Olhei para ele, sem acreditar no que ele havia acabado de dizer. Seus olhos estavam insondáveis e seu sorriso era triste. Ele abaixou o rosto, colocando o braço no peito logo depois. Quase esqueci que ele precisava descansar.

- Oh meu Deus, você precisa descansar. - Eu falei me levantando, enquanto ele se ajeitava na cama. - Eu volto amanhã. - Falei, lhe beijando. Um arrepio passou pelo meu corpo. Mas não um dos arrepio normais que ele me causa era como... um mal preságio. Ignorei aqui e o olhei, com um sorriso calmo

- Se cuide Blair. - Eu assenti, saindo do quarto.

Consegui dormir e meus sonhos foram tranqüilos. Levantei em um pulo, me vestindo. Ontem, liguei para a policia e contei tudo que descobri sobre Smith, ocultando Chuck, é claro. Parece que ele fugiu. O desgraçado conseguiu sobreviver ao tiro e ainda fugiu. Hunf. 

Peguei um táxi, indo até o conhecido endereço do Chuck. Meu coração me martelava, e acabei lembrando do Nate. Teria que pensar em uma explicação aceitável para lhe dar, depois de tudo aquilo. Suspirei, olhando pela janela novamente. Depois, olhei para o relógio. Eu estava atrasada, mas apenas revirei os olhos e me acomodei no banco.

O carro parou silenciosamente na frente do prédio e eu o paguei devidamente. Desci com calma, torcendo para não tropeçar ou fazer algo vergonhoso demais enquanto ia até a entrada do prédio. 

- Cobertura, por favor. - O porteiro me olhou, receoso.

- Senhorita Waldorf? - Assenti. Ele parecia meio desconfiado, ou tristemas mesmo assim me permitiu subir. O elevador subia mais rápido do que de costume. O mesmo arrepio de ontem insistiu em subir pela minha espinha, mas eu o obriguei veemente a recuar. Em poucos segundos, estava no largo apartamento do Chuck. Havia uma correria fora do comum. Alguns moveis estavam envoltos em plástico bolha, outros estavam sendo encaixotados. Olhei, em total desespero para os lados, procurando pelas conhecidos olhos azuis da Serena. Não encontrei.

- Com licença. - Falei, chegando mais perto de um homem com uma prancheta na mão. Ele estava aparentemente comandando o que lá que eles estivessem fazendo. - Eu preciso falar com o Senhor Bass. - Ele olhou para baixo.

- Ele não está. - Meu coração disparou.

- Serena? - Ele negou com a cabeça, fazendo menção para sair dali, mas lembrou de algo e voltou para mim.

- Você é a Senhorita Blair Waldorf? - Eu assenti, atordoada demais para falar qualquer coisa. - Chuck pediu que fosse até o quarto. - Comecei a seguir em total desespero, algumas lágrimas já inundando meus olhos. Abri a porta completamente exasperada, O quarto estava vazio, mas na parede, haviam dois envelopes grudados por uma fita adesiva. Em uma letra linda e humilhante estava escrito "De Serena von Der Woodsen Bass para Blair Waldorf". Peguei o envelope, o abrindo. As letras no papel rosado era um pouco confusas, mas garranchadas do que as do envelope. 

"Desculpe por isso B., não queria fazer isso. Não queríamos, na verdade. Mas precisamos por uma série incontável de motivos. Preciso dizer que estava sendo sincero quando falei que você é a melhor amiga que encontrei em anos. Estou chateada por partir, mas poderia ser pior. Ao menos você está viva. Queria poder te ver novamente, mas não acredito que seja possível. Você ficará sempre na minha lembrança, amiga.

Se cuide, por favor.

Com amor, Serena."

Alguns soluços escapavam dos meus lábios. Isso não podia ser um adeus, quer dizer, estava tudo bem ontem e... Resolvi pegar o outro envelope. Uma caligrafia muito mais simples, porém não menos luxuosa, escrevia "Para Blair, de Chuck." Abri ainda mais trêmula, e comecei a ler, a dor já inundando meus olhos novamente. 

“Sinto muito. Não havia outra maneira. Eu me envolvi com você mais do que eu imaginei que seria capaz. Mais do que eu poderia fazer. Sei que depois de tudo que aconteceu... principalmente ontem... eu jamais deveria fazer isso. Mas estamos com problemas. O FBI está decidido a nos entregar, a Federal está no nosso encalço e a segurança internacional está mais atenta. Seria estúpido continuar nos EUA. Eu não posso te colocar em perigo novamente. Estou partindo por te amar, e quero que isso fique claro. Lembra-se o que você me pediu, antes de fugir? Eu não posso lidar com você profissionalmente, e foi um grande erro pensar que estava imune ao seu palpável poder de sedução. Não me procure, por favor. Não que vá conseguir me achar, portanto não perca tempo. Fique de olho nas coisas, tome cuidado, desconfie de todos, principalmente de todos do FBI, ou da internacional.

Adeus, Chuck."

Sai do apartamento cambaleando com os envelopes em mão. Não lembro que taxi peguei, ou ao menos se o paguei. Estava em casa. Sentei no sofá, chorando desesperadamente. Ele havia me abandonado. Aquela simples ideia fez meu estômago revirar e uma naúsea insuportável subir pela minha garganta. 

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                                            Duas semanas depois...

Estava no consultório, sentada na cadeira, balançando meu pé com rapidez enquanto o médico analisava meus exames. Ele olhava cada detalhe com uma calma absoluta e meu coração palpitava com mais força a cada vez que ele passava o dedo em algum ponto especifico do papel. Ele lia, examinava... Depois, se sentou, me lançando um sorriso sincero e aberto. ele passou os papéis para mim e eu os peguei com as mãos trêmulas e respiração alterada.

- Parabéns senhorita Waldorf. - Ele falou com um animo exagerado. - Você está grávida.