Revolution of the Daleks escrita por EsterNW


Capítulo 2
O pátio da prisão


Notas iniciais do capítulo

Will:
Bom, obrigado a cada um que leu a introdução dessa história, foi muito legal ver todos os comentários de vocês, e bom saber que hesitaram em deixá-los. Caso alguém ainda esteja em dúvidas, nessa história acompanhamos a 13ª Doutora após o final da 12ª temporada, onde ela foi colocada pelos Judoon em uma prisão no espaço, e essa fanfic funcionará como um meio de teorizar como poderá ser dada continuidade à essa trama. Acho que falei demais, mas mais uma vez desejo uma boa leitura!



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Um salão grande, não muito alto mas com espaço para pelo menos cinquenta pessoas por metro quadrado. A Doutora analisava cada centímetro em busca de informação, embora não houvesse nenhum indicador que a ajudasse nos arredores. Quanto aos prisioneiros, contou no momento trinta e seis outros rostos ali, além do seu e dos guardas. Alguns se alimentavam da mesma papa indigesta que ela recebera dia após dia em sua sela, outros conversavam, normalmente em pares. 

Nenhum parecia muito animado, e mal notaram ou se importaram com a entrada dela. 

— Ah, olá, eu sou a... — dizia ao passar por uma mesa com três prisioneiros, um homem e duas mulheres, mas se interrompeu ao perceber que não sabia nada sobre aquele lugar ou aquelas pessoas. Não poderia se apresentar imediatamente. E também os guardas a empurraram para que continuasse a andar.

Será que ela iria ser mantida ali ou seguiria mais adiante, além da porta no final do salão? Ah, estava começando a se chatear com tantas dúvidas a tomar sua mente, uma sensação estranha se entranhava por seu cérebro, e isso a preocupava. Ainda assim era bom sentir algum estímulo depois de tanto tempo presa e sozinha.

No final do salão, perto da porta, os guardas pararam e pareceram conversar entre si e depois receber alguma instrução. Se aproximaram dela sem esboçar qualquer sentimento e retiraram suas algemas.

— Ah, obrigado — disse alisando os pulsos. — Essas coisas são mais pesadas do que parecem. Mas me digam, por que me trouxeram aqui?

Ela foi ignorada.

Eles abriram a última porta e desapareceram na escuridão, a deixando no meio de todas aquelas pessoas desconhecidas. Sem saber o que fazer, se sentou em um canto e começou a observar o novo cenário mais uma vez, de um novo ângulo.

Como já havia percebido, todos estavam alheios a qualquer coisa. Quase não conversavam ou comiam, a maioria só mexia com a colher no prato. As pessoas mais chatas que ela já havia encontrado, ou pelo menos uma das. Lembrava-se de um povo que só se mexia duas vezes por... Ah, fugindo de novo do principal! Foco. 

Se as pessoas não mostravam nada de interessante, que tal o lugar em si? Era todo cinza, com alguns pontos luminosos a rodear as paredes, bem semelhante à sua cela. No entanto, ali era mais iluminado do que qualquer lugar pelo qual ela passou desde que chegou. Não foram muitos, tudo bem, mas isso podia ser relevante.

Não haviam guardas ali dentro, o que chamou muito sua atenção. Devia haver alguma pressão para que eles ficassem todos tão quietos mesmo na ausência de pessoas observando. Ou será que havia alguém observando? Não... Não haviam câmeras visíveis ali, talvez aquelas pessoas só fossem tão chatas e contidas que não precisavam ser monitoradas. Ou talvez só haviam câmeras invisíveis mesmo.

Ah, tantas teorias e quase nenhuma certeza! Tudo bem, deu um basta nas observações. A Doutora decidiu que era hora de levantar e socializar com aquelas pessoas, elas querendo ou não.

Tentou andar de um jeito amistoso, sorrindo e fazendo gestos com as mãos. Isso não pareceu chamar a atenção de ninguém, provocando apenas discretos e contidos olhares. Bom, até um dado momento...

— Não devia querer se destacar — disse alguém em uma das mesas pelas quais ela passou. Retrocedeu um pouco e viu se tratar de um homem jovem, aparentemente, de cabelo liso estilo surfista e que usava um casaco marrom, com um sorriso trêmulo no canto da boca tentando surgir.

— Ah, olá — disse a Doutora se aproximando e sentando à sua frente. Apenas os dois estavam na mesa, agora. — Desculpe, o que disse? Pra não me destacar?

Ele continuava tentando dar um sorriso, mas parecia não conseguir completá-lo. A encarou por alguns segundos antes de responder, parecendo analisá-la. A Doutora aproveitou seu tempo para fazer o mesmo.

— Você é nova, mas gostei de você — disse ele após a longa pausa. — Me passa confiança e um quê de dúvidas, então acho que vou te ajudar.

— Dúvidas? Ah, você não tem nem ideia... Mas diz aí, qual é a do estilo detetive noir?

Ele franziu a testa, talvez o gesto mais expressivo que qualquer um ali já tenha feito. 

— Sabe, a aparência, o modo de falar...

— Eu sou assim, não é um estilo.

— Tudo bem, do que importa, afinal? Você tem razão em ter dúvidas sobre mim, acredite, eu também estou lotada delas. Inclusive, poderia me dizer por que todos aqui agem como zumbis? 

Ele conseguiu completar o sorriso, com algum esforço, ao final dessa última fala dela. 

— Diz que eu tenho um estilo — falou. —, mas você diz coisas estranhas. Quer saber onde está, o que se passa e o que poderá vir a acontecer, não é?

— Eu adoraria ter algumas certezas.

Ele se inclinou na cadeira, parecendo prestes a colocar os pés sobre a mesa, mas hesitou e não o fez. 

— Pois encontre suas respostas, como todo mundo.

A Doutora não soube o que dizer de imediato. Esperava encontrar alguma verdade por ali, mas para todos os lugares para os quais olhava era tudo monótono, frio e sem nenhuma pista. Com certeza enlouqueceria se ficasse como eles por muito tempo.

— Você me chamou pra sentar — disse ela ainda disposta a obter alguma coisa daquele homem. — e agora quer fazer joguinhos? Quem é você, um funcionário daqui? Uma interface de boas-vindas com defeito?

— Eu disse para não se destacar por aqui — rebateu ele sem tirar os olhos da loira por nenhum segundo. — Uma dica. Vai ter que descobrir as outras respostas. Vamos lá, achei que fosse inteligente.

— Não vai conseguir nada me provocando — disse cruzando os braços. — E não me chame de inteligente agora, ninguém tem cara de inteligente. Como pode pensar isso de mim se nem ao menos nos conhecemos?

O homem não respondeu, ficou ali, ainda a encarando, quase sorrindo. Parecia que era um espetáculo pessoal assisti-la confusa e perdida, e isso fazia a Doutora guardar uma péssima primeira impressão dele.

— Eu odeio testes — falou. — Nunca fui muito boa neles, são só formas de fazer alguém dar uma resposta aceitável para um examinador sob pressão.

Ele completou o sorriso mais uma vez, agora com certo prazer aparente. A Doutora percebeu em que se metera, ou mais ou menos. Precisava achar uma solução rápida para qualquer que fosse o enigma naquele salão, e assim talvez mais respostas viriam. 

Mas havia mesmo alguma coisa? Aquele cara havia mesmo acabado de sugerir isso? Vamos, concentre-se, pense... Você percebeu desde que entrou, sabe disso. Há coisas erradas aqui, muito além do aparente, o que há de estranho nessas pesso...

— Mas é claro! — disse quase gritando, o que atraiu vários olhares. 

Pela primeira vez eles haviam se mexido bruscamente, e a encaravam com alguma coisa entre medo e raiva estampada nos rostos. Cada expressão como uma arma apontada para sua cabeça, ordenando que se contivesse ou poderia ser morta.

— Eu falei alto demais?

— Acredito que o mais alto do que qualquer um que já tenha pisado aqui.

— Ah, bem — se levantou e fez uma condolência. —, desculpe, pessoal, eu não queria...

— Só cale a boca — disse uma mulher de cabelo curto e cujo olhar parecia o mais condenador dentre os presentes sobre a Doutora.

Ela se sentou, um pouco assustada, e conteve-se tentando voltar à conversa com o homem à sua frente.

— Quem é aquela? — perguntou agora quase sussurrando enquanto inclinava a cabeça timidamente na direção da mulher.

— Não se preocupe com a Rani, ela esboça o que todos querem dizer por aqui. Mas você é nova, não deverá ter tanto problema. Agora me diga, o que descobriu?

— Espera, espera aí... Disse Rani? — ela voltou a olhar a mulher, não reconhecendo seu rosto, mas ligeiramente sentindo alguma coisa familiar, um puxão no estomago de preocupação.

— A conhece? Eu não me admiraria, todos por aqui conhecem pelo menos um de nós...

— De vocês? Sim! Era a isso que eu tinha chegado!

— Então conclua.

— Uma prisão no espaço, dezenas de prisioneiros e provavelmente um bom número de guardas...

— Continue.

— Mas todos tem a mesma forma. Todos hu... hu... humanoides. Sim, acho que essa é a melhor palavra.

— Muito bem, ótima conclusão, pena que eu não tenho nenhum presente pra te dar agora...

Ela ergue a cabeça, o olhando melhor.

— Tem um humor estranho pra alguém no seu estado.

Ele se soltou um pouco, riu e abriu os braços como que se vangloriando de quem quer que fosse. Por um momento não se importou com a aparente conduta daquele lugar.

— Meu estado? Eu estou muito bem aqui.

— É claro, é claro, tudo é muito agradável, não? Dormir no chão, receber comida que nem parece comestível, ficar num salão de vez em quando para fazer nada... Sim, um verdadeiro paraíso.

— Não sabe de nada, acabou de chegar — disse irritado voltando a se conter. — Mas isso não importa, ainda não concluiu seu ponto. 

— Não, então me permita... Se são todos humanoides, como diz, seria quase improvável que uma prisão no meio do espaço, longe de planetas e sistemas, alojasse várias espécies com a mesma aparência padrão — ela fez uma pausa, o fitando. — Estou certa? — sem respostas, ela preferiu continuar. — Bom, talvez sejam todos de um tipo comum, você disse que alguns se conheciam, então...

— Não tem algo na sua cabeça te torturando por aqui? — perguntou ele enfim voltando a falar. — Uma sensação estranha, no mínimo incômoda...

Ela cogitou isso, mas não havia nada a incomodando, exceto a própria situação e...

— São só dúvidas, não é nada.

— Eu não diria isso... Dá pra ver estampado na sua cara. É medo. E algo à mais também por reconhecer todos aqui.

A Doutora congelou nesse momento, com as últimas palavras dele sacudindo sua mente. Todo esse incômodo, todas essas questões mal resolvidas... eram comuns em novos ambientes, ela sempre estava à procura de respostas. Mas isso vinha mesmo acompanhado de um sentimento familiar, algo que aquecia seus corações ao mesmo tempo em que a lembrava da rachadura neles.

— Não pode ser — disse incrédula, sem conseguir focar na veracidade da possibilidade de imediato. — São todos Se... Se... Se... 

—  Se se se... — imitou ele afinando a voz. — Pare de gaguejar e diga logo! — ele quase ergueu mais do que devia a voz nesse momento, claramente irritado.

— Senhores do Tempo — disse a Doutora finalizando sua dedução e girando a cabeça para todos os lados, absorta em mais medo e dúvidas do que antes. — São todos Senhores do Tempo. Essa é uma prisão para o meu povo.


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Notas finais do capítulo

Ester:
* Frame de Avenida Brasil na cara da Doutora * ~oioioioi
Pra gente nem é lá tanta surpresa assim, mas vamos ver como a Doutora vai lidar com isso xD
E o que acharam desse senhor do tempo aí? Já considero pacas -q
Até o próximo sábado, povo o/