Future Looks Good escrita por Love Rosie


Capítulo 9
Capítulo IX - The future looks good


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que disse que voltaria apenas amanhã, mas não me aguentei e resolvi vir hoje porque a ansiedade estava me consumindo.
A história de FLG termina aqui e espero que vocês gostem desse fechamento de ciclo reservado pra Rose e pro Scorpius, confesso que tive um pouco de dificuldade de me desgarrar desses dois porque passei mais de um mês junto deles e me afeiçoei hahah.
Na terça-feira irei postar um epílogo para fechar o Junho Scorose exatamente no fim de junho. Quero agradecer novamente à Miss A por ter me puxado para esse projeto e ter colocado de volta à ativa uma fanfiqueira meio empoeirada e que acreditava não ter mais tanta imaginação.
Esse capítulo é dedicado muito justamente à Nathalia (Little Alice), que além de favoritar a história sempre deixa comentários maravilhosos que me alegram muito.
Sinto que já falei mais do que deveria, então boa leitura!



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S C O R P I U S   M A L F O Y

Formatura, o ponto máximo em que se pode chegar em Hogwarts. Em três horas as cerimonias solenes se encerrariam e na manhã seguinte os mesmos barcos que nos transportaram para a escola pela primeira vez nos levariam de volta à plataforma para pegarmos o trem de volta.

Mas por hora, apenas ouvíamos atentamente McGonnagal discursando para todos os setimanistas sobre como o futuro poderia ser promissor ou nos enganar pelo deslumbre. Seus conselhos eram úteis e ficariam guardados em minha mente pelo resto da vida. Gostava muito dos professores em geral, sentia admiração pela maioria deles. Outros que fizeram, de alguma maneira, com que eu passasse por dificuldades durante o tempo que cursei suas matérias seriam perdoados e esquecidos, não queria levar nenhuma bagagem negativa de Hogwarts, apenas lembranças felizes do que vivi na escola.

Os diretores das casas também estavam sentados por ali. O velho Slughorn do lado em que estavam sentados os alunos da Sonserina e ao nosso lado, o professor Longbottom encabeçava a fileira de alunos da Grifinória. Não pude deixar de olhá-la. Os cabelos estavam soltos e mais alinhados do que o habitual. A pele mais bronzeada do que a minha jamais seria, imaginei que graças aos treinos de quadribol durante as tardes quentes. Os olhos fixos em McGonnagal. Me perdi em sua imagem sentada um pouco curvada para frente, balançando os pés freneticamente, coçando vez ou outra a perna no lugar onde ficava o elástico da meia do uniforme. Ela odiava aquela meia.

Senti uma cotovelada leve nas costelas.

—  Para de encarar, está ficando esquisito. – Albus cochichou.

— Não ligo.

Ele deu de ombros e se virou para continuar a conversa por leitura labial que mantinha à distância com Alice.

Depois da cerimônia fomos liberados para retornar aos nossos salões comunais ou aproveitar os terrenos da escola uma última vez. Optei pela segunda alternativa pois não estava com muita paciência para ouvir Albus destruindo o quarto ao fazer as malas de última hora.

Resolvi visitar um lugar mais distante das minhas velhas conhecidas masmorras, então subi até o terceiro andar a fim de seguir para o local que não despertava muito minha atenção em dias comuns, porém naquele dia, no dia da formatura, poderia representar tudo.  Subir a escadaria de madeira que levava ao alto da torre do relógio não era uma tarefa das mais agradáveis, especialmente para alguém que estava fora de forma como eu, no entanto ao chegar lá em cima e observar os ponteiros e, para além deles, a visão do pátio e do lago, senti que valera a pena. Eu não deveria estar em outro lugar.

Tudo se resumia ao tempo, afinal e ao que nós decidíamos fazer com ele. O futuro estava bem ali na minha frente e cabia somente a mim decidir se seguiria em frente ou ficaria remoendo o passado. Há um tempo havia aprendido da pior maneira que reviver o passado não era exatamente uma boa forma de garantir um bom futuro. Deveria seguir sempre em frente, o tempo definiria tudo a partir de então, porém ele não poderia fazer nada por mim se eu ficasse parado.

Eu tinha um bom futuro garantido, não da maneira que queria, porém ainda bom. Se comparado ao Scorpius de 11 anos que acabara de entrar em Hogwarts, o de 17 possuía muitas vantagens: encaminhado para um bom emprego, uma boa relação com o pai, um melhor amigo para a vida toda e uma boa bagagem de conflitos amorosos que, com o tempo, tinha certeza de que se tornariam ensinamentos, experiência. Só precisava esperar passar o período da dor.

Olhando o horizonte, apesar de estar de frente a um relógio, perdi a noção do tempo e acabei não me atentando ao horário. O sol já não iluminava o dia com tanta clareza quando me dei conta de que não estava mais sozinho. Nem precisei olhar para saber quem era. O delicado perfume de rosas misturado aos cheiros de grama cortada e de pão fresco, característicos dela, denunciou.

— Os trouxas acreditam que podemos fazer pedidos a ele. – ela começou a dizer e me virei para encará-la com dúvida. O cabelo estava mais bagunçado e, para ser sincero, preferia assim. A gravata, antes perfeitamente engomada em seu pescoço, agora pendia próxima aos primeiros botões abertos da blusa branca – O tempo. Eles acreditam que por ser o único elemento existente verdadeiramente contínuo, mais cedo ou mais tarde atenderia ao pedido.

— Você é mesmo boa em Estudo dos Trouxas. – comentei.

— Tenho meus dotes.

Voltei minha atenção à paisagem, sabendo que ela se aproximaria para fazer o mesmo. Ficamos os dois olhando através do vidro, até que Rose quebrou o silêncio novamente.

— Senti sua falta, Scorpius. – declarou baixinho sem me olhar.

Respirei fundo antes de responder. Não estava ressentido ou com raiva, havia apenas saudade e dúvida.

— Também senti a sua.

— Podemos conversar?

— Já estamos conversando.

— É sério. – se virou para mim – Fiz uma coisa e quero que escute. Mas não farei isso se não estiver disposto a ouvir de verdade.

Finalmente desviei o olhar da paisagem, encarando aqueles enormes olhos pidões. Pude reparar que ela carregava alguns papéis, dentre eles um com o qual já havia tido contato antes.

— Pensei que o Mapa do Maroto fosse do James. – expressei.

— Ah, isso? – ela ergueu o pergaminho dobrado – Lily acabou furtando dele no início do ano e me emprestou para que eu achasse você hoje.

— Então Lily também sabe que nós...

— Ouviu a parte em que disse que ela está com o mapa desde o início do ano? – ela sorriu, mostrando os dentes, os dois maiores da frente se sobressaindo em relação aos outros, coisa que eu achava particularmente fofa – Além do mais, isso não é mais relevante.

Murchei um pouco com aquele comentário. De fato não era mais relevante, visto que não estávamos mais juntos. O silêncio tomou o local novamente. Por alguma razão não era desconfortável, apenas incomum. Rose costumava ser muito falante, principalmente em relação aos assuntos que gostava muito e eu não ficava atrás, costumando falar até mais do que ela.

— E então...? – ela estava insegura ao perguntar novamente – Podemos conversar ou não?

Concordei e ela sorriu em agradecimento. A ruiva sentou-se numa base elevada de pedra acoplada à parede, quase como uma mureta e fiz o mesmo, porém do lado oposto, de modo que estávamos de frente um para o outro, alguns poucos metros nos afastavam, mas era um distância que gritava nossa atual situação de ex-casal. Ela apoiou o Mapa do Maroto ao seu lado, retirando de junto dele algumas folhas um pouco amassadas. Não eram grossas como os pergaminhos, então quando a luz refletiu em seu verso, percebi que havia, além das diversas palavras escritas, muitas riscadas também.

— Eu não sabia se conseguiria me lembrar de tudo e minha mãe sugeriu que eu escrevesse. – ela apontou os papéis em mãos – Se importa se eu ler?

— Sua mãe? – minha voz tremeu ao falar – Você contou à sua mãe sobre nós dois?

Rose suspirou demonstrando um pouco de impaciência, porém foi delicada ao responder.

— Ela meio que descobriu e eu apenas confirmei. Quando recebeu a carta em que você dizia estar preocupado comigo as suspeitas dela se confirmaram. – explicou – Você poderia ter me dito naquele dia. Sobre a carta. Era melhor do que esconder e me fazer imaginar coisas absurdas. – a ruiva teve cuidado para tentar disfarçar o tom acusatório, no entanto ainda havia um pouco dele lá.

— Você não aceitaria bem. É orgulhosa, Rose, sempre foi. – justifiquei minha ação. No nível de nervosismo em que se encontrava naquela tarde de sábado que culminou no término da nossa relação ela estava à beira de um colapso nervoso e não sei o que seria de mim se admitisse ter interferido em sua relação com a mãe.

— Tem razão. – admitiu envergonhada – E então, tem algum problema se eu ler?

Neguei. Rose encontrava-se atipicamente cautelosa, o que estava começando a me irritar. Parecia calcular cada um de seus movimentos com medo de que eu saísse correndo. É claro que na época que antecedeu nosso término gostaria de receber um pouco mais da atenção da parte  dela, porém assim estava exagerado.

Ela lia silenciosamente os papéis, como se estivesse em busca de uma forma de iniciar aquilo, até que finalmente começou:

— Na plataforma 9 ¾ meu pai disse que não era para eu fazer amizade com você. Não o culpe, era apenas mais uma de suas brincadeiras que a Rose de 11 anos com senso de humor questionável não compreendeu. Ele tinha medo de que eu casasse com um puro sangue. – ela levantou os olhos para mim e sorriu pelo absurdo da informação – Mas ele ainda não conhecia você e eu não queria me arriscar dando essa oportunidade também.

Permaneci sério e ela abaixou os olhos novamente para prosseguir com a leitura.

— Mas não estamos aqui para falar de mim, é sobre você, o doce e prestativo Scorpius Malfoy, companheiro fiel de Albus Potter em suas empreitadas mais desmioladas. Você, que vai muito além de um amigo para mim.

“Há pouco mais de um ano, não sabia qual era o efeito de ter você em minha vida, passei por 16 anos sem a sua companhia e acreditava que poderia continuar assim muito bem, obrigada. Ledo engano. Nada foi a mesma coisa depois que me permiti conhecer você.

Não sou de falar muito sobre sentimentos, sempre achei exagerada a maneira como meu pai trata a minha mãe neste quesito, porém depois de conhecer você, minhas concepções mudaram. O mundo não ficou mais colorido, as flores não ficaram mais perfumadas, todavia algumas coisas passaram a ter significado.

Eu entendi que o calor que sentia acometer meu corpo quando você se aproximava não era ruim, inclusive gostei da sensação e queria mais e mais. Percebi que meu desgostar infundado por Clarisse Sachs não era em relação a ela exatamente, que é uma ótima pessoa, e sim à proximidade que ela possuía com você, algo que eu estava longe de alcançar.

Graças a você eu entendi que era importante estudar com antecedência para não surtar na véspera das provas, experimentei um monte de comida estranha e pior, passei a gostar delas. Passei a apreciar o pôr do sol porque o seu cabelo ficava numa cor única sob ele, e a gostar dos dias nublados mesmo que estes sejam péssimos para treinar quadribol, porque me lembra a cor dos seus olhos. Passei a gostar das aulas de poções porque aquela mistura de aromas me lembrava o seu cheiro, já que passava horas se dedicando a esta matéria em específico.”

Sorri com a revelação lembrando da aula em que Slughorn nos apresentou Amortentia, a poção do amor mais poderosa do mundo e todos riram quando Rose disse sentir cheiro de poções. Foi chamada de Princesa do Coração de Pedra pelo resto do mês. Os olhos de Rose continuavam concentrados no papel, mas agora ela mudava a página.

— Gostaria de ter sabido na primeira vez que vi você, gostaria que tivesse surgido um sinal luminoso na sua testa avisando que era esse o cara certo. Sei que não sou boa com palavras bonitas como você, mas vou explicar do jeito que conheço.

Me sentia verdadeiramente emocionado, era a primeira vez que Rose estava sendo aberta em relação ao que sentia, ao que seu coração desejava mais profundamente e pude sentir o peso em cada palavra. Era tudo o que eu havia pedido em muito tempo, a confirmação que me doía não ter. A dúvida sobre os sentimentos de Rose por mim era latente desde que começamos a nos envolver e ali estava ela, colocando tudo às claras. Meu coração estava acelerado e senti as mãos suando, sem saber o que viria a seguir, a expectativa tomando conta do meu corpo junto do impulso absurdo de levantar e tomá-la em meus braços sem medo.

Rose largou o papel e se levantou, vindo em minha direção, os olhos tão fixos nos meus que me senti despido. Parou em minha frente, sem hesitar.

— É como se eu estivesse em frente aos aros e precisasse atirar a goles. E então o goleiro está na minha frente e na verdade o goleiro é o Profeta Diário. – ela gesticulava freneticamente para ilustrar o que dizia – O aro da direita é a coluna de esportes ignorando meus feitos como jogadora. O aro da esquerda é a coluna de fofocas anunciando nosso casamento e o aro do meio.. – ela retesou antes de dar sequência – ... são todas as notícias ruins que vão sair sobre sua família. Além disso existe uma onda de jogadores atrás de mim, tentando tirar a goles das minhas mãos e esses são as minhas inseguranças, o medo que tenho de magoar você, de partir seu coração, de não ser boa o suficiente para ser merecedora desse sentimento puro que você tem por mim. E lá estou eu no meio, impedida de marcar ou de fugir, me preparando para o impacto.

— Eu não ligo para isso. Você deveria saber a essa altura. – rebati.

— Eu sei. Mas eu ligo, Scorpius. O que você e seu pai passaram não foi nada fácil e não quero ser a responsável por trazer de volta este inferno para a sua vida.

— Rose, se veio aqui para mostrar o quanto seu ponto está certo, talvez não seja o melhor momento. – deixei meus ombros caírem um pouco – Tudo o que você falou foi muito bonito, porém se não consegue esquecer isso de imprensa, jornais, colunas, nós não teremos um bom futuro, pelo menos não um que seja pleno.

— Eu sei. – confirmou estranhamente com um sorriso. Fraco, mas estava ali – O que não estava entendo era que não preciso resolver isso sozinha, até porque todo jogador tem um time. E logo eu, que nunca fui fominha, me esqueci disso. – não conseguia entender onde ela queria chegar e acredito que minha expressão me denunciou – Eu sinto falta de você, Scor. Sinto falta das nossas conversas, dos nossos beijos e abraços, de fazer piadas sem graça das quais só você ri, até de disputar quem fica mais tempo debaixo d’água no banheiro dos monitores. Mas acima de tudo sinto falta de ter você por perto porque você é bom, Scorpius. Tem essa aura que ilumina a todos em volta e é isso que eu preciso para a minha vida, sinto que sem isso, nada vai valer a pena.

Sorri para ela, que com os olhos marejados claramente não enxergava como essa tal aura funcionava.

— Não tem luz alguma sem você, Rosie. Isso funciona apenas quando você está por perto, do contrário eu sou apenas um cara comum.

— Eu amo você Scorpius. – senti que meu coração poderia saltar do peito naquele momento – Amo cada traço da sua personalidade, amo ver sua empolgação, amo comemorar suas conquistas com você. E é por isso que eu vim perguntar. – Rose se ajoelhou sem se importar de sujar a meia do uniforme, ficando da minha altura visto que ainda estava estático sentado na mureta – Scorpius Malfoy, quer ser meu namorado? Sem segredos, sem sigilo desta vez.

O choque tomou conta do meu corpo. Me imaginei fazendo este mesmo pedido a Rose diversas vezes, no entanto a realidade me surpreendeu mais uma vez. Lá estava ela, os olhos cheios de expectativa, e então não pude mais resistir ao impulso de beijá-la. Um beijo singelo, somente para indicar minha aceitação. Rose, porém, estava mais desesperada e segurou na lapela de minha camisa me puxando para mais perto, ao que correspondi apertando seus braços. Sua língua explorava minha boca como se há muito não fizesse isso, o que de fato acontecera. Aquele beijo estava repleto de saudade e selava o início de um novo futuro, um futuro melhor.

Paramos de nos beijar e nos levantamos, ficando de frente um para o outro. Puxei-a para um abraço e não pude deixar de perguntar:

— Com os jogadores tentando lhe tomar a goles não se preocupe, vamos aprender a lidar com eles juntos. – garanti – Mas e os obstáculos na frente dos aros, como vai fazer o gol desse jeito?

Ela sorriu marota antes de responder.

— Uma certa tia redatora da coluna de esportes do Profeta Diário disse que a partir do momento em que eu me tornar uma jogadora profissional, qualquer notícia a meu respeito deverá ter o aval dela.

— Mas, e as outras revistas? Não existe apenas o Profeta Diário.

— Neste caso, a Ministra da Magia vai mexer uns pauzinhos para que não seja publicada nenhuma notícia malvada sobre mim ou você. – esclareceu sorrindo – No mais, você pode criar uma lei regulamentando essas coisas quando for Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia.

Abraçados e sorrindo, ouvimos o badalar ensurdecedor dos sinos que anunciavam a chegada das seis da noite. Saímos correndo para que não perdêssemos a audição, não esquecendo do mapa e nem do rascunho que minha agora namorada levara. Quando alcançamos uma distancia segura do som, já nos corredores do quarto andar, entrelacei nossas mãos e sussurrei no ouvido de Rose Granger-Weasley (futura Malfoy se tudo continuar dando certo):

— Eu também amo você, Rosie.

Há um tempo pensei que só me satisfaria se gritasse ao mundo esse sentimento avassalador que não cabia só em mim. Mas ali nos corredores, passando pelos alunos que nos olhavam e cochichavam uns com os outros e vendo que o sorriso bobo que tinha em meus lábios estava espelhado também nos de Rose, percebi que não precisava de mais nada e que o tempo atendera ao meu pedido, afinal.

R O S E   G R A N G E R – W E A S L E Y

Uniformes tradicionais completos, incluindo as meias sete oitavos que prendiam minha circulação sanguínea. A capa devidamente engomada, ostentando o broche de monitora e a medalha de melhor artilheira, o chapéu preto e pontudo na cabeça e lá estava eu, na entrada do salão principal, como há sete anos, quando aguardava o momento de seleção das casas. A nostalgia tomou conta de mim e não pude deixar de analisar as diferenças daquele primeiro contato com Hogwarts e a formatura.

Nos momentos que antecederam a seleção eu estava em ponto de ebulição, com medo de não ser selecionada para a Grifinória e perdida por não conhecer quase ninguém além de Albus. Naquele momento que concluía minha graduação, no entanto, observava as quatro filas perfeitamente alinhadas, uma para cada casa e cada uma contendo pelo menos uma pessoa por quem desenvolvera profundo carinho, admiração ou respeito. Scorpius estava na extremidade direita, liderando os alunos da Sonserina, sua capa contendo mais condecorações do que imaginava ser possível o tecido aguentar. Ele sorria para mim, que estava no meio da fila de minha casa. Poderia até ser uma exímia jogadora de quadribol e ter alcançado a honra de ser monitora dos leões por um tempo, contudo ainda assim existiam alunos com realizações superiores às minhas e que eram mais qualificados para liderarem os colegas. E eu sinceramente me orgulhava de estar numa casa junto de pessoas com os mais diversificados talentos.

As portas se abriram e entramos no salão sumptuosamente decorado com as cores das quatro casas enquanto uma daquelas músicas instrumentais meio chatas tocavam. Nós formandos, centros de toda atenção, nos sentíamos maravilhados com toda aquela pompa. Os alunos mais novos, por sua vez, carregavam expressões que variavam entre tédio e fome, claramente apenas queriam que o jantar fosse servido logo.

Sentamo-nos cada um na mesa de sua respectiva casa e apreciamos pela última vez o saboroso banquete, não sem antes um discurso de McGonnagal – mais curto do que o da tarde – parabenizando não somente a nós, que concluíamos o ensino escolar como também a todos os alunos que retornariam no próximo ano; em seguida eu e meus colegas setimanistas nos levantamos para jogar nossos chapéus ao ar, alguns gritando, outros assobiando, uma parcela até mesmo derramando lágrimas emocionados e todos sorrindo. Era o fim de um ciclo majestoso para uns, penoso para outros, mas definitivamente o encerramento de uma fase importante em nossas vidas. Na manhã seguinte atravessaríamos o lago negro nos mesmos barquinhos que nos levaram até o castelo pela primeira vez e Hogwarts teria ficado para trás.

Ao fim da refeição, o multicolorido do salão deu lugar ao verde esmeralda da Sonserina que comemorava a conquista de mais uma Taça das Casas. Meu ego ficou um pouco ferido, confesso, gostaria de sentir esse gostinho uma ultima vez antes de sair de Hogwarts, porém ao ver a felicidade estampada no rosto de Scorpius e Albus, não consegui segurar meu próprio riso, dado que eles pulavam como crianças que acabaram de ganhar a primeira vassoura.

Os alunos mais novos foram dispensados, porém os formandos foram convidados a ficar para um brinde com os professores. Pegamos nossas taças vazias e nos dirigimos ao centro do salão. Os professores fizeram a gentileza de afastar as mesas para que cerca de cento e quarenta alunos pudessem se reunir num círculo, desta vez espalhados, procurando estarem perto de seus amigos ou familiares mais próximos, pessoas que fizeram a jornada em Hogwarts valer a pena. Puxei Sabrina pelo braço e fui para perto de Scorpius, ficando entre minha amiga e ele, que pareceu se assustar com minha presença ali, mas sorriu assim que a surpresa se dissipou. Era muito novo isso de não disfarçar nossos sentimentos em relação um ao outro, embora fosse muitíssimo bom. Entrelaçamos nossas mãos que estavam livres enquanto Wood fingia estar enojada.

— Francamente, se soubesse que me arrastaria para isso teria ficado onde estava. – comentou, porém seu tom denunciava que estava se divertindo com a cena. Virou o rosto para o outro lado, todavia ao se deparar com Albus e Alice se beijando, voltou para nós – Apenas prometam que não vão ficar assim. – pediu apontando com o polegar para o casal que ainda se agarrava.

— Não garanto nada. – respondi aos risos. É, aquelas pessoas me faziam feliz.

Observei que os outros alunos ainda se organizavam, o que era de se esperar pela quantidade. Meu olhar encontrou o de Clarisse Sachs, que encarava a mim e Scorpius com um misto de curiosidade e tristeza e, apesar de ter implicado com a aproximação do meu namorado (uau, me senti incrível o chamando assim) e ela, senti um pouco de pena e culpa. Talvez devesse conversar com Scorpius depois para que ele abrisse o jogo com ela já que não era culpa dela ter estado tanto tempo interessada numa pessoa que não estava disponível sendo que essa indisponibilidade não era demonstrada publicamente. Me solidarizei com o sentimento dela e não poderia negar que era uma boa amiga para o Malfoy.

O professor Longbottom pigarreou encerrando a pegação entre Albus e a filha, estendeu a própria taça ao meio do círculo, realizou um feitiço enchendo todas as outras com um líquido perolado e borbulhante e disse:

— Ao futuro.

Retornei minha atenção a Scorpius, que percebi que também me encarava. E olhando profundamente em seus olhos, ergui minha taça para brindar com todos os presentes e repetir:

— Ao futuro.

E desejei mentalmente que ele me reservasse coisas boas.


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Notas finais do capítulo

E aí, gente? Gostaram desse fim, acharam que poderia ser melhor? Quero saber a opinião de vocês. Eu particularmente fiquei um pouco insegura sobre esse desfecho, com medo de ter ficado sem graça, mas achei que fez sentido.
Terça vamos ver como tudo se desenrolou alguns anos depois, então até lá!

Beijitos, Thamy.