Mordi o lábio inferior e amaldiçoei o Sol mentalmente por atrapalhar meu sono. Esperava que tudo aquilo tivesse sido apenas um sonho muito realista, mas obviamente, não era.

- Diabo de homem. - Praguejei baixo enquanto me levantava e calçava seu sapato. Vi uma televisão de tela plana junto a parede e tentei liga-la, sem muito êxito.

- Desculpe, tivemos que desativar. - A mulher loira disse.

- Que surpresa. - Murmurei, desgotosa enquanto me jogava na cama.

- Não fique tão deprimida. Isso vai acabar logo. - O tom dela era calmo, mas olhei com o cenho franzido.

- Quer dizer que eu vou morrer logo. Era para me animar? - Ela deu de ombros.

- Bem, é a única coisa que temos certeza. - Serena pareceu pensar por um minuto. - Ah, é! Chuck pediu para avisar que sairemos de tarde. - Os olhos dela começaram a brilhar. - Vamos fazer compras. -  Um sorriso divertido surgiu no meu ombro.

- Chuck vai pagar tudo? - Ela me olhou, como se entendesse o porque da minha pergunta.

- Vai... - Controlei uma gargalhada.

- Acho que posso aproveitar as compras. 

_______________________________________________________

Eu imaginei que nesse momento, todos soubessem do desaparecimento da delegada que estava investigando uma série de assassinatos, Blair Waldorf, ou seja, eu. Então, imaginei que me levar para compras não era uma idéia muito inteligente. Aparentemente, na Barney's, onde eu era cliente fiel, ninguém pareceu se importar. Um segurança nos escoltou até o provador e eu fiquei lá, sentada, até Serena trazer umas 5 pilhas de roupas. Para mim, aquilo parecia muita roupa, mas depois, chegaram mais uns 15 carrinhos e eu podia afirmar que a loja inteira estava ali.

- Quanto vocês pagam? - Por um raciocino rápido, havia apenas uma coisa que poderia fazer com que uma desaparecida andasse tranquilamente por uma das lojas de departamento mais caras do pais: dinheiro. E muito dinheiro.

- Não sei, Chuck cuida disso. - Ela deu de ombros, empurrando alguns carrinhos para mim. - Escolha e prove. Depois, me entregue o que gostar. 

Escolhi alguma roupas e entrei no provador. Mas não estava importada em escolher roupas, apenas em sair dali. Olhei em volte e descobri que estava no provador da parede. Eu não conseguiria pular as paredes sem ser vista de fora. Tentei bater na parede, mas como eu imaginava, era espessa e sem janelas. Eu poderia deixar algum recado, algum bilhete... mas não funcionaria. Eles com certeza iriam revistar o lugar quando eu saisse. Mas... eu podia deixar alguma coisa nas roupas. Se eu tivesse papel ou caneta. Bufei e retirei lentamente meu vestido, colocando um tomara que caia de seda preta logo depois. 

- Nada mal. - Murmurei para mim mesma. 

Fiz o mesmo processo com quase todas as roupas e gostei da grande maioria. Um lado bom de todo aquele sequestro? Eu havia emagrecido. O lado ruim? Não havia nenhuma maneira de escapar por ali. Tentei escolher alguma roupa na pilha.

Gelei quando a porta do provador se abriu ligeiramente. Tentei me cobrir com uma das peças de roupa que estavam na pilha, mas como tenho sorte, consegui apenas uma regata que não cobriu muita coisa. Era ridículo eu me sentir tão envergonhada diante de um homem com quem... bem, com que eu transei. De qualquer forma, não precisava me olhar no espelho para concluir que minhas bochechas estavam queimando. Ele me lançou um conjunto de lingerie de renda, vermelho, com alguns passa fitas preto. Era divino. eu o agarrei, um tanto desengonçada. Quero formular alguma frase mas tinha medo que saisse algo do tipo "Hã lãnheinha". Por fim, criei coragem para tentar falar alguma coisa.

- O que é isso? - Tentei fazer minha voz parecer ultrajada e não completamente apavorada. Eu não tinha medo dele. Apenas... droga, que tipo de pessoa invade provadores?

- Queria ver se é do seu tamanho. - Chuck respondeu com naturalidade, dando de ombros.

- E por que porra de motivos eu deveria usar uma coisa dessas? - Ele abriu um grande sorriso malicioso.

- Eu gosto de vermelho. - Revirei os olhos e fiquei parada.

- E então...? - Ele continuou sentado no pequeno puf, sem se mexer.

- Prove. - A naturalidade com que ele falou me deu nos nervos.

- Nunca te ensinaram que não se deve ficar perto de uma mulher quando ela faz compras? - Falei, sarcastica enquanto colocava um vestido largo por cima, desistindo de me esconder com a regata.

- Sim, assim como me ensinaram que não se deve matar, mas eu não sou muito de cumprir regras. - Ele deu de ombros.

- Então vai ter que esperar por muito tempo, porque eu não provo nada com você aqui. -  Ele franziu o cenho e ergueu uma sobrancelha.

- Está com vergonha de mim? - ele pareceu se divertir com a situação. Porém, a cortina se abriu e dessa vez fiquei aliviada por ver Serena, que puxou Chuck pra fora, dando uma bronca nele, que pareceu não se importar nenhum pouco.

Eu cheguei em... ã... na minha casa provisória. É. Com um monte de sacolas e a sensação de ter comprado metade da loja. é claro que o conjunto de lingeries parecia pesar na sacola, o que era encomodo.

Entrei no "meu" quarto e me joguei na cama. Como você deve imaginar, minha paz não durou muito tempo. A porta se abriu e quando me dei conta, Chuck estava sobre mim.

- O que diabos... - Ele me beijou com voracidade, sem me dar tempo de terminar.

- Vim inaugurar o conjuntinho... - Ele sussurrou no meu ouvido enquanto mordicava o lóbulo da minha orelha.