O casamento escrita por Clara Foster


Capítulo 3
Capítulo 3




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Eu não conseguia parar de chorar e já perdia o homem de vista em meio as lágrimas.

— Éééé... Acho que eu vou indo. – disse o homem cujo nome eu nem fazia mais questão de lembrar. Sinceramente? Eu esperava que fosse Jake, isso me faria rir e ter um pouco de esperança.

Talvez fosse essa ideia estúpida de terminar o casamento, não faz sentido algum. Que é que eu estou pensando? De qualquer maneira, aquele homem não poderia sair agora.

— Não! – gritei exasperada e o homem arregalou os olhos. Com toda certeza eu era uma maluca, ao menos, agia como uma. – Eu preciso de você. – sua expressão era de puro pânico. – Da banda. – esclareci e sua feição se suavizou.

— Cheguei em uma hora ruim? – perguntou ele com certa cautela, certamente se perguntando se eu começaria a chorar novamente conforme me acalmava.

Neguei com a cabeça, ele não precisava ouvir meus problemas pessoais.

— Não, não mesmo... É que eu acabei de terminar o noivado.

O homem me olhou novamente, de cima a baixo. Eu podia sentir a pena dele, ele ponderava se dizia algo ou simplesmente fugia daquela situação.

— Entendo... Bom, eu também sou o cara do bolo. – ele disse simplesmente e eu apenas pisquei incrédula. – Você já pagou para provar os sabores, acho que seria bom aproveitar isto... bem, neste momento? – ele sorriu timidamente de lado.

Pensei um pouco nessa ideia. Seria bom comer algo doce nesse momento... Na realidade, eu preferia que qualquer bebida alcoólica estivesse na minha frente essa noite, mas bolo servia. De qualquer forma, já tinha pago por aquilo.

— Eu tenho vinhos também. – o homem completou.

— Quantos caras você é capaz de ser? – franzi o cenho, talvez ele estivesse tirando uma com a minha cara.

Ele riu antes de responder:

— Terminei um relacionamento, pretendia ficar com as bebidas só para mim... Acho que podemos dividir a dor juntos.

Aquilo me animou um pouco e assenti. Certamente eu tinha bons amigos, mas nenhum deles apenas beberia comigo para esquecer esses problemas. A presença de um completo estranho, porém, podia ser algo positivo nesse momento. Beber e esquecer Jake? E ainda ter bolo? Ótimo, era exatamente aquilo que eu imaginava da minha sexta-feira.

Era a minha melhor opção. Amava Jessica, era minha melhor amiga com toda certeza, mas ela acabaria falando dos próprios problemas sem parar e a noite acabaria com ela sendo consolada. Nesse momento, eu precisava ser consolada com muito amor, carinho e muito bolo. Aquele homem só poderia me oferecer o bolo e os ouvidos, isso para mim bastava. O estranho ainda me encarava.

— Ok... Posso ajudar a pegar as coisas. – Concordei, por fim. Percebi que o homem esperava por uma resposta falada. – Qual seu nome mesmo?

— Edward... O seu é Isabella Swan, né? – ele perguntou.

— Bella, prefiro só Bella.

— Ok, Bella.

Ele sorriu novamente e descemos para pegar o bolo e as bebidas. Ele deixou o equipamento, que trazia consigo, no carro. A julgar pela quantidade de vinhos, ele realmente precisava de uma companhia naquela noite. Não que eu estivesse julgando quem sofria mais naquele momento.

— Eu tenho queijo na geladeira. – Disse subitamente. Alguma vez alguém me disse sobre como vinhos e queijos eram uma ótima combinação.

Ouvi Edward rindo baixinho.

— Achei que afogaríamos as mágoas e não teríamos um encontro sofisticado. – corei ao som daquela afirmação. Edward estava certo, parecia uma ideia absurda nesse momento. Ri com ele novamente enquanto me entregava algumas caixas de bolo.

— Esse trabalho não é meio feminino? Quer dizer... O bolo? Achei que tinha contratado uma confeiteira.

— Um pouco sexista, não? – ele perguntou e sorriu. Fiquei vermelha com tamanho absurdo.

— Oh! Não quis dizer isso... Eu... Tudo bem... Sabe, acho que você...

Sua risada estrondosa preencheu minhas palavras malucas e o silêncio da rua.

— Estou brincando, você realmente contratou uma confeiteira. Acontece que ela é minha irmã e teve um pequeno acidente em outro casamento. Sou apenas um servo dela. – Ela fechou o porta malas e começou a andar em minha direção.

Senti vontade de mostrar a língua para ele. Edward não parecia uma pessoa que acabou de terminar o relacionamento. Ao menos, parecia que minha cabeça ia explodir com tamanha vontade de chorar, conseguia sentir esse peso em minhas costas, por outro lado, ele estava sorridente e desenvolto, quase como se não houvesse nenhum problema.

No elevador, um silêncio constrangedor existia. Fiquei pensando se deveria puxar uma conversa. Afinal, estávamos indo ao apartamento de Jessica beber para compartilhar uma dor estranha pós-término.

— Ok, eu menti. – Disse Edward quando o elevador chegou ao andar.

Meu coração começou a palpitar, pensei que ele poderia estar me enganando naquele momento e não tinha para onde correr. Não adiantaria muito certamente, ele já sabia onde eu morava de qualquer forma. Ao menos, onde Jessica morava.

— Meu término não foi radical, sequer foi triste. As bebidas são da minha irmã, mas eu acho que você realmente precisa de algumas taças de vinho e eu me vingar de Alice por me fazer trabalhar. – Ele explicou calmamente ao ver meu completo pânico estampado.

Suspirei aliviada e realmente mostrei a língua para ele, ao que ele respondeu com um olhar muito confuso. Apenas ignorei enquanto abria a porta do apartamento de Jessica.

Felizmente, Jessica não voltaria hoje para casa e eu tinha o lugar apenas para mim. Realmente era reconfortante saber que eu ficaria com um completo estranho sem nada para me proteger além dos meus próprios punhos. Talvez fosse um erro, mas eu não sentia que Edward poderia ser uma má pessoa... Ele ofereceu bolo, certo? Enquanto ele arrumava as coisas na cozinha, fiquei sozinha com meus pensamentos na sala... Meu deus!

Ok, ele também ofereceu vinho, o que é um claro sinal de que algo pode estar errado. Além do mais, ele mentiu sobre o vinho inicialmente. Talvez Edward fosse do tipo galanteador, beber poderia não ser uma boa ideia afinal de contas. Talvez ele estar ali não fosse uma boa ideia.

Queria meu celular, precisava ligar para Jake. Estava em apuros, tinha certeza... Ele atenderia? Seria possível que ele me ajudaria nesse momento?

A droga do meu celular estava na cozinha onde Edward estava. Tive que me aproximar devagar, para tentar pegar sem ser notada, mas comecei a ouvir a conversa dele ao telefone.

— Acho que ela não saberá. – meu coração parou. – A menina acabou de terminar o noivado, Alice entenderá se não tiver um feedback dos bolos, mãe.

Fiquei atenta, podia ouvir meu coração palpitar. Se Edward ficasse em silêncio profundo, também poderia ouvir com certeza.

— Fiquei com pena dela... Ela começou a chorar quando me viu e eu não sabia o que fazer. – silêncio novamente. – Vou ficar uma hora até ela se cansar de mim e ir embora... Talvez ela fizesse alguma loucura, ela parece ser um pouco estranha, mãe. Quem deixa um cara qualquer entrar no seu apartamento assim?

Revirei os olhos. Não podia acreditar naquela situação, queria apenas enfiar a minha cabeça na terra e nunca mais tirar de lá. Tudo bem, talvez ele não fosse um maníaco, mas Edward era um cara pouco comum. Quem se oferece para beber com uma garota qualquer?

Eu realmente pensei em ligar para Jake, porque somente ele poderia me ajudar naquela situação. Isso me fez perceber como agora eu estava solitária, afinal, somente meu ex-noivo há menos de meia hora poderia ser capaz de me acudir em um momento de perigo.

Era preciso recomeçar, nem que fosse com um estranho. Entrar na cozinha seria o primeiro passo.

Infelizmente, estava perdida em meus próprios pensamentos e não ouvi os passos de Edward indo em direção à porta da cozinha. Virei-me instantaneamente e nos trombamos, vinho e bolo para todo lado.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! :)



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