Casamento da Morte escrita por HatsuneMikuo


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem. ^^
Boa leitura.



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"Apesar disso - escutem bem - todos os homens
matam a coisa amada;
Com galanteio alguns o fazem, enquanto outros
Com face amargurada;
Os covardes o fazem com um beijo,
Os bravos, com a espada!"

Oscar Wilde.

.

Exatas 3 horas após Camus e Isaak saírem para procurar pelo noivo foragido, sem sinal algum já era hora de confirmar que Hyoga estava desaparecido e precisavam acionar as autoridades. 

Já de madrugada Isaak estava sentado no chão apoiando suas costas na porta do quarto esperando ouvir algo, não conseguia dormir, mas também estava sendo vencido aos poucos pelo sono por ser de madrugada. 

Camus mandara ficar no quarto até que chegasse. Pois estava no salão conversando com os responsáveis pelo casório e com as famílias. 

Tempos depois dava para sentir pelo chão de madeira passos ficando cada vez mais próximos. O mais novo levantou-se rápido da porta e a mesma se abriu dando passagem a Camus com uma carranca seria em seu rosto. 

— Camus, e ai, o que resultou lá? 

— Absolutamente nada Isaak - dizia mal humorado. - Estão decididamente dizendo que Hyoga fugiu do casamento e estão especulando em cancelar o casório. Uma frota de busca será iniciada ao amanhecer. 

— Não é verdade! Hyoga não fugiu! Aquele monstro - fora interrompido por um tapa na testa. 

— Isaak, eu estava falando de adulto para adultos! — vociferou - Eu não poderia dar essa desculpa de monstro, demônio raptou o garoto na véspera de seu casamento. Não entende que a reputação de todos nós está em risco!? 

Isaak ficou calado lacrimejando. 

 Este casamento é de assunto sério, econômicos e políticos. Hyoga não é uma criança mimada e nem fora educado para ser. - bufou andando em direção ao cabineiro guardando seu terno - Mitsumasa Kido estará por aqui pela manhã. Sabes que o que eu disse aqui não equivale a nada do que eu fiz, Isaak. 

Isaak continuou sem pronunciar nenhuma palavra contestando. Pois na posição que estava deveria estar calado e ouvindo. 

Depois de alguns longos minutos procurando com lamparinas pelo local que o monstro aparecera, Camus encontrara uma garrafa de Vodka revirada no chão sem tampa, e arrancara a informação de que Isaak não mencionou que saíram da carroça para beber um pouco, mas não foi muito, e isso fez Camus explodir um pouco com o irmão. 

O que fez Camus acreditar um pouco na versão do monstro fora a quantidade de insetos, besouros e larvas que ali tinham, e rastros de terra revirada ou um buraco recém cavado de dentro para fora do solo. 

Nenhum sinal do rapaz nas proximidades e nenhuma resposta quando gritavam por seu nome. 

Isaak contou mais detalhes do ocorrido. Eles pararam para brincar e imitar um casamento, Hyoga disse os votos e pôs o anel em um galho, e esse galho tentou o puxar para dentro da terra, e de lá saiu uma mulher assustadora de vestido branco. 

No quarto o mais velho sem suas roupas formais se preparava para descansar pois estava exausto. 

Isaak decidira sair do quarto para se deitar, mas que na verdade iria sair para procurar por Hyoga. 

Na saída da mansão vira que estava tudo trancado com ferrolhos, e decidiu explorar para que achasse algo para fazer sair. Mas as portas e janelas estavam trancados. Até que encontrara com a noiva de Hyoga no corredor, a doce e gentil Eiri que vestia um robe e vestido longo verde claro sem espartilho. E seus cabelos estavam presos num coque com uma trouxinha e laço branco. 

— Senhorita Eiri, me desculpe por estar fazendo algazarra a esta hora, é que eu precisaria ir para fora porque não encontro uma coisa minha e talvez poderia ter caído no caminho para cá — mentiu. 

 Senhor Verseau, eu sinto muito por seu pertence, uma coisa a que eu ouvi sobre meu casório me deixou triste. É verdade que senhor Alexei me deixou? 

— Senhorita Eiri, não! Não É verdade uma procedência dessa. - E ele já sabia que os pais e parentes dela já haviam comentado sobre o sumiço do noivo, mas da versão ofensiva e mentirosa do qual Camus disse. - Senhorita Eiri, ninguém acredita, mas Hyoga não fugiu do casamento. Aconteceu um acidente. 

 Eu acredito no que você diz - Isaak se surpreendeu - o senhor Alexei é um bom rapaz, ele não faria uma coisa dessas... você queria ir para fora para procura-lo, não é? 

—... Sim. 

— Eu acredito que senhor Alexei seja o bom esposo para mim, mesmo conversando pouco com ele, ele se mostrou um bom rapaz, mesmo que meus pais desaprovassem. 

— Senhorita Eiri, eu juro para Milady que eu trarei o seu noivo são e salvo até o amanhecer 

— Senhor Verseau, eu poderia ir procurar com você? 

— Senhorita Eiri?! Não, eu não posso. Seria perigoso. 

— Senhor Alexei é o meu esposo, não ainda... Mais não posso deixa-lo de lado agora. 

— Senhorita Eiri, eu entendo. Mas é perigoso, pode ter lobos ou se algum bandido aparecer. 

— Deixe-me ajudar, por favor Senhor Verseau. Eu sei onde se guarda o molho de chaves das portas da mansão, me deixe ajudar e salvar o meu noivo. 

— Senhorita, eu sou responsável pela segurança de Hyoga, e eu falhei com isso, não posso arriscar a sua vida, e se eu não conseguir a proteger? 

— Isaak está correto. — disse a voz que não pertencia aos dois, e sim de Camus que observava os dois no corredor. 

— Camus!? 

— Senhor Camus Verseuau! 

Os dois se assustaram ao mesmo tempo como se fossem crianças pegas no flagra no meio de uma travessura. 

— Achava mesmo que eu não o conhecia o suficiente para que fizesse algo assim, Isaak? Estava planejando sair sozinho para procurar Hyoga na floresta porque se sentia culpado pelo que aconteceu, e para chegar a isso você estava com raiva de mim por eu dizer sobre as consequências 

— Camus, você só está preocupado com os prejuízos financeiros que terá na empresa por conta do que aconteceu ao Hyoga, e não com ele 

— É esta visão que tens de mim? Senhorita Eiri, a senhorita não deveria se envolver num assunto dessa procedência. Amanhã resolveremos as pendências de hoje sobre o casório. 

— Chega Camus! - Isaak disse em voz alta assustando a jovem que nunca tinha ouvido alguém falar daquele tom. 

— Camus, eu não preciso de suas palavras agora. A vida de Hyoga corre perigo e só querem se preocupar com dinheiro, casamento, dinheiro e nada da vida dele! Eu estou saindo agora para procurar Hyoga por ele ser meu amigo! E não por ser um objeto como vocês os tratam. 

— Senhor Camus, Senhor Verseau. 

— Senhorita Eiri, não poderia deixar você vir comigo, mas se quiser vir ajudar, não tenho como lhe impedir 

— Isaak, não pode permitir uma coisa dessas! 

— Camus, estou cansado de ser proibido de suas palavras, é pelo Hyoga, e não pela honra. 

— Senhor Camus, eu concordo com senhor Verseau. Eu quero ajudar a ajudar o senhor Alexei, meu noivo. Não estou pelo casamento ou pela honra, e sim por ele. 

— Senhorita Eiri... tão jovens e tão rebeldes... 

Os dois mais novos saíram pelo corredor até Eiri vestir outro casaco para proteger-se do frio. Camus não os impediu, e também os acompanhou. 

Foram para os estábulos buscar a carroça, os cavalos ficaram agitados, mas com a presença de Isaak eles cooperaram em silêncio, porem tinha o problema. 

Estava bem escuro que nem a luz da lua conseguia mostrar um palmo a sua frente. 

Os dois temeram pela segurança de Eiri que insistia em continuar com a busca. 

Pegaram a estrada seguindo as luzes da rua. 

Eiri era uma jovem dama que fora educada com a rigidez e disciplina de sua família. Nunca cantou ou falou em voz alta, era silenciosa e só tinha permissão para falar quando fosse solicitada, e quando falava temia ser repreendida. Nascera e fora criada para ser uma esposa exemplar, exatamente como Hyoga deveria ter se tornado. Com aquela decisão de desobedecer a ordem dos mais velhos e sair de casa de madrugada com dois homens para procurar por Hyoga era sua carta assinada de que não iria dizer sim para aquilo que seus pais disseram de cancelar o casamento. Mostraria ser forte, mesmo que desobedeça a todos. 

.... 

Éris começou a cantar uma bela canção que Hyoga não conhecia, sua voz era tão bela e seu timbre eram tão afinados e excelentes que o rapaz queria tanto perguntar se a noiva era uma cantora profissional. 

Uma voz bem gostosa de se ouvir. 

Algumas luzes da cidade apareciam e o rapaz respirava aliviado, não que já estivesse mais calmo, mas queria fugir com segurança o mais rápido possível. 

Mesmo que estivesse tão tarde da madrugada e sendo uma cidade do interior, alguém poderia o ver com o monstro, seu primeiro pensamento foi de correr até as luzes e gritar por socorro, mas Éris poderia reagir de forma violenta. 

Teria de pensar antes. 

— Olhe amor, é a cidade. Faz tanto tempo que eu não volto para ela... Já deve ter se passado tanto tempo... — disse tristemente abraçando o braço do loiro. 

— Você era dessa cidade? 

— Eu nasci aqui, eu morei... até meus 16 anos... 

— Você tem 16 anos?! - disse surpreso por descobrir que ela era mais velha. 2 anos para ser exato. 

— Sim, eu tinha 16 anos naquela época. .. mas eu não sei mais quanto tempo se passou... Eu não sei mais quanto tempo eu perdi e quantos anos eu tenho agora... 

Ela se abraçava cada vez mais com o rapaz que se arrependeu de prolongar a conversa, era como estivesse sendo abraçado por dois braços feitos de mármore gelado, mas sua curiosidade foi ingênua ao perguntar sobre ela que tanto desconhecia, mas queria ir rápido para a cidade 

— Eu quero ir para igreja com você... Mas eu não quero voltar para a cidade, não quero voltar... meu coração dói. Hyoga meu amor, vamos ficar aqui. Por favor 

— Mas Éris, eu tenho que voltar... 

— Eu fugi de minha casa numa noite como essa, de lua cheia... e me... ele me... ele me fez... — Ela abraçou o peito de loiro e soluçava entre as falas. - E se eles me encontrarem assim? 

— Éris...? Por favor, acalme-se, por favor. Por mim — tentou ser gentil levantando o pequeno queixo fazendo aqueles tristes olhos azuis encararem os seus. O cheiro pútrido que vinha de sua pele era eminente cheiro da morte, era incomodante o odor, mas se acostumava com o tempo e naquela hora tinha que não demonstrar isso. - O que fizeram com você. ..? 

Ela desviou o contato dos olhos por duas vezes receosa de dizer, ela não respirava e nem chorava, não havia vida dentro dela para gerar lágrimas, mas sua voz soluçava e falhava como se estivesse chorando. 

— Aos meus 16 anos, eu me apaixonei por um homem que me prometia tantas coisas que me daria quando nos casarmos, mas meus pais disseram não para ele por não ser judeu... e por não ter uma família de renome. Então nos encontrávamos as escondidas... meus pais não permitiam... E ele combinou de fugir com ele... eu estava tão apaixonada... eu estava tão.... — Ela deixou de abraçar o rapaz para esconder seu rosto nas mãos, ela estava totalmente assustada, Hyoga a abraçou pelos ombros para conforta-la - Ele disse para pegar o máximo de joias e dinheiro que conseguisse juntar... e venderíamos a joias e nos casaríamos... eu o esperei no lugar que combinamos... mas ele não aparecia, começou a ficar tarde e eu acreditava que ele estava chegando, ou que estivesse atrasado... eu estava... eu estava tão. .. apaixonada por ele... - ela passou vários minutos sem falar nada, e Hyoga entendeu o que ela quis dizer com aquilo fazendo o seu estômago revirar não fazendo-a continuar com aquela lembrança tão cruel. 

— Já basta Éris, por favor não se lembre mais disso. Isso é muita crueldade fazer você reviver isso. 

— Sim... com você eu me sinto tão bem... com suas mãos você afasta todas as minhas tristezas 

Ela sorriu devagar, suas memórias ainda a arrastavam para aquele dia, então ela disse a parte dos votos de Hyoga e o beijou. 

O loiro ficou sem reação, seus lábios sem vida era como se estivesse colando seus lábios em sua mão recém tocada da neve, nunca tinha beijado alguém na vida, nunca beijara alguém de boca aberta ou colara seus lábios com um de outro. 

Ainda de olhos abertos Éris se afastou feliz. 

— Eu te amo Hyoga. por você eu sinto meu coração bater dentro de meu peito. 

Ela pegou a mão do loiro e a colocou acima de seus seios. 

Não batia nada lá, não se movia nenhum músculo. 

E o loiro novamente entrava numa complicada situação. 

Já no meio da madrugada e ele não sabia como sair de perto da noiva sem sentir o peso na consciência. 

.... 


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Notas finais do capítulo

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