Fora da Lei escrita por Neline


Capítulo 17
Preparando


Notas iniciais do capítulo

Enjoy :*



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– Mãe? - Aquela voz meiga soou um pouco longe, e eu me sentei na cama. Chuck tinha ido providenciar suas passagens de avião para seja-lá-qual-buraco em que ele tem "negócios". Pensei no como é bom estar devidamente vestida e maquiada, sem os cabelos bagunçados da noite anterior. Coloquei meu chinelo e fui até a sala. Carrie estava de pé, perto da porta, com Serena em seu encalço.

– Carrie! Então, se divertiu com a S.? - Perguntei, a abraçando. Senti falta da minha filha. Nesse anos todos, eu nunca me afastava muito da minha filha como fiz nesse meio tempo, sem ligar ou morrer de preocupação. Eu confiava na Serena. Quer dizer, se ela havia se mantido viva durante todo o esse tempo, tenho certeza de que cuidar da Carrie não foi um grande desafio.

– Muito!

– E o que você fizeram?

– A Tia Serena me ensinou a usar uma arma. - Olhei para trás, vendo Serena fazer um sinal para Carrie, pedindo para que ela não falasse, mas era tarde demais. Serena deu um risinho sem graça e eu cruzei os braços.

– Serena. Você ensinou minha filha de 4 anos a atirar?

– Não! - Franzi o cenho, e ela suspirou. - Tudo bem, sim. Mas foi com calibre 32, com suavizador e tudo. Ela só atirou em bichinhos de pelúcia e nem sentiu o impacto!

– Tenho uma boa mora! - Carrie exclamou, com um sorriso brilhante que quase me amoleceu.

– Você quis dizer mira. - Eu a corrigi, encarando Serena. Talvez ela tivesse realmente se mantido viva nesses anos todos, mas o quão rápido ela poderia correr?

– Isso! Tia Serena disse que daqui alguns anos, eu posso trabalhar com ela e o papai. Onde está o papai? - Percebi o quanto Carrie gostava de chamar o Chuck de "papai". Nas poucas vezes em que pensei sobre o assunto, ela conhecer Chuck, pensei que fosse ficar com ciúmes. Afinal, criei minha filha sozinha, dando o meu melhor para ser pai e mãe, e agora... Bem, agora parecia que nada disso importava. Mas na verdade, eu me sentia maravilhosamente bem. Ter dado o meu melhor nunca poderia suprir a necessidade que minha filha tinha de ter um pai. Agora, vendo esse sorriso brilhante dela e o ânimo da oportunidade de ser uma matadora de aluguel no futuro, eu quase esqueci minha vontade de esganar a Serena. Quase.

– Seu pai foi resolver alguns negócios. - Fiquei em dúvida se S. tinha dito que Chuck viajaria, mas preferi não arriscar. - E sobre seguir a carreira do Chuck e da Serena, nós conversamos mais tarde. Agora, por que vocês duas não sentam e me contam o que mais fizeram além de assassinar ursinhos de pelúcia?



Nós conversamos durante horas. Carrie era acostumada a ficar sozinha, mesmo que eu tivesse feito de tudo para que isso não acontecesse. Ela tinha poucas amigas, não gostava da babá e abominava qualquer uma das escolas que eu havia encontrado para ela. Minha filha era uma criança independente, mesmo novinha, que nunca foi chorona ou birrenta. Mesmo assim, parecia ter adorado a companhia da Serena. Era bom saber disso, mesmo que minha mente ainda estivesse uma bagunça completa.

Era óbvio que eu amava Chuck com todas as forças que tinha, e Carrie era um laço do qual nenhum de nós dois jamais nos soltaríamos. Mas... eu ainda não tinha esquecido. Os últimos 5 anos foram os mais difíceis da minha vida. Eu tive que sustentar a casa sozinha, trabalhar, cuidar da minha filha, cuidar de mim, garantir que nada faltasse para ela, emocional e financeiramente falando. Abri mão de muitas noites de sono, deixei de sair com as minhas amigas e balada é algo que deixou de existir no meu dicionário. Além de tudo isso, cada uma dessas ações foi executada com uma dor no peito, saudades do Chuck, e uma máscara de "eu não me importo" que coloquei no rosto e no coração, para que até eu acreditasse que ele não fazia diferença na minha vida.

A única pessoa que ficou ao meu lado foi Nate. Nós não reatamos o namoro, é claro. Mesmo assim, ele passou noites no apartamento me ouvindo chorar, me ajudando com a Carrie logo depois que ela nasceu, cobrindo meus horários na Delegacia quando ela tinha febre... Ele foi perfeito para mim. Às vezes, chegava a largar a atual namorada, porque a Carrie tinha caído e eu não podia cuidar dela e dirigir até o hospital ao mesmo tempo. É claro que ele não fazia ideia que o pai da minha filha era um assassino, senão jamais teria deixado que ele andasse por aí impune. Como eu estou fazendo. Porque eu sou uma péssima cidadã, uma policial pior ainda, e a mulher mais maluca que existe. Eu me apaixonei pelo meu sequestrador, quase assassino, deixei de prende-lo, fui abandonada, tive uma filha dele e deixei que ele aparecesse 5 anos depois e transasse comigo do jeito mais sacana que ele conseguiu. Eu devia ter algum problema sério.Pensando no Nate, resolvi aproveitar que Chuck não estava e ligar para ele. Não o via há 6 dias, desde que ele cuidou da Carrie para que eu fosse no mercado.

– Hey! - Falei, animada, assim que ele atendeu.

– Oi, estava mesmo pensando em te ligar. Terminei o namoro ontem a noite e preciso tomar um porre com alguém, ai pensei: Quem melhor do que Blair Waldorf pra me deixar de ressaca amanhã? - Ao mesmo tempo que ri, suspirei. Nunca gostei da namorada o Nate. Seu nome era Vanessa. Ela tinha um humor seco, quase nunca sorria e além de tudo isso, era uma péssima companhia. Apesar disso, Nate realmente gostava daquela garota.

– É claro. Mas já te aviso que eu tenho visita, então nada de Tequila Shoots. - Ele gargalhou, parecendo um pouco mais animado apenas com a ideia de se divertir.

– Certo. Daqui 15 minutos eu estou ai. - Desliguei o telefone. Serena e Carrie estavam trancadas no quarto da menina, assistindo Miss Simpátia pela vigésima vez consecutiva.



Tive apenas o tempo de arrumar meus cabelos e passar um gloss nos lábios anter de ouvir a campainha do apartamento tocar. Nate estava na minha lista de permissões na portaria, e subia sem precisar interfonar. Ele costumava ter uma chave do meu apartamento para emergencias, mas se sentia desconfortável coma responsabilidade, então devolveu.

– Olá! - Nate exclamou, uma oitava acima de seu tom de voz normal, assim que me viu na porta. Me abraçou e foi direto até o meu armário de bebidas, tirando meu Black Label pela metade de lá. Pegou um copo e o serviu até a boca, virando-o sem gelo, em um gole só.

– Olá! Vejo que está animado! - Ele gargalhou, servindo-se novamente. Dessa vez, tomou apenas um gole pequeno.

– É. Já fiquei mal ontem, agora quero ficar bêbado. Onde está Carrie? - Pigarreei. Não havia uma maneira fácil de contar para Nate tudo que havia acontecido nos intervalo de dias em que nós nào nos vimos. É claro que eu não podia mais evitar aquele anuncio. Uma hora ou outra, ele teria que saber.

– Está no quarto, assistindo Miss Simpátia... com... - Pigarreei novamente. - Com a tia dela. - Ele se engasgou com o whisky. Tossiu duas vezes, e então se voltou para mim.

– Tia? Como assim tia? Você não tem irmãs! - A voz dele saiu engasgada, e ele tossiu novamente.

– É, eu sou filha única. Mas o pai da Carrie, não. - Nate soltou o copo na mesa, com a boca entreaberta. Eu coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.

– Pai? Você quer dizer, o cara que te abandonou quando você estava grávida?

– Ele não sabia que eu estava grávida, nem que eu tive uma filha dele. Soube há 4 dias. - Defendi Chuck num gesto automático, sem pensar direito. Não menti em nenhum momento, e Nate sempre soube que o pai de Carrie não sabia da existencia da filha. Mas é claro que não é tão simples assim, e Nate sabia disso melhor do que ninguém.

– Ah, ok. O homem transa com você, some, nunca mais dá noticias. Então ele volta 5 anos demais, com a irmã, enfia ela no quarto com a filha que acaba de descobrir que teve e, de repente, todas as noites que você chorou por ele desapareceram? Qual é o próximo passo, deixar ele te foder? - Abaixei a cabeça, desconfortável. Eu já esperava essa reação dele, mas a última parte me pegou de surpresa.

– Espera, você transou com ele? Blair Cornélia Waldorf, eu não acredito que...

– B., a Carrie quer sorvete de flocos, onde estão as travessinhas para...

– Serena! - Exclamei, feliz por ela interromper o sermão, e a puxei pelo braço. - Nate, essa é Serena, irmã do pai da Carrie. Serena, esse é Nate, Supervisor Geral de Polícia da cidade de Nova York em horário comercial e meu anjo da guarda em periodo integral. - Eles apertaram as mãos, e eu senti. Sabe aquele tipo de eletricidade surreal e estúpida que se dá em um único toque? Eles tinham isso. Podia quase jurar que alguns fios de cabelos da S. estavam saindo do lugar, e sua calcinha gritava "me tire!".

– Eu tenho a impressão que te conheço de algum lugar... - Nate disse. É claro que eles se conheciam. Mas na época, Serena era Agnela, minha secretária, e Nate era... da minha equipe, e tão gostoso quanto é hoje. É claro que Serena não pode ter esquecido.

– Acho que não. Eu não me esqueceria, caso tivesse te visto. - S. era rápida nas desculpas, e incrívelmente sexy em cada movimento que fazia. Quase arrastei Carrie para o quarto. A tensão sexual era... palpável. E eu digo isso pelo visível volume nas calças de Nate. Parece que ele vai superar esse término de namoro mais rápido do que imaginava.



Conversaram por algum tempo. Agora, a mão de N. já estava na perna da Serena, e esta se curvava levemente na direção dele. Se fosse um programa de auditório, já haveria uma placa em neon vermelho atrás deles, escrito "SEXO" em letras garrafais. A porta do apartamento se abriu, e todos olhamos para lá, Era Chuck, com um terno preto bem alinhado, uma gravata cinza e sapatos bem engraxados. Ninguém além de mim tinha a chave do meu apartamento, mas eu não podia realmente acreditar que Chuck se rebaixaria ao ponto de tocar a campainha. Apressei em me levantar.

– Se você não for legal ao extremo com Nate, eu te castro. - Sussurrei discretamente para Chuck, enquanto acompanhava ele da porta até a cozinha.

– Se me castrar, quem vai te satisfazer? Nate? Seu ex-namoradinho? - Revirei os olhos, apertando o braço dele com mais força.

– Nate, esse é Chuck, pai da Carrie. Chuck, esse é Nate, o homem que cuidou de mim. - Nate se levantou, estendendo a mão para Chuck.

– É. O homem que cuidou dela, enquanto o garotão saiu pelo mundo. - N. falou, e eu coloquei a mão na testa. Não foi aquilo que eu quis dizer.

– Sempre tem que ter um reserva até o titular assumir seu lugar. Mas e aí, já superou o fato de eu ter transado com a sua mulher? - Chuck soava divertido, irônico, de um jeito encantador se ele não estivesse sendo um gradissísimo filho da puta.

– Até mulheres maravilhosas com a Blair cometem erros como você. - Estava pronta para me enfiar entre os dois e separa-los antes que uma briga começasse, mas alguém fez isso por mim. Carrie, que até então tinha pego no sono, passou correndo por mim.

– Tio Nate! - Ela gritou, agarrando as pernas do loiro, que não demorou a se abaixar para pega-la no colo.

– Minha princesinha! O DVD de Miss Simpátia furou de tanto você assistir? - Ela gargalhou, abraçando-o mais forte.

– Ah, tio. O senhor sabe que é impossível que o DVD fure por isso. Senti sua falta! - Nate a colocou no chão.

– Também senti, furacão Carrie.

– Papai! - Pode parecer que Nate teve uma recepção melhor de Carrie, mas pelo resto da noite, ela foi toda de Chuck. Não o largou por um momento. Um tempo depois, Chuck e Nate começaram a conversar, de um jeito quase amigavel. Assim que o assunto foi "criminalidade", tive que me segurar para não rir.Serena e eu aproveitamos o tempo para conversar um pouco, também.

– O Nate é simplesmente... uau. - Ela murmurou, se abanando, e eu ri.

– Vai em frente. Ele é perfeito, sério. - Como se eu precisasse dizer para ela o fazer. Logo que carrie pegou no sono, Chuck a colocou no cama. Nate se despediu, e pediu se Serena não queria dar uma volta. Ela aceitou na hora, como era de se esperar, me dando uma piscadela por cima do ombro antes de sair. E eu e Chuck... digamos que a expressão "foder" é católica demais para o que fizemos naquela noite. Estava tudo perfeito. Mas é claro que esse grau de perfeição nunca vai existir na minha vida. Naquela manhã, tudo começou a desabar.


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Notas finais do capítulo

Então gente! Gostaram? Daqui duas semanas tem att. Essa semana, vou atualizar todas as fics, então fiquem de olho.
Não esqueçam da minha review!
XOXO. Neli :*



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