Arfou ao sentir várias pontadas em seu peito, e a queimação só aumentava, sentia a marca subindo ainda mais, sufocando-o lentamente. Erica tratou de tirar ainda mais a sua dor, suspirando ambos por fim.

— Obrigado — sussurrou Stiles, fechando os olhos e encostando sua testa com a da Reyes, estava tão exausto que queria dormir. Escutou uma sutil risada vindo da loira, abriu os olhos curioso. — O que foi? — Via aquele largo sorriso, tão sincero, nos lábios da loba que era impossível não sorrir junto, tão cativante.

— Vai ficar tudo bem. — E Reyes passou a chorar, mantendo o sorriso. — Ele veio!

— O quê? Quem? — E sem dizer mais nada, levantou-se da cama e beijou os fios castanhos do humano, não deixando de sussurrar: “Vai ficar tudo bem” novamente e sair do quarto. Estava tão confuso com aquela súbita mudança de atitude, que quando a porta do quarto foi aberta novamente, conseguiu compreender. Seus olhos se arregalaram quando viu Derek entrar no quarto.

— Hey, Stiles — murmurou o Hale, sentindo uma enorme vergonha por apenas estar ali. Ambos não conseguiram dizer mais nada, Stiles estava surpreso e mesmo sentindo a queimação formigando cada vez mais forte, não tinha reação. Mas Derek sentia de longe a dor o consumindo. Tentou se aproximar, mas foi impedido pelo berro do Stilinski:

— Não!

— O quê?!

— Eu disse não — proferiu novamente, com tamanha convicção que deixou Derek paralisado. Sem perceber, Stiles começou a chorar, a dor estava tanta que não conseguia aguentar. 

— Stiles deixa eu… — Novamente tentou se aproximar, mas Stiles gritou o tão sonoro “Não”. Os curiosos lá embaixo, sabiam que deveriam sair de lá, algo estava errado e Peter já imagina o que seria, mas não poderia culpar Stiles, afinal, Derek sempre pisou na bola, sempre fugindo. — Stiles…

— O que, Derek? Não venha me dizer que veio apenas para me salvar e no fim correr com o rabo entre as pernas. — O Hale engoliu seco, enquanto Stiles apertou seu punho, tanto pela raiva quanto pela dor, que estranhamente aumentava. 

— Eu não — iniciou, mas deixou a frase morrer. Ele não pretendia fugir, não dessa vez, mas ele não sabia se tinha o direito de permanecer. Determinado, aproximou-se novamente do Stilinski que mesmo protestando, não evitou de suspirar aliviado ao ter sua dor retirada.

— Eu ainda estou bravo com você — sibilou, fechando os olhos e voltando a deitar na cama; estava exausto demais para manter alguma discussão. A marca ia subindo e subindo, enraizando-se dentro de si, provavelmente a presença do Hale piorava a sua condição.

— Eu sei — sussurrou, aproximando-se do humano e ajeitando-o confortavelmente em seu colo, culpou-se ainda mais ao sentir a pele dele queimando em febre e sua respiração cada vez mais pesada. — Eu sinto muito, por tudo. Por ter fugido; por ser um grande idiota o tempo todo. Tudo! — Conforme falava, sugava a dor de Stiles que permanecia com os olhos fechados, mas atento ao que ele dizia. — Eu sou idiota em deixar meu medo sempre me comandar, eu deveria lutar contra isso, ser feliz, mas sempre quando penso que estou superando esse medo, algo acontece e eu fujo, como um covarde. Eu mereço a sua raiva, pois você tem toda razão de possuí-la, mas Stiles — chamou ele, fazendo-o abrir os olhos e o encarar —, eu não estou aqui apenas para salvá-lo, estou aqui para me redimir a tudo que lhe fiz passar… — E acariciou o rosto do humano, vendo as veias negras surgirem nas costas de sua mão.

— Um eu te amo de amizade não vai me salvar. — Derek limpou as lágrimas que se acumularam no canto dos olhos âmbares.

— Shiu… Eu sei — sussurrou, sorrindo pequeno. — Mas o amor que sinto por você jamais será de amizade, porque da mesma forma em que eu roubei o seu coração, você roubou o meu.

Stiles não suportou, sentou-se na cama com as mão sobre o peito, sentindo a dor apenas piorando; as lágrimas já banhavam o seu rosto, assim como o soluço escapou pelo seus lábios.

— Mentira.

— Não! — disse, pegando delicadamente as mãos de Stiles e trazendo para o seu peito. — Acompanhe meu ritmo cardíaco, Stiles — ditou, sentia as mãos trêmulas dele conforme tirava a sua dor ainda mais. Já conseguia ver o desenho da rosa no pescoço dele, subindo e subindo lentamente; assim como sentia seu corpo inteiro queimando conforme sugava a dor. Stiles apenas anuiu, engolindo o choro. — Eu te amo, Stiles. Eu amo o seu jeito sarcástico. Amo quando você me desafia ou desafia os outros. Eu amo quando você começa a tagarelar uma coisa e logo em seguida muda o foco de tudo. Eu amo cada qualidade e defeito que você tem, pois são elas que fazem ser quem você é. Por quem eu me apaixonei e por quem eu sempre permanecerei amando. 

Era verdade. Stiles sentiu. Tremendo e chorando ainda mais, Derek não tardou de abraçá-lo fortemente, escutando seus soluços e o agarre cada vez mais forte em sua blusa. Conforme ele se acalmava, Derek beijava seus fios castanhos, sussurrando que estava tudo bem, ele estaria ali agora, sempre.

Ao se separarem, Derek ergueu o rosto do Stilinski e sorriu minimamente, limpando os traços de lágrimas; ainda via a rosa crescer, mas de forma mais lenta agora.

— Vai ficar tudo bem. Eu prometo. — E com isso o beijou. Derek sempre imaginou como seria beijar o Stilinski, e era exatamente como imaginava, incrível; tirando a parte das lágrimas que deixaram o beijo salgado e amargo. Apenas em tê-lo próximo de si, já era o suficiente para se sentir bem.

Mesmo com o ósculo finalizado, Stiles ainda permanecia com os olhos fechados, mas Derek não, ele acariciava o rosto do humano conforme via o desenho da rosa sumindo, logo ela deixaria de existir. 

Trouxe Stiles para perto de si e deitaram-se na cama; ambos estavam tão exaustos devido às dores que sentiram. Stiles fechou os olhos sucubindo-se lentamente ao mundo dos sonhos.

— Promete que estará aqui quando eu acordar? — indagou, tão baixinho que se Derek não fosse lobisomem não ouviria. Sorriu ao responder:

— Sempre!

— Eu te amo — murmurou por fim, dormindo.

— Eu sei — sussurrou, fechando os olhos e sentindo-se feliz. E assim como Stiles, Derek dormiu escutando as batidas calmas do coração do Stiles, sabendo que ele estaria seguro agora, da mesma forma que estava sentindo ao ter sua âncora ao seu lado. Seu porto seguro.