Uma dor de cabeça bem aguda começava a nascer no meio de minha testa... Ressaca. Eu não sei como fui parar na cama, nem sei mesmo como estava no quarto de Jessica e não no de hóspedes, mas levantei rapidamente e fiquei sentada na cama.

Ainda tentando entender como estava perfeitamente vestida e em uma quarto que não era meu. Minha mente procurando se lembrar do que tinha ocorrido na noite anterior, uma estranha sensação invadindo meu corpo enquanto tentava compreender a minha mente enevoada.

Meu deus! Eu realmente fizera aquilo depois de terminar o noivado e um relacionamento de nove anos? Boa, Bella, parabéns! Como se você já não tivesse problemas o suficiente para lidar. Agora você ainda por cima fazia sexo com um desconhecido (ex-possível maluco) e sem nenhuma proteção.

Claro, não tinha medo da gravidez, eu me protegia muito bem, mas completamente sem proteção? Eu nem tinha o número dele para saber se estava tudo certinho com ele. Aliás, como faria aquela ligação “Oi, tudo bem? É a Bella, a garota que você traçou na noite anterior, por um acaso você teria AIDS? Gonorreia? Herpes?”, sacudi a cabeça,  não era uma conversa muito fácil.

Eu nem conhecia Edward tão bem assim, estava na cama sozinha e completamente perdida. Um dos pijamas de Jessica estava em mim, um muito simples considerando todas as camisolas sensuais dela. Esfreguei as têmporas tentando lembrar o que aconteceu depois do sexo. Qualquer coisa que explicasse o que aconteceu ou como poderia encontrar Edward.

Por mais que eu tentasse me recordar, não conseguia. Que horas ele foi embora? Como? Ele deixou qualquer contato? Por que eu queria tanto conversar com ele após a noite passada?

Estava em uma bela encrenca agora. O sexo foi ótimo, com toda certeza, sentia falta disso nos últimos tempos, porque Jake e eu estávamos em um pacto de não fazer nada até o casamento. Ótimo, quebrei isso também... O que estou pensando? Sequer vou casar mais! Como poderia me sentir culpada por uma coisa dessas? Não era traição, era?

Pânico começou a se alastrar por mim, era traição? Meu deus e se eu tivesse pego alguma doença? Não conhecia o homem com quem transei na noite passada, e foi tudo tão estranhamente bom que eu esqueci completamente de ser uma pessoa sensata. Ele até tentou ser mais consciente e eu simplesmente me entreguei a todos os desejos que estavam reprimidos por completo em mim, levando-o comigo.

De repente, o medo de Edward ter me enganado começava a nascer. E se a ligação com a mãe era pura mentira? Deus! Ele podia ter feito tudo aquilo apenas para em embebedar e transar comigo. Estúpida! Não podia acreditar em tamanha burrice! Parabéns, Isabella. 

Eu levantei um pouco cambaleante e sai do quarto. Fazia um silêncio incomum no apartamento, Jessica ainda não tinha chegado. Quando cheguei na sala, Edward dormia no sofá, com a mesma roupa de ontem e a sala completamente limpa. 

Ok, talvez ele não fosse um maníaco. Afinal, ele provavelmente me colocou na cama e, ainda que tenha feito sexo comigo, optou por dormir no sofá... Cavalheiro?  Fui para a cozinha, pé ante pé (pois não saberia muito bem o que dizer se ele acordasse agora), pegar um pouco de água e preparar um café forte. Era tudo o que eu precisava nesse momento, além de uma boa dose de senso e dipirona.

Ouviu Edward acordar, corei um pouco enquanto ele se espreguiçava, acompanhei seus passos até o quarto. Ele ainda sem saber que eu estava na cozinha, o que meu um pouco de tempo para pensar no que dizer.

— Bella? – Ouvi sua voz do corredor.

— Aqui! – respondi da cozinha. – Quer um café?

Estúpida! Estava convidando-o para ficar mais um pouco? O constrangimento anterior não foi o suficiente?

— Claro. – Ouvi sua resposta e ouvi ele se aproximar novamente.

Coloquei o café em duas canecas largas e entreguei uma para Edward quando ele se aproximou.

— Perdão... Não achei meu telefone depois de ontem a noite e não queria dirigir bêbado. – Ele se desculpou, tomando um gole de café logo em seguida.

Apreciei meu próprio café por dois minutos, sentindo o seu aroma e sabor intenso enquanto desejava que a dor de cabeça diminuísse.

— Tudo bem... Obrigada. - um silêncio constrangedor nascia ali. - Você está bem?

Ele assentiu. Ficamos ali mesmo, um de frente para o outro, apenas tomando nossas canecas de café. Nenhuma conversa era necessária,  e o silêncio já não era constrangedor por completo, ainda que os acontecimentos de ontem a noite tenham sido tão... picantes.

Pensei em algo para dizer, mas tudo que vinha à mente era sobre doenças venéreas. Não podia simplesmente perguntar aquilo enquanto ele apreciava o café da manhã. Talvez fosse ele a perguntar isso, a responsabilidade falando mais alto e querendo cuidar de si mesmo.

— Hmmm, você se incomoda se eu já for indo? – Edward quebrou o silêncio ao colocar sua caneca no balcão em que estava encostado. Neguei com a cabeça, não me importava, ainda que um pouco incomodada por não saber nada sobre ele.

Abri a porta para ele e nos despedimos. Antes de entrar no elevador ele ainda se virou e disse:

— Ei! Talvez eu não tenha mais idade para outra noitada dessas, mas espero sua ligação. – Riu e foi embora.

Eu ri para mim mesma antes de perceber que não tínhamos trocado o telefone, mas ele já tinha ido embora quando eu quis perguntar. Fiquei um pouco triste com isso, gostaria de ver Edward novamente. Ele fora muito gentil na noite anterior e era fácil estar com ele.

Quantos homens conhecemos que ofereceriam o ombro e depois ainda cuidariam de nós quando dormimos em seu colo? Eu só tive Jake na vida, mas Jessica saiu com caras o suficiente e sofreu muito por diversos babacas, conhecia o tipo de homem que tinha por aí.

Infelizmente, eu ainda não sabia nada sobre Edward. Ontem a noite foi arriscado, poderia ter acontecido qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Por sorte, Edward realmente era diferente. Em outro momento eu talvez pensasse em realmente ligar para ele. Por ora, bastava o que fizemos na noite anterior, ainda que uma certa tristeza começasse a se apossar de mim, então, empurrei esse sentimento para o fundo de minha mente.

Entrei e arrumei a cozinha. Verifiquei a sala e tudo estava em ordem, precisava apenas de um banho e visitar meu pai para saber de suas próprias decepções. O bom é que ele não ofereceria vinho para beber e acalmar o fim do relacionamento. Também precisava dizer que o casamento estava cancelado... Aquilo doeu um pouco em mim.

Será possível que eu não tenha tomado a decisão certa… E, se não, o que eu fizera seria uma traição com Jake realmente? Chacoalhei a cabeça novamente, desejando que tudo aquilo fosse simplesmente um pesadelo e que as lágrimas que enchiam desnecessariamente meus olhos fossem embora. O que era aquilo agora?

Peguei o telefone para marcar uma consulta e falar com meu pai. Notei, no entanto, que não havia ligações de Jake. Era estranho, uma pequena parte de mim queria que ele tivesse ligado. Uma parte não tão pequena gostaria que ele estivesse ali agora comigo.