All Star Philosophy escrita por Millis


Capítulo 4
Blood Red


Notas iniciais do capítulo

hellow, mais um capitulooo
queria agradecer a Percy Potter por favoritar a fic e a todos que estão acompanhando, amo cada um de vocesS2
as musicas do capítulo são youngblood do 5SOS e Holding on do far caspian
Boa leitura gatinhos e gatinhas:)



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                                                                                                                          Young blood

                                                                                                                   Say you want me

Voltem à parte em que eu disse que confiava em Percy Jackson, lembra? Pois bem meu caro leitor, anula.

Talvez você esteja pensando que eu fui uma completa ingênua por confiar em um homem (e que homem, pelos deuses), pior ainda, por confiar em um homem bonito (eu diria até uma maldita obra de arte divina, mas isso não vem ao caso), e na verdade está certo. Fui ingênua, eu diria até emocionada demais, como já dizia a sábia Taylor Swift-Eu sabia que você era um problema desde que apareceu, bem feito pra mim agora- também não vou dizer que sou a pessoa mais fácil de lidar do mundo, a esta altura do campeonato vocês já devem saber que não, mas se eu era complicada, Percy  era um enigma indecifrável, por que se tinha algo que eu não conseguia entender, essa coisa era Percy Jakcson.

Deitei a cabeça sobre os braços cruzados na mesa, mais uma semana de aula, a terceira semana de aula para ser mais exata e eu já estava ao ponto de fazer um pacto com gaia apenas para ter mais duas semanas de férias. Química, essa era a aula que eu estava subitamente ignorando, o professor escrevia cálculos e mais cálculos sobre a lousa com a caneta preta, ergui a cabeça apenas para me certificar de que a aula não havia acabado, peguei um dos lápis que estavam dispostos (leia-se jogados)  sobre a mesa desorganizada, peguei meu caderninho e minhas mãos traçaram pequenos rabiscos sobre o papel, desenhar era algo um tanto recreativo, não que eu fosse uma excelente ilustradora, longe disso, mas eu gostava e com o tempo, a pratica me fez uma desenhista meia-boca. Pequenos rabiscos aleatórios iam dando formato a algo maior, o cabelo bagunçado de Percy surgia sobre o papel branco, fechei o caderno. Eu não conseguia tira-lo da minha mente mesmo se me forçasse a faze-lo, uma coisa era certa, Percy Jackson havia desgraçado a minha cabeça de forma que reverter a situação parecia impossível, a semana havia se passado e eu via ele todos os malditos dias, ele andava por ai com Rachel em seu encalce, andavam juntos no intervalo, na sala de aula não se desgrudavam e para minha felicidade suprema, Percy havia virado o motorista particular de Rachel, levava ela para casa todos os dias depois da aula em sua moto, eu já estava acostumada com o nó que agora já não saia mais da minha garganta, parecia até parte de mim, me forçava a ignora-los sempre que estavam por perto, ou pelo menos tentava, as vezes a risada escandalosamente alta de Rachel fazia com que eu me assustasse e virasse o rosto na direção dos dois quase que por instinto, controlava a língua a todo custo, a verdade era que não havia nada para dizer, eu e Percy já não éramos mais amigos, se é que realmente fomos em algum momento, mas não controlava a minha expressão facial, que imediatamente se contorcia e meus olhos se reviravam quase que automaticamente. A aula estava em seus últimos minutos quando a porta da sala se abriu, uma das coordenadoras do colégio entrou e sussurrou algo no ouvido do professor, os dois concordaram com a cabeça e se olharam cumplices, logo ela saiu e um garoto que pelo visto estava  atrás da porta entrou, os cabelos ondulados e castanhos contrastavam com a pele morena e caiam sobre seus olhos também castanhos ele parecia pouco a vontade, as mãos estavam enfiadas no bolso do casaco azul marinho por cima da blusa cinza.

—Pessoal—O professor o arrastou até o centro da sala—Esse aqui é Leonidas Valdez, ele vai estudar conosco durante o restante desse ano, sejam legais.

Murmúrios animados sobre o aluno novo ocuparam toda a sala de aula, garotas olhando para ele como se fosse o novo objetivo de vida delas, e a verdade era que não era para menos, era realmente bonito, ele deu um sorrisinho com o canto dos lábios enquanto seus olhos passeavam pela sala que agora ele iria ficar, o professor falou algo em seu ouvido e ele acenou com a cabeça, logo se dirigiu ao seu novo lugar, e para minha surpresa, ele se sentou na carteira vazia atrás de mim, antes que eu pudesse ter mais um vislumbre de seu rosto. O sinal bateu e vários alunos saíram apenas para pegar o material da próxima aula em seus armários, como a garota esperta que sou, eu já havia pegado o material das três primeiras aulas antes do intervalo, então poderia apenas baixar a cabeça a apreciar os poucos segundos de silencio que teria, ou não já que senti uma mão cutucar minhas costas, virei-me.

—Você tem uma caneta pra me emprestar?—Leonidas sorriu—Na correria de vir para o colégio eu acabei esquecendo meu estojo.

—Claro—Eu sorri para ele enquanto revirava minha carteira atrás de uma caneta—Aqui esta, Leonidas.

Eu entreguei a ele uma das minhas muitas canetas azuis.

—Por favor—Ele riu—Me chame de Léo.

—Ah—Eu passei uma das mechas do meu cabelo atrás da orelha—Tudo bem...Léo.

Seu sorriso aumentou.

—E qual seria o seu nome?—Léo aproximou seu rosto

—Annabeth—falei

—Annabeth...—Ele parecia testar a sonoridade—Bonito seu nome

Senti meu rosto enrubecer.

—Obrigada—Enterrei as mãos nos bolsos do meu moletom—O seu também.

—Obrigado—Léo sorriu

Minhas pernas estavam voltadas para o lado de forma que as laterais de meu corpo se escoravam na cadeira, Léo me olhava curioso.

—Então—Tentei quebrar o silêncio—Você veio de onde?

—Tijuana—Léo pendeu a cabeça para o lado enquanto cruzava os braços sobre a carteira—É uma cidade no México.

—México? E como é...

Antes que eu pudesse concluir a frase o professor de Sociologia adentrou a sala de aula, me virei antes que levasse um possível sermão e como de costume, cruzei os braços sobre a mesa e deitei a cabeça sobre eles ignorando a aula que nem havia começado.

Fechei meu armário depois de colocar alguns dos livros que eu não havia usado em nenhuma das aulas, Nico saiu da sala a direita com Percy em seu encalce, os dois conversavam pouco animados e eu me forcei a olhar para o outro lado (coisa que eu me arrependo amargamente), Rachel saiu da sala a esquerda e foi correndo em direção a Percy, baixei a cabeça não querendo ver a cena que ia se seguir para que eu não ficasse ainda mais ferrada da cabeça, Nico se encostou no meu armário.

—E ai, loirinha?—Ele sorriu com o canto dos lábios

—Oi, Nico—Sorri para ele—Como vai?

—Ah—Ele pendeu a cabeça para trás encostando-a no armário—A aula tava insuportável.

Nico sorriu.

—...Mas eu to legal—Ele deu de ombros—E você? Como ta?

—To legal—Fechei meu armário.

Nico passou um dos braços pelo meu ombro e saímos andando até a nossa habitual cafeteria, eu realmente não estava com cabeça para encarar Percy naquela manhã, na verdade não estava com cabeça para encara-lo por um longo tempo, seguia ignorando-o e ele fazia o mesmo comigo.

Adentramos a cafeteria e logo avistei nossos amigos sentados em uma mesinha no canto, havíamos virado uma galera só, o que era legal de certa forma já que Thalia adorava Luke e Nico (mais o Luke do que o Nico), eu e Groover também, mas em contrapartida eu tinha que  conviver diariamente com Percy, como se já não bastassem as aulas, ele estava sempre la, com meus amigos, nossos amigos, ele e Rachel, e isso só fazia com que os trinta minutos de paz que eu tinha no colégio se tornavam um inferno, Nico me arrastou até a mesa e eu me sentei ao seu lado, me encolhendo tentando não chamar atenção e também tentando não focar minha atenção nos dois que estavam a minha frente trocando abraços, Nico colocou um dos seus fones na minha orelha e sorriu para mim- e por um breve momento, eu tive a impressão de que ele sabia exatamente o que estava acontecendo-, Nico sorriu para mim com o olhar carregado de pena e me abraçou de lado, tinha que admitir, Nico havia sido uma salvação para mim nos últimos dias, Thalia passava a maior parte do tempo com Luke, Groover e eu quase não tínhamos aulas juntos, e eu Percy...Bom, vocês sabem. Nico estava sempre comigo, tentando me animar e compartilhando suas musicas, a amizade dele estava sendo o conforto dos meus dias.

Corri os olhos pela cafeteria enquanto todos conversavam animadamente, alguns alunos estavam sentados em mesas conversando animadamente e comendo algo, outros sozinhos mexendo no celular, e alguns apenas entravam, faziam seus pedidos e depois de recebe-los, iam embora. Meus olhos se fixaram em um garoto de cabelos castanhos, Leo estava sentado em um canto ouvindo musica, estava sozinho mas não parecia triste, na verdade, parecia mais distraído do que qualquer outra coisa, por mais que a imagem do garoto novo não estivesse depressiva, não pude evitar sentir pena dele, eu mais do que ninguém sabia o que era ser a novata.

—Nico—Tirei o fone da orelha—Guarda meu lugar? Lembrei que tenho que fazer um negocio.

—Ok—Nico deu de ombros.

Todos na mesa se calaram enquanto eu me levantava e eu pude sentir seus olhares sobre mim enquanto me afastava cada vez mais da mesa, não olhei para trás. Parei ao lado de Léo, ele ainda parecia totalmente distraído, até fascinado, nem notou a minha presença, comecei a pnsar que talvez fosse melhor eu ter ficado na cafeteria para não atrapalha-lo, afinal, ele realmente não parecia estar desesperado por companhia, afastei o pensamento da cabeça e me sentei ao seu lado, léo me olhou assustado notando minha presença pela primeira vez.

—Oi—Eu recolhi as pernas com os braços.

—Oi—Léo parecia animado—Annabeth né?

Eu confirmei com a cabeça.

—O que achou da sua primeira aula?—virei meu rosto na sua direção.

—Foi legal—Léo tirou um dos fones do ouvido—Quer?

Ele me ofereceu o fone.

—Uhum—Encaixei sobre a orelha.

Léo soltou o play de alguma musica, claramente latina, a batida era animada, e por mais que não estivesse acostumada com o gênero, acabei gostando, ele balançava a cabeça fazendo seus cachinhos irem de um lado para o outro, observei-o, Léo era muito bonito, tinha orelhas pontudas e olhos castanhos vívidos, ele parecia -e estava- bastante empolgado com sua musica, movia os lábios cantado silenciosamente, ele notou que eu o observava.

—Tem algo de errado?—Ele olhou para si mesmo parecendo pouco constrangido.

—Não—Eu o olhei nos olhos me sentindo arrependida—Não tem nada de errado, é que você fica uma graça escutando musica.

Dei de ombros, Léo abriu um sorriso tímido.

—Obrigada—As bochechas dele assumiram um tom rosado.

Sorri para Léo e aproximei meu corpo do seu.

—Hey—não me contive e tirei um dos cachinhos de Léo de seu olho—Quer ir tomar um café?

Apontei para a cafeteria.

—Você deve estar com fome—Sorri para ele.

—Na verdade eu to sim—Ele riu.

Me levantei.

—Vamos?—Estendi a mão para Léo.

Ele sorriu e pegou minha mão usando-a de apoio para se levantar, seguimos caminho até a cafeteria. Eu estava feliz de fazer uma nova amizade, eu amava todos os amigos que já tinha, mas ter um amigo que tivesse 0 contato com Percy seria legal, e Léo era tão legal que só a idéia de andar com ele já me empolgava. A cafeteria ainda estava cheia, alunos e mais alunos lotavam cada centímetro do lugar, toda a galera ainda estava sentada a mesa do canto, conversando animadamente, Nico me viu e fez sinal para que eu fosse até eles, peguei a mão de Léo e o arrastei comigo até a mesa.

—Gente—Esperei que todos prestassem atenção em mim, o que não demorou acontecer—Esse aqui é o Léo.

Puxei Léo para a minha frente e, ao contrário do que eu pensava, ele não parecia nada envergonhado.

—Oi—Léo acenou com a mão no ar.

—Oi—Todos responderam em uníssono.

—Tudo bem Léo?—Rachel sorriu docemente para ele.

—Tudo na Paz—Léo fez sinal “paz e amor” no ar com a mão.

—Loirinha—Nico me puxou pelo braço—Eu peguei um cappuccino pra você.

Ele apontou para uma xícara na mesa.

—Mas acho que já esfriou—Nico deu um sorrisinho sem graça com o canto dos lábios.

—Tudo bem—Sorri para ele indo até o lado de Léo—Eu vou ajudar o Léo pra fazer o pedido dele.

Léo passou um dos braços pelo ueu ombro e nós fomos até o balcão da cafeteria, a mesma senhora de cabelos brancos veio anotar nossos pedidos, Léo pediu um chá gelado e duas rosquinhas de chocolate, pedi meia dúzia de carolinas de creme. Enquanto nossos pedidos não chegavam Léo começou a me contar sobre como era no México, ele me contou sobre as comidas que gostava, os costumes do País, uma das coisas que mais me fascinavam era o feriado do dia dos mortos, ele me convidou para ir a casa dele ajuda-lo a fazer nachos, Léo era fofo e engraçado ao mesmo tempo, ele fazia expressões engraçadas constantemente, afundei as mãos nos bolsos de casaco e olhei para a mesa enquanto ouvia Léo falar sobre as musicas de que gostava, estavam todos conversando pouco animados, quer dizer, quase todos, Percy nos olhava, não, Percy nos encarava, seu olhar penetrava fundo como faca em mim, ele parecia irritado, mais irritado do que normalmente ele estava, ele passava os olhos de mim para Léo e de Léo para mim, ele notou que eu olhava de volta e, ao contrário de todas as vezes, ele não desviou o olhar, vidrou seus olhos em mim enquanto passava uma das mãos pelo fone e atia os pés no azulejo da cafeteria irritado, sem tirar os olhos de mim ele puxou Rachel para um abraço e sussurrou algo em seu ouvido que a fez sorrir graciosamente e beijar seu pescoço, virei o rosto imediatamente para Léo, meu gesto foi tão brusco que meu pescoço estralou e fez um barulho esquisito.

—Tudo bem?—Léo dirigiu um olhar penoso para mim.

—Ta sim—Não ta não— O que você tava falando mesmo?

Segundo Percy, eu não sabia mentir, mas Léo ainda não me conhecia o suficiente para detectar qualquer que fosse um dos meus pecados, me concentrei  (ou pelo menos tentei) em seu discurso até que nossos pedidos chegassem, nos dirigimos até a mesa e eu arrastei uma cadeira desocupada para Léo, sentamos lado a lado. A conversa se seguiu e eu e Léo continuamos a falar sobre musica enquanto comíamos, Nico roubou uma das minhas carolinas e lhe dei uma cotovelada de leve na costela e ele riu com os lábios sujos de creme, me forcei a todo custo a ignorar Rachel e Percy, porém estava bastante difícil porque agora era Percy quem falava alto, e todos pararam apenas para escutar ele contando sobre todas as brigas que havia arrumado durante um acampamento de verão na oitava serie, revirei os olhos quase que automaticamente, Percy não tirava os olhos de mim.

—Esta incomodada, Annabeth?—Percy me encarou com um sorrisinho provocativo no canto dos lábio,  atraindo a atenção de todos que agora me olhavam curiosos.

—não—Baixei os olhos apenas para não ter que olhar para aquele maldito—Pode continuar falando.

—Tem certeza?—Percy cruzou os braços—Você ta parecendo bem incomodada pra mim.

Olhei para Percy, ele parecia estar se divertindo bastante enquanto me tirava do sério, sua expressão era de pura ironia e o sorrisinho insistia no canto de seus lábios.

Desgraçado

Baixei os olhos novamente para não me perder naqueles malditos –e lindos- olhos verdes.

—Não—Me encolhi como uma tartaruga se encolhe em seu casco—Eu to legal.

—Ta mesmo?—Percy juntou as sobrancelhas numa expressão irônica—Porque...

—Percy, chega—Nico o interrompeu antes que ele pudesse falar algo que me deixasse ainda pior—Ta deixando a Annie desconfortável.

Percy sorriu satisfeito, ele puxou Rachel para seus braços.

—Eu to?—ele levantou uma das sobrancelhas e seu olhar parou em mim.

—Eu acabei d...—Antes que eu pudesse inventar qualquer desculpa esfarrapada para me livrar daquela situação, o sinal tocou e vários alunos se levantaram correndo para suas salas.

Deuses, obrigado!

Me dirigi até a minha sala, com as mãos enfiadas nos bolsos e a cabeça baixa, Percy estava com raiva de mim, isso eu sabia, mas ainda não havia entendido o motivo, ele fez questão de fazer uma cena para todos verem, inclusive Léo, meu rosto fervia em constrangimento ao lembrar que ele estava lá, quando eu perguntei a Percy o que eramos ele travou e resolveu naquele momento que não seriamos nada, me magoou? Com toda certeza. Eu iria demonstrar? Nem que minha vida dependesse. Tava tão cansada dessa novelinha, não eramos mais duas crianças para ficar nesse joguinho de indiferença, ou talvez Percy realmente fosse indiferente, afinal, foi ele quem resolveu se afastar, mas por que ficar bravo comigo? Ele tinha todo o direito de fingir que eu não existia, mas aquilo já era demais. Meu orgulho com toda certeza não permitiria que eu pedisse desculpas, e eu nem achava que tinha motivos para fazê-lo, porem, eu ainda não sabia o que fazer ou qual reação ter quando ele me confrontava dessa forma. Peguei meus livros em meu armário enquanto me perdia em meus pensamentos.

Adentrei a sala de aula e me movi até uma carteira no canto da sala de aula, fundão, claro, me encolhi na cadeira até que minha postura fosse semelhante a do corcunda de Notre Dame, Observei os alunos que  iam entrando e se sentando em seus lugares, Léo passou pela porta e ao me ver foi diretamente até a fileira em que eu estava, ele se sentou a minha frente.

—Oi—Léo virou seu rosto para mim—Você ta bem?

—Oi—Nem me preocupei com endireitar a postura descaída—To sim.

—Sério mesmo?—Ele parecia realmente preocupado e aquilo o deixava um tanto fofo—É que depois do que aconteceu hoje eu notei que você ficou meio cabisbaixa.

—Eu to legal—Menti—De verdade.

Me forcei a dar um sorriso.

—Ok—Léo sorriu para mim com pena.

Percy entrou na sala de aula com passos irritados, seus olhos percorreram toda a sala em um piscar, tão rápidos que eu duvidava que ele tivesse notado algo, ele caminhou por uma fileira antes de se sentar a minha direita, prendi a respiração.

A aula começou e a professora de literatura nos passou uma atividade desinteressante, cada fileira pegaria um livro de poesias e após uma breve leitura escolheria uma para ler para o colega atrás de si. Léo se virou para mim.

—Parece que estamos juntos nessa—Ele sorriu

—Estamos—Eu ri

Fileiras de alunos começaram a se aglomerar no caixote cheio de livros, me levantei apenas porque queria pegar um livro legal, Léo me seguiu, revirei o caixote até encontrar um de Clara baccarin, me dirigi ao meu lugar, travei no momento em que Percy se levantou e foi em minha direção, o nó na minha garganta apertou e ele passou por mim sem nem sequer olhar em meu rosto, uma parte de mim estava imensamente grata por ele não fazer nada, mas a verdade é que eu estava decepcionada, ele fingia que eu não existia e isso me magoava mais do que eu achava que fosse possível. Sentei na minha cadeira e Léo já estava sentado a minha frente com as costas escoradas na parede branca e as pernas viradas de forma que seu corpo se inclinava a minha carteira, segurava um pequeno livro de Walt Whitman, iniciamos a leitura e meu foco cedeu ao livro, Clara Baccarin era uma mulher fantástica, me identificava com cada poema ou texto que ela escrevia, as vezes chegava a pensar que ela escreveu aquilo exatamente para mim. Passaram-se alguns poucos minutos e a professora pediu que nos virássemos para nossos colegas e lêssemos o poema escolhido, Ergui meu rosto e pude notar com o canto dos olhos que Percy me encarava, suspirei, de novo isso? Percy simplesmente havia decidio que não iria mais tirar seus olhos de mim, durante a leitura do poema de Léo eu tentava não focar em Percy, mas mesmo lendo, ele tinha seus olhos vidrados na minha pessoa, a expressão fechada como se quisesse quebrar meu pescoço, resisti ao impulso de revirar os olhos.

—Há em mim uma passividade, uma lentidão, e um olhar ainda humano para as pessoas e as situações... Algo que costumei chamar de ‘nobreza de alma’. Algo que já definiram como ingenuidade (mas não é tão simples assim). Ainda existe e sempre tem existido em mim uma velha crença na vida, no bom lado das pessoas, nas boas intenções das falas e atitudes...

Não, isso não é muito bom. Quantas vezes nessa vida eu me vi sendo educada, serena e distraída em situações que precisavam que meu sangue fervesse no momento e de uma boa imposição de limites, de uma fala mais firme e forte e de atitudes de autodefesa imediatas-.

Li os primeiros parágrafos de meu texto para Léo e me senti como se lesse para mim mesma, o texto parecia feito de acordo com minha realidade, terminei a leitura e levantei a cabeça, Léo tinha uma expressão pouco preguiçosa no rosto. Após alguns segundos a professora levantou de sua cadeira.

—Muito bem, agora que já leram para o colega a sua frente, leiam para o colega ao seu lado.

Preguiçosa, era isso que aquela professora era, não fazia absolutamente nada, apenas nos mandava fazer alguma leitura e sentava sua bunda murcha na cadeira e passava a aula toda em seu celular, ok, talvez eu esteja exagerando no meu hate interno, porém ela tinha que pedir para que eu lesse para Percy? Ele tinha que se sentar justamente ao meu lado? O universo não colaborava com o meu ser em um dia sequer. Virei meu corpo em direção a Percy e ergui os olhos com pouco receio, ele já estava virado em minha direção e tinha seu olhar fixo em mim.

—Bom...—Eu puxei uma das mechas da minha franja para trás da orelha—Posso ler ou você quer começar?

Percy  não dizia nada, ele juntou as sobrancelhas suma expressão esquisita.

—Lê você primeiro—Ele apontou com o queixo para mim, seu tom era tão indiferente que tive vontade de me encolher até desaparecer.

—Ok—Eu encarei o livro em minhas mãos e iniciei a leitura  tentando não gaguejar com o nó que se apertava na minha garganta, por que eu ficava assim perto de Percy? Eu sabia que tinha sentimentos por ele, ok, mas...Por que? Não era como se ele me tratasse como uma princesinha da Disney, muito longe disso, mas os sentimentos persistiam ali, assombrando cada maldito segundo dos meus dias, durante a leitura eu tropecei em algumas palavras e via o sorrisinho maldito que Percy dava com o canto dos lábios toda vez que isso acontecia, quando terminei, senti como se um peso gigantesco tivesse sido tirado de minhas costas, enfiei as mãos nos bolsos de meu casaco após deixar o livro sobre a carteira.

Percy começou a ler seu poema, sem tirar seus olhos de mim, ele parecia ter decorado aquilo porque não era possível, sua voz tinha um tom baixo carregado de ironia, não consegui prestar atenção no poema, seus olhos me fitavam e o desconforto começava a tomar conta, já não sabia o que fazer, havia perdido todo meu senso lógico aquela altura, virei meu rosto para qualquer que fosse o lugar, não podia ficar encarando Percy por muito mais tempo, estava ao ponto de simplesmente sair correndo da sala, ele parou de ler.

—Estou te deixando desconfortável de novo, Annabeth?—Percy cruzou os braços, a voz carregada de ironia.

—Não—Baixei a cabeça para minhas mãos—Pode continuar.

—Tem certeza?—Percy agora parecia irritado, não que a momentos antes não parecesse.

—Percy—Fechei os olhos, minha vontade era de partir seu lindo pescocinho em doisSó continua, por favor.

Percy riu com ironia e voltou a me fitar com olhos.

—Porque você fica fazendo isso?—Bufei tentando não encara-lo, aquilo seria suicídio.

—Fazendo o que, Annabeth?—Percy se curvou para meu lado e apoiou os braços nos joelhos, o cabelo rebelde se emaranhava nos olhos.

Encarei aquele rostinho lindo da desgraça, a jaqueta preta de Percy tinha as mangas arregaçadas até os cotovelos, a blusa branca por baixo estava colada sobre o peito, os jeans pretos e gastos tinham rasgos nos joelhos, a expressão carregada de ironia, os olhos verdes fitando meu rosto, as perfeitas sobrancelhas se curvavam.

—Fazendo o que, Annabeth?—Ele repetiu a pergunta.

Bufei e virei meu corpo para a carteira, eu não queria entrar naquele joguinho idiota com Percy, mas ele não parecia disposto a parar, Percy se levantou de sua cadeira e se apoiou de costas sobre a minha carteira, ele cruzou os braços e olhou para mim de relance.

—Eu te fiz uma pergunta— Ele brincou com os fones soltos em seu ombro e sorriu para si mesmo.

—Percy— Eu me levantei— Eu não vou discutir com você.

Estava prestes a inventar qualquer desculpa para a professora e sair daquela sala.

—Quem falou em discutir?—Percy se pôs a minha frente—Eu apenas te fiz uma pergunta Annabeth.

O perfume de Percy entorpecia minha mente, estávamos próximos o suficiente para que meu cérebro simplesmente parasse de funcionar.

—Não quero discutir com você—Baixei a cabeça e minha voz soava como um sussurro.

—Nós não precisamos discutir—A voz de Percy saiu surpreendentemente suave— Eu só to tentando te entender.

—Me encarar não é o melhor jeito sabia?—Revirei os olhos.

Percy sorriu.

—Você não consegue ficar menos fofa—Ele passou uma das mechas de meu cabelo atrás de minha orelha.

Talvez fosse cedo demais para cantar vitória, mas pela primeira vez em dias Percy falou comigo, sorriu para mim e não deu as costas quando eu me permiti ser vulnerável, eu estava me sentindo minimamente feliz.

(...)

Cruzei as pernas em formato de índio no chão frio e apoiei a cabeça sobre o sofá, depois da aula, Luke havia chamado toda a galera para ir em seu apartamento, isso incluía Léo, Thalia, Nico, Percy, Rachel, Groover e eu, íamos assistir a um filme e simplesmente ficar de bobeira. Estavamos todos na sala, Luke dividia um apartamento com Percy, os dois eram maiores de idade e trabalhavam em um Starbucks  perto do colégio, eu, Nico, Thalia e Luke estávamos sentados no chão, Percy no canto direito do sofá com Rachel deitada sobre seu peito, meu momento feliz havia durado pouco, Léo na outra ponta, com as pernas encolhidas para que eu pudesse deitar minha cabeça e Groover entre ele e Rachel, assistíamos a um filme de ação e todos pareciam distraídos com o filme, já passavam das seis, sabia disso por conta do céu alaranjado que já dava espaço para o azul, a lua tinha um brilho fraco. Virei meu rosto na direção do sofá, Léo tinha os olhos vidrados no filme, Groover parecia fascinado com as cenas de tiroteio, Rachel estava dormindo sobre o peito de Percy e Percy me olhava, ele deu um sorrisinho com o canto dos lábios quando nossos olhares se cruzaram, virei meu rosto na direção da TV quase que por instinto, Percy tinha uma postura relaxada, era a primeira vez que eu o via de bermuda, cinza a cor, usava também uma camiseta de manga curta preta que deixava em evidencia seus braços e peito (não que eu estivesse olhando, imagina), quando o filme acabou já estávamos todos sonolentos, três, essa era a quantidade de filmes que havíamos visto, o suficiente para nos fazer ficar meio grogues, minha mente mal funcionava e meus olhos pesavam, Nico deitou minha cabeça sobre seu colo e seus dedos afagando meu cabelo foram as ultimas coisas que senti antes de adormecer sobre suas pernas.

Abri os olhos, eu me sentia descansada, não estava dormindo muito bem nos últimos dias, mas o sono acumulado e o carinho de Nico fizeram com que eu desmaiasse, sentia como se tivesse dormindo nas nuvens,  tava tudo escuro e meu corpo estava agradecido por uma soneca, foi quando me dei conta de que eu não estava em casa, levantei com um salto e bati a cabeça na cabeceira da cama, ouvi uma risadinha ao meu lado.

—Você devia ser mais cuidadosa sabia?—Reconheci a voz de Percy, eu ainda não via nada por conta do breu que meu campo de visão desfrutava.

—Onde eu to?—Eu me encolhi e comecei a passar as mãos sobre o chão para tentar me localizar, não, não era gelado e duro como o chão, era macio, um colchão.

As luzes se acenderam e a claridade fez meus olhos arderem e minha cabeça latejar, apertei meus olhos tentando enxergar, eu estava em um quarto, sentada sobre uma cama, Percy estava deitado ao meu lado, ele tinha um sorriso cínico no rosto.

—Você dormiu—Percy deu de ombros—Então eu te trouxe pra cá.

Minhas bochechas esquentarem, Percy tinha me carregado até aqui? A minha aparência também não devia ser das melhores, visto que eu acordava parecendo o sonic, passei a mão pelo cabelo tentando arrumar os fios bagunçados, Percy que estava deitado com a cabeça apoiada nas mãos sobre os lençóis brancos, usando apenas uma bermuda cinza, camiseta preta e meias azul escuro, me fitava com os olhos, ele parecia relaxado demais, me lembrava até meu pai...Pelos deuses! Meu pai! Eu tava concentrada demais na situação vergonhosa ao qual eu me encontrava que até me esqueci, meu pai com toda certeza iria me matar e dançar Macarena no meu tumulo, e olha que eu nem estou exagerando. Percy deve ter percebido o desespero que se estampava no meu rosto porque começou a rir.

—Qual a graça?—Tentei fazer uma expressão brava mas a única coisa que saiu foi um beicinho.

—Nada—Percy cessou o riso, mas o sorriso –lindo sorriso- sarcástico permaneceu em seus lábios.

—Que horas são?—Perguntei começando a ficar incomodada de verdade.

Meu cabelo estava tão bagunçado que poderia espantar um enxame de marimbondos, minha camiseta estava amassada e meu rosto provavelmente também, mas Percy parecia nem se importar, pra falar a verdade Percy parecia nem ter notado.

—duas—Percy mantinha seus olhos cravados em mim—Da manhã.

Duas da manhã?? Meu pai iria decepar minha cabeça e fazer malabarismo com ela no meu funeral, eu tava tão ferrada, Percy mantinha o sorriso sarcástico no rosto.

—Thalia ligou pro seu pai—Ele parecia ler meus pensamentos—Ela disse que você ia dormir na casa dela, relaxa.

Soltei o ar que nem sabia que estava prendendo.

Ufa!

Percy correu os olhos pelo quarto, assoalho de madeira, pôsteres de bandas, paredes brancas assim como os lençóis, almofadas cinzas e cortinas azul escuro, um guarda roupa preto a esquerda e estantes azuis escuro com livros e CD’s, o quarto de Percy era tão...Percy. Seu olhar encontrou o meu novamente.

—Você dormiu bastante—Percy passou uma das mãos pelo cabelo.

—Fazia tempo que não tinha um sono tão pesado—Agarrei uma das almofadas que estavam sobre a cama e me escorei na parede. Eu estava sem meu moletom, usando apenas uma blusa fina que deixava meu corpo exposto ao frio, pelos deuses, por que tiraram meu moletom?

Percy sorriu e se levantou.

—Ta com fome, benzinho?—Ele tinha um sorriso sarcástico no canto dos lábios.

—Não me chame assim—Meu rosto se contorceu em uma careta.

—Por que, benzinho?—O sorriso de Percy aumentou.

Revirei os olhos e me levantei.

—Preciso ir pra casa—Senti o chão frio sobre meus pés.

Eu estava de meia? Meus tênis estavam em um canto abaixo dos pés da cama, calcei-os com pressa, procurei meu moletom com os olhos mas não havia nem sinal dele no quarto, tentei passar pela porta.

—Não—Percy se escorou sobre a porta impedindo minha passagem—Você não vai pra casa.

Encarei aquele rosto bonito de cair os butiá do bolso.

—Percy...—Eu tentei passar por ele ,mas seu braço me puxou de volta.

—Não—Percy me interrompeu—São duas da manhã da madrugada de uma sexta feira, acha mesmo que eu vou deixar você ir pra casa? Nem fudendo.

Bah

—Eu não posso ficar aqui...—Baixei meu rosto para não ter que encarar seus olhos quase hipnotizantes.

—Por quê?—ele revirou os olhos—Ninguém vai te morder, Annabeth.

—Meu pai não vai gostar disso e...

—Ele não precisa saber—Percy bateu o pé impaciente—Olha, já passa das duas, lá fora esta chovendo e você mora do outro lado da cidade, você nem sabe o caminho pra sua casa se eu te deixar sair você só vai se perder e pegar um resfriado, sem contar que não da pra te levar porque eu só tenho a minha moto e nós dois provavelmente iremos gripar, isso se não sofrermos um acidente...você fica!

Abri a boca para argumentar, mas nada saiu, fechei-a, abri novamente e fechei de novo, Percy havia jantado com todos os argumentos que eu tinha. Bufei e me sentei de volta na cama, ele me olhava vitorioso.

—Onde ta minha blusa?—Agarrei meu corpo com os braços na tentativa fracassada de me aquecer.

Estava bastante frio, o suficiente para fazer meu corpo todo tremer, não entendia como Percy estava usando apenas uma blusa de manga curta, não estava nem sequer arrepiado, ele me olhou por alguns segundos e caminhou até seu guarda-roupas, tirou de la uma manta azul e jogou na minha direção.

—Está frio—Percy cruzou os braços

—Valeu—Agarrei a manta e me enrolei nela como se fosse meu escudo protetor, Percy deu um sorrisinho com o canto dos lábios enquanto seus olhos se cravavam em mim, ele sentou ao meu lado na cama e virou seu rosto para frente, ficamos em silêncio por algum tempo-minutos? segundos? anos? Eu não sei, perdia totalmente a noção de tempo quando estava com Percy- Olhei para a janela, estava entreaberta e um vento gelado entrava, a chuva caía forte lá fora, o céu escuro feito bréu, não se via nenhum relâmpago, apenas o barulho abafado dos trovões.

—Ce ta com fome?—Percy quebrou o silêncio entre nós

Virei meu rosto na direção daquele ser humano maldito.

—Uhum—Fiz que sim com a cabeça

Ele se levantou.

—Vem—Ele chamou e saiu pela porta me deixando sozinha no quarto.

Acompanhei  Percy a passos lentos pelo corredor, haviam alguns quadros, todos com posters de bandas ou alguma imagem de palhaço assustador, eu não sabia como eles conseguiam passar por esse corredor todos os dias e dormir tranquilamente, ao fim da passagem encontrava-se a sala embutida com uma cozinha americana, paredes, mesas e armários brancos, duas cadeiras se prostravam de frente a um balcão de madeira e o fogão reluzia em prata, para alguém que era fissurado por preto, o apartamento de Percy era bastante claro, sentei-me em uma das cadeiras e olhei Percy, ele estava agachado com a cabeça enfiada no armário aberto e revirando tudo que se tinha direito, ele se levantou depois de alguns segundos com dois pacotes de bala fini e um pacote gigante de salgadinhos de queijo, percy levantou os braços na altura da cabeça segurando as porcarias comestíveis.

—Servida, madame?—Ele sorriu

—Vamos acabar desenvolvendo diabetes por causa de tanta besteira—Peguei o pacote de salgadinhos de sua mão e o abri

—E eu não ligo nem um pouco—Percy riu

Ele pegou um punhado de salgadinhos com a mão direita e andou até a geladeira, de la ele tirou duas latinhas de coca cola e jogou uma em minha direção, eu agarrei a latinha no ar com tanto desespero que fez Percy gargalhar.

—Custava ter me entregado?—Senti meu rosto esquentar.

—Custava—Percy sorriu—Não há nada que pague a sua cara quando tentou pegar a latinha.

Ele replicou a imagem de eu tentando agarrar a latinha fazendo uma careta esquisita e riu mais ainda.

—Vai se ferrar—Tentei parecer brava mas não consegui conter um sorriso, virei meu rosto para que ele não visse

Percy contornou o balcão de madeira e se sentou ao meu lado, peguei um dos salgadinhos de queijo do pacote e comi encarando o nada, Percy pegou mais um punhadinho e comeu quase todos de uma vez, a verdade era que quando eu estava com Percy Jackson minha fome batia em retirada, tudo que eu conseguia sentir no estomago eram as malditas borboletas se debatendo como se estivessem na mão do palhaço.

Virei meu rosto na direção de Percy, ele me encarava, baixei para os salgadinhos e peguei mais uma tortilha de queijo,  Percy tirou seu celular com os fones embolados de dentro do bolso de sua bermuda.

—Quer escutar alguma coisa?—Rle estendeu um dos fones para mim

—Uhum—Peguei-o e encaixei sobre a orelha

 Percy soltou o play e o barulho da chuva forte se misturou com o som de Arctic Monkeys, tudo parecia tão perfeito que eu nem sequer notei o tempo passar, só a companhia dele era algo quase surreal para mim, me sentia melhor do que estando com qualquer outra pessoa, mesmo que em vários momentos eu quisesse estrangular seu lindo pescocinho, eu me sentia em casa, como se o sentimento bom fosse parte de mim. Depois de várias e várias musicas da Playlist de Percy –muitas que eu nem conhecia para ser sincera- O celular dele pediu bateria e nós recolhemos os fones.

—Quer ir dormir?—Percy estava em pé ao lado do sofá plugando o carregador em seu celular

—Dormir?—Eu estava ainda sentada sobre uma das cadeiras dispostas em frente o balcão, porém estava virada para ele

—Dormir—Percy me olhou com um sorrisinho no canto dos lábios

—Tipo—Senti meu rosto esquentar—Nós dois?

—Sim—Percy cruzou os braços com seu sorriso aumentando

—Na mesma...—Parei a frase antes que eu pudesse cavar minha própria cova

—Cama?—Percy parecia ler meus pensamentos e se aproximou com um sorrisinho malicioso no canto dos lábios—Sim, na mesma cama.

—Mas...—Eu me remexi desconfortável na cadeira, só a ideia de dormir na mesma cama que Percy fazia com que eu ficasse apreensiva

—Mas...—Percy se aproximou ainda mais de mim—Existem outras coisas que a gente pode fazer na minha cama

Senti meu rosto ferver como nunca antes, Percy tinha o mais sacana dos sorrisos sacanas nos lábios.

—Sabe?—Ele acabou com todo o espaço que havia entre nós—Existem várias coisas que a gente poderia fazer na minha cama, sozinhos.

—Cala boca—baixei o rosto para esconder minhas bochechas que já deviam ter a tonalidade semelhante a de um tomate

—Eu to brincando—Percy gargalhou e me puxou pela mão fazendo com que eu quase caísse da cadeira—A não ser que você queira...

Ele me olhou provocativo

—Idiota—Não consegui conter um sorriso pouco a vontade

Percy riu e pegou minha outra mão, ele enlaçou nossos dedos e me arrastou até o meio da sala, soltou minhas mãos e se sentou no sofá preto, Percy me puxou pela cintura  e deitou sua cabeça sobre meu peito –como eu não desmaiei? Eu também gostaria de saber- Percy apertou seus braços sobre minha cintura, enlaçando todo meu corpo até as costas.

—Você ta com sono?—Percy olhou nos meus olhos e o sorrisinho sarcástico permanecia no canto dos seus lábios

—Não—Olhei de volta em seus olhos e tive vontade de sair correndo de tão graciosas que eram suas pupilas se dilatando—E você?

—Não to—Percy sorriu

Ele me puxou ainda mais contra seu corpo e eu tive a impressão de que iria enfartar a qualquer momento, Percy subiu uma das mãos até meu rosto e acariciou minha bochecha com o polegar, mordeu seu lábio inferior e colou sua testa na minha.

—Percy...—eu  afastei um pouco meu rosto do seu

—Não—Percy puxou meu corpo de volta—Por favor, não estraga o momento.

Eu olhei para aquele rosto bonito da peste, as pupilas de Percy estavam tão dilatas que quase não se via o verde de suas íris, seu cabelo estava todo bagunçado como em todo momento, as bochechas e os lábios pouco rosadas por conta do frio, ele tinha um olhar pidão.

—Ok—Balancei a cabeça em um sim pouco tímido, Percy me puxou para que eu sentasse ao seu lado e colocou sua perna sobre a minha, ele deitou sua cabeça sobre meu ombro e afagou meu cabelo com os dedos, tinha a sensação de que se ele não parasse eu iria realmente desmaiar, meu coração batia como uma furadeira e minhas pernas se amoleceram, podia ficar ali durante toda a vida, só eu, Percy Jackson e o som da chuva forte despencando sobre a cidade de Londres.

(...)

A luz do sol, embora fraca, iluminava todo o quarto, eu estava com a cabeça enterrada ao corpo de Percy, nossas pernas enlaçadas e eu sentia seu peito subir e descer com a sua respiração.

Sim. Nós havíamos dormido juntos.

Não. Não havíamos feito mais nada além disso, seus pervertidos.

Eu queria que tivesse rolado algo mais? Cala a boca.

Nós pelo menos nos beijamos? Infelizmente não.

Olhei para o rosto –lindo rosto- de Percy, ele me encarava com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

—Tá parecendo o Sonic, madame—Ele passou a mão direita pelos fios bagunçados de meu cabelo que aquela altura devia estar mais rebelde que o de Percy

—Vai se ferrar—Meu rosto esquentou um pouco mas eu sorri

Percy gargalhou e puxou meu corpo contra o seu beijando minha testa em seguida. Enrolados sobre os lençóis com os corpos enroscados um no outro eu me sentia a garota mais triste e feliz do mundo, confuso? Também acho, mas eu me sentia extremamente feliz por acordar ao lado de Percy, e extremamente triste por saber que  provavelmente seria a primeira, única e ultima vez que isso aconteceria, bom...Equilíbrio é tudo, não?

Levantamos juntos e Percy puxou minha mão e me levou até o banheiro, ele me emprestou uma escova de dentes que provavelmente já havia sido usada por outras milhares de bocas, escovamos nossos dentes juntos e eu ria das caretas engraçadas que Percy fazia apenas para chamar atenção, a final ele estava com a camiseta toda suja de espuma de pasta de dente.

—Percy—Eu enxuguei minha boca com a toalha que estava disposta sobre um canto do banheiro—Pode me dar licença?

—Por que?—Percy me olhou com um sorrisinho contido

—Porque eu preciso fazer xixi—Falei como se isso fosse espanta-lo dali

—Você mija sentada né?—Percy riu—Mó engraçadinho

—Cala a boca—Empurrei Percy do banheiro enquanto tentava não deixa-lo ver meu rosto vermelho e meu sorriso de lado.

Caminhei até a cozinha sentindo um arrepio por conta do frio, meias no chão gelado e apenas uma blusa fina, era isso que me protegia daquele frio infernal, Percy estava virado de costas para mim passando café, sorri e observei-o enquanto ele terminava de preparar a bebida e esquentava uma caneca com leite e pó para cappuccino, sorri ainda mais, Percy se lembrava de como eu preferia cappuccino a café e isso era suficiente para me fazer querer abraça-lo até seus ossos se partirem, não que eu tivesse força pra isso.

—É feio ficar observando os outros dessa forma sabia? Onde estão seus modos, madame?—Percy falou sem se virar para mim, quase podia vê-lo sorrir

Andei até Percy sorrindo e parei do seu lado.

—Bom dia pra você também—Falei enquanto lhe dava uma cotovelada de leve

Percy me olhou de relance e deu um sorrisinho sarcástico, ele me puxou pela cintura e se escorou sobre a pia da cozinha, Percy enlaçou seus braços sobre meu corpo e colou nossas testas.

—Bom dia madame—Ele sorriu e aproximou seu rosto do meu ainda mais

Talvez naquele momento uma pontada de esperança tivesse se acendido em meu peito, esperança de que talvez aquela não fosse a única noite em que dormiríamos juntos, talvez aquele não fosse o único café da manhã que compartilharíamos na mesma casa, talvez Percy e eu realmente tivéssemos chance...

—O que ela ta fazendo aqui?—A voz de Rachel ecoou sobre o apartamento

Ou não né...


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Notas finais do capítulo

até o proximooooo



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