Luar Puro escrita por Zena Faith


Capítulo 10
Rejeitada


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que esse é o último capitulo que vou postar... o último pequeno e fácil de revisar (risada maléfica), eu sei, frustrante, mas apesar de pequeno foi um pé no saco revisar ele (tô com um bloqueio criativo terrível).
Enfim, estamos entrando em outro território aqui meus caros, nossa querida Ayira vai apanhar um pouquinho.
Se deliciem... e chorem também, eu sei que eu fiz.



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— Quem é Sam Uley?

Bella me olha de forma quieta, seus olhos fazem uma varredura por todo meu corpo, percebendo a tensão que mantém minha postura rígida, ela levanta sua mão para acariciar o topo de minha cabeça, fios negros deslizando como água entre seus dedos.

— Ele é ajuda.

Mesmo que as palavras de Bella soem confortantes, não posso ignorar a atmosfera cuidadosa, é como um grande elefante cor de rosa no meio do cômodo, talvez eles tivessem se esquecido de quão perceptiva sou, assim como eles, eu podia sentir qualquer emoção, qualquer cheiro e, nesse momento tudo que eu podia sentir é que algo importante estava prestes a acontecer, e as chances de ser algo ruim eram enormes.

Edward e Carlisle saíram da cozinha sem cerimônia, a inquietação marcava seus cheiros deixando um pequeno tremor no ar, as expressões nos rostos do outros membros da família que continuavam na cozinha era um quadro em branco, o que não os impedia de continuar me encarando. É como se eu fosse o perigo novamente, e o dever deles era me conter, toda essa emoção faz meus ombros se encolherem, os pensamentos degradantes na minha cabeça me distraem de qualquer reação defensiva. 

Dessa forma apenas me sento e espero, acompanho atentamente a movimentação na entrada da casa.

Carlisle recebe o estranho com um tipo de cortesia secular, porém, familiar.

Quando o diálogo começa entre os três eu escuto.

— Sam, é um prazer revê-lo, entre.

Carlisle abre a porta como se estivesse recebendo um amigo antigo, enquanto este hesita sobre entrar e responder as boas vindas.

— Nós iremos responder suas perguntas, entre.

Edward tem como vantagem seu poder, ele faz com que o estranho entre e dê passos cautelosos enquanto segue os dois vampiros até o sofá da sala.

— Sente-se.

Sigo o som dos passos do estranho com fascínio, ele se senta tenso.

— Vocês vão me dizer o por quê de meus lobos terem perseguido um vampiro estranho até a fronteira dos nossos territórios ou vão me enrolar em seu formalismo?

Ele não enrola, está aqui para receber respostas rápidas e esclarecedoras.

— Nós sabíamos que você viria.

— Então?

— É mais complicado do que parece.

Edward mantém um tom neutro quando responde.

— Existe mais do que complicado nesta situação, já tivemos conflito demais da última vez.

— Tem razão, no entanto, o que está acontecendo agora não tem nada semelhante com o que houve com Bella ou com minha filha.

Bella aperta sua mão na minha e me desconecto do diálogo.

— Eu vou até eles, não se preocupe, vai dar tudo certo.

Me sinto relutante em soltar sua mão, mas então Alice surge ao meu lado e me dá um olhar seguro, deixo Bella ir e em seguida estou sendo levada para o quarto, Jasper nos segue como um guarda costa. 

Posso sentir alívio fluir quando Bella entra na sala e cumprimenta o estranho com uma saudação amigável.

— Olá Sam, há quanto tempo.

Assim que entro no quarto não posso escutar mais nada, Alice e Jasper podem, sentada no meio da cama começo a arrancar minhas cutículas para acalmar minha frustração acerca da minha limitação, se estivesse na forma animal seria muito fácil continuar acompanhando o que eles diziam, não ouso tal coisa, por isso, com acanhamento eu encaro Jasper.

— O que eles estão dizendo?

Ele estava parado ao lado da janela observando a porta, quando o chamo ele se vira para a cama e responde de forma sucinta.

— Edward perguntou a Sam se ele tem tido contato com Jacob.

— Ele não tem.

Jasper assentiu para sua companheira, os dois não parecem surpresos, até parece que já sabiam do fato há algum tempo.

Me distraio com um pensamento sorrateiro que desliza pela minha mente como uma cobra, é pegajoso e desconfiado, as coisas que Alice havia dito sobre ter me visto antes… ela sabia que algo estava acontecendo, com alguém que ela não fazia ideia de que existisse…

Os questionamentos não param de vir, tudo o que consigo pensar é: Eles podiam ter impedido toda essa dor?

De repente meu corpo parece duro demais, mais pesado, posso sentir uma aura ao meu redor, o cheiro é adocicado, labaredas deslizam por minha garganta.

Sede

Penso neles correndo em bandos, seus cascos batendo nas pedras e galhos no meio do caminho, penso no barulho da água deslizando na superfície íngreme e declinada, penso nos meus pés flutuando acima da terra enquanto apenas um grão se move com o tempo que eu roubo da terra, penso em cada uma das labaredas que consomem meu íntimo, o veneno ardendo em meus olhos e nariz.

Não está certo... o que está acontecendo?

O mundo oscila e se quebra, posso escutá-los, como se o som estivesse sendo aumentado em pequena potência, aumentando diante da minha audição perfeita e repentina. O ar treme, quase posso senti-lo ao redor dos Cullen e o estranho.

— Já faz algum tempo desde a última vez que nos falamos, mas o que isso tem haver...

É como se uma bolha tivesse acabado de estourar, a forma como ele para no meio da frase e inspira, quase de forma violenta, é como se eu estivesse por debaixo de seu nariz, minha pele arde com o ato em si, posso sentir o caos se derramando no ar.

Meus olhos se arregalam com a descoberta do estranho, então percebo estar sendo observada, Jasper tem essa expressão transtornada enquanto seus olhos continuam fixos demais em mim.

Mantenho os meus próprios em seu rosto, tentando não engasgar com o sentimento crescente de desconfiança que cresce entre nós dois, ou a tensão e instinto se instalando na sala abaixo de nós.

— Há uma vampira entre vocês.

Meu coração pulsa assim que as palavras se derramam da boca do estranho, minha pele queima e pinica com o som se derramando pelo ambiente, cada vampiro presente entrando em um estado de autoproteção.

Instinto

— O que vocês fizeram...

— Não é o que você está pensando Sam.

Edward sucinto defende a inocência de sua família, só não sei explicar a forma que isso me deixa inquieta, o sentimento de estar dificultando as coisas me frustra, posso sentir meus sentidos zumbido.

— Então me explique o porquê de eu estar sentindo o cheiro de um vampiro estranho?

— Não transformamos nenhum humano, você sabe que Bella foi à única.

Edward nunca soou tão protetor, desde o momento em que o conheci, esse foi o que ele mais parecia persistente.

— Ela não é nada do que já vimos antes Sam, você precisa ver para crer.

Carlisle insiste na confiança do estranho, sua voz está encorajadora, sua fé para comigo parece infinita.

— Você precisa confiar em nós Sam, ela é maior do que todos nós, de formas indescritíveis e desconhecidas.

A hesitação pesa no recinto abaixo de mim. 

Escuto apenas uma respiração, e ela está um andar abaixo, pertence a uma pessoa que nunca vi antes, uma pessoa que pode ter meu destino em suas mãos, ou meu fim.

— Tudo bem, me mostrem.

Edward flutua até o segundo andar e para na entrada da porta, seus olhos presos no meu rosto, é desconcertante ver ele inspirando o cheiro que impregna a sala, seus olhos se estreitam.

— Como está fazendo isso?

Sinto meu rosto paralisar, todo meu corpo parece granito, parado e imóvel.

— Fazendo o quê?

— É como se você estivesse bloqueando tudo, refratando apenas sua metade vampira, como se fosse totalmente e completamente um de nós.

— Isso é possível?

Alice parece assustada.

— Sim, ela está fazendo agora... este é seu verdadeiro dom, ela pode se camuflar...

Jasper estava me observando desde o começo, sua expressão de surpresa é a coisa que mais me assusta, pois significa problemas.

— Isso vai ser um problema.

Jasper vem até meu lado e inspira forte, seus olhos analisam meu corpo com minuciosa atenção, posso sentir seu ímpeto de tocar minha pele como uma força física, não há exigência, apenas uma cortesia retraída, quase instantaneamente sinto minha mão se estender ao seu pedido não verbalizado.

Ele toca minha mão, sinto o frio primeiro, depois a superfície dura como mármore, seus dedos pressionam contra minha carne macia que ondula e afunda na palma da mão, observo seus olhos se estreitaram e então um assentimento imperceptível quando solta minha mão com delicadeza.

Seus olhos encontram os meus com conforto, sinto-me instantaneamente aliviada.

— Sua pele continua humana, é apenas um mecanismo de disfarce, ela não pode tornar-se totalmente vampira.

— Talvez seja apenas uma reação defensiva, quando ela senti-lo talvez mude.

Alice parece esperançosa, ela se senta ao meu lado na cama e acaricia meu cabelo com carinho, seu rosto ainda está concentrado em Edward, que por sua vez não parece certo sobre a afirmação da irmã.

— Não tenho tanta certeza disso.

— Você se sente confortável em se mostrar?

Jasper tem esse olhar que me diz que eu não preciso fazer nada, mas a expectativa no quarto é grande, mesmo Alice que tem sido paciente possui uma expressão de encorajamento.

— O que isso significa para mim?

Eu me dirijo a Jasper, pois ele é o único que me faz querer questionar, ele coloca suas mãos atrás das costas e observa Edward antes de responder.

— Significa respostas, como pode ver, sabemos apenas sobre nós mesmos e o que conhecemos antes com o nascimento de Renesmee, sem o auxílio de Jacob no momento, Sam é nossa melhor opção para entender a dimensão dos seus dons... ele é quem você procura para saber sobre o seu passado.

Meu passado...

O sentimento de busca grita em meu íntimo, eu não tinha percebido que estava deixando isso de lado nos últimos dias, saber o que eu sou... me assusta, mesmo que essa seja a única forma de descobrir minha origem.

O sentimento é silencioso, mas rasteja como uma cobra pelo meu íntimo, buscando formas de assustar meu monstro, minha garganta arde, meu corpo fica mais frio ainda, como se gelo crescesse a partir do meu coração para o resto do corpo.

Sinto ele escorregando para dentro da minha cabeça como uma lufada de ar, se infiltrando de forma gentil, diferente das outras vezes, não posso impedir sua intromissão, ela é bem vinda.

— Não tema Ayira, você está segura, Sam é o Alfa da alcateia local, é confiável.

Alfa...

Quando chegar até lá, eles saberão, você vai precisar ser corajosa e entender a relutância do bando, eu posso ter entendido você, mas com Sam vai ser mais difícil, o conservadorismo predominante dos lobos vai dificultar as coisas pra você.

A voz de Jacob me deixou confusa e cautelosa antes, agora vivendo a situação de verdade, parece duas vezes pior, e Edward é o único que sabe o que estou pensando, seus olhos estão divertidos quando o encaro, ele ainda está em minha mente, pegando fragmentos.

— Jacob estava certo, e o que ele não disse é apenas o provável, nós estamos aqui por você.

— Talvez devêssemos esperar algum tempo antes de expô-la tão prematuramente.

Meus rosto se franze com a relutância de Jasper, sua expressão se dirige apenas a Edward, posso quase sentir a conversa mental entre os dois.

— Eu... eu estou bem.

Não estava, não mesmo, e o olhar que Jasper jogou para mim só confirmou isso.

— Sam está impaciente.

O braço de Alice rodeia meus ombros de forma protetora, só percebo o tremor quando ela me aperta contra si tentando controlar o meu nervosismo, posso sentir sua pele sobre meus ombros, é quase como se ela irradiava calor, fraco, mas mesmo assim quase humano, meus olhos se dirigem ao seu rosto e ela interpreta meu questionamento interno.

— Você estará segura, prometo.

Edward sai assim que ela diz as palavras, Jasper se posiciona a nossa frente em uma posição protetora, posso sentir isso, mesmo que ele esteja disfarçando com formalismo.

— Você consegue ficar de pé?

Aceno desnorteada para Alice quando ela esfrega meus braços com movimentos de vai e vem das mãos. Coloco minhas pernas para fora da cama e, no primeiro toque de meus pés no chão eu o sinto, o som de seus passos ecoa sob o chão, há apenas seus sons, os Cullen são apenas fantasmas ao seu redor.

Então, quando a força do meu corpo pesa sobre meus pés, sua respiração engatou repentinamente, ele para no portal da porta, seus passos mais cautelosos que nunca, sinto meu rosto pinicar quando coro, algumas mechas do meu cabelo se soltam e aproveito a cortina momentânea que eles projetam para esconder meu rosto.

Nós descemos rápido demais, e no momento em que estamos todos no mesmo cômodo eu travo. A mão de Alice aperta a minha, com uma respiração profunda eu levanto os olhos... e sinto tudo.

Seu cheiro, seu gosto, sua cor, o seu poder...

Meus ombros se encolhem quando os seus olhos queimam em desconfiança sobre mim.

— Sinta o cheiro dela.

Carlisle está no meio de nós, como uma corda, intermediando dois lados de sentimentos conflituosos.

As narinas do homem de pele vermelha se dilatam em câmera lenta, seu peito expande bruscamente, então lentamente um rosnado profundo reverbera por todo seu corpo como uma advertência.

Horror...

Monstro...

Aberração...

Coisa...

— Tudo o que vejo... é apenas um monstro frio.

O sentimento rasga em meu coração como uma adaga, meu corpo todo treme com o asco que se derrama de sua voz, ele parece com raiva, horrorizado… enojado.

Rejeição...

Meu coração se quebra mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Eu nunca sei o que dizer no final, acho que já deu pra perceber que sou péssima em socializar...
Como vocês estão? O que estão achando da trajetória da Ayira até agora?
(Podem me ignorar, eu deixo)
Beijos L.



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