Os Mistérios do Amor escrita por AmanteSolitária


Capítulo 21
Minha primogênita


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que está tarde, mas estou no dia correto! hahah
Vocês não têm noção do que estou passando essas semanas pré-entrega de pré-banca de TCC, mas aqui estou, pois vos amo.
Aproveitem o capítulo!



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Vamos para a pergunta de um milhão de dólares. - Disse com sarcasmo.- O que você veio fazer aqui, mãe?

 

Ela ainda me olhava com aquele sorriso sonso estampado no rosto. Os cabelos, agora tingidos de loiro, presos em um coque. Ela abriu um pouco mais o sorriso:

—Oi, minha filha. Isso é jeito de responder a sua mãe? - Eu apenas arqueei a sobrancelha em resposta.-Vim encontrar e buscar a minha primogênita.

Oi? Buscar? Olhei para meu pai. Ele estava dilacerado. Não conseguia encará-la, mesmo depois de todos aqueles anos. Ele levantou a cabeça para mim e estendeu a mão:

—Eu estava conversando com a sua mãe antes de você chegar, Sam. - Ele respirou fundo.- Achamos que talvez seja melhor se você for com ela. - Ele passou a mão pelos cabelos e com a outra fez carinho na minha usando o polegar.- Ela tem condições melhores de cuidar de você lá.- Meu pai desviou o olhar.

—Não, pai.- Apertei mais a sua mão.-Quero ficar aqui, com você.

—Faça-me o favor, Samantha.-Era minha mãe.- Seu pai não tem condições de cuidar nem de si mesmo, quem dirá de uma adolescente .- Quem disse que ela poderia entrar na conversa, mesmo? - Se você for comigo, finalmente terá uma família.- Meu pai se encolheu na cadeira com essas palavras. O olhar dela para mim agora era doce.- Você sabia que tem um irmão mais novo? - Me surpreendi. Eu sempre quis ter um irmão ou irmã e pedia constantemente para os meus pais, quando ainda eram casados.- O nome dele é Maxon e ele está maluco para te conhecer.- Maxon. Quantos anos teria? Três, no máximo. Eu poderia acompanhar a vida quase toda do meu irmão. Meu rosto irradiou com aquele informação, mas contive o sorriso em respeito ao meu pai.

—Se você for, - Foi a vez do meu pai se pronunciar.- eu prometo que vou me cuidar. - Disse, forçando um sorriso.-Sua mãe pode te dar o que eu não posso.

—Me dar o que, pai? - Eu negava com a cabeça. - Ela desistiu de ser a minha mãe quando fugiu, quatro anos atrás. - Eu olhei firmemente nos olhos da mulher a minha frente. - Aniversários, a minha formatura do fundamental, minhas apresentações, minhas experiências de vida, você perdeu tudo isso sem me dar um único telefonema para explicar ou simplesmente para saber como foi.

—E eu sofri todos os dias com isso.- A voz dela estava embargada ao responder. - Mas eu estava com a minha própria cabeça muito confusa e precisava resolver isso primeiro.

—Meu pai também ficou com a cabeça confusa e continuou aqui, se fazendo presente a melhor forma.

—Você acha que eu não sei que ele ficou semanas sem sair da cama depois que eu fui embora, Samantha? - Como ela poderia saber disso? - Se alguém se fez presente, este alguém foi você.

—De qualquer forma, você é que não foi. - Meu pai murchava mais e mais a cada palavra e faísca trocada entre nós duas.

—Eu sei que você tem seus amigos aqui, mas você vai arrumar novos rapidinho. - Ele finalmente se pronunciou.

Amigos? Aqui eu tinha Em e ponto final. A prova disso foi durante o baile de hoje. Emma entenderia. Afinal, era da minha mãe que estávamos falando. Seria uma ótima oportunidade de recuperar o tempo perdido. Uma onda de raiva percorreu meu corpo ao pensar na palavra “amigos”. No impulso, com toda a raiva que tinha acumulado daquela noite e de mim mesma pela estupidez em acreditar nas pessoas erradas, respondi:

—Tudo bem. Eu vou com você. - Disse sem pensar muito mais sobre o assunto. Ela sorriu.

—Ótimo! - Respondeu minha mãe empolgada.- Não podemos demorar muito para voltar pra casa. - Ela respirou fundo.- Partiremos amanhã a noite e segunda-feira minha secretária se preocupará com toda a documentação. Eu não vou te decepcionar mais, Sam. - Amanhã? Não esperava que fosse tão logo.

***

No dia seguinte, teria muitas coisas para fazer. Por isso, acordei bem mais cedo que o habitual. A primeira coisa que fiz foi ligar para Emma. Fiz questão de atualizá-la sobre tudo o que havia descoberto no baile, antes de contar sobre minha mãe e que partiria com ela naquele mesmo dia.

Nesta última parte, Em desabou. Me pediu que eu ficasse e chorou do outro lado da linha, mas no final pareceu entender. Pareceu, pois eu ainda ouvia seu choro na minha casa, mesmo depois de finalizada a ligação.

***

A época das chuvas. Finalmente havia chegado. Isso significava que muitas tempestades invadiriam a cidade durante o próximo mês, mas também mantinha nossa reserva de água abastecida até o ano seguinte.

A chuva lá fora era forte, mas eu não tinha notado as nuvens se formando, já que tinha passado o dia todo arrumando as minhas malas e separando documentos que poderiam ser necessários.

Meu pai me ajudou durante quase todo o tempo, mas as vezes se retirava do quarto por alguns minutos. Eu sabia que ele estava se afastando para chorar, pois não queria que eu o visse desta maneira. Me questionei se ele realmente ficaria bem sem mim.

Uma coisa era a faculdade, outra, completamente diferente, era ir embora com a minha mãe. Eu sabia que o fazia ter lembranças não muito positivas. Fechei a última mala ainda com relutância. Meu pai se virou para mim:

—Tudo pronto? - Assenti.

Ainda tinha alguns minutos antes de chamarmos o taxi para o aeroporto. Era hora de dizer adeus. Decidi começar pela casa ao lado.

Entrei na casa dos Woods e falei primeiro com a Senhora Woods, também conhecida como a Tia Lucy. Não tinha palavras para agradecer todo o suporte que ela havia me dado nos últimos anos. Então, passei para o Senhor Woods e seus olhos se encheram de lágrimas com a nossa despedida. Aquele tio quietão teria para sempre um espacinho no meu peito.

Por fim, falei com Emma. Nossa despedida foi um tanto quanto silenciosa, mas eu e Emma raramente precisávamos de palavras. Apenas nos abraçamos e choramos por um tempo, antes que eu pudesse forçar um sorriso para ela:

—Não me esqueça e me conte tudo. - Começou ela, quando eu estava saindo.- Me avise quando desembarcar e vamos combinar como faremos no verão.

—Você também não me esqueça. - Pisquei para ela antes de passar pela porta.

Durante todo o tempo que eu estava na casa dos Woods, Cameron estava no banho. Talvez fosse melhor desta forma.

Voltei para minha casa a passos rápidos para não ficar ensopada. Era a vez de me despedir de meu pai:

—Promete que vai me ligar sempre? - Ele disse choroso depois do nosso abraço.- E que virá me visitar?

—Sempre.- Respondi forçando um sorriso. - O número da senhorita Lowe está na geladeira. Se você ligar com antecedência, ela te trará comida para o mês inteiro. Aí, é só congelar.- Ele assentiu e me puxou para outro abraço.

—Eu te amo, minha filha.

—Também te amo, pai.

Enfim, pedimos o taxi. Meu pai fez varias viagens até este para poder levar as minhas malas e colocá-las no porta-malas. Não ajudou muito que tivesse que usar apenas uma mão, já que a outra se segurava o guarda-chuva com força para que não voasse.

Abracei meu pai uma última vez e segui em direção ao carro. Abri a porta deste, mas antes que pudesse entrar, ouvi alguém chamando meu nome: 

—Sammy.- Era Cameron. Ele atravessava o gramado, correndo em minha direção.- Sam, por favor. Me escuta. - Ele estava ofegante.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham achado interessante e que tenham deixado um gostinho de quero-mais para o próximo. O que vocês acham que vai rolar? Acham que Sam vai embora de vez e briga com Cam? O que acharam?



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