Céus em Queda escrita por Youseph Seraph


Capítulo 6
Afiado




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Estavam mesmo abrigando um assassino cruel em sua casa? Youseph parecia convicto de que sim. Gabriel nem tanto. Ele era um rapaz jovem, deveria estar beirando seus 15 ou 16 anos. Youseph disse com tanta certeza que ele era filho de Erron Durand. A cabeça de Gabriel parecia que iria explodir. Foi um dia e tanto. Em menos de duas horas, ele havia descoberto que era um anjo, que estava vivendo em outro plano dimensional e que, agora, quem tentou matá-lo era da família de um dos abrigados de seu anfitrião.

Gabriel não pôde dizer nada, apenas ficou parado, de boca aberta, enquanto Youseph tirava as mãos de seus ombros e ia até a entrada da mansão. Nesse momento, Gabriel percebeu o quanto a casa dos Seraph era grande. Tão grande...

Ele foi até a entrada, olhou para as escadas, bem no centro da parede, que levavam até o segundo piso, onde ficavam alguns quartos. As escadas, brancas do mais puro mármore, estavam entre duas portas, uma que iria para a cozinha, outra para a sala de jantar, que ficava à vista da cozinha. Haviam quartos no primeiro piso, à direita e à esquerda da entrada, sendo a primeira onde Hugo estava e a segunda onde Gabriel havia sido posto, e no segundo piso. Havia cômodos que ele nem passara os olhos ainda.

Youseph seguiu para a cozinha, assim como Gabriel, que foi logo atrás, até perceber que Serena estava nos braços de Youseph. Gabriel corou e saiu como se não tivesse visto nada. Algo em sua mente dizia que era trabalho de Youseph dizer quem era o seu mais novo abrigado. Hugo Durand, filho do tirano que matou sua família.

Parando para pensar, Gabriel notou que Youseph vivia sozinho no momento, mas a casa era enorme. Para onde foram todos os Seraphs? E por que havia tanto material de medicina lá? E pensando em medicina, Gabriel lembrou-se da moça morena que havia chegado junto de Hugo.

Gabriel foi até o corredor de quartos à esquerda da entrada, perto de onde Hugo estava. Um quarto depois estava o quarto da moça. Ela deveria estar descansando. Ele parou em frente à porta, feita de mogno e talhada em escritas que não poderia compreender, dando finalmente um suspiro.

—Quem é? —Ouviu o rapaz uma voz de dentro do quarto.

—Sou eu. —Disse Gabriel.

—Eu não sei quem você é. —Disse a moça enfim. —Mas entre.

Timidamente, Gabriel girou a maçaneta. A moça estava com curativos. Provavelmente Nasura havia a tratado. Podia-se ouvir a voz do mesmo no quarto ao lado, provavelmente pensando alto a respeito de medicamentos. Ela vestia um pijama de hospital também, bem como estava de cabelos soltos. Seus olhos o fitavam com desconfiança.

—Quem é você? —Perguntou a moça novamente. —Eu sei quem é o Seraph. Mas nunca vi você. Qual o seu nome? A qual casa pertence?

—Ei, calma, eu—

—Quem é você? —Interrompeu ela com rispidez.

—Tá bem. —Disse Gabriel. —Meu nome é Gabriel. Qual o seu?

Ela o olhou com uma expressão de quem não estava gostando do rapaz.

—Lisa. De qual casa você vem? Nunca ouvi falar de nenhum Gabriel.

—Meu sobrenome é Nascimento.

Lisa, com essa informação, não pôde esconder a cara de surpresa, mas recuperou a compostura e fez cara de desconfiada de novo.

—Impossível. Todos estão mortos.

—Não eu! —Disse ele enfim. —Meu tio fugiu de alguém a vida toda e eu não sabia quem eu era até hoje mais cedo.

Por fim, Lisa se decepciona com o que acabara de ouvir.

—Entendi. Se quer saber, sou da casa Morgan. —Diz Lisa.

—Lisa Morgan? É um nome bonito! —Elogia Gabriel, tentando quebrar o gelo.

—É o nome de quem cortaria você em pedaços se precisasse. —Diz ela.

A ameaça de Lisa fez Gabriel sentir um frio na espinha. Ela estava ferida, sabia que ela não poderia fazer isso. A espada que ela havia carregado junto dela quando chegou estava na bainha. Mas Gabriel também estava lento, não comeu desde que chegou. Então ele se aproxima.

—Credo, moça, não precisa ficar assim, a gente te salvou!

Lisa suspira.

—Foi o Hugo que me salvou. Vocês deveriam é ajudar ele.

—Então ele é realmente Hugo Durand?

—Algum problema quanto a isso? —Ameaça Lisa.

—Não! —Diz Gabriel, levantando as mãos.

—Porque se tiver, eu...

Lisa não pôde terminar a frase. Por sorte, Gabriel a segurou quando os olhos da moça começaram a se fechar. Ela caiu, mas Gabriel a manteve segura na cama. Ela havia feito muita força para manter-se acordada.

Recuperando a consciência, Lisa voltou a fazer cara de brava enquanto deitada, mas não disse nada.

—Se cuida, viu? —Falou Gabriel. —Você fez muita força. Descanse agora.

—Não confiam em nós. —Notou Lisa. —Se eu descansar, vocês podem nos matar em questão de segundos.

—Mas não iremos fazer isso. Vocês vieram até aqui em busca de ajuda e desesperados. Por que faríamos um absurdo desses?

Lisa sorriu pela primeira vez.

—Porque os Durand e os Morgan são aliados. O que significa que somos, oficialmente, inimigos dos Seraph. Dos Campbell também. E aparentemente, os Akira estão juntos nessa.

—Se fôssemos inimigos, você não teria esses curativos na cara. —Retrucou Gabriel.

—Tem razão. —Disse Lisa. Então ela fechou seus olhos. —Eu também já não sei se posso me chamar mesmo de Morgan.

—O que quer dizer com isso?

A pergunta de Gabriel não foi respondida. A moça já estava dormindo. Por quanto tempo ela e Hugo haviam corrido? Parecia que sangraram por dias e ainda continuaram correndo.

Mas o que mais deixou Gabriel preocupado, foi a informação de que Durands e Morgans estavam contra os Seraph. E não apenas isso, ela sabia que Serena, dos Campbell, e Nasura, dos Akira, estavam na casa. Gabriel sabia do motivo por Serena estar aqui, mas não fazia ideia do que havia trazido Nasura para a casa dos Seraph.

Mas isto era uma corrida contra o tempo. Se Lisa e Hugo sabiam que estavam ali, outros Durand e outros Morgan viriam. E quando viessem, estariam verdadeiramente ameaçados.

Gabriel saiu do quarto, fechando suavemente a porta, e então foi dar uma olhada em Nasura e, principalmente, em Hugo. Com passos leves, chamou a atenção do médico com suaves toques na porta.

Nasura virou a cabeça, acenando para que Gabriel entrasse.

—Ei, Nasura! —Falou Gabriel.

—Sim? —Respondeu ele, também cochichando sem nem mesmo olhar para Gabriel.

—Ele é realmente um Durand. Hugo Durand.

—Aham. —Concordou Nasura friamente. —Ele vai se recuperar. Mas precisa de uma transfusão.

Nasura segurava um cateter nas mãos, junto de um saco de remédio. Ele estava pronto para coletar o sangue de alguém compatível.

—Sabe me dizer o tipo de sangue dele? —Pergunta Gabriel.

—Sei. É O+.

Gabriel suspira em descontentamento.

—Eu sou B+. Sinto muito.

—Mas eu sei quem é compatível. Mas essa pessoa não vai gostar nada da ideia. —Diz Nasura.

—Quem? —Pergunta Gabriel.

—Você já pode imaginar. É a Serena. Serena cuja família foi assassinada por um Durand.


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