Chorou no colo de Angelina, a raiva e a humilhação pulsando em suas veias. Como ela poderia saber que George gostava justamente da corvina estranha e lunática? Não era justo. O ruivo era muito bonito, popular, esperto e engraçado totalmente incompatível com a Di-Lua. Katie queria o Weasley para ela. Não era justo!

— Você vai superar. - A negra exclamou com um sorriso solidário. – Eu sei o que é gostar de um gêmeo Weasley, não é o fim do mundo.

— Fred pelo menos te convidou para o baile de inverno. – Rebateu amargamente. - Você teve uma chance real.

— Ele me convidou, dançou comigo e até flertou. – Angelina proferiu com um ar decepcionado, seus olhos escuros fixos num ponto da parede como se enxergasse a cena nela. - Depois viu Granger chorando e simplesmente me abandonou para consolar a amiguinha... – Revirou os olhos e arrumou a postura. - Ele era dela daquele dia em diante, mesmo que só assumissem meses depois.

— Sinto muito, Angel, não queria deixar você para baixo também. – Katie encarou com pesar a amiga e limpou suas próprias lágrimas. - Eu realmente não entendo o que aqueles ruivos veem nelas.

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Lee Jordan engoliu em seco, estava encurralado entre os ruivos e uma parede da sala comunal. Fred, George e Ron apontavam suas varinhas para o negro. Ele sabia que beijar Ginny Weasley traria inúmeras confusões para sua pacata vida, quase sorriu com isso.

— Oh! Deixem-no em paz. – Hermione se enfiou entre os bruxos. - Até parece que Lee agarraria Ginny contra sua vontade. – Argumentou com um sorriso petulante. - Ele é o melhor amigo de vocês, cabeças ocas. – Encarou os gêmeos com o nariz empinado e um sorrisinho insolente.

— Exato! – Lee protestou alto, aproveitando a defesa da amiga. - E vocês me abandonaram. – Reclamou. - Só queria o vermelho novamente na minha vida ou no caso uma decidida, atraente e charmosa ruiva. – Suspirou com um sorriso apaixonado.

— Amor! Saía da frente. – Fred mandou, no entanto, a monitora apenas levantou uma sobrancelha e ergueu sua varinha, pronta para ensinar uma lição para o namorado.

— Ninguém vai azarar ninguém! – Ginny gritou atraindo a atenção enquanto descia as escadas do dormitório feminino. - Se vocês têm um problema com quem eu beijo ou deixo de beijar, então falem comigo. – Ela se juntou a Hermione com sorrisos cúmplices.

— Você ainda é uma criança não devia beijar ninguém. – George comentou contrariado, reconhecia uma causa perdida e abaixou sua varinha.

— Então você não vai tocar em Luna Lovegood que está no mesmo ano que estou. – A ruiva ameaçou com ferocidade. - E você Fredoca, Hermione é a minha melhor amiga, então você não me quer como inimiga. – Advertiu com um sorriso perverso.

— Você joga sujo, Ginevra. – Fred objetou azedo. - Amigão, boa sorte com minha irmãzinha porque você vai precisar. – Baixou sua varinha e tentou puxar a namorada para um abraço, sem sucesso.

— E, Ronald, você realmente quer brigar com sua melhor amiga e sua irmã? – A bruxa de cabelos cheios perguntou com um sorriso inocente demais para ser verdadeiro. - Afinal, Lavander divide o quarto comigo. – Deixou apenas nas entrelinhas a chantagem.

— Você não ousaria. – O menino empalideceu, no entanto, estava mais incomodado de causar algum atrito com a amiga do que com a namorada.

Harry soltou uma risada.

— Vocês precisam parar de confrontar essas grifinórias. – Ele beijou a bochecha de Hermione que sorriu carinhosamente para ele, claro que seu irmão seria um cara sensato. - Vou encontrar com Cho. – E saiu pelo buraco da Mulher Gorda.

O locutor finalmente foi libertado pelos amigos ruivos e com uma dose extra de ousadia puxou Ginny para seus braços, ela sorriu satisfeita e o beijou com empolgação. Hermione abriu um grande sorriso para cena, pois sabia o quanto a amiga aguardava por aquele momento, estava muito feliz pela ruiva. Então caminhou até a poltrona perto da lareira em que o namorado estava emburrado, sentou delicadamente em seu colo e acariciou os fios ruivos até ele sorrir manhosamente... Fred era uma criança quando queria.

— Dumbledore oferecerá um baile para celebrar o Natal, acho que o velho gostou de uma festança após o baile de inverno. – Fred comentou fixando seus olhos nos de Hermione. - Quer ir comigo, Leãozinho? Dessa vez, ninguém te fará chorar. – Havia o sorriso charmoso e confiante de sempre em seus lábios, todavia seus olhos mantinham uma pontinha vulnerabilidade. “Até parece que eu te negaria algo, Weasley”, a bruxa pensou com bom humor.

— Eu não iria com nenhuma outra pessoa. – Garantiu com um sorriso resplandecente. - Obrigada por me convidar e não apenas assumir que iriamos juntos porque namoramos. – Beijou a ponta do nariz sardento. - Eu amo você.

Fred sentiu seu coração inchar com as palavras da garota, ele era tão incrivelmente sortudo.

— Hoje eu já disse que eu sou louco por você?

— Ainda não. – Hermione selou rapidamente seus lábios nos dele. - Eu já te disse o quão feliz você me faz? – Era a pura verdade, nunca tinha sido tão feliz em sua vida como era nesses últimos meses.

— Amo tanto você, sabe-tudo. – Enfiou uma mão entre os cachos castanhos e com a outra mão puxou o rosto dela para próximo do seu e a beijou apaixonadamente.

— Por Merlin! Arrumem um quarto. – Ginny interrompeu a intensa demonstração de afeto com uma careta. - Nem parecem que estavam quase duelando cinco minutos atrás.

— Nada novo sob o sol. – Lee exclamou bem humorado fitando os amigos, o bruxo amava como Hermione tornou-se o motivo do sorriso do melhor amigo, eles eram ótimos juntos. - Nós vamos até a cozinha, vocês querem alguma coisa? – Ofereceu.

— Não queremos. – A monitora respondeu mostrando a língua para amiga.

— Fale por si mesma, pois eu quero doces. – Fred a cortou rapidamente. - Não demorem, e cuidado com as mãos, Jordan. – Sorriu com implicância para o negro que mostrou o dedo do meio enquanto saía pelo buraco do quadro.

George jogava xadrez bruxo com o irmão caçula e levava uma surra, como esperado... O único dos irmãos que rivalizava com Ron no xadrez era Bill. Então com um suspiro conformado notou a figura de Katie muito quieta próxima à janela, levantou e encaminhou-se até a bruxa.

— Você está bem? – Indagou num tom baixo e gentil, não era sua intenção tripudiar sobre os sentimentos de nenhuma garota.

— Envergonhada. – Respondeu cabisbaixa, suas bochechas coraram ao encarar o bonito ruivo. - Então não foi um delírio da Di-Lua?

— Por favor, Katie, não a chame assim. - George falou sem um vestígio de humor. - E sim, Luna é minha namorada. - O sorriso iluminou seu rosto.

— Vocês não têm nada em comum. – Teimou.

— Não é bem verdade, mas desconfio que só alguns entendam a minha sintonia com ela. – Argumentou sem ficar ofendido. - E mesmo com muitas diferenças é isso que torna tudo mais bonito.

— Hmm... Quando sua ilusão acabar, me procure. – Katie disse erguendo o rosto corajosamente. - Podemos nos divertir juntos. – Insinuou e subiu correndo as escadas para os dormitórios femininos.

— Sem chances. – George revirou os olhos rindo, resolveu então procurar a namorada sabia que provavelmente ela estava pelos corredores próximos à sala comunal da Corvinal, acenou para os irmãos e cunhada e correu para saída.

Caminhava assobiando e pensando como a vida era cheia surpresas, lembrou quando sua irmã apresentou uma garota distraída, levemente suja de terra e com grandes olhos azuis. Ele a achou estranhamente fascinante. Então tinha aquele sentimento de proteção com a amiguinha de Ginny, odiava quando alguns alunos roubavam suas coisas ou riam de suas excentricidades, quando descobria algum culpado sempre direcionava suas pegadinhas. E os anos correram, e a menininha magrinha e peculiar tornou-se uma adolescente bonita e peculiar. George riu sozinho, seu coração vibrando com o novo sentimento. Virou o corredor a sua direita e parou ao notar um lufano sendo grosseiro com Luna, sua expressão passou de tranquilidade para perigoso em segundos.  Puxou a varinha e com um feitiço não-verbal grudou o idiota a parede oposta.

— George. – Luna o saudou com um sorriso afetuoso, contudo seus ombros estavam ligeiramente tensos. - Estava dizendo adeus a Macmillan, entretanto acho que ele não entendeu. – Franziu o cenho, rapidamente distraída pelo feixe de luz de uma janela próxima refletindo no vermelho do cabelo do namorado... Parecia fogo e era lindo.

O grifinório segurou o rosto da loira e beijou levemente seus lábios. - Ernest terá muitas horas para entender. Aproximou-se sorrindo cruelmente para o aluno. - Ela é a minha namorada. Você realmente não quer encrenca comigo, quer? – Pressionou sua mão sobre o ombro do outro até notar a careta de dor. - Chegue perto dela novamente e garanto que vai sentir saudade dessa noite que apenas vou deixa-lo aqui para reflexão. – Ameaçou friamente.

— Por que você estava me procurando? – Luna encarou com os olhos arregalados, não estava acostumada a ser defendida daquela forma, então ignorou o lufano que a encarava com raiva e puxou o ruivo para perto dela, ambos saíram dali de mãos dadas.

— Eu estava com saudades. – George mudou completamente sua expressão e beijou os dedos dela. - Vamos à cozinha, quero tortinhas.

— E eu pudim! – Luna saltitou.

Acabaram por encontrar com Ginny e Lee sendo servido por alguns elfos, George ainda precisava conversar com seu gêmeo para definir qual brincadeira faria com o melhor amigo/cunhado. Apesar disso, estava muito satisfeito com o casal porque sabia que o melhor amigo cuidaria bem de sua preciosa irmã.

— Oi, Gin. – Luna sorriu. - Você está namorando com Lee?

— Ninguém me pediu em namoro. – Soltou a indireta com um sorriso sapeca, ela soltou-se do negro e puxou a amiga para um abraço. - Parabéns cunhadinha, sabe que eu gosto muito da ideia de ter você na família.

— Obrigada. – Sorriu timidamente.

— Luna, amor, eu achei o pudim. – George abriu um sorriso de orelha a orelha e ela foi ao seu encontro na bancada.

— Você precisa aprender a ter paciência, ruiva. – Lee falou enquanto terminava de arrumar a cesta com guloseima que levaria para a sala comunal.

— Sem pressão. – Ela cantarolou.

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Lee estava muito desconfiado do comportamento passivo dos gêmeos, até a hora de dormir não tinha sofrido nem uma represália pelo envolvimento com a irmã deles. Na realidade, eles conversaram animados sobre as namoradas e o fato delas serem tão contrastantes. Hermione e Luna. Razão e Fé. E mesmo assim, elas eram amigas e respeitavam suas diferenças. Na opinião de Jordan, o sucesso daquela alquimia era Ginny que unia as meninas e as mantinham em harmonia. Dormiu com um sorriso no rosto.

Acordou e ficou feliz que sua aparência estava normal, teve medo de acordar careca ou com cabelo amarelo. Tomou seu banho e vestiu seu uniforme, resolveu então acordar os dois dorminhocos que considerava seus melhores amigos... Que dia maravilhoso!

— Ei! Acordem! Ahhh! – Essa não era sua voz. – O que eles fizeram com sua maravilhosa voz de locutor?!

Fred e George abriram os olhos e riram. - Bom dia, amigão!

— Eu odeio vocês. – Proferiu naquela voz aguda e afeminada.

— Aposto que nossa irmã vai adorar seu novo tom de voz. – George zombou enquanto gargalhava.

— Por que a não a pede em namoro assim? – Fred complementou piscando para o gêmeo.

O bruxo saiu batendo a porta e escutando as estrondosas risadas atrás de si. Teve sorte de não encontrar ninguém na sala comunal e desceu para tomar seu café-da-manhã, ainda não sabia como faria para se comunicar com os outros com aquela vozinha irritante... Que dia infernal!

— Bom dia, Lee. – Ginny surgiu e o beijou na bochecha ainda sonolenta, ele sorriu. - Não vai falar nada? – Ela questionou com o cenho franzido.

— Eles acabaram com minha voz maravilhosa. – Respondeu baixo e mesmo assim o som era irritantemente agudo.

Ginny soltou uma gargalhada e só conseguiu se controlar ao receber o olhar ofendido do bruxo. – Eles esmagaram seu orgulho. - Exclamou tentando e falhando em não rir.

— Não está ajudando. – Rebateu e quis bater a cabeça na mesa de frustração, seria um longo dia.

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O mês passou rápido e o primeiro jogo da temporada chegou Grifinória x Lufa-Lufa. Harry estava muito feliz com a formação do time: Angelina era uma capitã/artilheira brava e competente, os gêmeos eram ótimos batedores, Ginny substituiu Alicia que se machucou num treino como artilheira e estava se saindo muito bem e Katie que sempre foi boa jogadora. O único que preocupava Harry era o goleiro, era o primeiro jogo de Ron na função, e só teve um treino, além disso, o amigo estava extremamente nervoso.

— Você vai se sair bem. – Tentou anima-lo.

— Eu espero. – Era a primeira vez que Ron não tocava no prato do café-da-manhã, sendo isso bem alarmante.

— Você é bom! – Hermione pegou suas mãos suadas por cima da mesa. - Só precisa confiar em si mesmo. – Ela sorriu gentil.

Ron ficou vermelho e sem jeito. – Obrigada Mione, acho que vou para o campo. – Levantou-se e notou o lampejo de ciúmes nos olhos de Fred. - Lilá quer me acompanhar? – Olhou para loira que sorria para o namorado.

— Claro! – Lilá levantou-se animada e o acompanhou para fora dali.

Luna chegou com um enorme chapéu com cabeça de leão, George praticamente voou até a namorada com um sorriso enorme. Ele adorava a originalidade dela, estufou o peito orgulhoso... Tão distraído com a garota não notou alguns olhares zombeteiros que seguiam o casal.

— Ficou excelente! – Elogiou. - Você o enfeitiçou?

Ela tocou com a ponta da varinha no chapéu que soltou um rugido alto. O ruivo assobiou e deu uma gostosa gargalhada... Sua namorada era encantadora. Fred ergueu os olhos do café-da-manhã para a cunhada, seu sorriso foi singelo e doce para o seu casal preferido, qualquer garota que trouxesse aquele brilho para os olhos de seu gêmeo sempre seria amada por ele.

— Estou orgulhoso, minha linda. – George lhe deu um selinho.

— Obrigada. – Luna sorriu amplamente. - Vou ficar ao lado de Hermione na arquibancada. – Informou e caminhou até sua mesa, sentou ao lado de Cho e começaram uma conversa agradável. As corvinas se aproximaram bastante desde que descobriram um prazer em comum por pintura.

— Pare de babar, cópia. – Fred chamou sua atenção. - Ei Lee, sua voz está totalmente recuperada? – Questionou sorrindo jocoso.

— Não queremos estragar sua maravilhosa locução. – George completou rindo, foram dias maravilhosos de atazanar a vida do atual cunhado.

— Nem me lembre. – Lee respondeu com suor frio descendo por suas costas.

— Vamos para o campo! – Angelina gritou para o time interrompendo as conversas animadas, a negra entendia Oliver agora, a energia anterior ao jogo era demais.

Todos levantaram, Hermione acompanhou Fred até o começo dos vestiários. Às vezes, ela notava um olhar longo da capitã do time da Grifinória sobre seu namorado, tinha um pouco de ciúme. Entretanto, confiava em seu ruivo.

— Boa sorte, cunhadinhos. – Ela beijou o rosto de Ginny e acenou para George que estava mais à frente. - Pegue o pomo logo, Harry. – Abraçou o melhor amigo. - Divirta-se! – Falou sorrindo para Fred e o beijou apaixonadamente.

Após a derrota de você-sabe-quem, a vida parecia ter ganhado um brilho a mais, Hermione não se sentia mais deslocada ou obrigada a saber tudo para ajudar em possíveis batalhas. Ela ainda amava regras e estudar, e isso não a impedia de encontrar seu namorado nos lugares mais isolados de Hogwarts para um bom amasso. Ela sentia-se livre e apaixonada.

Deu meia volta e foi encontrar seu lugar ao lado de Luna, estava muito feliz e não percebeu alguns olhares a seguindo: um em especial era deveras analítico e gelado.