Após vestir novamente as suas roupas, o clima permanecia pesado. Stiles já estava desconfortável com todos aqueles olhares sobre si. Como odiava isso. Scott olhava para o seu irmão com aperto em seu coração.

— Elas… — iniciou Erica, mas fechando a boca em seguida, porque ela não sabia o que dizer.

— Elas se parecem como uma tatuagem. — Foi Scott que concluiu, inconscientemente tocando em sua própria tatuagem.

— Show. — Stiles começou rir, batendo palmas. — É claro que esse tipo de coisa tinha que acontecer comigo, não bastou a porra do Nogitsune tinha que vir a merda de uma maldição, assim como em continhos de fadas, só falta você me dizer que preciso do beijo do meu amor verdadeiro pra quebrar essa merda, hum? 

Apenas a simples menção da raposa milenar fez os corpos de todos se arrepiarem. Ninguém tinha boas lembranças daquele episódio, sempre seria algo perturbador para todos. Stiles apenas queria rir de sua desgraça.

— Como a própria maldição diz, Sr. Stilinski, a pessoa que habita o seu coração deve proferir seu amor por você — falou Deaton. Stiles estalou a língua no céu da boca, sorrindo sarcasticamente.

— Uau! Então eu vou morrer. — Cruzou os braços, rindo ao jogar sua cabeça para trás. — É claro que eu iria morrer de uma maneira dramática em um estilo sobrenatural, nada de normal, é claro.

— Stiles, você não… — Stiles o interrompeu.

— O quê?! — gritou, gesticulando os braços de maneira afoita. — Eu não tenho certeza do que irá acontecer? Cai na real, Scott! 

— Você não vai morrer — retrucou aos berros. O humano sentia sua garganta fechada, e novamente seu corpo começava a doer, arfou devido a dor e mesmo que Scott tivesse percebido e tentado se aproximar para tirar a dor, foi empurrado. Magoado, continuou num murmúrio: — Eu vou ligar para o Derek.

— Não vai adiantar de nada se for algo falso. — Era notável o tom de desgosto em sua voz.

Peter o analisou atentamente e cruzou os braços.

— Você não tem noção dos sentimentos dele né? — zombou.

Trocando o peso de pé, Stiles respirou fundo, estava nervoso, cansado e principalmente com dor. Não aguentando mais ficar ali, marchou em direção a saída, ignorou os chamados e apenas disse:

— Preciso de ar.

Até tentaram ir atrás de Stiles, mas Deaton e Peter os impediram.

— Receio que o Sr. Stilinski precise de um tempo.

— Mas ele está com dor. — Tentou dizer Erica.

— E tenho certeza de que ele não está querendo que suguem a sua dor a cada cinco segundos — comentou Peter.

Crispando os lábios, Scott anuiu. Sabia que o Hale tinha razão, notou isso quando tentou tirar a dor do outro e fora negado.

— Certo — sussurrou.

— Temos um problema — pronunciou Liam, preocupado. Franzindo o cenho, Scott se virou para o seu beta e Peter, tinha um péssimo pressentimento. Erica olhou para eles, sentindo seus olhos lacrimejarem, engoliu seco e disse:

— Derek não está atendendo. Só cai na caixa postal.

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Com os dias se passando lentamente na opinião de Stiles, resolveu se trancafiar em sua residência. Noah já estava preocupado com o seu filho, isolando-se de todos do bando, ficando no quarto e fazendo questão de deixar explícito que não queria ser incomodado. Certas coisas um pai pode relevar, mas aquilo estava demais.

Bateu na porta de seu filho e sem esperar um consentimento, apenas anunciou a sua entrada. Stiles estava encolhido na cama num amontoado de cobertores, mordendo o lábio inferior querendo evitar de gemer. Não tinha contado ao pai sobre o incidente, pois sabia o quanto o seu velho se preocuparia consigo. Apesar de que esconder era muito pior. Noah se sentou na cama e esperou pacientemente até que seu filho mostrasse pelo menos seu rosto para si. Após longos minutos, Stiles cedeu, abaixando as cobertas até a altura de seu pescoço.

— O que está acontecendo? De verdade. — E olhando para o seu pai, engoliu o bile que ficou preso em sua garganta e deixou que, enfim, as lágrimas acumuladas, descessem. 

— Desculpa — sussurrou.

— Hey, garoto. — Preocupado, Noah puxou Stiles num abraços, mas se assustou quando o filho gemeu de dor. Com certo cuidado, afastou minimamente, segurando os ombros com certa cautela para não machucá-lo. — Quer me contar o que está acontecendo? — indagou calmamente.

— A bruxa, ela me amaldiçou…

— Mas, o quê?! — gritou. Com medo, Stiles fechou os olhos e mordeu o lábio inferior. — Desculpa, eu não… eu não estou brabo com você, céus, Stiles…

— Você não pode ver, mas… — Respirou fundo. — Eu tenho essas rosas que crescem no meu corpo. Scott disse que elas se parecem como uma tatuagem, mas a questão é que a pessoa que eu amo, tem me dizer que me ama também. Iguais aqueles estúpidos clichês. —  E ria de maneira forçada, enquanto que as lágrimas permaneciam traçar o seu rosto. 

Noah até tentou trazer conforto para o filho conforme ele explicava a situação, mas não sabia o que dizer naquele momento. Tinha certos momentos que não sabia como consolar o filho. Foi a mesma coisa quando sua esposa morreu, não soube o dizer, apenas ficou lá, dando o máximo de apoio. Ambos sendo o pilar do outro.

— Vai tudo ficar bem, filho, tenha fé. — Foi o que disse, mas não tinha certeza em suas palavras. E naquele abraço, com Stiles chorando em seu colo, com medo de morrer, Noah segurava a vontade de chorar, precisava ser forte, pelo seu filho, mesmo que estivesse morrendo de medo de perdê-lo também. Não iria suportar.

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Com Noah tendo que trabalhar dobrado devido a folga que tirou para ficar com Stiles — dando apoio, convencido-o a falar com os amigos e, principalmente, deixá-los sugar a sua dor —, foi decidido que ficaria no loft durante a semana.

Tendo que faltar às aulas, devido a uma falsa doença, para ficar de repouso, Stiles suspirou aliviado quando Boyd sugou a sua dor.

— Valeu — sussurrou, fechando os olhos devido ao cansaço. Erica se aproximou e o cobriu com uma manta, deslizando suavemente seus dedos sobre os fios acastanhados, enquanto que Stiles adormecia.

Ultimamente as coisas seriam dessa forma; Stiles de cama. E por mais que odiasse isso, não tinha outra escolha, a sua dor apenas piorava e a queimação subia de maneira tão lenta que apenas queria chorar.

A rosa já tinha passado da cintura.

Ainda não tinham conseguido entrar em contato com Derek, o que deixou todos alarmados. Mas Stiles continuava a pensar da mesma forma; faria diferença?

Naquela noite, os ex-betas de Derek não queriam deixar o Stilinski sozinho, como ele estava dormindo no quarto do Hale, a cama tinha espaço para todos, mas a pedido dele, dormiram em seus próprios quartos.

Encolhido na cama, Stiles segurava as lágrimas. Mesmo com dor, não queria incomodá-los, por isso ficou surpreso quando a porta do quarto foi aberta e Peter entrou.

— O que faz aqui? — indagou num tom baixo. Sem dizer nada, o Hale se aproximou, sentando-se na cama e passando a tirar a dor do humano, que suspirou aliviado. — Obrigado.

— Não se preocupe, vou resolver isso — disse ao se levantar. 

— Como assim? — questionou atordoado.

Peter sorriu de canto.

— Está na hora de trazer o meu querido sobrinho de volta pra casa, e salvar o príncipe dele de sua maldição.