O casamento escrita por Clara Foster


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Olá! A continuação de "O casamento" continuará a ocorrer três vezes por semana, espero que gostem! :)



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Ok, então Edward não deixou telefone algum, e Jacob, que tinha meu telefone, não telefonava. Eu me sentia exatamente como quando tinha 15 anos e esperava ansiosamente pelas ligações e mensagens de Jake. Aquilo estava começando a me frustrar de uma maneira esquisita.

Não imaginava que a situação era um triângulo amoroso, essas coisas só existem na ficção, mas a minha mente não parava de ir de Edward para Jacob, e de Jacob para Edward. Exatamente como uma garotinha que não sabia qual sabor de sorvete escolher. Frustrante.

A única diferença era que fazer exames para doenças sexualmente transmissíveis também não era exatamente a ideia que eu tinha para aquele dia e muito menos o que uma garotinha faria depois de tomar sorvete. Lembrar da noite com Edward me deixava feliz, não posso mentir quanto a isso, mas foi apenas uma noite que poderia acarretar em muitas consequências. Pensar nisso, sinceramente me deixava assustada.

Depois da clínica, resolvi visitar Charlie e saber como ele estava se sentindo com relação à Renée. Meu pai estava... Consolável, quase como se minha mãe nunca tivesse feito nada e fosse voltar para casa em algumas horas com comida chinesa. Achei estranho, meu pai era uma pessoa muito reservada, realmente, mas não achei que poderia ser tanto assim.

Rondei o dia inteiro ao seu redor, esperando que pudesse ser útil, que pudesse ajudar. Estava ansiosa com toda a situação em minha vida, não estava sendo muito fácil. Negociar com a Universidade foi um problema, porque conseguir encaixar uma nova matéria com tão pouco tempo para o próximo semestre iniciar, realmente foi difícil. Com toda certeza, a secretária que me ajudou com a grade para resolver o problema, me odiava sem precedentes pelo trabalho extra que eu dei.

De qualquer maneira, era uma parte de minha vida que estava resolvida e que, pelo menos, fazia com que eu me sentisse menos bagunçada por dentro. No entanto, a parte família e amor ainda permaneciam um extremo mistério. O medo de uma DST e o não entendimento pelos sentimentos de Charlie me faziam ter as mãos atadas, sentindo-me um tanto quanto inútil. Era estranho não ter o controle daquela situação em minha vida.

Continuei com Charlie até que escureceu, mas nada da expressão de meu pai mudar. Quase fazia parecer que ele não ligava para o fato de que Renée tinha traído e o deixado para viver completamente sozinho depois de tantos anos de casamento. Pensei, por um breve momento, que talvez fosse o motivo pelo qual Renée tivesse feito o que fez. De maneira muito distinta ela resolveu a situação, afinal, não saberia dizer, agora, se meu pai verdadeiramente a amava. Poderia ter sido essa realmente a melhor resolução?

Por outro lado, também não imaginava que cabia a mim julgar qualquer tipo de sentimento entre os dois quando eu nem ao menos entendia o que se passava em minha própria cabeça. Para ajudar, não falar com Renée sobre a situação me deixava chateada, afinal, ela sempre foi meu porto seguro e a pessoa que nunca desistiu de me aconselhar.

Mesmo quando eu inventei de casar tão jovem, Renée não se opôs e eu senti que poderia contar com ela até o fim. O perdão, porém, ainda não poderia acontecer para Renée, porque eu estava muito abalada com o que ela fizera.

Meu maior medo, de alguma maneira muito esquisita, era que Jake um dia me traísse. Quando foi minha mãe a fazer isso com meu pai, senti como se fosse comigo. Parecia uma traição comigo, com a família toda! Podia, sim, ser um certo exagero de minha parte, mas não podia evitar.

Eu era bem mimada e o centro da atenção de minha família, como se tudo sempre girasse ao meu redor. Saber que aquela não era uma situação que não me envolvia, chateava-me um pouco. Ainda assim, não era por isso que fiquei na casa de Charlie até tarde e cozinhei para ele o suficiente para uma semana inteira. Eu o visitara para apoiar realmente qualquer sentimento que estivesse ali, qualquer remorso ou raiva… Não havia nada, apenas uma expressão neutra e poucas palavras.

Naquela noite, ponderei o suficiente para tentar entender a atitude de meu pai. Não cheguei à conclusão alguma, como pode imaginar. Realmente, a reserva de meu pai durante uma vida inteira não me permitia compreender por completo seus sentimentos mais remotos e profundos.

Incomodava-me que Renée não parecia assim tão importante ou que eu não parecia o suficiente para suprir sua tristeza. Estava jogando a atenção para mim, sabia disso, não era justo. Talvez me intrometer daquela maneira fosse minha maneira de lidar com a minha própria bagunça interna. A forma que eu encontrei de lidar com Jacob e o fim de nosso casamento, ou a pausa (como quiser chamar a maluquice que eu inventei e aceitei tranquilamente), era estranha e não parecia me fazer tão bem quanto imaginava.

Penso, agora, será que não deveria pensar em Jake? Será que deveria esperar por algo vindo dele? O fim seria exatamente assim? Eu queria continuar daquela maneira? Meu Deus! Estava começando a enlouquecer, pensar nele não estava ajudando.

Forcei minha mente a pensar em Edward, mas ao fazer isso, senti o impulso ridículo de querer ligar para ele, pedir mais vinho e, bem, sexo (dessa vez com toda certeza mais seguro). O fato de não termos trocado telefone algum era ridículo! Como poderia ter esquecido algo assim? Como ele pretendia me encontrar de novo?

A não ser que ele não quisesse, de fato, se encontrar comigo. Meu desempenho tinha sido ruim? Eu era uma pessoa entediante? Achei que ambos tínhamos gostado da noite em que decidi terminar meu noivado, apesar de tudo. Pelo visto, eu estava realmente carente, sem saber como ficar sozinha.

O problema é que eu não estava exatamente sozinha esses dias e não sabia o perigo de ficar sozinha com minha própria mente. Ficar no apartamento de Jessica era de grande ajuda, porque enquanto ela falava sem parar, eu conseguia não me concentrar em meus próprios pensamentos. O problema é que Jessica não estava ali naquele momento e minha cabeça era absurda! Eu talvez pudesse enlouquecer sozinha, seria isso sequer possível?

Ok, talvez eu não devesse ficar sozinha. Deveria ligar urgentemente para Jessica ou Angela e chamar uma delas para ficar ali, alguém que falasse comigo, alguém que pudesse me ajudar a não ficar sozinha, afinal, essa não era minha especialidade aparentemente. Infelizmente, ao pegar o telefone e não ver nenhuma ligação de Jacob me magoou profundamente e fiz a maior loucura que poderia fazer, liguei para meu ex-noivo.

— Alô!? - Desliguei imediatamente ao ouvir a voz do outro lado da linha. Não era uma que eu conhecia, não fazia sentido... Quem era aquela voz feminina?

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :)