse que faltava pouco menos da metade do caminho até Búzios, mas nós ficariamos ancorados por ali hoje, e amanhã fariamos o restante do caminho para almoçar e passear na cidade.

Perto das 22h, as crianças já tinham desmaiado na cama, e eu resolvi ir me sentar na proa da lancha para observar a lua, estava uma noite bonita, com um céu estrelado, tinha esfriado um pouco mais não dei bola. Estava tão absorta nos meus pensamentos que nem notei Arthur vindo sentar ao meu lado, trazia nas mãos duas taças e uma garrafa de champanhe e nos ombros uma manta que colocou sobre os meus.

Ficamos alguns tempo em silêncio, apenas olhando para o céu, sentados lado a lado, até que ele abriu a champanhe, e encheu as taças, então me entregou uma.

—Um brinde, a um dia muito especial, com uma excelente companhia, e a esta noite maravilhosa.

—Um pedido de desculpa, eu te conheço Arthur, sei como você é, e mesmo assim, quase falei besteira.

Ele não disse nada apenas bateu de leve a taça na minha e deu um gole na bebida, imitei o gesto, ele então se ajeitou melhor, para ficar quase deitado ao meu lado, e depois de algum tempo ele me olhou sério e perguntou.

—Você está feliz? - a pergunta me pegou de surpresa, eu não sabia como responder.

—Eu acho que sim, tenho um bom emprego, uma boa casa, uma família e amigos que me amam, o que mais eu poderia pedir?

Ele me encarou por um tempo, sem dizer nada, então largou a taça e colocou a mão no meu rosto, me obrigando a olhar para ele, então me perdi naquele par de olhos azuis, enquanto ele dizia.

—Não me basta saber que sou amado, nem só desejo o teu amor: desejo, ter nos braços teu corpo delicado, ter na boca a doçura de teu beijo.

Quando ele terminou de recitar me puxou para um beijo, que dessa vez eu correspondi, assim que ele notou minha entrega, aprofundou o beijo e começou a me deitar sobre a manta que a altura já tinha escorregado dos meus ombros.


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Notas finais do capítulo

Entãooooo, será que vai rolar finalmente?
Sobre o poema que o Arthur declamou para a Eliza ele é do Olavo Bilac, um trecho de Ao Coração que Sofre.



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