A casa de Capricórnio:

Os quatro atravessam a décima casa até seu pátio central, parece que não há ninguém. Ali há uma belíssima estátua de Atena, entregando uma espada a um guerreiro. Seiya é o primeiro a perguntar pelo significado daquilo.

- Dizem que, na era mitológica, o guerreiro mais fiel à Atena foi presenteado – explica Shiryu – recebendo das mãos da Deusa a espada lendária "Excalibur", que é capaz de cortar qualquer coisa que exista no mundo.

- Isso quer dizer que o Cavaleiro dessa casa se considera o mais fiel à Atena? – pergunta Shun.

Com certeza isso era o que o monumento demonstrava, mas não havia tempo a perder, e eles seguiram caminho, chegando à saída da casa. Quando chegavam às escadarias e pensavam terem passado sem que houvesse Cavaleiro algum no templo, Shiryu sente algo vindo em sua direção. Numa fração de segundo, grita para os amigos:

- Cuidado, saiam daqui!

Seiya, Shun e Hyoga saltam um enorme abismo aberto na terra, sabe-se lá como. Shun quase não alcança o outro lado, mas sua corrente o salva, Seiya a segura. Shiryu, porém, fica para trás. Quando surge o Cavaleiro dourado de Capricórnio, perguntando porque ficara, sua resposta é rápida e simples:

- Se eu saltasse, todos morreríamos com seu segundo golpe.

- Muito inteligente – diz o Cavaleiro, mostrando-se, imponente, com expressão séria – mas você se sacrificará por seus amigos... – o sotaque espanhol se sobressai nas frases em grego.

Era Shura, Cavaleiro que se dizia o mais fiel à Atena, e que se orgulhava de ter matado Aiolos, como castigo por tentar matar a Deusa quando bebê. Não adiantava dizer que eles foram enganados, que quem tentou assassiná-la foi o Grande Mestre, que Aiolos se sacrificou para salvá-la. Como todos os outros, achava que era tudo mentira, lutaria com todas as forças.

Seus braços e pernas eram afiados como aço, seu ataque era a Excalibur, representada em seu braço. Com ela, cortou como papel o poderoso escudo do Dragão, assim como toda a armadura de Shiryu. O "Cólera do Dragão" não tinha efeito e, sem a armadura, Shura logo descobriu seu ponto fraco, o mesmo responsável por sua quase morte quando lutou com Seiya no Torneio Galáctico: Para usar toda sua força, baixava por milésimos de segundo o punho esquerdo, deixando o coração desprotegido.

Mesmo sabendo que Shura o acertaria ali e o mataria, ele usa novamente seu golpe, com a intenção de inutilizar o braço direito do Cavaleiro quando este o atingisse. Ele consegue, mas, mesmo assim, Shura leva grande vantagem, com sua velocidade e força. Shiryu está muito debilitado.

O Dragão passa a lutar, não com as técnicas dos Cavaleiros, mas com as de "mãos vazias" que aprendera. Com golpes de artes marciais orientais, faz parar o golpe cortante de Shura sem ferir as mãos, desprotegidas da armadura. Capricórnio é obrigado a utilizar todos os seus artifícios, o golpe "Pedras Saltitantes" mostra que suas pernas são tão poderosas quanto os braços, e Shiryu é lançado contra a parede.

Ele precisa apelar para o último recurso, um golpe que seu mestre proibira: ao elevar o cosmo em estado crítico, Shiryu cria o "Último Dragão", capaz de destruir qualquer inimigo, mas que também levaria aquele que o usa à morte. Pela justiça e por Atena, Shiryu o usa, subindo aos céus em grande velocidade com Shura preso a si.

Finalmente o guardião da décima casa percebe que os Cavaleiros de bronze não mentiam. Ele matou aquele que dera a vida para salvar a infante Atena, treze anos antes, e agora se sente indigno de se dizer "o mais fiel à Deusa". Vestindo sua armadura em Shiryu, salva-o do atrito, empurrando-o de volta para a Terra. Em seu braço direito, como uma herança, deposita sua mais poderosa técnica, a "Excalibur".

Continua...