Future Looks Good escrita por Love Rosie


Capítulo 2
Capítulo II - You see I had this crazy dream


Notas iniciais do capítulo

Oi geleres! Estou de volta porque ao contrário da Cinderela, meu encanto começa à meia-noite.
Quero agradecer a todes que estão acompanhando a história, às que comentaram e favoritaram. Isso incentiva demais!
Sem mais delongas, vamos ao capítulo.
Boa leitura!



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R O S E   G R A N G E R - W E A S L E Y

— Scorpius, já avisei, se alguém chegar e pegar nós dois desse jeito vou fazer cair seu cabelo. – ameacei, mesmo não querendo que ele parasse de verdade.

— Não me importo, contanto que ainda me queira careca. – murmurou ainda beijando meu pescoço e se atrevendo a descer um pouco mais. De anjo só a fama mesmo.

Racionalmente, uma cabine vazia do Expresso de Hogwarts não era o lugar mais seguro do mundo para ficar dando amassos, mas em minha defesa, o racional da relação era Scorpius e não eu. E se foi ele quem decidiu começar com isso, quem eu era para impedir, não é? Só que as coisas estavam ficando hum... quentes demais e um alarme começou a tocar em minha mente anunciando que se fôssemos pegos, era a minha reputação que iria por água abaixo. Com este pensamento, me afastei dele abruptamente saindo de seu colo e indo sentar no banco em sua frente.

Tentava juntar meu cabelo, agora completamente embolado, quando me lembrei do que de fato iríamos fazer no momento em Albus nos deixou sozinhos na cabine.

— Ei, o que ia me contar mesmo? Ou era apenas uma desculpa para me agarrar?

— Eu tenho mesmo algo para mostrar. – afirmou contente, mexendo em sua mochila até encontrar o que procurava. E então me estendeu uma carta – Prefiro que veja com os próprios olhos.

Um pouco desconfiada, peguei a carta e reconheci o símbolo no lacre, era do Ministério da Magia. Lancei um olhar curioso a Scorpius e ele se limitou a indicar que eu abrisse, com uma expectativa um tanto exagerada. Me surpreendi ao abrir a carta e reconhecer a caligrafia delicada que seguia por todo o texto.

 

Prezado Scorpius Hyperion Malfoy,

Fico feliz em anunciar que seus bons feitos em Hogwarts chegaram ao conhecimento do Ministério da Magia e despertaram certo fascínio em muitos de nossos funcionários. Muitos desses também manifestaram interesse em auxiliá-lo em sua carreira após o período escolar.

Conversei com a diretora Minerva e esta anunciou sua ambição em ingressar no Departamento de Execução das Leis da Magia. Tenho que certeza de que Harry Potter ficará feliz em recebê-lo em seu gabinete no próximo verão, portanto venho por meio desta carta convidá-lo para fazer parte de nossa equipe, oferecendo-lhe um estágio no departamento supracitado.

Aguardo sua tempestiva resposta.

Com profunda admiração,

Hermione Granger - Ministra da Magia.

Terminei de ler impressionada. É claro que ele era brilhante, inteligente, dedicado e merecia tudo isso e muito mais. Ainda assim, era uma proposta e tanto.

— Scor – exclamei ainda pasma – Isso é maravilhoso! Receber uma carta de próprio punho da Ministra da Magia não é para todo mundo. E uma oportunidade dessa? Quero dizer, quem é convidado para um estágio?! E ela tem toda razão, você tem muito potencial.

— Obrigado. – diz com um sorriso enorme. Guardei a carta no envelope e devolvi ao dono. Quando recebe o papel, o Malfoy a encara por um tempo – Acha mesmo que ela escreveu a carta?

Scorpius era o que poderíamos chamar de fã da Ministra da Magia e, mesmo já tendo convivido com ela temporariamente, receber algo que pudesse guardar de recordação era algo superinteressante para ele.

— Recebo cartas dela toda semana, acho que sei reconhecer a letra da minha mãe. – ele assentiu, ainda que parecendo nervoso – O que foi?

O loiro suspira antes de falar.

— Você não tem nada a ver com isso, não é?

— É claro que não, Scorpius – garanti – Não que ache que você não mereça, mas exatamente por saber que tem capacidade de progredir sozinho é que não me meto nisso. É completamente mérito seu, precisa aprender a comemorar suas próprias conquistas.

Ele sorriu novamente, desta vez um sorriso sacana.

— E se eu quiser comemorar com beijos, será que consigo? – ergueu uma sobrancelha, me encarando em expectativa.

Pensei por alguns segundos e revirei os olhos. Era por uma boa causa, então por que não? Fui me sentar ao seu lado novamente e só pude anunciar que seriam apenas mais cinco minutos antes que ele segurasse minha cintura e me puxasse para um beijo intenso daqueles que só Scorpius sabia dar.

O restante da viagem foi tranquilo, mesmo que Lily quase tenha nos dado um flagra, Scorpius e eu conseguimos disfarçar bem. Conseguimos esconder muito bem nossa relação desde que mudou de amizade para algo mais. Para ser bem sincera, as pessoas imaginavam que sequer seríamos amigos, então um romance seria demais para a cabecinha de todo mundo e, por ser incogitável, passávamos despercebidos.

Quando desci do trem, papai já esperava por mim e por Hugo, e até chegou a oferecer uma carona para Scorpius quando reparou que seu pai não estava lá, mas o loiro dispensou alegando que iria aparatar em casa. É, havíamos passado no teste de aparatação e recebido nossas licenças, contudo evitávamos comentar sobre quando Albus estava perto, visto que o Potter do meio não havia obtido o mesmo sucesso. Foi por pouco e ele teria conseguido se ninguém tivesse reparado que parte de sua mão ficara no meio do caminho.

Chegamos em casa e papai foi fazer o jantar. Mamãe, mais uma vez, não estava em casa, sempre ocupada demais no Ministério. Ronald avisou que ela estava ficando até mais tarde no trabalho nos últimos dias para que pudesse aproveitar as festas de fim de ano com tranquilidade.

Desde que Hermione Jean Granger-Weasley (só Granger para o público) assumira o cargo de Ministra da Magia há 13 anos, as coisas funcionavam assim em nossa família. Não é como se eu conhecesse outra realidade e Hugo também não, já papai comentava com certa frequência o quanto sentia falta do tempo que os dois passavam juntos. Não estou reclamando, a mágoa que sentia por ela se dedicar tanto ao trabalho havia passado há anos. Entendia minha mãe, compreendia que ela fazia o que gostava e o que precisava ser feito. Sério, sem ressentimentos.

Só que quando as datas festivas se aproximavam, não conseguia tirar da cabeça o meu aniversário que ela havia perdido pois estava em viagem para Uganda a fim de tentar estabelecer uma aliança entre Hogwarts e Uagadou. O medalhão enfeitiçado que ela me trouxe de presente era lindo, porém não apagava sua ausência. Também teve a vez em que Hugo, aos oito anos comeu vomitilhas do estoque das Gemialidades Weasley porque papai precisou nos levar para trabalhar com ele já que mamãe teve um compromisso de última hora. Foi o Natal em que passamos os quatro no St. Mungus, com meu irmãozinho desacordado depois de colocar as tripas para fora. Não amava menos a minha mãe por essas coisinhas, no entanto o que nos fazia gostar mais de um dos pais eram os detalhes e nisso meu pai estava em vantagem. Em relação a mim, obviamente. Hugo tinha uma certa inclinação para mamãe.

Meu pai entendeu quando fiquei radiante ao ganhar minha primeira vassoura de corrida e ignorei um pouco a coleção de livros de Batilda Bagshot aos doze anos. E também não era tão empenhado em me forçar a ser amiga de Albus quando percebeu que nem eu e nem ele tinha o menor interesse naquilo. Nem ao menos esbravejou como todos imaginavam que faria quando surgiram boatos de que eu estava saindo com David Finnigaan no quarto ano, apenas disse para que eu tomasse cuidado com esses garotos, já que não eram nada confiáveis. No fim das contas ele estava certo, Finnigan era boa pessoa, seu maior defeito era ter as mãos bobas demais.

Em resumo, era mais uma questão de identificação do que de gostar mais ou menos. No fim das contas nós quatro convivíamos muito bem, mesmo com as diferenças gritantes de personalidade. E isso fazia de nós uma família um tanto quanto divertida.

Mamãe só chegou quando Hugo terminou arrumar a mesa para o jantar, topei com ela no meio do corredor quando estava saindo do banho. Ela me abraçou e comentou sobre como eu estava precisando acertar o corte do cabelo, mas enfatizou que gostava dos fios meio despontados. Após o jantar, conversamos um pouco e fui me deitar, afinal viagens de trem são muito cansativas, especialmente quando se está ocupada dando uns amassos com um sonserino para lá de gostoso bonito.

O resultado da canseira foi que no dia seguinte acordei quase na hora do almoço, já com a barriga roncando por isso nem me dei ao trabalho de tomar banho ou trocar de roupa antes de ir para a cozinha matar a fome. Não era de acordar tarde, fazia parte da minha rotina estudar um pouco toda manhã antes das aulas, entretanto estávamos falando sobre véspera de Natal e era tradição os primos mais velhos ficarem acordados até altas horas da madrugada n’A Toca nesta data. Estranhei um pouco o fato de a casa não estar tomada pelo cheiro da deliciosa comida de Ronald Weasley, afinal já eram onze e quarenta. Encontrei-o na sala, sentado num dos sofás, devidamente vestido enquanto lia O Profeta Diário.

— Bom dia – saudei assim que entrei no campo de visão do meu pai – Perdeu a hora do almoço? – perguntei comicamente.

— Ah, oi Rosinha, já acordou? – se ajeitou, deixando o jornal de lado – Dormiu bem?

— Dormi sim, a minha cama aqui é definitivamente melhor do que a de Hogwarts.

— Imaginei – comentou – Deixei seu café da manhã preparado na cozinha, se eu fosse você comeria depressa. Sua mãe já deve estar chegando e ela prometeu fazer o almoço hoje. – anunciou com uma careta de desgosto.

Hermione era boa em muitas coisas, porém cozinhar definitivamente não era uma delas. Devo admitir que ela melhorou muito neste quesito, ainda que seus dotes culinários não chegassem aos pés dos do meu pai.

— Vou me apressar, então. – disse já me direcionando para a cozinha.

Não cheguei a dar dois passos e meu pai me chamou de volta.

— Florzinha, ia quase me esquecendo – ele se inclinou para pegar alguns envelopes que estavam sobre da mesa de centro – Chegaram para você hoje mais cedo, mas não quis atrapalhar seu sono – estendeu-os para mim.

Me aproximei e peguei os envelopes estranhando suas cores. Um laranja berrante, outro azul marinho e ainda um terceiro verde escuro, todos sem remetente ou lacre que pudesse identificar quem os enviou. Decidi começar pelo verde. Nas primeiras frases da carta entrei em estado de choque. Meu pai percebeu, visto que logo se aproximou, preocupado.

— Rose, o que está acontecendo? É uma notícia ruim? – apenas neguei com a cabeça, ainda boquiaberta – Então o que foi? Está me assustando.

Respirei fundo, tentando controlar a emoção, e então comecei a ler em voz alta.

Senhorita Rose Granger-Weasley,

Não pudemos deixar de notar seu desempenho enquanto artilheira em Hogwarts nos últimos tempos e podemos dizer que ficamos impressionadas. Não é novidade que estamos sempre em busca de novos talentos que possam agregar ao nosso time e seria uma honra ter em nossa equipe a garota que bateu o recorde de gols na escola – 220 pontos numa partida é um número deveras significativo. Além disso, seria um imenso prazer ter uma Weasley jogando conosco novamente.

Por isso viemos convidá-la para conhecer nosso time no próximo verão, quando poderemos negociar os termos de sua contratação, se assim desejar.

Atenciosamente,

Equipe Holyhead Harpies

— Rose – meu pai é o primeiro a dizer, com um sorriso bobo no rosto – Filha, você foi convidada para jogar no Holyhead Harpies? É isso mesmo?

— É, acho que sim. – respondi sem muita certeza.

Estava completamente abismada. Um convite de um time, era isso que eu tinha em mãos. Um time de quadribol profissional me queria como jogadora. Era fantástico!

— E as outras cartas, o que são? – papai relembrou.

Saí de meu torpor, rasgando o envelope azul desta vez e meu queixo caiu ainda mais, se possível. Era o Puddlemere United me convidando para testes. O último envelope fez meus olhos marejarem e meu pai berrar de felicidade, acarretando na chegada de um Hugo esbaforido na sala para saber o que ocorria. O Chudley Cannons, meu time do coração desde criancinha, além de propor uma contratação, acrescentou: “Esperamos que com seu talento consigamos retomar o lema ‘nós venceremos’”. Acontece que num certo ponto de sua história, depois de incontáveis derrotas, os Cannons haviam mudado o lema de “nós venceremos” para “vamos fazer figas e esperar pelo melhor” e agora confiavam em mim para ajudá-los a vencer novamente.

— Os Cannons querem você? – meu pai perguntou com os olhos arregalados e eu só pude assentir – Eles querem a minha Rosinha? É claro que querem, você é fantástica!

Sem esperar que eu me expressasse, ele me abraçou forte, me tirando do chão. Por mais que estivesse assustada, comecei a gargalhar. Não sei se ele estava mais feliz por mim ou pelo Chudley Cannons estar finalmente negociando com um jogador decente em anos.

— Espere só até Gina saber disso. Ah, espere só até Harry saber disso, ele vai pirar – tagarelava depois de me colocar de volta no chão.

— Pai, pode ser que ela escolha outro time. – avisou Hugo com cautela. Papai murchou um pouco, recompondo-se.

— Certo, vamos ter calma não é mesmo? – parecia estar dizendo mais para si do que para qualquer outro – O que Rose escolher será ótimo. Claro que se for os Cannons será estupendo— Hugo pigarreou, repreendendo – Não digo por mal, saiba que escolha é toda sua, Rose.

— Eu sei. – respondi com um sorriso que não fazia ideia de como tirar do rosto – Prometo pensar com carinho sobre os Cannons, pai.

Algumas vezes pensei que não teria futuro no quadribol. Por mais que soubesse que era boa, isso não era o suficiente para que algum time me notasse. Dedicava horas ao quadribol, arriscava dizer que não era um talento nato como James, mas me esforçava muito mais do que qualquer outro jogador do nosso time. Estratégia de jogo definia o resultado de uma partida muito mais do que condição física. Não nos bastava batedores corpulentos se não tinham destreza com o bastão. Não adiantava um apanhador voar rápido se não sabia se equilibrar bem nas curvas. Era simplesmente lógica, coisa que não parecia ser muito usada no mundo bruxo.

Aqueles três pequenos envelopes com conteúdos diminutos que mais pareciam recados foram a comprovação de que nunca estive errada em trilhar por este caminho. E que tanto esforço estava finalmente sendo recompensado.


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Notas finais do capítulo

Quero saber o que vocês acharam, espero que tenham gostado.

Sábado tem mais, pessoal. Até lá!