Pensamentos Roubados escrita por Unknown


Capítulo 5
Rumo à recuperação de Matemática




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5. Rumo à recuperação de Matemática

 

Estamos sentados na minha cama, lado a lado. Tranquei a porta só por garantia, mas todos estão dormindo. Nossos ombros se encostam e eu simplesmente não sei o que dizer, nem pensar.

Então, depois de um suspiro, ele começa.

"Isso já aconteceu antes. Percy Jackson. Foi o nome que você ouviu, certo? É o garoto de quem gostei. Ele não ficou depois disso, acho que foi muito pra ele aguentar."

Fiz que sim com a cabeça e o xinguei mentalmente. Quem seria capaz de magoar Nico assim?

Ele riu baixinho.

"Eu o entendo. Mas mesmo assim, doeu. É muito estranho ter alguém dentro da sua cabeça, principalmente quando, ao mesmo tempo, você está dentro da cabeça da pessoa. É como um espelho na frente de outro espelho."

"Isso dói?"

Ele pensou por um instante.

"Não. Na verdade não."

Virei minha cabeça e o encarei. Ele também me olhava, completamente calmo e firme. Como sempre. A imagem da criança machucada e prestes a desabar havia sumido por completo.

Nico sabia o que eu estava pensando, mas eu precisava dizer em voz alta.

"Eu posso lidar com isso, Nico. Não vou embora assim tão fácil, a não ser que você queira. Se você quiser estar comigo e não conseguir se acostumar com isso de eu te ouvir, tudo bem. E se você quiser tentar de novo, tudo bem também."

Sorrio um pouco e coloco a mão em sua bochecha.

"Eu gosto demais de você. Mas disso você já sabe."

Nico olha para baixo e esconde um sorriso. Não demora muito até olhar para cima de novo com os olhos firmes e decididos.

"Acho que pode funcionar."

Ele se aproxima devagar, sua respiração perto demais. A essa distância, consigo ver uma espécie de círculo cinzento ao redor de suas pupilas e é tão lindo. Tento focar meus pensamentos no momento, tento não ficar apreensivo. Preparo-me e então acabo com a distância.

Nossos lábios se encostam.

Sutil como a noite do lado de fora, seus pensamentos se derramam nos meus. Suas sensações. Estamos os dois tentando nos concentrar apenas no beijo.

Sou ruim nisso, ele pensa.

Não sei o que fazer com a lingua

Então eu o ensino, bem devagar, aproveitando cada instante sereno nos seus pensamentos.

Sinto sua pele formigando.

Sei que ele quer colocar as mãos em algum lugar, mas não sabe aonde.

Eu o ajudo.

Ele pensa no que eu disse, aquilo de não deixa-lo. Nico gosta de sentir que eu quero lutar por ele. Eu também gosto.

Então algo se passa pelas nossas cabeças. Um lapso de medo, de insegurança, de solidão.

Eu sei que isso vem dele, e também sei que é hora de me afastar. Nico me olha todo falhado, a boca abrindo como se quisesse pedir desculpas.

"Tá tudo bem" sussurro antes que ele fale algo. "Vamos com calma. Precisamos nos acostumar com... isso."

Seguro seu rosto entre as minhas mãos e beijo sua bochecha. Ele me abraça e ficamos assim por alguns instantes, apenas juntos.

"Ah, me lembrei de algo" sua voz quebra o silêncio. "Você mandou o trabalho de matemática para o e-mail do professor?"

Puta que pariu.

Ele ri.

Aquele desgraçado RI.

"Quer uma mãozinha?"

Uma mãozinha na tua cara Nico di Angelo.

Ele ri mais ainda.

"Vamos, sou bom com números. E acho que ele ainda aceita se você enviar de madrugada."

Suspiro e me levanto para pegar o notebook. E assim, meu crush da quarta série fica até 5h da manhã no meu quarto me ajudando no meu dever de casa.

Quem diria, Will Solace. Quem diria.



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Notas finais do capítulo

irra



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